"O RAIO DE DEUS NAS SETE PARTES DO UNIVERSO"

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O Raio de Deus nas sete partes do Universo ... E novamente começou um tecer de correntes luminosas; um largo raio dirigiu-se de cima para baixo através do cubo da Criação. Como um caminho parecia esse raio que, com uma reluzente luz, clareava toda vizinhança até as mais baixas profundezas. Lá, porém, era escuro! Noturnamente acinzentada formava-se a densidade desse mundo gigantesco, que aí, circulando, realizava sua rota prescrita nas órbitas estelares. Elas eram mantidas em poderosas forças de irradiação e em equilibradas correntes de movimentos, numa direção determinada a elas pelo Criador, a qual realizavam num movimento circular elíptico. Assim como uma galinha reúne em torno de si seus pintinhos, da mesma forma um poderoso corpo chamejante reúne em torno de si um de sete reluzentes sóis, que novamente estão distante um dos outros por milhões e milhões de anos-luz nas medidas de distâncias terrenas, e estes são sempre circundados por sóis menores e seus sistemas. E dentro de sua espécie e origem eles movimentam-se novamente em movimentos circulares rítmicos em torno de si mesmos e de sua estrela-mãe. Cantam aos espíritos do cosmos sua bramante e retumbante melodia do movimento.

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O Raio de Deus nas sete partes do Universo

... E novamente começou um tecer de correntes luminosas; um largo raio dirigiu-se de cima para baixo através do cubo da Criação. Como um caminho parecia esse raio que, com uma reluzente luz, clareava toda vizinhança até as mais baixas profundezas. Lá, porém, era escuro! Noturnamente acinzentada formava-se a densidade desse mundo gigantesco, que aí, circulando, realizava sua rota prescrita nas órbitas estelares.

Elas eram mantidas em poderosas forças de irradiação e em equilibradas correntes de movimentos, numa direção determinada a elas pelo Criador, a qual realizavam num movimento circular elíptico. Assim como uma galinha

reúne em torno de si seus pintinhos, da mesma forma um poderoso corpo chamejante reúne em torno de si um de sete reluzentes sóis, que novamente estão distante um dos outros por milhões e milhões de anos-luz nas medidas de distâncias terrenas, e estes são sempre circundados por sóis menores e seus sistemas. E dentro de sua espécie e origem eles movimentam-se novamente em movimentos circulares rítmicos em torno de si mesmos e de sua estrela-mãe. Cantam aos espíritos do cosmos sua bramante e retumbante melodia do movimento.

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Aí também existiam inúmeros grupos de entealidades, que perpassavam esse cosmos. Todos encontravam-se em forte movimento, todos em alegre expectativa e atividade.

E de cima, do ondular de luz das esferas, desceu um grande espírito – reluzindo como um archote! Ele envolveu Éfeso com suas asas. Então, ergueu seu rosto para a Luz e todos os

espíritos viram quão belo ele era – e quão triste; pois não podia suportar o lastro do mal. Mas uma retumbante voz de trovão penetrou até ele, lá embaixo:

“A quem vencer, a este Eu darei da madeira da vida que está no Paraíso de Deus!” —

As chamas luminosas avistaram o raio da Luz de Deus, o qual indicava o caminho através da Criação à Estrela de Seu Filho, e elas perceberam que esse era um longo caminho. O raio deveria tocar espiritualmente todas as partes do Universo, antes que o Senhor enviasse Seu Filho à materialidade. Seus olhos seguiram o raio dourado que se dirigiu novamente para cima, a uma direção totalmente diferente do grande cubo. Lá um espírito esperava sua chegada. —

No lugar mais alto, dentro da Criação, mais próximo do Reino de Deus, irradiava a luminosa e leve parte do Universo que era atingida agora pelo raio da Luz de Deus. Essa parte do

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Universo era protegida por um anjo flamejante e luminoso que juntava seus frutos.

Esses frutos pareciam como que de luz. Em torno dessa parte do Universo estava como que difundido um brilho de pureza, como só o reflexo oriundo da força da luminosa proximidade de Deus pode produzir. Maravilhosos sóis, subindo e circulando,

separavam-se brilhando como madrepérolas, sóis que emitiam por sua vez, luminosos círculos de irradiação numa delicada coloração luminosa. Eles mergulhavam e se elevavam novamente no brilho refletido de uma suave luz dourada, emparelhando o frescor e a pureza do brilho lunar com a força de irradiação do Sol.

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As vibrações dessas irradiações eram correspondentes à fineza lá dominante, bem como todos os sons dessa parte do Universo. Branda era também aquela densidade que envolvia os espíritos como invólucros. A leveza em tudo deixa também que cada irradiação, cada som, cada movimento chegue à expressão de forma bem mais forte do que lá onde a

densidade é mais grosseira e mais pesada.

Os olhos dos espíritos, nos elevados círculos luminosos, podiam abranger a essência desse mundo e eles alegravam-se pelo brilho, tranqüilidade e pela claridade dessa esfera mundial. Eles também compreendiam com seu elevado olhar a entealidade que se desenvolvia aí de forma viva.

“Se deves chegar à encarnação nesse mundo, então colocarás primeiramente aquele invólucro que corresponde totalmente à espécie dessa parte do Universo, pois do contrário não poderias nem viver nem atuar lá, também não serias reconhecido ali.

Os germes espirituais que encontraram vida lá, onde baixaram seus espíritos, para alcançarem o desenvolvimento e a experiência que ainda lhes era necessária, são totalmente livres. Isto é aquilo que os seres humanos terrenos chamariam de espiritualmente “pobres”, mas, exatamente por isso, eles são tão ricos. Sua existência já se aproxima da bem-aventurança do Paraíso. Eles reconhecem a Luz

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e a Estrela do Juízo e alegram-se. Vede, eles festejam!”

Ismaniela ao ouvir estas palavras era como se estivesse, de repente, de pé sobre uma montanha dourada, no meio de uma ampla planície rodeada por suaves elevações montanhosas, e diante dela, a seus pés, estava estendida uma maravilhosa cidade. Altas e

pontiagudas colunas erguiam-se como dedos no brilhante espaço celeste, como se os construtores quisessem indicar com eles, num servir em adoração, ao Senhor da Luz que se encontra lá em cima, em distâncias irradiantes, e segura nas mãos uma estrela dourada e enviou a eles Seu Espírito.

Sobre amplas praças, que estavam rodeadas por elevadas e brancas construções, nas quais os moradores desta cidade moravam, estavam figuras à semelhança humana, bem proporcionadas e de grande beleza. Elas trajavam simples vestimentas brancas. Seres femininos encontravam-se entre elas. Estes estavam totalmente envoltos; também seus rostos estavam cobertos por um véu branco. Apenas os grandes e maravilhosos olhos estavam livres. Parecia que eles eram os condutores deste povo, enquanto que os moradores masculinos, bem mais fortes, eram os executantes.

Uma vontade dava-lhes ânimo interior: A vontade de seu Deus e Senhor! Eles serviam unicamente a Ele, e recebiam a condução e a

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força através de Seus mensageiros, os quais Ele lhes enviava. Em Sua honra eles construíam. Trabalhavam o solo de sua pátria terrena para a alimentação de seus corpos. Eles não tinham nenhuma aflição e penúria, pois estavam sempre contentes. O que necessitavam, o amor de Deus dava-lhes abundantemente, tão logo movimentavam-se de acordo. Mas eles eram

bastante modestos e não necessitavam de muito.

Era como se o Raio do Senhor perpassasse esse mundo com um chamado luminoso e todos ouviam. Eles aguardavam a vinda de Parsival, esperavam pela Estrela. O chamado estremeceu sua esfera:

“Sê fiel até a morte, e Eu te darei a coroa da vida!”

E o anjo dourado, o guardião da parte do Universo Smirna, ergueu os frutos que ele juntou nas dobras de sua veste e levou-os à Luz. —

Novamente apareceu o raio de Luz chamejante do dedo de Deus, o qual deixava agora a resplandecente parte do Universo Smirna, onde os mais puros espíritos humanos puderam se lavar. O caminho do raio indicador

da determinação divina veio bramindo e soando e precipitou-se apressadamente em direção oposta em gigantescas distâncias e profundezas. Estremeceram as chamas bem-aventuradas, que de elevados postos podiam

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lançar o olhar sobre a Pós-Criação do Senhor, devido a incomensurabilidade, amplitude, sim, expansão aparentemente infinita daquilo que foi criado pela Vontade de Deus. A grandeza e onipotência dessa Vontade, à Qual eles podiam servir, fazia-os tremer. Eles não se arrogavam a criar uma medida, pois sabiam que jamais seriam capazes.

Se eles não estivessem na claridade luminosa, jamais lhes teria surgido o conceito da grandeza e poder da Criação luminosa, da incomensurabilidade da Pós-Criação. Ter-lhes-ia faltado para isso o sentido, com o qual pudessem compreender. Também pressentiam que lhes sobreviria o esquecimento, quando as sementes amadurecidas tivessem que afundar novamente, no desejo da própria resolução para a livre realização na matéria, onde densidade após densidade envolve as luminosas chamas espirituais como proteção e para adaptação.

Mas ainda não havia chegado o momento para isso. As chamas ainda vibravam sem turvação no conceito bem-aventurado da graça de Deus e olhavam com olhos bem abrangentes no presente, passado e futuro como em um, pois estavam acima do espaço e do tempo da materialidade.

Apesar disso a corrente da força os fez estremecer, a qual sentiam brotar em incomensurável distância em torno de outra parte do Universo, que devia se abrir ao espírito que observava.

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E eles puderam olhar. Densa, pesada escuridão, como uma névoa marrom-amarelada alastrava-se sobre extensas distâncias, como um mar, através do qual, como cobras, fogo chamejante vermelho se convulsionava e do qual pendia certa cortina de fumaça de forma pesada e tenaz. Nesse meio erguiam-se bolhas que arrebentando lançavam vapores que, como

exalações metálicas venenosas, obscureciam a coloração da névoa.

Que contraste era esse em comparação àquele mundo luminoso das ilhas estelares resplandecentes que seus olhos puderam ver? Tão terrível parecia ele a Ismaniela que, de preferência, não o teria olhado. Contudo, tinha de ser assim, pois assim o desejava a lei de seu desenvolvimento. Impelia adiante a força da disposição desejada por Deus, na qual os bem--aventurados espíritos atuavam vivendo, de modo que continuavam a vibrar em tudo o que era vitalmente necessário a seu ritmo, seu soar e sua corrente de cores, sem conhecer uma outra vontade além da vontade de Deus eternamente pulsante.

Sagrada era essa lei! Sagrada e incontestável a força que movimenta tudo no Reino de Deus. Jamais podia surgir uma vontade própria.

Mas onde densidade após densidade se junta e cada vez mais estreitamente se aglomera, aí atua o pesadume, o atrito, a descarga e coloca, através da corrente contrária que provém de Lúcifer, a criatura em luta consigo mesma.

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Reconhecendo isso, estremeceram as chamas espirituais diante do perigo para o espírito humano. Temerosamente olhavam para baixo.

Uma bela e séria face olhava para cima na direção delas, cheia de dor. Claros eram os olhos do anjo, mas profundamente tristes. Um traço áspero havia no rosto e o vibrar de suas asas pendia fraco. Com um gesto cheio de dor

ele mostrou os locais que Deus lhe dera para proteger. Mas cheio de força estava sua grande e pura figura e ele segurava o que tinha com punho férreo.

Contudo, hora após hora tornava-se cada vez mais sombrio e venenoso, apesar de sua fidelidade, pois o mal havia se aninhado e rompido seu domínio no mundo do pesadume e da escuridão. Gigantesco era tudo ali. De forma gigantesca rolava o pesadume do enorme corpo estelar num lento movimento de uma órbita aparentemente infinita. Lá era noite, uma noite aparentemente eterna que só parecia fazer lugar a uma luz turva e apagada. As chamas metálicas e avermelhadas das crateras saturadas com gases ainda não extintas, estavam dando até então, através de explosões, uma funesta e irregular claridade passageira.

Sobre os astros frios que pareciam ser de tamanho gigantesco, nem se podia pressentir que havia algo vivo. Fluídos saturados de metais e sais estavam em profundas crateras, imóveis e sombrios, como sangue parado e nenhum movimento no ar, nenhum animal

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podia ser percebido, que pudesse movimentar ondas suaves.

De forma férrea refletiam-se abismos e escarpas nos claros e viscosos conjuntos de água. Nenhuma lua, nenhum sol circulava através dos espessos vapores da atmosfera, que se elevavam como um torpor de chumbo. Nada vivia lá por amor e gratidão ao Criador.

Onde, porém, ainda havia um calor e um ardor mais fluente, aí não havia alegria, mas prazer selvagem que impelia os supostos seres humanos e formas animais a horríveis ações de violência. Não podiam ser espíritos humanos que, em grande número, habitavam lá os invólucros terrenos. Eram degenerações, excrescências de Lúcifer.

Possuídos pela ânsia por violência e por poder, criavam, segundo o ritmo da vontade construtora, obras de poder e violência, mas nada para a adoração a Deus. Divergências selvagens das leis impressionavam os habitantes. Apenas segundo a vontade humana eles queriam atuar e acertar as contas entre si. Cultivavam hábitos selvagens de sacrifício e magia negra.

Mas seu guardião era fiel e sofria por causa dos poucos que deveriam morrer sacrificados, para que permanecessem espiritualmente vivos. Seus frutos eram pequenos e pobres, mas a voz do Senhor retumbou para baixo até suas feridas:

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“A quem vencer, a este Eu darei do maná oculto para comer, e uma pedra branca e Meu Nome, o Novo, o qual só conhece aquele que o recebe!”

Um violento tremor estremeceu a comunidade Pérgamo com estas palavras, que eram dirigidas ao espírito oriundo de Deus, e fora realizada com isso a preparação espiritual de seu caminho futuro.

O luminar de Deus havia enviado seu raio até as mais profundas profundezas e indicado o caminho a Seu mensageiro despertador. Agora as chamas espirituais olhavam cheias de alegria o retorno do raio de Deus às esferas mais puras e elevadas e seguiam tensas seu caminho que brilhava como uma luz solar.

“Eu quero dirigir Minha Estrela para Tiátira, para que vós saibais o caminho!”

Assim falou a voz oriunda das alturas. Um brilho dourado envolvia a vibração dessa voz, quando ela penetrou nas chamas, presenteando-lhes com isso um saber vivo. E elas logo perceberam, em distâncias reluzentes bem abaixo da bem-aventurada comunidade de Smirna, a luz brilhante de uma outra parte do Universo.

Nesta reinava um intenso movimento. Corriam misturadas, como água fluente, correntes luminosas verde-azuladas e cinza-prateadas, e o envio espiritual da Estrela

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despertadora atuava aí como uma pedra atirada.

O choque ocasionava ondas e anéis violentos na água corrente, mas logo as ondas luminosas triunfantes murmuravam continuamente e adiante.

Apenas aqui e acolá mostravam-se redemoinhos, que pareciam provir dos baixios e

que cresciam como um perigo ameaçador para o contínuo e assíduo movimento e para a clara corrente da vida. Rolando e circulando em elipses surgiam e desapareciam mundos. Todos eram tocados pela corrente irradiante espiritual que o Senhor enviava à sua frente, anunciando. Como uma fagulha, ela incandescia, aqui e acolá, e trazia consigo naquele mundo um novo e indescritível movimento.

Sobre nuvens semelhantes a travesseiros pairava o espírito sobre Tiátira, velando. Ele era puro. Também suas ovelhas eram claras, elas andavam sob a proteção de puras forças enteais, suas órbitas prescritas e equilibradas, traziam frutos e davam morada, alimentação e possibilidade de desenvolvimento a todo ser da Criação posterior. Ofereciam-se lá maravilhosas possibilidades de vida em abundância.

As irradiações dos sóis mundiais dessa comunidade estavam preenchidas de maravilhosa força. Os corpos que resfriavam e que já eram em si próprios mais frios, eram sustentados por sua força de atração, incandescidos por seu calor, vivificados por sua

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luz e por isso ainda podiam trazer maravilhosos frutos e sementeiras numa abundância dourada. As leis da cristalização realizavam maravilhas nas profundezas das grutas perpassadas de luz, de cujos tetos abobadados e arqueados, ecoantes e sussurrantes, infiltrava-se água, fazendo com que houvesse uma fina e quente garoa sobre o solo.

Verde-azulados e transparentes como gelo de gruta eram as figuras de cristal que o atuar cheio de amor das forças enteálicas formavam. Quão belo era esse mundo! Quão ativos encontravam-se seres humanos e animais sobre esses astros. Eles eram saudáveis e cheios de alegria, puros e vivazes, serviam a beleza e a toda arte elevada, pois nasceram da beleza, da pureza e da força, e o amor fora-lhes dado para tudo o que era belo.

Dos murmúrios e dos cantos das grutas surgiam grandes hinos naturais de agradecimento ao Criador, os quais homens sábios sabiam condensar e cantar. Os instrumentos que fizeram para acompanhamento, reproduziam os profundos sons das matas murmurantes, das águas gargarejantes e as palavras que seus cantores buscavam das vozes sussurrantes dos ares, estavam repletas de vogais que espíritos generosos lhes haviam dito, de modo que com seu som podiam condensar e atrair o bom e o belo.

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Da mesma forma como reconheciam e vivenciavam a beleza de seu mundo, com a mesma força vivenciavam o Criador que lhes doava essa maravilha. Eles alegravam-se pela existência com uma alegria que era comparável à alegria das chamas espirituais bem-aventuradas, às alegrias paradisíacas da Luz. Por gratidão eles trabalhavam de forma

construtiva na parte da Criação Tiátira, eram humildes, fiéis e alegres como crianças.

Suas mulheres eram puras como as fontes que saltavam claras como cristal, das profundezas de suas grutas; pois elas adoravam e serviam o seu mais elevado ideal: A Pureza!

Luminosos e louros, quase louro-prateados eram os cabelos; os olhos grandes e puros brilhavam na cor clara verde-azulada ou acinzentada dos lagos de suas grutas. Tinham movimentos livres e suaves dos espíritos do ar, que às vezes viam quando ouviam as canções de seus cantores sacerdotais. Na beleza do movimento elas exercitavam-se. O cuidado com as flores, com a casa e com a arte de tecer era sua ocupação principal. O que os homens podiam formar em sons e palavras, as mulheres formavam em finas tecelagens, trançados e tecidos dourados, que ornamentavam com maravilhosas pedras e metais. Ao utilizarem de tal forma as dádivas de Deus, afluía-lhes a força da arte e da beleza.

Maravilhosas obras foram realizadas para honra do Criador e Sustentador, o Qual eles

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não ousavam apresentar em imagens, mas cuja onipotência mostrava-se-lhes na forma de uma Cruz luminosa. Essa Cruz luminosa formava a forma básica para todas suas construções, seus cálculos e seus projetos. Assim criavam maravilhosas obras grosso-materiais extraídas da Lei. Eles eram ricos e felizes, cheios de humildade e sempre atuavam com boa vontade.

O guardião da comunidade era como uma luminosa pedra preciosa, irradiando em adoração. Contudo, ainda assim ele havia cometido uma falta, pois suportou e tolerou a força que se ergueu contra a Beleza, a Verdade e o Amor num querer saber melhor, numa arrogância do raciocínio oriundos da sementeira de Lúcifer! Por isso havia alguns que não vibravam na Lei. Sua ânsia por poder, vaidade e sensualidade expandia-se.

A mulher que havia se submetido ao raciocínio, reinava em seu ápice. Assim também aqui já começava a brotar a mentira e o vício.

E quando o raio da Luz atingiu essa parte do Universo, o anjo da comunidade encobriu sua cabeça e chorou. O Senhor, porém, exclamou:

“Mantém o que tens, até que Eu venha; pois quem vencer até o fim, a este Eu darei poder sobre os pagãos!”

E novamente estremeceu a Criação na força da reluzente voz do Senhor, a qual soava como uma trombeta.

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“Eu sei de tuas obras!”

A voz do Senhor havia penetrado nas distâncias.

Todos os espíritos que ouviam dirigiram seus olhos imediatamente à direção desejada por Deus. Eles sabiam que o raio despertador espiritual da Estrela havia deixado Tiátira numa poderosa corrente. Ele já estava numa direção oposta e ardia lá de forma crepuscular em densas e extensas névoas.

Qual uma sombra alastrou-se, de repente, em torno dos espíritos que foram escolhidos para vivenciarem junto o grande fenômeno da revelação às partes do Universo! Um triste torpor tomou conta, como que pressionando-os sob uma abafada coberta a um solo cinzento, e como que estrangulando suas gargantas

ressecadas. Como um grito de dor algo passava queixando-se através do vapor que se elevava das profundezas da parte universal. E a voz divina falou novamente. Ela soou advertindo, como o distante retumbar de um trovão:

“Tu tens o nome de que vives, mas estás morta! Sê vigilante e fortalece o que quer morrer!”

Quão triste era esse mundo e, apesar disso, belo. Num colorido circular ardiam sóis mundiais e suas correntezas cantavam de maneiras maravilhosas.

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Pairava uma poderosa força de vida na riqueza dessa parte da Criação; uma vida ativa pulsada da entealidade para cima. Mas o espiritual dormia! Ele utilizava tudo o que a entealidade oferecia para finalidades grosseiras. Ele formou para si o mundo a partir de sua força dominadora do livre-arbítrio, conquistou poder sobre as outras criaturas, criou riquezas,

honra, alegria e lucro terrenos. E foi-lhe possível fazer maravilhas. E com isso a criatura humana acreditava fazer o suficiente. Ela tornou-se autoritária, grande e orgulhosa e considerou-se muito poderosa.

Cada vez mais o atamento grosso-material vencia e formas funestas tomavam posse do entendimento. A entealidade vivia em uma ardente dedicação à sua missão na Vontade da Criação; o espírito humano, contudo, utilizava sua força para amordaçar com sua vontade intelectual, cada vez mais e mais a entealidade.

O espírito humano realizou obras gigantescas sobre os corpos mundiais da parte da Criação Sardes. Mas a “outra parte” dormia.

Por isso alastrava-se uma turvação sobre Sardes, de tal modo que o despertar espiritual através da Estrela só pôde penetrar vagarosamente através da densidade. Era bem diferente do que junto a Tiátira.

Sobre o maior dos planetas que possibilitava vida grosso-material para os espíritos humanos, estendiam-se enormes colônias humanas. Na turva atmosfera fumegante do vapor das

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máquinas e dos sistemas de aquecimento, erguiam-se torres de alturas vertiginosas. Apenas às vezes as estrelas cintilavam receosamente através da densa atmosfera.

Suspiros atormentados pareciam se perder pelos ares. Como animais de carga apressados os seres humanos precipitavam-se pelas cidades. Por toda parte havia violência,

infortúnio e agitação, por toda parte percebia-se sofrimento e descontentamento.

Os mais fortes oprimiam sempre mais as delicadas vibrações que procuravam beleza, paz, força e pureza. Para o amor eles não tinham nenhum tempo; em seu lugar surgiu a objetividade, o bom-senso e o cálculo. Os espíritos que observavam estremeciam e ansiavam para que o Senhor puxasse uma cortina diante desse triste panorama de Sardes, que morria espiritualmente. Mas o amor do Senhor chamava e chamava. Sabia que alguns esperavam por Ele, alguns que acendiam uma clara luz no silêncio oculto de seu quarto, que lavavam de suas vestes a poeira da turvação e que pediam cheios de saudade; pois eles não haviam esquecido o Nome e não queriam morrer. Eles eram como uma clara vela na escura noite e percebiam o Raio de Luz da preparação espiritual, ouviam a voz que clamava:

“Quem vencer, não será apagado do Livro da Vida!”

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Estendeu-se um grande silêncio sobre a Criação e na Criação, e era como se ela respirasse profundamente. Tornou-se claro nas profundezas e as chamas espirituais bem-aventuradas intuíram uma pura e singela alegria.

Ainda era visível o risco luminoso traçado pelo dedo de Deus que havia atravessado a

Criação através do ato de Sua Sagrada Vontade. Ele havia deixado Sardes e dirigiu-se para distâncias onde reluzia num brilho róseo, como se o crepúsculo do despertar se elevasse consoladoramente sobre nuvens escuras. De coisas velhas, mortas, sem esperanças, a força do amor de Deus dirigiu-se para um novo formar.

Rósea brilhava a luz através da extensa comunidade, cujos mundos claros e puros circulavam contínua e tranqüilamente como calmos sóis.

Sobre esse mundo não oprimia a pressão da densidade sombria, lá a vinda e a ida de forças auxiliares espirituais e enteais não estava obstruída, pois os seres humanos de Filadélfia não haviam se fechado, mas ainda utilizavam sua força de maneira correta, mesmo não sendo esta grande. Eles eram humildes. Por isso o Senhor os amava, e os bem-aventurados ouviam e compreendiam Sua Palavra:

“Por haveres conservado Minha Palavra,

também conservar-te-ei na hora da tentação

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que virá sobre todo o circular mundial, para verificar se persistem os que aí moram. Esta é a chave. Ninguém além de Mim, o Senhor,

pode abrir, e ninguém fechar. Tu conservaste Meu Nome!”

Por todo lado essa parte do Universo era ricamente abençoada e a felicidade morava junto com as criaturas humanas que ainda estavam em estreita ligação com o espiritual e o enteal. Elas tinham auxílio em todas as obras e, por isso, também sucesso em todas as coisas. Beleza estendia-se sobre os astros, os quais já circulavam resfriados no circular da força de seu grande doador de luz. Esses planetas traziam as mais belas plantas – mares e florestas de uma beleza lendária e de uma grande abundância. Também a terra oferecia

tesouros: areia parecida com ouro e maravilhosas pedras. Elas serviam às criaturas humanas para erguerem grandes e maravilhosas construções, segundo o exemplo artístico da natureza.

Belos eram os seres humanos, grandes, espertos e orgulhosos, cheios de sabedoria seus sacerdotes, os quais formavam o ápice de sua estirpe.

Eles tinham a Palavra e viviam em Deus, reconheciam os efeitos de Suas forças e veneravam toda justiça, amor e pureza. Por isso construíam templos especiais, para neles se abrirem a essa vibração divina, sobre a qual,

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servindo conforme as leis, deixavam que se tornasse ação na vida cotidiana.

Não conheciam nenhuma preocupação e não temiam. Seu alvo mais elevado, mais sagrado era viver nos raios da Cruz luminosa, que eles reconheciam e em cuja força vibravam. A Cruz não precisava libertá-los, pois eles eram livres. E por isso o Senhor falou:

“Segura o que tens, para que ninguém tome tua coroa!”

Novamente um brilho forte atravessou a Criação, e era como se soprasse um quente e incandescente fôlego das alturas luminosas.

Trovejando murmuravam as esferas, preenchidas pelo sussurro inquieto e receoso dos eternos; pois o Senhor estava irado. Como ouro incandescente brilhava o raio anunciador da Estrela prometida e, como uma flecha, atingia rapidamente as incomensurabilidades da grande Criação. Receosas as chamas espirituais lançaram o olhar para uma outra parte da Criação: “Laodicéa”.

Aparentemente sem fim estendia-se o maravilhoso e ardente reino vermelho-dourado. Suas estrelas, porém, circulavam vagarosamente e na irresistível pressão da

proximidade da irradiação divina, o movimento lento não era capaz de unir-se com a aumentada irradiação e respiração de tudo o que fora criado. Disso surgiu um desequilíbrio e

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uma tensa pressão, que produzia um grande cansaço e densas exalações.

Fumegando ardia a luz vermelha dos sóis e assumia uma coloração cobreada. Oprimida estava Laodicéa, nem quente nem fria, nem sonora nem silenciosa, nem rápida nem imóvel. Cansada, fraca, indolente e crepuscular esgueiravam-se véus sombrios sobre os

mundos.

A entealidade estava triste e retraía-se cada vez mais dos planetas, nos quais viviam seres humanos. Por isso, tudo ali também se mostrava sem alegria. De fato luz e vida era a abundância ali, riqueza expandia-se sobre os grandes e maravilhosos mundos. Mas havia falta de amor, de humildade e de gratidão! Não havia templos em honra a Deus para se ver. Tudo estava como morto.

Doloroso tornara-se às chamas espirituais que olhavam para Laodicéa, que era rica, grande e poderosa, mas sem amor. E um estremecer perpassou todos os espíritos, ao soar de cima a voz do Senhor:

“Tu pensas que és rica e estás farta e não vês que és pobre e estás nua. Unge teus olhos para que tornes a ver, então

encontrarás o ouro que Eu quero clarificar com Meu fogo para ti. Sê aplicada e faze penitência!”

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Num bramir poderoso soaram essas Palavras do Senhor através da Criação, estremecendo Laodicéa.

Sob os olhos radiantes e admirados dos espíritos que podiam ver, brilhava o cubo da Pós-Criação límpido e puro como cristal. Em suas profundezas ardiam os mundos, e uma fina corrente de luz descrevia o caminho da Estrela despertadora que, em suas próprias linhas, também podia ser vista como uma estrela.

Através do circular dos jardins luminosos fazia-se sentir a transformação de um novo dia universal, nas ondulações e nos movimentos flutuantes da Luz, nos cantos das esferas que brilhavam nas mais delicadas cores.

Uma corrente poderosa e clara como cristal

reluzia de cima, abrindo caminho através de um portal cristalino. Em seu fluxo a própria Estrela se tomou visível, a qual descia bramindo na velocidade do vento.

Os grandes arcos celestes se abobadavam sobre o Santo Graal, que irradiava como uma pedra preciosa sobre os jardins dourados. Em saudade e alegria os espíritos bem-aventurados comprimiam-se cada vez mais próximo dos fluxos luminosos, que traziam uma saudação das mais elevadas alturas.

E abriu-se um segundo portal. Dentro dele reluzia a magnificência da Luz. Sobre a pedra branca do Santo Graal pairava a Pomba e

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enviava Sua Vontade para baixo, seguindo a Estrela.

Preparava-se um grande acontecimento na materialidade ...