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por Mônica Cristina Corrêa Traduction: Jean François Brunelière, avec le concours de Sandrine Ghys IMPÉRIO AÉREO "L’escadrille aérienne réalisant le raid officiel de la ligne régulière Rio-Buenos Aires est arrivé dans cette ville [Florianópolis] à 14h30. Les as se sont posés à la Ressacada, où les attendaient des représen- tants du gouvernement de l’Etat, des secrétaires de gouvernements, des officiels de haut rang, des repré- sentants de la presse locale et un grand rassemblement populaire. La liesse s’est emparée de toute la po- pulation" (O Estado de S. Paulo, 15/01/1925). “A esquadrilha aérea de aviação que está realizando o raide oficial da linha regular Rio-Buenos Aires chegou a esta cidade (Florianópolis) às 14:30 horas. Em Ressacada, onde os ases aterraram, achavam-se represen- tantes do Governo do Estado, secretários de governos, altas autoridades, representantes da imprensa local e grande massa popular. Reina grande regozijo em toda a população” (O Estado de S.Paulo, 15/01/1925). A relação entre a França e o Brasil nos primórdios da aviação civil en Français L’EMPIRE AERIEN Les relations entre la France et le Brésil aux débuts de l’aviation civile HC 12 Ed. 63 - 2014

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por Mônica Cristina CorrêaTraduction: Jean François Brunelière, avec le concours de Sandrine Ghys

IMPÉRIO AÉREO

"L’escadrille aérienne réalisant le raid officiel de la ligne régulière Rio-Buenos Aires est arrivé dans cette ville [Florianópolis] à 14h30. Les as se sont posés à la Ressacada, où les attendaient des représen-tants du gouvernement de l’Etat, des secrétaires de gouvernements, des officiels de haut rang, des repré-sentants de la presse locale et un grand rassemblement populaire. La liesse s’est emparée de toute la po-pulation" (O Estado de S. Paulo, 15/01/1925).

“A esquadrilha aérea de aviação que está realizando o raide oficial da linha regular Rio-Buenos Aires chegou a esta cidade (Florianópolis) às 14:30 horas. Em Ressacada, onde os ases aterraram, achavam-se represen-tantes do Governo do Estado, secretários de governos, altas autoridades, representantes da imprensa local e grande massa popular. Reina grande regozijo em toda a população” (O Estado de S.Paulo, 15/01/1925).

A relação entre a França e o Brasil nos primórdios da aviação civil

en Français

L’EMPIRE AERIEN

Les relations entre la France et le Brésil aux débuts de l’aviation civile

HC – 12 Ed. 63 - 2014

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Em 1918, com o fim do conflito,

Latécoère come-çou a reconver-

são dos precáriosaparelhos de

guerra para que pudessem servir

à aviação civil.

Pierre-Georges Latécoère. Ilustração de Junko Takamori. Fonte: deviantart.com

Há quase um século, a Ilha de Santa Catarina foi um dos cenários de uma saga moderna, baseada em fatos inéditos. Como nas antigas epopeias, nessa his-tória os principais personagens eram cavaleiros; po-rém, pelo fato de pilotarem aviões primitivos e terem de enfrentar com bravura as intempéries de todos os tipos, foram apelidados os “cavaleiros do céu”.

A aventura surgiu em Toulouse, no sul da Fran-ça, logo após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e propiciou ligações até então inimagináveis entre a Europa, a África e a América do Sul. Tratava-se de empreitada lançada por um visionário francês, Pier-re-Georges Latécoère, que, durante a guerra, havia fabricado material bélico, inclusive aviões, por enco-menda do governo francês.

Em 1918, com o fim do conflito, Latécoère co-meçou a reconversão dos precários aparelhos de guerra para que pudessem servir à aviação civil. Daí a pensar-se em entregar as correspondências com aquelas máquinas, voando acima das montanhas francesas, do deserto africano e do oceano Atlântico, era não só uma temeridade mas algo improvável.

Il y a de cela presqu’un siècle, l’île de Santa Catarina a été le théâtre d’une épopée moderne, faite d’évènements inédits. Comme dans les épopées antiques, les personnages principaux de cette histoire étaient des chevaliers; mais, puisqu’ils pilotaient des avions rudimentaires et devaient courageusement faire face à toutes sortes d’intempéries, on les appelait les "chevaliers du ciel".

L’aventure a commencé au Sud de la France, dans la ville de Toulouse, juste après la première guerre mondiale (1914-1918) et a permis de relier l’Europe, l’Afrique et l’Amérique, ce qui était jusqu’alors inimaginable. Il s’agissait de l’initiative d’un français, Pierre-Georges Latécoère, véritable visionnaire qui, durant la guerre, avait fabriqué du matériel militaire et des avions pour le compte du gouvernement français.

En 1918, à la fin du conflit, Latécoère se lançait dans la re-conversion des appareils de combat pour l’aviation civile. Mais on était loin de pouvoir imaginer une utilisation de ces machines pour le transport du courrier via les airs, en franchissant les mon-tagnes françaises, le désert africain et l’océan Atlantique.

en Français

En 1918, à la fin du conflit, Latécoère se

lançait dans la recon-version des appareils de

combat pour l’aviation civile.

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Não para Pierre-Georges Latécoère, que pretendia transformar os aviões no grande meio de transporte do século XX. Não é à toa que sua frase se tenha torna-do célebre: “Refiz todos os cálculos. Nossa ideia é irrealizável. Só me resta uma coisa a fazer: realizá-la.”

Latécoère tinha conhecimento do ta-manho da ousadia e era ouvido com estu-por pelas autoridades, ao propor-lhes que aviões atravessassem as montanhas dos Pi-rineus e depois o deserto africano levando cartas às colônias francesas que ali existiam.

“Refiz todos os cál-culos. Nossa ideia é irrealizável. Só me resta uma coisa a fazer: realizá-la.” Pierre-Georges Latécoère.

en Français

Pierre-Georges Latécoère, lui, avait déjà en tête de faire des avions le meilleur moyen de trans-port du 20ème siècle. Ce n’est pas pour rien qu’une de ses citations est devenue célèbre: "J’ai refait tous mes calculs. Notre idée est irréalisable. Il ne nous reste qu’une chose à faire: la réaliser. "

Latécoère était conscient de l’extrême auda-ce du projet et était reçu avec stupeur par les res-ponsables du gouvernement lorsqu’il leur propo-sait que des avions franchissent les Pyrénées puis le désert africain pour apporter le courrier aux colonies françaises qui se trouvaient là.

Fábrica de Montaudran. Toulouse,

França. Acervo: Arquivo da Fondation Latécoère.

Radiotelegrafistas na casa de rádio do Campeche. Acervo: Família de Jean Macaigne.

Fábrica de Montaudran.

"J’ai refait tous mes cal-culs. Notre idée est irréalisable. Il ne nous reste qu’une chose à faire: la réaliser. "

Pierre-Georges Latécoère

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Ainda assim, o empresário foi adiante, decidido a apostar no futuro da aviação. O romancista francês Philippe Forest escreveu a seu respeito em Le siècle des nuages (“O século das nuvens”, 2011, página 63): “É preciso muita confiança na boa estrela para apostar numa atividade cuja rentabilidade – ou até simples possibilidade – está longe de ser garantida, e investir todo o seu dinheiro e toda a sua energia na hipotética perspectiva de que uma companhia possa existir, conseguindo a proeza de ajuntar co-tidianamente pessoas e bens acima das montanhas, dos desertos, dos oceanos. Assim foi Latécoère ao fundar já em 1919 o que se tornaria a Aéropostale.”

De fato, naquela época em que ainda não se de-senvolvera a comunicação sem fio, em que os aviões eram estranhas engenhocas voadoras, Pierre-George investiu. E persistiu. Depois de fazer a ligação aérea entre Toulouse e Barcelona (dezembro de 1918), já em 1919 criava a LAL – “Lignes Aériennes Latécoè-re”. Dali em diante, o empresário de Toulouse fun-daria não apenas uma das maiores indústrias france-sas, mas inauguraria uma saga.

"Entre o que foi e o que é, entre o Boeing 707 e o Laté 26, entre

o terreno do deser-to ou da selva e o

aeroporto moderno, entre os hábitos, as

condições de voo de hoje e outrora, a

distância é tamanha, que parecem dificil-mente aceitáveis os

fatos, as imagens, os quais, no entanto, a memória certifica”.

Joseph Kessel, em prefácio ao livro L’Araignée du Soir, do piloto Henri Delaunay

(1968, página 02)en Français

Malgré cela, il continua son projet, bien décidé à miser sur le futur de l’aviation. Le romancier français Philippe Forest, dans Le siècle des nuages (2011, page 63), dit de lui qu’ "Il faut beaucoup de confiance en sa bonne étoile pour miser sur une activité dont la rentabilité – ou même la pure possibilité – est loin d’être assurée, et investir tout son argent et toute son énergie dans l’hypothétique perspective qu’une compagnie puisse exister, réussissant le tour de

force de convoyer quotidiennement personnes et biens au--dessus des montagnes, des déserts, des océans. Ce qui fut

le cas de Latécoère lorsqu’il fonda dès 1919 ce qui devien-dra l’Aéropostale".

En effet, à l’époque où la communication à distan-ce n’avait pas encore été mise au point et où les avions étaient de drôles d’engins volants, Pierre-George a inves-

ti largement dans cette entreprise. Et a persévéré. Et, dès que la liaison entre Toulouse et Barcelone fut effectuée (en

décembre 1918), il créa en 1919 la LAL - Lignes Aériennes Latécoère. A partir de ce moment, l’entrepreneur de Toulou-se fondait non seulement l’une des plus grandes entreprises

industrielles françaises mais également une véritable saga.

“Entre ce qui fut et ce qui est, entre le

Boeing 707, et le Laté 26, entre le terrain du désert ou de la jungle

et l’aéroport moderne, entre les habitudes,

les conditions du vol aujourd’hui et autrefois,

l’écart est tel qu’il rend difficilement acceptable

des faits, des images que, pourtant, certifie la

mémoire". Joseph Kessel, préface au

livre L’Araignée du Soir, du pilote Henri Delaunay (1968, page 02)

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Na década de 1920, entraram para a Companhia de Latécoère os ases Jean Mermoz, Henri Guillaumet, Paul Vachet, Marcel Reine, Henri De-launay, entre vários outros, acrescen-do à empreitada do visionário os ele-mentos épicos que a transformariam numa lenda da aeronáutica. Entre eles, estava ainda o piloto Antoine de Saint-Exupéry, “poeta da avia-ção”, que imortalizaria a experiência em seus livros.

Para o comando, foi nomeado o ex-militar condecorado Didier Dau-rat, cujo rigor se fazia sentir mesmo à distância. Comandava a “linha” de Toulouse, fazendo com que todo piloto recém-chegado pusesse, lite-ralmente, as mãos na graxa antes de começar a voar. Isso porque os desti-nava a estágios de mecânica nas ofici-nas de Latécoère. Com mão de ferro, Daurat fez com que o correio fosse entendido como absoluta prioridade

por sua equipe, conseguindo obter de cada funcionário o que de melhor pu-desse oferecer.

Nada se fez sem perdas, inclusive de vidas humanas. Apesar disso, La-técoère nunca foi demovido da ideia de implantar o correio aéreo na Amé-rica do Sul.

en Français

Dans les années 1920, les as Jean Mer-moz, Henri Guillaumet, Paul Vachet, Mar-cel Reine, Henri Delaunay, entreront dans l’entreprise en même temps que beaucoup d’autres pilotes et ajouteront au projet d’un Latécoère visionnaire les éléments épiques qui en feront une légende de l’aéronautique. Par-mi tous ces pilotes, se trouvait aussi Antoine de Saint-Exupéry, le "poète de l’aviation", qui immortalisera cette expérience dans ses livres.

On plaça aux commandes de l’entreprise, Didier Daurat, un militaire décoré de la Croix de Guerre, dont l’extrême rigueur se faisait sentir même à distance. Il commandait la

"Ligne" depuis Toulouse, obligeant tous les nouveaux pilotes à mettre littéralement les mains dans le cam-bouis avant de commencer à voler. Il les envoyait tout d’abord dans les ateliers de mécaniques Latécoère. D’une main de fer, Daurat faisait comprendre à tous les employés que le courrier était la priorité absolue, obtenant de ceux-ci qu’ils offrent le meilleur d’eux--mêmes.

Comme rien de grand ne s’obtient sans sacrifices, des pertes humaines furent à dé-plorer. Malgré cela, Latécoè-re ne se laissa jamais dissu-ader d’implanter le courrier aérien en Amérique du Sud.

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“Atravessávamos o Saara sobre a parte

dissidente. Navegá-vamos, naquela épo-

ca, em velhos Breguet do tipo 14. Datando de 1916 e cujos mo-

tores não eram segu-ros. Para solucionar os riscos de pane, as

viagens se efetuavam em grupos de dois

aparelhos. Se uma tri-pulação tivesse pane nas areias, a outra a

salvava dos Mouros”.Saint-Exupéry, "Je suis allée voir mon avion ce soir", em

antologia póstuma pela Edi-tora Gallimard, 2007, pg 41.

Em 1922, as sociedades de Pierre-Georges são separadas: a exploração da linha ficou por conta da CGEA, Compagnie Générale d’Entreprises Aéro-nautiques, e a produção de aviões, “Laté 25, Laté 26 e Laté 28”, e seus materiais para a SIDAL, Société Industrielle d’Aviation Latécoère. Assim, o indus-trial construía os aparelhos e com eles fazia explo-rar o céu.

O obstinado empresário de Toulouse construi-ria um império. Um império aéreo, cujo domínio atravessava fronteiras com uma ousadia preocupan-te mas exitosa na maior parte do tempo. O historia-dor Bernard Bacquié fornece alguns dados precisos (Carnets de la Ligne – 2009, página 46): “De fato, a ascensão das Linhas Aéreas Latécoère é tamanha, que no final de 1922, com mais de 3.000 km de rede, 75 aparelhos conduzidos por 22 pilotos, 120 mecâ-nicos e um quadro de mais de 1.000 funcionários, sem contar os pombos-correios que asseguravam a transmissão à guisa de rádio, a CGEA é a maior companhia do mundo”.

en Français

En 1922, ses sociétés sont dégroupées: l’exploitation de la ligne fut octroyée à la CGEA (Compagnie Générale d’Entreprises Aéronautiques) et la production des avions "Laté 25, Laté 26 et Laté 28" et du matériel à la SIDAL (Société Industrielle d’Aviation Latécoère). L’industriel construisait ainsi les avions avec lesquels la compagnie explorait le ciel.

L’entrepreneur obstiné finira par bâtir un empire. Un empire aérien, dont l’emprise allait par-delà les frontières avec une har-diesse déconcertante, mais couronnée de succès le plus souvent. L’historien Bernard Bacquié nous donne quelques précisions dans Carnets de la Ligne (2009, page 46): "L’ascension des Lignes Aériennes Latécoère est telle qu’à la fin de l’année 1922, avec plus de trois milles kilomètres de réseau, soixante-quinze appareils servis par vingt-deux pilotes, cent vingt mécaniciens, pour un effectif glo-bal de prés de mille employés sans compter les piegons assurant les transmissions en l’absence de radio, le CGEA est la plus grande com-pagnie aérienne du monde".

“Nous traversions le Sahara dans la partie dis-sidente. Nous naviguions

à cette éopoque-là sur de vieux avions Breguet

type 14, datant de 1916 et dont les moteurs n’étaient

pas sûrs. Pour parer aux risques de panne, les

voyages s’éffecutaient par groupe de deux appareils.

Si un équipage tombait en panne dans les sables,

l’autre équipage le sauvait des Maures. "

Saint-Exupéry, "Je suis allé voir mon avion ce soir", dans l’anthologie posthume de Gallimard, 2007, pg 41.

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Enfim, a América do Sul...

Sempre inovador, Latécoère enviou seus pilotos ao Rio de Janei-ro em 1924. Dois aviões do modelo Bréguet XIV (com velocidade de 150 km/h) foram enviados de navio, des-montados, até o Campo dos Afonsos, base militar do Rio de Janeiro. Dali, as missões deveriam seguir para o norte e para o sul, fazendo a exploração do céu brasileiro para avaliar a possibili-dade de implantar-se uma linha. Foi assim que dois aviões partiram do Rio em 15 de janeiro de 1925 com o obje-tivo de atingir Buenos Aires. Tal per-curso, naquela época, em decorrên-cia da pouca autonomia de voo dos aviões, exigiria, naturalmente, que se fizessem várias escalas e, entre estas, estava a Ilha de Santa Catarina (ver resumo do trajeto). A viagem do Rio a

Buenos Aires somou 19 horas e cinco minutos de voo efetivo...

Ao passar por São Paulo, os avia-dores homenagearam Santos Du-mont, soltando faixas nas quais se lia: “12 de novembro de 1906: 1o voo ofi-cial efetuado por Santos Dumont na Bagatelle, França. 14 de janeiro de 1925: 1a viagem postal aérea Brasil--Uruguai e Argentina”.

Marcel Bouilloux-Lafont.

Breg

uet X

IV. G

aube

rt.

Et enfin… l’Amérique du Sud

en Français

Innovant sans cesse, Latécoère envoya ses pilotes à Rio de Janeiro en 1924. Deux avions Breguet XIV (capables de voler à 150 km/h) furent démontés et transportés par ba-teau jusqu’à Campo dos Afonsos, la base mili-taire de Rio de Janeiro. De là, ils étaient censés partir vers le Sud, et exploreraient le ciel bré-silien pour évaluer la possibilité d’implanter une ligne. C’est ainsi que deux avions parti-rent de Rio de Janeiro, le 15 janvier 1925, avec l’objectif d’atteindre Buenos Aires. Du fait d’une faible autonomie de vol, le parcours exi-geait la réalisation de nombreuses escales et l’une d’elles se faisait sur l’Île de Santa Catarina (voir le résumé du parcours). Le voyage entre Rio de Janeiro et Buenos Aires se compléta en 19h05 de vol effectif.

En passant au-dessus de Sao Paulo, les aviateurs rendirent hommage à Santos Du-mont en déployant une banderole sur laquelle on pouvait lire: "12 novembre 1906: premier vol officiel exécuté par Santos-Dumont à Bagatelle, France. 14 janvier 1925: premier voyage postal aérien Brésil-Uruguay et Argentine".

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Depois disso, desceram na Ressacada, até hoje re-gião próxima ao aeroporto de Florianópolis, causando verdadeira euforia na população local. O próprio Go-vernador foi receber os pilotos e posou para uma foto com o jornal do Rio de Janeiro nas mãos, como a dar provas da eficácia e da rapidez do transporte.

Essas cenas se repetiram em várias cidades bra-sileiras, como Pelotas, Porto Alegre, Santos e se es-tenderam a outros países do continente sul-america-no. O entusiasmo foi geral, não apenas por parte dos habitantes locais. Os pilotos franceses em missão escreveram a seu chefe demonstrando otimismo e assegurando que era perfeitamente possível implan-tar-se a linha no país.

No entanto, ninguém esperava todos os entra-ves que viriam a seguir. O próprio Pierre-Georges La-técoère se deslocou ao Brasil, mas teve dificuldades imensas com os trâmites burocráticos apresentados.

Considerando o local semelhante ao de sua

região na França, o pi-loto Marcel Reine com-prou uma casa e terras

em Itaipava-Petrópolis, no Rio de Janeiro, e

chamou a propriedade de “La Grande Vallée”.

en Français

Plus tard, les aviateurs se posèrent à la Ressacada, à proxi-mité de l’actuel aéroport de Florianópolis, suscitant une véritable euphorie au sein de la population locale. Le gouverneur en personne reçut les pi-lotes et prit la pose le temps d’une photo-graphie, un journal de Rio de Janeiro dans les mains, afin de prouver l’efficacité et la rapidité du transport.

Ces scènes se répétèrent dans plu-sieurs villes brésiliennes : Pelotas, Porto Alegre, Santos ainsi que dans d’autres pays du continent sud-américain. L’enthousiasme ne toucha pas sim-plement les habitants de la région, il fut généralisé. Les pilotes français en mission firent un compte rendu plein d’optimisme à leur chef et lui assurè-rent qu’il était parfaitement possible d’implanter une ligne dans le pays.

Toutefois, personne n’imaginait les multiples obs-tacles qui allaient se succéder. Pierre-George Latécoère se rendit personnellement au Brésil mais dut faire face à d’importantes difficultés bureaucratiques.

Campo dos Afonsos. Rio de Janeiro

Ressacada. 15 de janeiro de 1925. Acervo: Fundação Latécoère.

Trouvant l’endroit très semblable à celui de sa

région en France, le pilote Marcel Reine s’acheta une

maison et une ferme à Itaipava-Petrópolis (Rio) il la

nomma ‘La Grande Vallée’.

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Foi então que vendeu 95% das ações de sua companhia a um com-patriota, empresário de renome com grandes negócios no Brasil: Marcel Bouilloux-Lafont. Este último reba-tizou a empresa como “Compagnie Générale Aéropostale” e implantou no Brasil 11 escalas: Natal, Recife, Maceió, Caravelas (Bahia), Vitória, Rio de Janeiro, Santos, Florianópolis, Porto Alegre e Pelotas, além da base de hidraviões em Fernando de Noro-nha. As escalas eram equipadas com casa de pilotos, hangar, aeródromo (pistas de pouso e aterrissagem) e uma casa de rádio, já que nessa época o sistema de transmissão sem fio fora desenvolvido.

Nos outros países da América do Sul, Lafont desenvolveu linhas, che-

gando até Santiago do Chile e Venezuela. Antes de 1930, o cor-reio vinha de navio até Natal e dali era transportado de avião pelo continente sul-americano.

Assim, a aventura, sem deixar os cenários europeu e africano, inseria-se no mun-do tropical, repleto de bele-zas, sem dúvida, mas com uma natureza indômita para a qual os aviões esta-vam pouco adaptados.

en Français

Il vendit alors 95% des actions de sa so-ciété à un compatriote, entrepreneur renom-mé, à la tête de nombreuses affaires au Brésil: Marcel Bouilloux-Lafont. Celui-ci changea le nom de l’entreprise en « Compagnie Généra-le d’Aéropostale » et mit en place 11 escales au Brésil: à Natal, Recife, Maceió, Caravelas (Bahia), Vitória, Rio de Janeiro, Santos, Floria-nópolis, Porto Alegre et Pelotas, ainsi qu’une base pour hydravions à Fernando de Noronha. Ces escales étaient équipées d’une maison pour les pilotes, d’un hangar, d’un aérodrome (piste de décollage et d’atterrissage) et d’un bâtiment radio, puisque la technologie avait déjà été développée à cette époque.

Bouilloux-Lafont développa également des lignes dans d’autres pays d’Amérique du Sud, jusqu’à Santiago au Chili et au Venezuela. Jusqu’en 1930, le courrier traversait l’Atlantique en bateau, jusqu’à Natal, puis était transporté par avion sur le continent sud-américain.

Ainsi, sans pour autant délaisser les con-trées européennes et africaines, l’aventure se poursuivait désormais sous le climat tropical, dans un environnement très beau, mais aussi d’une nature indomptable, pour laquelle les avions n’étaient pas suffisamment adaptés.

Agência da Air France, em Florianópolis. Acervo: Musée Air France.

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As escalas eram equipadas e os

modelos de avião foram sendo

aperfeiçoados. Mesmo assim ,

naqueles anos de 1920-30, houve muitos pousos

forçados, em praias desertas e

em florestas.

Basta ver o relato que fez o ás Jean Mermoz, em carta, de 1928, enviada a seus avós e transcrita no li-vro Mes vols (Meus voos, 1937, página 63): “O per-curso é duro. Ventos irregulares, tempestades fre-quentes e calor imenso desde Porto Alegre. A partir do Golfo de Santa Catarina, ponto inevitável de per-turbações atmosféricas, é floresta virgem até Natal. Em caso de pane, só nos restam pequenas praias para pousar. A etapa Rio-Santos é a mais difícil. Costas entrecortadas, nenhuma praia, uma quan-tidade inumerável de ilhotas, espécies de blocos de rochas florestadas. A floresta virgem... Montes inex-tricáveis de palmeiras, cipós, madeiras preciosas quase no mar. Em suma, são duas horas magníficas e angustiantes a passar. É maravilhosamente boni-to, mas a pane seria escabrosa a partir do Rio, sem-pre floresta virgem e praias em todo canto.”

As escalas eram equipadas e os modelos de avião foram sendo aperfeiçoados. Mesmo assim, na-queles anos de 1920-30, houve muitos pousos força-dos, em praias desertas e em florestas.

Il suffit de lire le récit de Jean Mermoz dans une lettre da-tée de 1928, envoyée à ses grands-parents et retranscrite dans le livre Mes vols (1937, page 63): "Le trajet est dur. Vent irréguliers, tempêtes fréquentes et chaleur intense depuis Porto Allègre. A pa-rir du golfe Sainte-Catherine, centre inévitable des perturbations atmosphériques, la forêt vierge sans arrêt jusqu’à Natal. En cas de panne, nous n’avons que des bouts de plage pour nous poser. L’étape Santos-Rio est la plus dure. Côtes déchiquetées, pas une plage, une quantité innombrable d’îlots, sortes de blocs de rochers boisés. La forêt vierge... fouillis inextricables de palmiers, de lianes, de bois pré-cieux, entre presque dans la mer. Bref, ce sont deux heures magnifi-ques et angoissantes à passer. C’est merveilleusement beau, mais la panne est scabreuse à partir de Rio, toujours la forêt vierge, mais des plages à peu près partout".

Les avions se perfectionnèrent, les escales améliorèrent leurs équipements, mais cela n’empêcha pas de nombreux atterrissages sur des plages désertes ou en pleine forêt au cours de ces années 1920-1930.

en Français

Les avions se perfectionnèrent, les escales améliorèrent

leurs équipements, mais cela n’empêcha pas de

nombreux atterrissages sur des plages désertes

ou en pleine forêt au cours de ces années

1920-1930.

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A própria compra dos terrenos no Brasil, providenciada pelo piloto Paul Va-chet, foi permeada de episódios anedóti-cos, como o caso de Florianópolis, que ele mesmo narrou em seu livro Avant les jets (1964) (Ver p. 23).

Inúmeras foram as histórias que com-puseram a saga da Aéropostale. Seus per-sonagens foram imortalizados pela literatu-ra, nos livros de Antoine de Saint-Exupéry, em especial em Correio sul (1929), Voo no-turno (1931), e Terra dos homens (1939). Em 1929, o crash da bolsa de Nova York levou o mundo a uma profunda crise eco-nômica da qual o Brasil não escapou. O go-verno francês não manteve as subvenções ao empresário Marcel Bouilloux-Lafont, deixando-o em uma situação insustentável. Assim, a magnífica empreitada, que custou esforços quase sobre-humanos, viu-se esfa-celar. Malgrado todas as lutas, a Aéropos-tale foi liquidada em 1931.

Quatro companhias aéreas francesas entram em fusão numa Sociedade Central, a SCELA, que adquire a Aéropostale. Em 1933, a SCELA se torna Air France, compa-nhia que recuperou as instalações da Aéro-postale e reempregou praticamente todo o seu pessoal.

A saga, a aventura dos pioneiros que haviam feito proezas pelo desenvolvimento da aviação civil, encerrava-se com a chegada de um novo tempo, em que os aviões fica-riam cada vez mais performáticos. Com isto, a arte de pilotar também se padronizava e, quanto mais uniformes fossem os voos, sem “assinaturas pessoais", mais seguro se tor-nava o meio de transporte avião. Assim, os tempos em que era possível reconhecer um piloto vendo-se seu voo ou assistindo-se à sua aterrissagem ou pouso ficaram restritos à poesia. Esta, felizmente, é imortal.

Les achats de terrains au Brésil, réalisés par Paul Vachet, furent égale-ment ponctués d’anecdotes intéressan-tes, comme celle de Florianópolis, qu’il raconte lui-même dans son livre Avant les jets (1964) (voir box 1).

On ne compte plus les histoires qui composent la saga de l’Aéropostale. Ses personnages ont été immortalisés dans la littérature, en particulier par les livres de Saint-Exupéry: Courrier Sud (1929), Vol de Nuit (1931) et Terre des hommes (1939). En 1929, le krach de la bourse de New-York entraîna le monde dans une crise économique profonde, à laquelle le Brésil n’échappa pas. Le gouvernement français supprima ses subventions à l’entrepreneur Marcel Bouilloux-Lafont, le laissant face à une situation incon-tournable. Et c’est ainsi que s’effondrait une entreprise magnifique, construite à coup d’efforts surhumains. Malgré tous les efforts mis en œuvre, l’Aéropostale fut mise en liquidation en 1931.

Quatre compagnies aériennes fran-çaises fusionnèrent pour former la SCE-LA, qui elle-même racheta l’Aéropostale. En 1933, la SCELA donne naissance à Air France. Cette compagnie récupéra les ins-tallations de l’Aéropostale et réemploya pratiquement tout son personnel.

La saga, l’aventure des pionniers, les auteurs de prouesses pour le dévelo-ppement de l’aviation civile, pris fin pour céder la place à une nouvelle époque où les avions devinrent de plus en plus per-formants. Le pilotage, autrefois un art, devait désormais suivre des normes stric-tes et plus les vols étaient uniformisés, exempts de "signature personnelle", plus ce moyen de transport aérien se révélait sûr. Le temps où l’on pouvait reconnaître un pilote depuis le sol en observant sa fa-çon de voler ou de se poser était relégué à la poésie. Celle-ci, heureusement, reste immortelle.

en Français

HC – 22 Ed. 63 - 2014

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A compra do terreno de pouso do Campeche, em FlorianópolisL’achat du terrain d’atterrissage de Campeche, à Florianópolis

De forma pitoresca e, ao mesmo tempo, realista, o responsável pela aqui-sição do terreno de Florianópolis, o pilo-to Paul Vachet, deixou várias passagens interessantes em seu livro Avant les jets (1964). Ele contou das dificuldades em encontrar o terreno e contou também as-pectos da vida local, junto aos pescado-res: “Em Florianópolis, descobri um ter-reno adequado, depois de longas buscas muito difíceis por causa do estado inve-rossímil das ‘estradas’ da Ilha de Santa Catarina. Mas era preciso comprar esse terreno, coisa para a qual eu não tinha autorização formal nem os fundos ne-cessários” (página 148).

Mais adiante, página 155:

“Inserir-se em um país é sofrer lentamente a trans-formação que este impõe,

as maneiras de sentir e pensar, é nascer assim

uma segunda vez.” “Le Pilote”, Saint-Exupéry, obra publi-

cada postumamente, em antologia da Editora Gallimard, 2007, pg 61.

en Français

De manière à la fois pittoresque et réa-liste, le responsable de l’acquisition du terrain de Florianópolis, le pilote Paul Vachet, nous offre plusieurs passages intéressants dans son livre Avant les jets (1964). Il raconte ses diffi-cultés à trouver le terrain ainsi que des détails de la vie locale, avec les pêcheurs: "A Floriano-polis, je découvris un terrain convenable après de longues recherches rendues très difficiles par l’état invraisemblable des ‘routes’ de l’Île de Santa Catari-na. Mais ce terrain, il fallait l’acheter, ce pour quoi je n’avais pas d’autorisation formelle, pas plus que de fonds d’ailleurs" (page 148).

Plus loin, page 155 :

Piloto Paul Vachet, dito “o lavrador”, que comprou e preparou quase todos os terrenos na costa do Brasil.

Le pilote Paul Vachet, dit “le laboureur”, qui acheta et prépara la plupart des terrains sur la côte brésilienne.

“Pénétrer um pays, c’est su-bir lentement la transformation

qu’il impose, des façons de sentir et penser, et naître ainsi une

seconde fois". “Le Pilote”, Saint-Exupéry, dans une anthologie posthume, par

Gallimard, 2007, pg 61.

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“Em seguida, foi a compra do ter-reno de Florianópolis. Eu havia rece-bido de M. Bouilloux-Lafont a ordem de comprá-lo e os fundos necessários foram postos à minha disposição. Mas eles se revelaram superabundantes, pois o preço global foi ridiculamente baixo. Eu digo global porque de fato o conjunto da superfície que me convi-nha estava dividido numa vintena de parcelas pertencentes a humildes pes-cadores das redondezas. Mas frequen-temente seus títulos de propriedade não estavam regularizados, assim como o estado civil dos pescadores. Alguns de-les não eram legalmente casados com suas companheiras, as quais lhes ha-viam, no entanto, dado muitos filhos. Às vezes, esta possuía uma pequena parcela de terreno, situada ao lado da-quela do companheiro. Enfim, para simplificar os títulos de propriedade, foi necessário começar por regulamentar um bom número dessas falsas alianças. Mandei vir de Florianópolis um juiz e uma tarde foi dedicada àqueles casa-mentos. Naturalmente, minha mulher e eu fomos solicitados como testemunhas pela maioria dos ‘noivos’ e, neste caso, tais testemunhas se tornaram ‘com-padres’ e ‘comadres’ dos casais. Assim, durante anos, cada vez que nós aterris-sávamos no terreno de Florianópolis, éramos cercados de muitos pescadores que nos tratavam por ‘compadre’ e ‘co-madre’ com grandes reforços de vigo-rosos tapinhas nas costas e do ‘abraço’.”

Neste singelo relato de Vachet, as palavras “compadre e comadre”, bem como “abraço” estão grafadas em por-tuguês.

en Français

"Ensuite, ce fut l’achat du terrain de Florianopolis. J’avais reçu de M. Bouilloux--Lafont l’ordre de l’acheter et les fonds ne-céssaire avaient été mis à ma disposition. Mais ils s’avérèrent plus que suffisants, car le prix global en fut ridiculement bas. Je dis global parce que l’ensemble de la su-perficie qui me convenait était divisé en une vingtaine de parcelles appartenant à d’humbles pêcheurs des environs.

Mais souvent leurs titres de proprié-té n’étaient pas en règle, pas plus que leur état civil. Certains n’étaient pas mariés avec leur compagne qui leur avait pour-tant donné de nombreux enfants. Quel quefois celle-ci possédait elle-même une petite parcelle de terrain située à côté de celle de ce compagnon. Bref, pour simplifier les titres de propriété il fallut commencer par régulariser un certain nombre de ces fausses alliances. Je fis venir de Floriano-polis un officier d’état civil qualifié et un après-midi fut consacré à ces mariages. Naturellement, ma femme et moi fûmes appelés comme témoins par la plupart des ‘jeunes mariés’ et, dans ce cas, de tels témoins devenaient ‘compadres’ et ‘coma-dres’ marraines’ des époux. Ainsi, pendant des annés, chaque fois que nous atterris-sions sur ce terrain de Florianopolis, nous étions entourés de nombreux pêcheurs qui nous donnaient du ‘compadre’ et ‘coma-dre’ à grand renfort de vigoureuses claques dans le dos et de l’abraço".

Dans ce récit très simple de Vachet, les mots "compadre'" "comadre" et "abra-ço" apparaissent en portugais dans le texte en français.

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Cenários de Santa Catarina

Les passages par Santa Catarina

A escolha de Florianópolis como campo de pouso e a passagem dos cavaleiros do céu pelo Campeche – onde foi construído um ae-ródromo que se tornou escala dos pilotos da Aéropostale – está documentada no livro de Jean-Gérard Fleury, jornalista francês que se especializou na aviação e acabou fazendo a vida no Brasil. Amigo dos pilotos e até do pre-sidente Getúlio Vargas, Fleury deixou o livro La Ligne (A Linha –1939, página), narrativa em que revela os detalhes das aventuras dos pilotos e dos edificadores da Aéropostale. Em sua obra, pode-se ler, por exemplo: “As vio-lentas cores da aurora inundavam a floresta virgem quando a tripulação se aproximava de Florianópolis”. O avião em questão era pi-lotado por Jean Mermoz.

en Français

Le choix de Florianópolis comme ter-rain d’atterrissage et le passage des che-valiers du ciel à Campeche, où fut construit l’aérodrome qui deviendrait l’escale des pilo-tes de l’Aéropostale, est évoqué dans le livre de Jean-Gérard Fleury, journaliste français spécia-lisé dans l’aviation ayant vécu au Brésil. Ami des pilotes et même du président Getúlio Vargas, M. Fleury est l’auteur de La Ligne (1939), dans lequel il révèle les détails des aventures des pilotes et des bâtisseurs de l’Aéropostale. Dans son ouvrage, on peut lire par exemple que: "Les couleurs violentes de l’aurore inondaient la forêt vierge quand l’équipage s’approchait de Florianópolis". L’avion en question était alors piloté par Jean Mermoz.

A escolha de Florianó-polis como campo de

pouso e a passagem dos cavaleiros do céu pelo Campeche está docu-

mentada no livro de Jean-Gérard Fleury.

Piloto Jean-Mermoz, o ás dos ases. Le pilote Jean Mermoz, l’as des as.

Le choix de Florianópolis comme terrain d’atterrissage et

le passage des chevaliers du ciel à Campeche est évoqué dans le

livre de Jean-Gérard Fleury.

Ed. 63 - 2014 – HC25

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O próprio Saint-Exupéry men-ciona a escala da cidade em seu livro Voo noturno (1931), a propósito de um erro (página 68): “A escala de Floria-nópolis não observou as instruções...”

Resumo da primeira exploração dos aviadores franceses na América do Sul, segundo o livro de Laurent Albarès (“Pierre-Georges Latécoère – Correspon-dances 1918-1928” – 2013, página 411):

Saint-Exupéry lui-même mentionne l’escale dans son livre Vol de Nuit (1931) à pro-pos d’une erreur (page 68): "L'escale de Floria-nopolis n'ayant pas observé les instructions..."

Résumé de la première exploration des aviateurs français en Amérique du Sud, d’après le livre de Laurent Albarès (Pierre-Georges La-técoère – Correspondances 1918-1928 – 2013, page 411):

en Français

Local Data Distância

Rio de Janeiro Partida 14/01/1925 às 4:35h

São Paulo Chegada – 8:10hPartida – 10h 420 km

Florianópolis Chegada – 14:30hPartida – 16:3h 580 km

TorresChegada – 18:15hPartida 15/01/1925 às 5:35h

280 km

Porto Alegre Chegada – 6:10hPartida – 8h 96 km

Pelotas Chegada – 10hPartida – 10:55h 250 km

Montevidéu Chegada – 15:05hPartida – 16:40h 550 km

Buenos Aires Chegada – 19:05h 250 km

Total de horas: 19 horas e 05 minutos de voo efetivo.Total do trajeto: 2.425 kmVelocidade média: 127 km

Ville Date Distance

Rio de Janeiro Départ le 14/01/1925 à 4h35

São Paulo Arrivée – 8:10hDépart – 10h 420 km

Florianópolis Arrivée – 14:30hDépart – 16:3h 580 km

TorresArrivée – 18:15hDépart 15/01/1925à 5:35h

280 km

Porto Alegre Arrivée– 6:10hDépart – 8h 96 km

Pelotas Arrivée – 10hDépart – 10:55h 250 km

Montevideo Arrivée – 15:05hDépart – 16:40h 550 km

Buenos Aires Arrivée – 19:05h 250 km

Nombre d’heures de vol: 119 heures e 5 minutes de vol effectif.Distance parcourue: 2 425 kmVitesse moyenne: 127 km/h

Acidente de Henri Delaunay, em Florianópolis. 1928. L’accident du pilote Henri Delaunay à Florianópolis. 1928. O piloto Marcel Reine,

conhecido por sua alegria

contagiante, comprou

propriedades no Brasil.

Le pilote Marcel Reine, dont la

gaité était contagieuse, acheta

plusieurs propriétés au Brésil.

HC – 26 Ed. 63 - 2014

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Presença de Saint-Exupéry em Florianópolis

La présence de Saint-Exupéry à Florianópolis

O assunto gerou polêmica em Santa Cata-rina, mas Saint-Exupéry esteve, sim, no Cam-peche, pois a escala fazia parte de suas funções enquanto chefe da Aeroposta Argentina, em-presa irmã da Aéropostale. Quem dá a palavra final é o historiador Bernard Bacquié, em seu recente livro publicado na França, Un pilote austral: Antoine de Saint-Exupéry (Um piloto austral, Antoine de Saint-Exupéry – 2013).

A obra é o resultado da primorosa pes-quisa do autor em arquivos da Argentina e do Uruguai, além dos arquivos da família do ra-diotelegrafista Jean Macaigne, que voou fre-quentemente com Saint-Exupéry na América do Sul. Na revista Ícaro, Macaigne narra uma das empreitadas no artigo intitulado Com ele (Saint-Exupéry), eu transportei o correio.

en Français

La question a suscité des polémiques dans l’Etat de Santa Catarina, mais Saint-Exupéry est bel et bien passé à Campeche, puisque cette es-cale faisait partie de ses attributions en tant que chef de l’Aeroposta Argentina, entreprise jumelle de l’Aéropostale. Le mot de la fin revient à l’historien Ber-nard Bacquié, dans son dernier livre publié en France, Un pilote austral: Antoine de Saint-Exupéry (2013).

Cet ouvrage est le résultat d’excellentes recher-ches dans les archives existantes en Argentine et en Uruguay, ainsi que dans celles de la famille du radiotélé-graphiste Jean Macaigne, qui a souvent fait équipe avec Saint-Exupéry en Amérique du Sud. Dans la revue Icare, Macaigne raconte l’une de ses missions dans un article in-titulé Avec lui [Saint-Exupéry], j’ai transporté le courrier.

O filho do pescador Deca, de Floria-nópolis, Getúlio Manuel Inácio, que

guardou as lembranças de seu pai, amigo de Saint-Exupéry, encontra o

sobrinho e afilhado do escritor, Fran-çois d’Agay, no Campeche, em 2008.

Le fils du pêcheur Deca, de Florianópolis, Getú-lio Manuel Inácio, qui a sauvegardé les souvenirs

de son père, ami de Saint-Exupéry, rencotnre le neveu et filleul de l’écrivain, François d’Agay, à

Campeche, en 2008.

Ed. 63 - 2014 – HC27

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Durante uma difícil decolagem do Campo dos Afonsos (Rio), sob chuva torrencial, com Saint-Exupéry na cabine e Macaigne do lado de fora, tentando desatolar o avião, o piloto diz (página 142): “Não vamos poder taxiar até Santos...”

Finalmente, conseguem subir e fazem todas as escalas. Bacquié, depois de ter verificado outros do-cumentos de passagem de Saint--Exupéry pelo Brasil, conclui: “Esse testemunho atesta que no meio de 1930, tu (Saint-Exupéry) transpor-taste várias vezes o correio entre Buenos Aires e Rio, parando em todas as escalas, como era previs-to, para carregar e descarregar os sacos. A lenda de tua empatia com um pescador de Florianópolis é en-tão perfeitamente plausível” (página 142).

Au cours d’un décollage difficile de Campo dos Afonsos (Rio de Janei-ro), sous une pluie torrentielle, Saint--Exupéry dans la cabine de pilotage et Macaigne dehors, à tenter de débour-ber l’avion, le pilote dit (page 142): "Mais nous ne pouvons tout de même pas aller en rouleur jusqu’à Santos".

Ils réussirent finalement à décoller et à parcourir toutes les étapes. Bacquié, après avoir vérifié d’autres documents sur les passa-ges de Saint-Exupéry au Brésil, con-clut: "Ce témoignage atteste qu’au milieu de l’année 30, tu as transporté plusieurs fois le courrier entre Buenos Aires et Rio, t’arrêtant dans toutes les escales, comme c’est prévu pour char-ger et décharger les sacs. La légende de ton empathie avec le pêcheur de Florianópolis est donc parfaitement plausible" (page 142).

Antigo casarão dos pilotos que se conservou no Campeche e que é conhecido, pelos habitantes locais, como “popote” (rancho). Com projeto de restauro aprovado pelo MinC (PRONAC 092907), aguarda tratativas da Prefeitura de Florianópolis para transformar-se, enfim, no “Memorial Pilotos e Pescadores Antoine de Saint-Exupéry”.

L’ancienne Maison des pilotes qui s’est conservée à Campeche est connue, par les habitants locaux, comme "popote". Un projet de réaménagement pour cet immeuble historique a été approuvé par le Ministère de la Culture (Numéro: 092907) et attend les démarches de la Mairie de Florianópolis pour devenir, enfin, le "Mémorial Pilotes et Pêcheurs Saint-Exupéry".

en Français

HC – 28 Ed. 63 - 2014

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Depoimento

“Sou pelotense. Meu pai, Antônio Ernani Pinto da Silva, foi, em Pelotas, o primeiro funcio-nário brasileiro a trabalhar, quando estudante, na Latecoère, a empresa que foi implantar uma das etapas do Aéropostale. Era 1929 e meu pai ti-nha, então, 18 anos de idade.

Meu pai era encarregado de levar os mecâ-nicos e buscar, na pista de pouso, o piloto “An-toine” – que passaram a chamar de Zeperri. Eles usavam carros “de aluguel” (os táxis de hoje). En-quanto isso os mecânicos ficavam no hangar fa-zendo a manutenção dos aparelhos, trabalho que, às vezes, poderia levar até três dias. Como havia funcionários franceses, o piloto trazia-lhes quei-jos que ficavam “criando bicho” nas suas gavetas, para serem degustados como se fazia à época. O meu pai dizia que o cheiro era terrível (um gran-de chulé).

en Français

Je suis né à Pelotas. Mon père, Antônio Ernani Pinto da Silva fut le premier employé brésilien à travailler, encore étu-diant, chez Latécoère, à Pelotas, l’entreprise responsable de l’implantation de l’une de ces étapes de l’Aéropostale. C’était en 1929 et mon père avait alors 18 ans.

Mon père était chargé d’amener les mécaniciens, de chercher le pilote “Antoine” (qu’ils surnommèrent d’ailleurs Zeperri) à la piste d’atterrissage et de l’amener en ville. Ils utilisaient des voitures "de location" (aujourd’hui appelées taxis). Pendant ce temps, les mécaniciens s’occupaient de la maintenance des appareils dans le hangar; travail qui pou-vait prendre jusqu’à trois jours. Comme il y a avait égale-ment des employés français au sein de l’équipe locale, le pilote leur apportait des fromages qu’ils laissaient moisir dans leurs tiroirs, pour qu’ils "créent des vers", afin d’être dégustés comme il se devait à l’époque. Mon père affir-mait que l’odeur était infecte (une forte odeur de pieds).

Saint-Exupéry. Acervo: Succession Saint-Exupéry.

Meu pai era encarregado de levar os mecânicos e buscar, na pista de pou-

so, para levá-lo à cidade, o piloto “Antoine” – que

passaram a chamar de Zeperri.

Mon père était chargé d’amener les mécaniciens, de

chercher le pilote “Antoine”, qu’ils surnommèrent d’ailleurs Zeperri.

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Como o Correio Sul ficou bas-tante tempo “no ar”, esta relação durou todo este tempo (creio que de 1929 a 1931).

Ele (Saint-Exupéry) gostava muito de ficar em Pelotas e iam jun-tos aos famosos cabarés que exis-tiam à época – Pelotas fazia parte do roteiro obrigatório das companhias de teatro estrangeiras e havia caba-rés muito finos. Como ele era estran-geiro, de uma profissão romântica e aventureira fazia muito sucesso com as mulheres, embora muito feio. Meu pai não pagava a conta porque ele é que levava o piloto.

Eles se tornaram muito amigos e meu pai sentia-se muito orgulhoso disto.

Eu me criei ouvindo estas histó-rias, sempre repetidas. Tenho sauda-des delas.

Luiz Felipe Tavares da Silva, em depoimento que enviou espontanea-mente ao jornal Zero Hora, em 04 de abril de 2014. HC

Mônica Cristina Corrêa é Doutora em Li-teratura Comparada Brasil-França, pela USP, tradutora, historiadora e pesquisa-dora. É presidente da AMAB – Associa-ção Memória da Aéropostale no Brasil. É também Representante oficial das Fun-dações: Antoine de Saint-Exupéry pour la Jeunesse, Fondation Latécoère e Raid Latécoère, além do Fonds de Dotation Latécoère.

Tradução em francês de Jean-François Brunelière. Colaborou Sandrine Ghys.

Comme ce trajet du Courrier Sud a fonctionné pendant un bon moment, cette relation a duré quelque temps (de 1929 à 1931, je crois).

Il (Saint Exupéry) aimait beaucoup fai-re escale à Pelotas et ils allaient ensemble faire le tour des célèbres cabarets qui exis-taient à cette époque. Pelotas faisait partie des étapes indispensables des compagnies étrangères de théâtre; certains cabarets étaient d’ailleurs même très réputés. Com-me c’était un étranger qui plus est exer-çant une profession romantique peuplée d’aventures, il avait grand succès auprès des femmes, même s’il n’était vraiment pas beau. Mon père ne payait pas ses consommations juste parce qu’il l’accompagnait.

Ils sont devenus rapidement amis et mon père en était très fier.

J’ai grandi en écoutant ces histoires, elles étaient souvent répétées. Elles me manquent.

Luiz Felipe Tavares da Silva, témoigna-ge encoyé au jornal Zero Hora de Porto Ale-gre, le 4 avril 2014. HC

Article: Mônica Cristina Corrêa est doc-teur en Littérature Comparée Brésil-France, par l’USP, elle est traductrice, histoirenne et chercheuse. Elle présidente de l’AAMB – As-sociation Mémoire de l’Aéropostale au Brésil et représente offciellement les Fondations Antoine de Saint-Exupéry por la Jeunesse, Fondation Latécoère et Raid Latécoère et Fonds de Dotation Latécoère.

Traduction: Jean-François Brunelière, avec le concours de Sandrine Ghys.

en Français

HC – 30 Ed. 63 - 2014