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8/6/2019 ET-024 Wilker Ricardo de Mendonca Nobrega
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ROTEIROS (ECO) TURSTICOS EM REAS PROTEGIDAS DA AMAZNIA:APLICAO DO SISTEMA DE INFORMAO GEOGRFICA (SIG)
NA APA ALGODOAL/MAIANDEUA, PAR, BRASIL.
Wilker Ricardo de Mendona Nbrega1
Silvio Jos de Lima Figueiredo2
Glauco de Arajo Bezerra3Iracema de Souza Alcntara4
Eje temtico: Ordenacin, gestin, riesgos y vulnerabilidad
RESUMO
O uso de recursos naturais para a composio de roteiros (eco) tursticos uma premissafundamental para o planejamento de reas com apelo turstico. Na Amaznia brasileira, o
uso do Sistema de Informao Geogrfica como instrumento de planejamento turstico ainda pouco utilizada. O objetivo deste trabalho foi de apresentar o uso de recursos tecnolgicosna composio de roteiros (eco) tursticos na APA de Algodoal/Maiandeua, Estado do Par,Brasil, fazendo-se uso das trilhas existentes na regio, demonstrando mapas e perfis decada trilha. Foram utilizados suportes tericos de Bahl (2004) e Nbrega (2007, 2008) parauma discusso conceitual sobre planejamento, roteiros e turismo. Acerca dos aspectos doSIG, tericos como Nodari et. al.(2006) e Rocha (2002) deram suporte para o dilogo sobreo tema em questo. Acerca da metodologia, foram utilizadas pesquisas bibliogrficas do tipoexploratrias, coleta de dados com o suporte GPS Garmin eTrex Vista HCx, alm do usodo SoftwareArcGIS 9.2 para construo dos mapas digitais com base nos dados obtidos.Percebeu-se que a elaborao de roteiros (eco) tursticos sob o uso do SIG pode ser umgrande aliado para o planejamento turstico na Amaznia brasileira.
Palavras-chave: Roteiros (eco) tursticos; Sistema de Informao Geogrfica (SIG);Amaznia.
1. Introduo:
O turismo uma atividade econmica das mais importantes no mundo. Com sua
implementao ocorrem fenmenos de consumo, originam-se rendas, criam-se
mercados nos quais a oferta e a procura se encontram. Apesar do maior foco tratado
por empresrios e a esfera governamental perpassar geralmente pelos aspectos
econmicos, vlido ressaltar que h a necessidade de se analisar o fenmeno de1Mestre em cultura e turismo pela Universidade Federal da Bahia UFBA e Universidade Estadual deSanta Cruz UESC (Brasil), pesquisador do grupo de pesquisa em cultura, turismo e meio ambienteNAEA/UFPA (Brasil), doutorando pela Universidade Federal do Par UFPA (Brasil) no programa dedesenvolvimento sustentvel do trpico mido. Professor do curso de turismo da UniversidadeFederal do Rio Grande do Norte UFRN (Brasil). E-mail: wilkernobrega@yahoo.com.br2Phd em comunicao pela Universidade de So Paulo USP (Brasil), coordenador do grupo depesquisa em cultura, turismo e meio ambiente NAEA/UFPA (Brasil). Professor e pesquisador doNcleo de Altos Estudos da Amaznia da Universidade Federal do Par UFPA/NAEA (Brasil). E-mail: slima@ufpa.br3Bacharel em Turismo com nfase em Ecoturismo pelo Instituto de Estudos Superiores da Amaznia IESAM (Brasil).4Bacharel em Turismo com nfase em Ecoturismo pelo Instituto de Estudos Superiores da Amaznia
IESAM (Brasil).
mailto:wilkernobrega@yahoo.com.brmailto:slima@ufpa.brmailto:wilkernobrega@yahoo.com.brmailto:slima@ufpa.br8/6/2019 ET-024 Wilker Ricardo de Mendonca Nobrega
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uma forma mais ampla. As questes sociais, ambientais e culturais esto exercendo
um papel de destaque nos dias atuais. No se trabalha com turismo sem haver inter-
relaes culturais, ou seja, sem vivenciar o dia-a-dia de uma dada comunidade
(NBREGA, 2007).
Como j apontado, as discusses sobre a insero do turismo no mbito
governamental engendram-se nos aspectos voltados principalmente no campo
econmico, motivando os gestores incorporao do setor no planejamento
estratgico de vrios pases, com fins de acmulo financeiro entre pases
desenvolvidos e em desenvolvimento. Para Rabahy (2003), os benefcios se
traduzem entre efeitos diretos e indiretos a partir dos gastos tursticos nas diversas
localidades efetuados pelos visitantes, os quais geram salrios e rendas para osdiversos setores envolvidos, como hotis, restaurantes, agncias de viagens,
empresas de transportes, localidades de recreao, comrcio, entre outros.
Como forma de planejamento e ordenamento dos fluxos tursticos em diversas
localidades, o poder pblico e, empresrios do setor recorrem gradativamente a
sistematizao de informaes, no intuito de formatar roteiros tursticos. O uso dos
Sistemas de Informaes Geogrficas - SIG cada vez mais presente nas aes
governamentais e no-governamentais no planejamento do turismo, especialmentequando se tratam de reas naturais, estas com alto grau de sensibilidade dos
ecossistemas.
Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi de apresentar o uso de recursos
tecnolgicos na composio de roteiros (eco) tursticos na rea de Proteo
Ambiental - APA de Algodoal/Maiandeua, Estado do Par, Brasil, fazendo-se uso
das trilhas existentes na regio.
2. Metodologia
A APA Algodoal/Maiandeua criada por meio da Lei Estadual n 5.621, de 27 de
novembro de 1990, est localizada na regio nordeste do estado do Par.
Subordinada administrativamente ao municpio de Maracan, a ilha tem
coordenadas geogrficas 00 35 03 a 00 38 29 de latitude sul e 47 31 54 a 47 34
57 de longitude. Limita-se a oeste com a baa de Marapanim, a leste com a baa de
Maracan, ao norte com o Oceano Atlntico e ao sul com o canal do Mocooca, que
a separa do continente (SECTAM, 1999). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatstica (IBGE), a APA constituda por duas ilhas denominadas Algodoal e
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Maiandeua, porm, as comunidades residentes consideram que seja apenas uma
ilha denominada Maiandeua, sendo a principal vila chamada de Algodoal. A imagem
de satlite exposto a seguir ilustra melhor as caractersticas fsicas do objeto de
estudo.
Figura 01. Imagem de satlite da rea estudadaFonte: Satlite Landsat +ETM 7 composio colorida 5R4G3B rbita ponto 223/60 de04/09/2001
O recorte do trabalho baseado na APA Algodoal/Maiandeua envolveu quatro
comunidades denominadas de Mocooca, Fortalezinha, Camboinha e Algodoal,
sendo esta ltima a maior e mais populosa. As comunidades so separadas entre sipor pores de mangue cortadas por canais de mar. A ligao entre as vilas feita
via barco, pela baa de Marapanim ou pelo canal do Mocooca, ou via terrestre, pela
principal trilha existente na ilha, a trilha Algodoal/Fortalezinha, denominada pelos
moradores locais de trilha, que interliga a vila de Algodoal, s outras trs vilas
existentes.
2.1. Mtodos
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Os mtodos adotados constaram inicialmente da confeco de base cartogrfica
utilizando o software ArcGIS 9.2, da Ilha de Maiandeua a partir de imagens de
satlite Landsat 7. De posse desse mapa foram realizados trabalhos de campo em
duas etapas, uma no perodo do segundo semestre de 2009 e a segunda durante o
primeiro semestre de 2010. Para a coleta das coordenadas dos pontos foi utilizado
um GPS Garmin eTrex Vista HCx que foi configurado para adquirir dados no sistema
UTM DATUM SAD69. Os principais pontos foram fotografados e descritos e
posteriormente foram convertidos para o formato shape (shp) e inseridos no mapa
preliminar. Para cada ponto foi criado um texto descritivo referente aos atrativos
naturais das trilhas, alm da associao de fotografias que comps um banco de
dados geogrficos e tambm de mapas.
3. Os primrdios do turismo:
Muitos pesquisadores discutem o incio da atividade turstica como uma relao que
antecede a efervescncia capitalista, ou seja, a partir do advento da Primeira
Revoluo Industrial. No entanto, foi a partir das contribuies de Thomas Cook, um
pastor ingls que em meados do sculo XIX introduziu tcnicas para organizao
das viagens, hoje difundidas pelo mercado mundial.
Sem dvida alguma, a maior contribuio de Cook para o turismo est na introduo
do conceito de excurso organizada nessa atividade, conhecida hoje com o nome de
packaged tours (pacote turstico), pois permitiu que uma grande massa da
populao tivesse acesso s viagens de frias. O acesso de um quantitativo
expressivo de viajantes est associado ao desenvolvimento dos transportes,
principalmente aps a Primeira Guerra Mundial, quando o turismo foi impulsionadopela abertura de ferrovias inicialmente na Europa e posteriormente na Amrica do
Norte. Paulatinamente, o setor de transportes possibilitou num aumento expressivo
das viagens, bem como do barateamento das mesmas. Para Acerenza (2002, p. 68):
O perodo compreendido entre a segunda metade do sculo XVIII e aprimeira metade do sculo XIX marca outro momento significativo naevoluo do turismo. A transformao econmica e social decorrente da
Revoluo Industrial e o conseqente surgimento de uma classe mdia eprspera, com novos gostos e necessidades, especialmente no que dizrespeito s frias, e favorecida, alm disso, pelos rpidos aperfeioamentos
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dos transportes, fez com que aumentasse o nmero de pessoas queviajassem por prazer.
At 1950 o setor distributivo do turismo empreendeu uma considerveltransformao devida tendncia de uma maior integrao no setor, e como
conseqncia da entrada de empresas que, at ento, no estavam relacionadas ao
turismo. As organizaes industriais e financeiras, a partir dos seus interesses
paralelos buscando novas possibilidades de aplicar o capital de forma produtiva, no
tardaram em perceber o potencial de negcios que o homem que viajava
representava. Dessa forma, houve um investimento expressivo do grande capital no
setor de viagens, alm da introduo de tcnicas de marketing, utilizadas em outrasesferas do mundo dos negcios.
Com a introduo das novas tcnicas de marketingno setor turstico, o enfoque da
comercializao do turismo mudou, surgiu assim, o conceito de produto turstico, e
com ele, uma estandartizao, ou seja, uma padronizao da oferta turstica que,
definitivamente, em conjunto com o desenvolvimento do transporte areo, foram os
fatores que deram o grande impulso ao turismo em mbito mundial.
Para que a atividade turstica vislumbre a possibilidade de desenvolvimento em umdeterminado lugar necessria a existncia de alguns elementos essenciais como
as caractersticas naturais, culturais e econmicas, ou seja, a existncia de atrativos,
infra-estrutura bsica e turstica alm de um mercado consumidor real ou potencial,
grau de desenvolvimento do Estado-Nao bem como o grau reservado de
prioridade poltica no setor turstico para que a atividade possa desenvolver de forma
adequada.
4. Turismo, planejamento e roteiros tursticos
Os caminhos tradicionais usados pelas comunidades tradicionais para a locomoo
e/ou deslocamento, assim como para as atividades de pesca, caa, extrativismo
vegetal, entre outras, atualmente so utilizadas na atividade turstica, sobretudo s
relacionadas ao (eco) turismo. Atualmente, profissionais como bilogos, gegrafos,
bacharis em turismo, pedagogos utilizam as trilhas, transformando seus trajetos em
trabalhos cientficos das mais variadas reas do conhecimento. As trilhas passam a
ser instrumentos de aprendizado, lazer e pesquisas. possvel verificar que ao
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longo dos anos, houve uma alterao de valores em relao ao uso das trilhas,
havendo uma valorizao das mesmas, sendo destacadas como novo meio de
contato com a natureza. Com a crescente preocupao ambiental, atividades
realizadas em reas verdes ganham notoriedade nas sociedades modernas, a
caminhada, por exemplo, valorizada e recebem um grande nmero de adeptos
principalmente dos praticantes de atividades (eco) tursticas (NOBREGA et. al.
2008).
A intensificao da prtica de caminhadas em trilhas trouxe a preocupao com o
praticante e tambm com o local de uso da prtica. Houve um aumento do nmero
das publicaes referentes construo, manuteno e uso das trilhas em reas
naturais. Belart (1978) considera que andar, caminhar, passear, escalar,excursionar, longe do atropelo, da aglomerao, do rudo e do trfego de veculos ,
hoje em dia, um dos passatempos favoritos da maior parte das pessoas. a forma
de recreao mais econmica, mais sadia e que maiores oportunidades oferecem
observao, pesquisa, tranqilidade e devaneio.
A falta de um plano de manejo para grande parte das Unidades de Conservao faz
com que existam poucos trabalhos publicados a respeitos de trilhas em reas
protegidas, principalmente na regio Amaznica onde a atividade em trilhas ainda incipiente comparada s demais reas do mundo. A maioria das publicaes enfoca
apenas a possibilidade de trilhas de interpretao em unidades de conservao. As
trilhas interpretativas possuem carter educacional e tambm podem ser
praticadas em reas comuns, contudo dispondo de elementos naturais , so
normalmente de curta extenso e, segundo Guillaumon (1977), pode ser definido
como sendo um percurso em um stio natural que consegue promover um contato
mais estreito entre o homem e a natureza. O caminho a ser percorrido passa dosentido simples de trilha para um instrumento pedaggico no qual o visitante
poder ter conhecimento da fauna, flora, geografia, geologia, os ecossistemas, as
relaes do meio ambiente e sua proteo.
O uso dos atrativos naturais e culturais em diversas reas, inclusive as de
conservao de uso sustentvel tem sido materializado atravs de rgos pblicos,
operadoras e agncias de viagens atravs da elaborao de roteiros tursticos como
forma de racionalizar a viagem no sentido de vencer os espaos em um
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determinado tempo, conhecendo atrativos e utilizando-se de servios5 disponveis no
destino escolhido pelo turista. A criao de roteiros tursticos na APA possibilita uma
valorizao dos atrativos naturais existentes, inserindo os empreendedores locais e
a comunidade na prtica do turismo. Segundo Bahl (2004. p.31):
Um roteiro turstico resume todo um processo de ordenao de elementosintervenientes na efetivao de uma viagem. Um roteiro pode estabeleceras diretrizes para desencadear a posterior circulao turstica, seguindodeterminados trajetos, criando fluxos e possibilitando um aproveitamentoracional dos atrativos a visitar.
No mbito local, Bahl (2004) sugere que as visitas e passeios ocorram de forma que
no ultrapassem um dia, ou seja, que no seja necessrio pernoitar ao longo do
roteiro traado. Dentre os aspectos contemplados, os de natureza histrico-cultural e
ambiental so os mais explorados no mercado. Os roteiros que abordam a questo
ambiental, foco deste trabalho, geralmente se relacionam com a educao
ambiental, atravs de caminhadas ecolgicas, percorrem trilhas interpretativas com
explicaes de um guia relacionadas ao meio ambiente.
Os atrativos naturais da Ilha de Algodoal/Maiandeua sempre foram o maior estmulo
a visitao por parte de turistas e visitantes. A massificao do turismo na ilha tem
colocado em xeque os atrativos naturais existentes, sofrendo estes grandes
transformaes no meio natural, este fato vem trazendo risco a prpria continuidade
da atividade turstica local. A criao de roteiros tursticos especficos ao pblico de
ecoturistas possibilita uma nova perspectiva de turismo na regio da APA. A
caracterstica do roteiro de natureza mais despojada. Inclui passeios que chegam
a um dia inteiro com caminhadas e possibilidades de atividades de natureza e
aventura. Os passeios geralmente so destinados s pessoas com um melhor
preparo fsico e com interesse pelo convvio respeitoso com a natureza.
A preocupao com o meio natural vital para perpetuao dos atrativos naturais
quando estes servem para a proposio de roteiros tursticos de natureza, sua
comercializao e divulgao devem sempre atender a sustentabilidade e
preservao determinados pelos planos de manejos.
5 Alm da elaborao do roteiro por si s, Bahl (2004) destaca a importncia de concatenar uma srie
de variveis para uma experincia prazerosa por parte dos atores que trabalham com o turismo. Aanlise das condies propostas pela localidade receptora como estradas, acessos, meios dehospedagem, restaurantes, condies dos atrativos, horrios, taxas e abastecimento, entre outrosso de fundamental importncia para que o roteiro atinja sucesso na sua operacionalizao.
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A vila de algodoal tem sido procurada de forma mais intensa a partir da dcada de
1970 quando msicos, intelectuais, hippies buscavam na vila de Algodoal o
bucolismo, a beleza selvagem, o meio ambiente e a cultura.
O contato mais direto com a natureza, durante as dcadas subseqentes trouxeram
a Algodoal um contingente significativo de forasteiros, contrastando com a
populao de pescadores, moradores locais da vila, transformando as relaes
sociais. Dessa forma, a partir de uma ao governamental forado por grupos
interessados na preservao dos aspectos naturais e culturais do local foi decretado
a lei n. 5621 de 1990 tornando a ilha uma rea de Proteo Ambiental. A atividade
turstica em Algodoal trouxe mudanas fsicas quanto organizao espacial da
comunidade, a especulao imobiliria forou moradores locais a se desfazer deseus imveis e terrenos, hoje ocupados por casas de veraneios, pousadas, bares e
restaurantes. Em sua maioria os proprietrios dos empreendimentos so de outras
regies, como os municpios de Belm e Castanhal. O surgimento de ocupaes
irregulares em rea de mangue, forado pela especulao imobiliria, vem trazendo
grandes prejuzos ambientais para vila de Algodoal, pois uma parcela significativa da
populao depende dos recursos naturais para sobrevivncia.
O desenvolvimento turstico da APA Algodoal / Maiandeua necessita de uma sriede intervenes pblicas e privadas, inclusive da criao de roteiros tursticos que
contemplem os atrativos naturais e culturais da ilha. O turismo desenvolvido hoje na
ilha ocorre de forma concentrada, sendo a vila de Algodoal a maior receptora de
turistas / visitantes, este fato proporciona uma concentrao de massiva de pessoas
na vila, no havendo um espraiamento de divisas e, conseqentemente um fluxo
turstico a outras comunidades da APA. A criao de roteiros tursticos locais na
APA poder proporcionar um melhor ordenamento e disperso da demanda emtodas as localidades da APA.
5. A tecnologia como instrumento de planejamento turstico
A tecnologia foi um dos fatores fundamentais para o surgimento do turismo
moderno. A criao de motores a vapor possibilitou um deslocamento rpido com
um nmero significativo de pessoas de uma regio a outra. O uso de tecnologia no
ficou restrito apenas na execuo prtica do turismo, mas tambm no planejamento
da atividade turstica como Softwares, GPS e outras ferramentas tm sido
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instrumentos importantes no auxlio administrao eficiente e precisa para tomada
de decises. Para Nodari et. al. (2006) a implantao de um Sistema de Informaes
Geogrficas (SIG) em uma regio de potencial turstico seria de suma importncia
no planejamento e gerenciamento, alm da disponibilizao de informaes rpidas
e precisas para comunidades e rgos afins.
Outros meios tecnolgicos contriburam para o desenvolvimento e planejamento do
turismo, como por exemplo, a internet, hoje ela responsvel por mecanismos que
servem de uso tanto para o prestador de servios como ao turista consumidor. Ao
como a compra de tickets de viagens, reserva em hotis, escolha de um destino
turstico refletem esta tendncia. O SIG pode tambm pode ser usado vinculado
internet, hoje dados coletados por GPS, mapas e outros dados geogrficos estodisponibilizados em sites de agncias de viagens e operadoras de turismo, a fim de
captar mais turistas junto aos destinos tursticos. De posse de dados como trajetos
de trilhas, fotografias dos atrativos, imagens de satlite que configuram um roteiro
com maior exatido faz com que este tipo de informao estimule o turista a visitar o
local, uma vez que ele tendo acesso s informaes do local, sua curiosidade pode
ser aguada (Nodari et. al. 2006). Alguns destes mapas possuem mecanismos de
interao, como banco de udio e de imagens. Segundo Nodari et. al. (2006, p.219):[...] mapas dinmicos e interativos na internet feita atravs de servidoresde mapas, tambm denominados, SIGs globais. Os servidos de mapasrepresentam atualmente uma das principais perspectivas tecnolgicas nocampo do geoprocessamento. No cenrio nacional brasileiro, o softwareSpringWeb tem destaque para a criao de servidores de mapas, pois dedistribuio gratuita.
A incorporao destes elementos tecnolgicos ao turismo tanto no planejamento
quando no gerenciamento se tornou crescente, podendo chegar a outros limites
ainda desconhecidos.Sistemas de informao gerencial ou simplesmente SIG, uma ferramenta bastante
utilizada nos dias de hoje. Podemos expor uns dos conceitos tericos e aplicao
prtica, alm das vantagens de um sistema de informao gerencial no setor
turstico, mais precisamente na criao de trilhas digitais na APA Algodoal /
Maiandeua, tentando demonstrar a importncia e as vantagens de se utilizar o SIG,
como auxlio ao desenvolvimento turstico local.
O geoprocessamento est cada vez mais presente no convvio das organizaes,representando e mostrando-se eficiente em um nmero expressivo de reas de
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atuao. Pode-se identificar, de acordo com Moura (2003), como um dos principais
instrumentos de planejamento urbano, pois possibilita um retrato fiel da
complexidade e permite a integrao e anlises por diversos pontos de vista.
Geoprocessamento, segundo Moura (2003), pode ser explicado utilizando-se os
vocbulos em latim que tratam o termo Geo ligado a terra e Processamento
origina-se do latino processus, que significa andar avante, avanar. Assim,
acredita-se que o termo geoprocessamento surgiu para representar um processo
que traga progresso, isto , um incremento na forma de representao da terra,
incluindo no somente informaes geogrficas, mas associando um novo olhar
sobre o espao em estudo, possibilitando, atravs de anlises, um ganho de
informaes.O geoprocessamento um conjunto de tcnicas relacionadas ao tratamento da
informao espacial, incluindo-se como etapas a coleta de dados que pode advir de
vrias fontes (cartografia, fotogrametria, GPS, etc..), o armazenamento que o
prprio banco de dados, o tratamento e anlise, que atravs de tcnicas diversas
confere suporte ao processamento de imagens e, por fim, o uso integrado, onde se
encontra o SIG como um dos elementos. A descrio acima, definindo o que o
geoprocessamento pode ser identificada dessa maneira ou ainda:
Um ramo do processamento de dados que opera transformaes nos dadoscontidos em uma base de dados referenciada territorialmente(geocodificada), usando recursos analticos, grficos e lgicos, paraobteno e apresentao das transformaes desejadas. (XAVIER DASILVA, citado por MOURA, 2003, p.3).
Outra ferramenta importante para o planejamento turstico o SIG. O conceito de
SIG no possui ainda uma definio consensual que possa ser identificada como
definitiva e universalmente aceita. Na opinio de Moura (2003), esta indefiniodeve-se ao fato das potencialidades da informtica ainda no serem completamente
exploradas e a tendncia dos conceitos de geografia estar mais para o quadro
terico, do que para a parte operacional dos estudos da cartografia. O prprio termo
SIG possui, conforme o autor, diversas variaes, como por exemplo, os termos SGI
(Sistema Geogrfico de Informaes) e SIG (Sistema de Informao Geogrfica),
consideraremos o ltimo para a abordagem deste trabalho. De acordo com Rocha
(2002), SIG a mais adequada, pois tanto os dados, como o prprio sistema sogeogrficos. Uma vez adequado o termo, o mesmo autor define SIG como:
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Um sistema com capacidade para aquisio, armazenamento,processamento, anlise e exibio de informaes digitaisgeorreferenciadas, topologicamente estruturadas, associadas ou no a umbanco de dados alfanumrico (ROCHA, 2002. p.48).
A incorporao do SIG ao geoprocessamento deve ser associada capacidade de
produzir no somente a recuperao de informaes armazenadas em um banco de
dados mas sim, a gerao de novas informaes provenientes dos dados existentes.
As primeiras definies de SIG conferiam uma viso equivocada de que qualquer
mapeamento realizado por computador poderia receber o nome de um SIG.
Como um apanhado geral de todas as definies, tem-se pontos em comum: o SIG
necessita usar um meio digital, sendo a cincia da computao indispensvel; deve
haver uma base de dados integrada e estes devem estar georeferenciados; e
finalmente, devem conter funes de anlise.
6. Apresentao de resultados
Como j foram apontadas anteriormente, as trilhas existentes na APA
Algodoal/Maiandeua servem na sua grande maioria para locomoo e deslocamento
da populao local. Estes caminhos so usados para interligar as comunidades
(Algodoal, Camboinha, Fortalezinha e Mocooca) e tambm para atividades de pesca
e extrativismo. O trabalho aqui proposto procurou identificar um caminho que pode
ser utilizado dentro da atividade (eco) turstica e usado na interpretao ambiental
como ferramenta de preservao na APA. Dutra (1993) considera as trilhas
interpretativas quando bem planejadas, uma ferramenta indispensvel para o
manejo das unidades de conservao, considerando a educao ambiental como
um fator importante na preservao.
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As trilhas podem ser classificadas quanto funo (curta e longa distncia). As
trilhas de curta distncia possuem carter recreativo e educativo com
programao desenvolvida para interpretao do ecossistema no ambiente
natural, servindo muitas das vezes como instrumentos preservao dos
recursos naturais das Unidades de Conservao-UCs, a aplicao serve
para um tipo de pblico geral. J as de longa distncia apresentam carter
interpretativo e recreativo, tm caractersticas como viagens de travessia
pela regio. muito comum o uso deste tipo de trilha em atividades de
turismo de aventura no qual o visitante deve ter uma preparao especial
para realizar o trajeto, pois, em alguns casos necessrio o pernoite e
tcnicas de escalada, camping, entre outras.Quanto forma, as trilhas podem ser circular, oito, linear, atalho. Em relao ao grau
de dificuldade, a anlise bastante subjetiva devido o grau de dificuldade variar de
pessoa para pessoa, dependendo basicamente do condicionamento fsico do
indivduo e do peso da eventual bagagem (mochila) que o mesmo carrega durante o
percurso. A maneira de se conduzir em trilhas pode ser feita com o apoio de um guia
(pessoa capacitada na conduo de grupos de visitantes) ou de forma auto-guiada
(conduo de forma pessoal, onde o visitante se guia por mapas, placas desinalizao, GPS, entre outros), o grau de dificuldade determinante para tal
escolha. A classificao acerca do grau de dificuldade pode ser elaborada utilizando-
se combinaes de letras do alfabeto (variando de A e E) e nmeros de (1 a 3), um
referindo-se ao nvel tcnico e outro intensidade, no necessariamente nesta
ordem apontada. De acordo com a World Wild Foundation (2003), a intensidade
pode ser descrita A Leve; B Regular; C Semipesada. Quanto ao nvel tcnico
pode ser 1 fcil; 2 com obstculos naturais, 3 Exige habilidade especfica. Noentanto, vlido ressaltar que vrias empresas de turismo utilizam diferentes
metodologias para determinao destas variveis, mas o fator relacionado
condio fsica preponderante na definio das mesmas.
No que concerne a escolha dos locais, foi atribuda uma preferncia aos caminhos
em que j havia ao antrpica, no necessitando a abertura de novos trajetos, o
que ocasionaria em impactos ambientais no local. Foi realizada a identificao e
georeferenciamento de uma trilha em potencial com uso da ferramenta GPS. Os
dados coletados foram analisados e serviram de base para construo de um mapa
e banco de dados por meio do uso do programa ArcGIS 9.2.
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A trilha foi identificada como trilha 1 dando ao visitante oportunidade de conhecer
diferentes ecossistemas e paisagens da ilha. A trilha 1, foi denominada de Trilha
Me Terra, nome dado a partir da traduo do nome original da ilha na lngua Tupi-
Guarani, Maiandeua. Possuindo (07) sete pontos de destaque (atrativos) a serem
desenvolvidos pela atividade ecoturstica, tais pontos so: Ponto 1: Inicial ou Partida
em Algodoal; Ponto 2: Ponte; Ponto 3: Bifurcao; Ponto 4: Igarap; Ponto 5: Miriti;
Ponto 6: Cemitrio; Ponto 7: Fortalezinha ou Final.
Figura 02: Ponto 1 Incio em Algodoal/trilha Me Terra (trilha 1).Fonte: Dados da pesquisa (2009).
O trajeto da trilha tem seu incio na Vila de Algodoal e seu trmino na Vila de
Fortalezinha, sua extenso de 8.110,16 m o tempo mdio para realizao do
percurso de 1 hora e 30 minutos sem paradas se estendendo para 3 horas comparadas nos respectivos atrativos (pontos), quanto a seu formato pode ser
classificada de Trilha de Atalho, pois seu incio (ponto de partida) e fim (ponto de
chegada) esto em diferentes pontos da trilha, levando o visitante de uma
comunidade outra. A tipologia da trilha pode ser classificada como auto-guiada 6,
neste tipo de trilha o usurio pode utilizar instrumentos de navegao como bssola,
mapas, sinalizao e GPS.
6 Trilha sempre realizada sem a presena do guia ou condutor.
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Figura 02: Ponto 7 Fortalezinha ou final. Trilha Me Terra (trilha 1)Fonte: Dados da pesquisa (2009).
Ainda importante destacar, que o levantamento dos atrativos naturais e culturais
deve ter um carter participativo, ou seja, imprescindvel que haja a consulta entre
os moradores locais a fim de perceber quais so os pontos de maior valor
paisagstico e pessoal, pois a percepo gerada pelos moradores, geralmente
apontam elementos que perpassam dos fatores mercadolgicos de empresas
atuantes no setor, contemplando determinados atrativos em detrimentos de outros.
Dessa forma, necessrio o envolvimento local na definio dos pontos a serem
contemplados, pois em muitos processos j implantados, a populao local ficou
margem das decises tomadas por atores externos no que concerne a formatao
dos roteiros tursticos.
A ligao dos componentes do roteiro em si, deve dialogar com os empresrios do
setor de meios de hospedagem, bares e restaurantes, transportes, casas de show,
alm de museus, casas de artesanato, feiras, no intuito de gerar uma boa
experincia aos visitantes que se interessam por visitas em reas tanto urbanas
quanto rurais. Destarte, as reas rurais geralmente so mais carentes no que
concerne a qualidade dos servios prestados, pois a satisfao do turista na
experincia da viagem est intimamente ligada a todos os atores que participam
diretamente e/ou indiretamente da composio do roteiro.
8/6/2019 ET-024 Wilker Ricardo de Mendonca Nobrega
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7. CONSIDERAES FINAIS
O uso de trilhas em reas protegidas tem se mostrado como uma ferramenta
primordial para a conservao e manejo, proporcionando a preservao do meionatural e tambm desenvolvendo a atividade do turismo sustentvel. O uso das
trilhas como componentes de roteiros (eco) tursticos fundamental para a
diversificao da oferta turstica de diferentes locais. Dessa forma, o planejador da
atividade turstica deve conjugar o uso da tecnologia na elaborao do roteiro
atrelada a uma anlise da oferta de diferentes equipamentos e servios tursticos do
local como meios de hospedagem, entretenimento e lazer, bares e restaurantes. A
implantao de trilhas pode proporcionar uma maior proteo dos ecossistemasexistentes na APA Algodoal/Maiandeua, alm de agregar valor aos produtos
comercializados na regio.
8. REFERNCIAS:
ACERENZA. M. A. Administrao do turismo: conceituao e organizao. Bauru:Edusc, 2002.BAHL, M. Viagens e roteiros tursticos. Curitiba: Protexto, 2004.BELART, J. L. Trilhas para o Brasil. Boletim FBCN, Rio de Janeiro, 1978, 13(1).PP. 49-51.
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