Post on 23-Jul-2016
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Versos Livres A poesia está em tudo
2
Editor: Antonio Luiz Lopes ( Touché)
Guarulhos - SP
Capa original do fanzine , publicado em 1999
VERSOS LIVRES a poesia está em tudo
Conteúdo da edição nº 2 do fanzine
Versos Livres, Guarulhos, SP, editado
para livro eletrônico. Diversos Autores.
Filiado à FEBAC. Federação Brasileira
de Alternativos Culturais http://fanzineversoslivres.blogspot.com.br
Editor: Antonio Luiz “Touché” touche.sp@uol.com.br
Ilustrações: Edgar Walter, Luiz de
Souza, Raymond Leech
SUMÁRIO
Sonhos (Isabel Borazanian) 9 Guarulhos, 20 anos ( Pedro Jorge) 10 Quase Ecológica ( Touché) 13 Jimmy Hendrix (José Alaércio) 14 Inspiração Interrompida ( Jurandy Santos) 18 Nova Semana de Arte Moderna (Emerson Oliveira) 19 Quadro de Palavras (Nefert Irã) 21 Orvalho ( Rodrigo César) 22 Cidadão do Mundo (Valéria L. Santos) 23 Estou Vendendo a Mim Mesmo ( Castelo Hansenn) 27 Os Sonhos ( Rubens G.) 29 Restos de Sol ( Célia Regina) 31 Noite ( Pedro Dias Gonçalves) 32 Pré Modernismo/Versos Íntimos (Augusto dos Anjos) 33 Livros Recebidos 36
SENSAÇÕES
9
SONHOS
São lanças
lançadas
Querendo beijar
um pedaço do céu.
São formas
fincadas
plantadas
no chão.
São sonhos
se armando
em segredos
de paixão
Isabel Borazanian
(Guarulhos-SP)
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GUARULHOS
20 ANOS
Cidade que eu vi crescer
uma geração inteira,
desde os tempos de colégio.
Quanto tempo passou !
A garotada cresceu e foi
cada um pro seu canto.
Muita coisa mudou,
mas continua provinciana
Ninguém foi realmente embora.
Quem não lembra de quem
e quem não conhece quem ?
Cidade provinciana
de relações provincianas.
Guarulhos, para mim,
é uma Igreja no centro
que já foi diferente.
11
É um colégio de padres
que já não é de padres.
A Dom Pedro e Sete :
Uma rua que desce
Outra que sobe,
uma grande ladeira que
me leva prá casa.
E uma estação de subúrbio que se
transformou numa praça,
onde me sento prá fumar.
Guarulhos, é isso :
uma cidade. um subúrbio
Um monte de preconceitos
e de tramas secretas.
E um amontoado
de pessoas vazias.
que me olham.
Guarulhos
para mim é tudo :
o primeiro baile,
o primeiro amor,
o primeiro porre.
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Os amigos que perdi,
os amigos que ganhei
a poesia e a perdição.
Guarulhos está no meu
sangue, é meu passado,
É meu presente
meu ódio e meu amor.
A vontade de fugir .
A vontade de ficar
Guarulhos é isso :
Um símbolo na minha vida..
Uma página em branco
onde escrevi minha história.
Pedro Jorge Guarulhos-SP
13
QUASE ECOLÓGICA
Plantaram nessa terra, uma frondosa
árvore. Que se chama Ignorância. Que
todo dia, os artistas, os estudantes e os
operários vão regar, com o suor de seus
rostos
Touché Guarulhos/SP
14
JIMMY HENDRIX
Seus dedos traziam
cada toque com a força
de um raio que explodia
os acordes
e sua guitarra como ele
tomava forma humana
e gritava e chorava e ria
até chegar
em pleno orgasmo
e depois penetrava
num êxtase profundo
e como um pluma
vagava pelos prados
da delícia...
mas de repente sem que
sua própria mente
percebesse
aqueles dedos inquietantes
eletrizavam tudo,
novamente querendo
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outros limites
e navegavam furiosos
fazendo
aquele instrumento
entre gritos e choros
dizer ao mundo
toda a incerteza
de uma geração.
e foi numa força cósmica
que ao mergulhar
no seu mundo ,
ele encontrou seu limite
ilimitado e nos restou
então só um adeus...
( trecho )
José Alaércio Guarulhos-SP
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QUADRO DE
PALAVRAS
17
18
INSPIRAÇÃO
INTERROMPIDA
O poeta lírico
teve uma inspiração de amor
Que acabou
quando o onibus lotado
de proletários famintos
Passou
E
Deus ficou quietinho
Em seu templo azulado ..
Jurandy Santos
São Paulo
19
NOVA SEMANA DE ARTE MODERNA
DE 1999
In splendóribus 1999
O sacro momento
Pange Língua mio dio..
Dois amores, duas artes...
Splendóribus momento..
1999 1999 1999 1999 1999
Admirável ano
De nossos amores..
Feche a porta e deixe-me amá-la, nem
que seja por alguns minutos...
Inumeráveis são as carícias
Por entre os livros, cadernos
E folhas avulsas..
Incendeia-me
Poemas inacabados..
Oramos em silêncio
Entre beijos e abraços..
Um novo livro ,novas vidas
É 1999, de amor sem fim..
É 1999, uma nova época
Surge solene...
20
Embriagada por desvarios
E encantos passados..
Posso ver
Oswald de Andrade
Com sua coroa de flores
Emergindo
Neste mar de calmaria..
Embevecido por esta
Tarde chuvosa..
E aí consigo ver você,
Largada nostálgica
Nesta cama..
Venha Tarsila do Amaral,
Anita Malfati
Cecília Meirelles
Cantar comigo 1999
Porque
todos os gostos são bons..
E todas as tardes suaves..
Mário de Andrade pede bis!!
Emerson Oliveira Cubatão - SP
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QUADRO DE PALAVRAS
Os verdes campos
De outrora ,
Hoje são vermelhos
E brotam neles
As sementes da revolta..
São Josés
Que não se conformam ,
São Marias
Que não se consolam..
Pedrinhos e Narizinhos
Nos faróis da cidade ,
Esquecidos sem identidade..
Este quadro,
Eu pinto do Brasil,
Com tinta fresca
da realidade
Que todo mundo
Finge que não viu...
Nefert Irã (do livro "Aos Poetas" )
22
ORVALHO
Orvalho
Fruto da noite
Brotando nos galhos
Rodrigo César Curitiba/Paraná
23
CIDADÃO DO MUNDO
Pobres cidadãos
do mundo !
Devorados
Pelos dentes de cristal..
Encarcerados
Entre as grades agressivas
E as muralhas do medo..
Trancafiados
Cidadãos do mundo...
Atrás do concreto
Das correntes e trincos
Entre cofres e alarmes
Nas fortalezas do medo..
Pobres
Cidadãos do mundo
Empilhados
Em prateleiras de concreto
Tendo por céu... O teto !
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E por jardins
O congestionamento
Dos pátios de cimento...
Valéria L. Santos Guarulhos- SP
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HORIZONTES
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27
ESTOU VENDENDO A MIM MESMO
Estou vendendo a mim mesmo,
Quem dá mais ? Quem dá mais ?
Prostituto de um mundo decadente
Vendo meu corpo, minha mente...
Eu sei falar mentiras cavernosas
Eu sei calar verdades dolorosas
Encher de letras um monte de papel...
Sei escrever discursos laudatórios..
Sei escrever poemas em mictórios
Falar doçuras, destilando fel....
Estou vendendo a minha pena (que pena)
Pelo melhor preço da praça ( de graça )
Por uma casa, um fusca ,um TV colorido
Um prato de lentilhas, ou mesmo um
bom sortido..
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Estou vendendo a mim mesmo
Quem dá mais ? Quem dá mais ?
O resto, as coisas que não valem nada
(meus sonhos, vícios, medos e besteiras,
o meu primeiro amor, a poesia primeira,
as coisas que envergonho de dizer)
Essa, eu guardo muito bem guardado,
Debaixo do meu pé de goiabeira
Onde enterrei meus passos e meu gato
Onde brinquei de príncipe encantado
Onde sonhei em conquistar o mundo
Onde eu pensei que a vida é prá valer.
Estou vendendo a mim mesmo..
Quem dá mais ? Quem dá mais ?
Castelo Hannsenn Guarulhos/SP
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OS SONHOS
Os sonhos se perdem
Na hora da realidade.
Os sonhos morrem
Na visão da verdade.
É tão triste
Ver tudo se acabar
É tão triste
Ver o que a gente quer
Não se realizar..
Os sonhos vão deixando
De ocupar espaço
Os sonhos das artérias.
Das veias, dos nervos de aço
É tão triste ver a moléstia
É tão triste ver
Os mefistófeles sem justiça
Os sonhos voam na imaginação
Os sonhos dos diversos
Sem nexo, sem sexo,
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sem aterrisão...
É tão triste ter subordinação
É tão triste se fazer acepção
Os sonhos
Correm pela estrada infinita
Os sonhos dos avós, dos pais
Dos tios, filhos e do artista..
É tão triste ver nada se criar
Da maneira que a gente
Se fez planejar..
Os sonhos
Navegam no imenso mar..
Os sonhos da imagem do sol
no céu do luar..
É tão triste ver tudo se acabar
É tão triste ver o que a gente
Quer não se realizar....
Rubens G. Guarulhos/SP
31
RESTOS DE SOL
Restos de sol no céu
Precedem o anoitecer..
Restos de vida em mim
Sustentam minhas ilusões..
A angústia atormenta
A razão vacila..
O olhar se apaga
A tarde padece..
Envolta no crepúsculo..
E no céu vermelho
Os rastros de nuvem
Cintilam o espaço
Enquanto perseguem
O horizonte..
E os restos de mim
Gotejam pelos caminhos,
Enquanto perseguem
Meus sonhos..
Célia Regina
Guarulhos /SP
32
NOITE
Festa de luzes,
gotas de luar
Surpreendendo-nos
pela tua janela ;
Os meus olhos fixos
no teu corpo,
Tua figura
divinamente bela
e a luz enciumada esconde-se
Escurecendo o quarto,
Trazendo negritude
Sem saber que a luz
Que vem do teu olhar
Ilumina a alcova
em sua plenitude
Pedro Dias Gonçalves Do livro : “Momentos”
33
O PRÉ MODERNISMO
VERSOS ÍNTIMOS
Vês ! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável !
Acostuma-te à lama que te espera !
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro !
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija !...
Augusto dos Anjos
34
Augusto dos Anjos (1884-1914) foi um
importante poeta brasileiro, deixou sua
marca na literatura pelas inovações
temáticas e de estilo. Chegou a ficar
conhecido como “Poeta da morte”, pela
obsessão que nutria pelo tema. “Versos
Íntimos” é um dos poemas mais
conhecidos do escritor, que morreu
muito jovem, com apenas 30 anos. O
único livro publicado em vida foi “Eu”.
O autor foi inspirado por importantes
nomes da literatura, como Olavo Bilac e
Graça Aranha. Apesar de ter convivido
com o parnasianismo e o simbolismo,
apresentou inovações na escrita, sendo
difícil classificá-lo em apenas um
movimento literário. O autor é
classificado até como poeta pré-
modernista.
O período literário conhecido como Pré-
Modernismo situa-se, aproximadamente,
nas duas primeiras décadas do séc. XX,
precedendo o movimento modernista de
35
22. Na verdade, o Pré-Modernismo não
corresponde a uma escola literária, mas
sim a um confluir de escritores que, não
correspondendo a nenhuma das
estéticas de fins do século XIX,
tiveram uma produção de impacto,
apresentando novas vertentes
estilísticas e/ou temáticas em nossa
literatura.
Os principais autores do período são:
Lima Barreto (1881-1922)
João do Rio (1881-1921)
Augusto dos Anjos (1884-1914)
Euclides da Cunha (1866-1909)
Monteiro Lobato (1882-1948)
Fonte: http://educacao.globo.com/literatura/assunto
/movimentos-literarios/pre-modernismo.html
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LIVROS RECEBIDOS
Vasto Abismo - novelas.
Nilto Maciel - Ed. Cótica. Caixa Postal
2205- Brasília- CEP 70349- 970 –
Trecho: " Como é fácil enganar com
palavras ! Quem perceberá o quanto
estou iludindo ? Ou estarei me
enganando com palavras ? Não, não
existe engano, ilusão. Nós é que estamos
inaptos para as sutilezas. Ninguém pode
escapar ao sortilégio das palavras que
inventa. No entanto, poucos são os
inventores de palavras e sonhos. A
história de cada um de nós é a história
que inventamos. Nós a mitificamos a
cada sonho, a cada delírio, a cada
descida ao poço da consciência."