Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania:
depende de quando e como você me vê passar.
Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso.
Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.
Há a vida que é para ser intensamente vivida.
Há o amor, que tem que ser vivido até a última gota.
Sem nenhum medo. Não mata.
Tenho medo de dizer quem sou: no momento em que tento
falar, não exprimo o que sinto e o que sinto se transforma,
lentamente, no que eu digo.
Quando se ama, não é preciso entender o que se passa lá
fora, pois tudo passa a acontecer dentro de nós.
Eu nem entendo mais aquilo que entendo.
Pois, estou infinitamente maior do que eu mesma...
então, não me alcanço.
Ouve-me. Ouve o meu silêncio.
O que falo nunca é o que falo e, sim, outra coisa.
Capta a “outra coisa” porque eu mesma não posso.
Sou composta por urgências:
minhas alegrias são intensas,
minhas tristezas, absolutas.
Me entupo de ausências,
me esvazio de excessos.
Eu não caibo no estreito...
Eu só vivo nos extremos...
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