do Porto e não só...: Os Planos para o Porto - dos Almadas aos nossos dias 1

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do Porto e não só... Le véritable voyage de découverte ne consiste pas à chercher de nouveaux paysages, mais à avoir de nouveaux yeux. Marcel Proust - A La Recherche du Temps Perdu segunda-feira, 16 de agosto de 2010 Os Planos para o Porto - dos Almadas aos nossos dias 1 1. O “Plano de Embelezamento” dos Almadas Se não existe um Plano formalizado ou desenhado para o ordenamento da cidade do Porto, nos finais do século XVIII e sob a orientação iniciada por João de Almada e Melo (1703/1786), definiu-se de facto uma estratégia para a renovação da cidade existente e para a planificação do ordenamento das zonas que se estendiam para fora das muralhas, influenciada pelos planos pombalinos da reconstrução de Lisboa. É este “planeamento sem plano”, que se prolongará até aos meados do século XIX, que nos importa aqui referir nas suas linhas essenciais. Para aprofundar a evolução da cidade do Porto neste período 1760 – 1840, existem entre outras publicações, as essenciais de ALVES, J.J B. Ferreira - O Porto na Época dos Almadas, Porto CMP 1988; FERRÃO, Bernardo - Projecto e transformação urbana do Porto na época dos Almadas 1758/1813, Faup 1989; NONNEL, Annie Günther – Porto 1763/1852 - a construção da cidade entre despotismo e liberalismo – Faup 2002 e BERRANCE, Luís - Evolução do desenho das fachadas da habitação Almadina - CMP 1993. A Companhia e a Junta de Obras Públicas Em 1756, o Marquês de Pombal cria, por Alvará Régio, a Companhia Geral das Vinhas do Alto Douro, já que data de 1678 a primeira exportação de vinhos para Inglaterra, registada na Alfândega do Porto e com o Tratado de Methwen de 1703, a exportação do Vinho do Porto vai aumentando sendo a partir de 1718 sensível o aumento dessa exportação. O Marquês de Pombal com Companhia pretendia não só desenvolver a produção do Vinho do Porto, como defender a sua qualidade, e aumentar (aliás com sucesso) a sua exportação: "...huma Companhia que, sustentando a cultura das vinhas, conserve a produção dellas na sua pureza natural, em benefício da lavoura, do commercio, e da saude pública...". …”Companhia Geral das Vinhas do Alto Douro, que é sem exageração, a base principal do comércio desta cidade, um dos maiores e mais fecundos ramos que o promove, e a grande alma que o anima, assim como na indústria como nos interesses gerais.” Descrição Topographica da Cidade do Porto p.e Agostinho Rebelo da Costa A duração da Companhia era fixada em 20 anos. O seu capital de um milhão e duzentos mil cruzados. Para a execução destas políticas foi então demarcada a região da cultura do vinho do Porto, e entre as regalias da Companhia figurava o monopólio da exportação dos vinhos, aguardentes e vinagres, e o da venda de vinho na cidade do Porto e arredores. Esta disposição e privilégio da Companhia, não só encarecia o vinho, como conflituava com os interesses dos retalhistas. Assim logo em Fevereiro de 1757, estala um motim popular, encabeçado pelos taberneiros, e que pretendia acabar com a Companhia dos Vinhos. Número total de visualizações de página 6 9 2 9 0 9 6 9 2 9 1 1 Cidades (14) cinema 1 (1) Exposições (4) pintura (12) Porto (60) Small is beautiful (1) transportes (18) Etiquetas 2010 (74) Abril (13) Maio (17) Junho (8) Julho (11) Agosto (8) O Porto onde nasci e cresci…(1) O Porto onde eu nasci e cresci…(2) Os Planos para o Porto - dos Almadas aos nossos di... Os Planos para o Porto – dos Almadas aos nossos di... Os Planos para o Porto – dos Almadas aos nossos di... Arquivo do blogue Este site utiliza cookies para ajudar a prestar serviços. Ao utilizar este site, concorda com a utilização de cookies. Obter mais informações Entend 0 Mais Blogue seguinte» Criar blogue Iniciar sessão

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Porto

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  • do Porto e no s...Le vritable voyage de dcouverte ne consiste pas chercher de nouveaux paysages, mais avoir de nouveaux yeux. Marcel Proust - A La Recherche duTemps Perdu

    segunda-feira, 16 de agosto de 2010

    Os Planos para o Porto - dos Almadas aos nossos dias11. O Plano de Embelezamento dos Almadas

    Se no existe um Plano formalizado ou desenhado para o ordenamento da cidade do Porto, nosfinais do sculo XVIII e sob a orientao iniciada por Joo de Almada e Melo (1703/1786), definiu-sede facto uma estratgia para a renovao da cidade existente e para a planificao do ordenamentodas zonas que se estendiam para fora das muralhas, influenciada pelos planos pombalinos dareconstruo de Lisboa. este planeamento sem plano, que se prolongar at aos meados dosculo XIX, que nos importa aqui referir nas suas linhas essenciais. Para aprofundar a evoluo dacidade do Porto neste perodo 1760 1840, existem entre outras publicaes, as essenciais deALVES, J.J B. Ferreira - O Porto na poca dos Almadas, Porto CMP 1988; FERRO, Bernardo -Projecto e transformao urbana do Porto na poca dos Almadas 1758/1813, Faup 1989; NONNEL,Annie Gnther Porto 1763/1852 - a construo da cidade entre despotismo e liberalismo Faup2002 e BERRANCE, Lus - Evoluo do desenho das fachadas da habitao Almadina - CMP 1993.

    A Companhia e a Junta de Obras Pblicas

    Em 1756, o Marqus de Pombal cria, por Alvar Rgio, a Companhia Geral das Vinhas do AltoDouro, j que data de 1678 a primeira exportao de vinhos para Inglaterra, registada na Alfndegado Porto e com o Tratado de Methwen de 1703, a exportao do Vinho do Porto vai aumentandosendo a partir de 1718 sensvel o aumento dessa exportao.

    O Marqus de Pombal com Companhia pretendia no s desenvolver a produo do Vinho do Porto,como defender a sua qualidade, e aumentar (alis com sucesso) a sua exportao:

    "...huma Companhia que, sustentando a cultura das vinhas, conserve a produo dellas na suapureza natural, em benefcio da lavoura, do commercio, e da saude pblica...".

    Companhia Geral das Vinhas do Alto Douro, que sem exagerao, a base principal do comrciodesta cidade, um dos maiores e mais fecundos ramos que o promove, e a grande alma que o anima,assim como na indstria como nos interesses gerais. Descrio Topographica da Cidade do Portop.e Agostinho Rebelo da Costa

    A durao da Companhia era fixada em 20 anos. O seu capital de um milho e duzentos milcruzados.

    Para a execuo destas polticas foi ento demarcada a regio da cultura do vinho do Porto, e entreas regalias da Companhia figurava o monoplio da exportao dos vinhos, aguardentes e vinagres, eo da venda de vinho na cidade do Porto e arredores.

    Esta disposio e privilgio da Companhia, no s encarecia o vinho, como conflituava com osinteresses dos retalhistas.

    Assim logo em Fevereiro de 1757, estala um motim popular, encabeado pelos taberneiros, e quepretendia acabar com a Companhia dos Vinhos.

    Nmero total de visualizaes depgina

    6 9 2 9 0 9 6 9 2 91 1

    Cidades (14)

    cinema 1 (1)

    Exposies (4)

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    Small is beautiful (1)

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    O Porto onde nasci ecresci(1)

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  • O ministro Sebastio Jos de Carvalho e Melo, envia para o Porto o tenente general Joo de Almadae Melo (1703/1786), seu primo, para reprimir essa revolta, considerando que atentar contra aCompanhia era crime de lesa-majestade. Reprimida a revolta a sentena proferida em 12 deOutubro de 1757 e condena o Juiz do Povo e mais 25 acusados, homens e mulheres, pena demorte (forca); 99 a degredo e confiscao de bens; 63 a priso e 33 a penas menores.

    Joo de Almada que ser Governador de Armas do Partido do Porto em 1762, e em 1764Governador das Justias e Relao da Casa do Porto e presidente do Senado Portuense, ainda em1761, em pleno perodo da reconstruo de Lisboa, envia a D. Jos (na verdade a Sebastio Jos deCarvalho e Melo) uma "Conta" ou seja um relatrio em que refere alguma das causas que levariam necessidade de encarar a cidade de uma forma diferente:

    1 O aumento do comrcio, da populao e o aparecimento de novos bairros

    "Havendoce aumentado no prezente seculo o commercio desta cidade ao auge a que se acha,cresceu com elle igualmente a sua povoao e opulncia e nam sendo ja suficiente o lemitadombito que lhe constituiro as suas muralhas para comprehender todos os moradores fundaroestes para sua habitao novos bairros que lhe sam contguos e hoje maiores que a cidade antiga";

    2 A falta de planificao das novas zonas

    "Seno praticou no estabelecimento dos ditos regularidade algua servindo s de plano para asnovas obras o particular capricho das pessoas que as edeficaram";

    3 A permanncia do traado irregular

    "Reduziram-se a ruas principaes estradas que se derigio as portas e postigos das muralhasconservando-se porem a dezigualdade do pavimento e a tortuoza figura da sua antecedentedireo";

    4 A abertura de ruas travessas

    "com semelhantes e mais excessivos defeitos

    E prope-se elaborar projectos e concretizar obras no sentido de criar uma nova e "regular" cidadecom novas construes e os novos arruamentos feitos segundo um plano prvio. Esta estratgiadesenvolvia-se em trs direces:

    1. Ligar a zona ribeirinha da cidade com a sua parte alta na cidade intramuros;

    2. Expandir a cidade para norte e regulamentar as novas construes.

    3. Regularizar a construo de novos bairros extramuros.

    Para a coordenao destes trabalhos criada em 1758 a Junta das Obras Pblicas, sendo o seufinanciamento obtido com um imposto lanado sobre o comrcio do vinho.

    A aco da Junta prolongar-se-, com continuidade, durante o reinado de D. Maria I a Viradeira(1777/1792), a regncia de D. Joo VI e as invases francesas (1807, 1809 e 1810). Traaram-sediversos planos parciais para abertura de ruas e para a sua edificao. Podemos por isso falar numautntico plano, que se conformar num desenho da totalidade da cidade nas plantas de 1813 e deJ. F. Paiva (ant. 1824)

    A Junta de obras Pblicas neste perodo de transio entre os dois sculos, assume a completaresponsabilidade das obras da cidade:

    Os planos e a elaborao dos projectos,

    A sua aprovao

    As diligncias necessrias para a sua concretizao.

    Competia-lhe assim:

    1. Contratar os projectistas (engenheiros militares / arquitectos) para a elaborao de planos; Osprojectistas j no so os arquitectos-artistas do Barroco, mas sim os engenheiros-militares, comuma viso mais racional e estratgica do desenvolvimento e embelezamento urbano;

    2. Estes planos e projectos so desenhados, estando por isso documentadas as intervenesurbanas num conjunto de planos parciais, para diversas zonas da cidade;

    3. Comprar e expropriar os terrenos necessrios; entretanto havia sido criada legislao deexpropriao, com base num novo conceito de interesse pblico, para Lisboa aps o terramoto, masque ir permitir a concretizao das intervenes na cidade do Porto;

    4. Adjudicar as obras e fiscalizar as construes;

    5. Regulamentar os traados, e as construes. Criam-se normas para construo dos edifciosquanto composio das fachadas, obedecendo a regras de composio neoclssica.

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  • Assim, neste perodo, regularizam-se e abrem-se diversas praas e criam-se ou procede-se aoarranjo das alamedas e jardins pblicos.

    Regularizam-se e abrem-se novas ruas.

    Constroem-se - dentro de uma estratgia urbana de localizao - vrios edifcios civis pblicos.

    Constroem-se vrios edifcios religiosos.

    Constroem-se ou remodelam-se diversas Casa e Palcios.

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  • E finalmente, depois de um projecto de Carlos Amarante de uma ponte de pedra cota alta, que no realizado, constri-se, segundo um projecto do mesmo engenheiro, a ponte das Barcas (1806-1842) primeiro atravessamento regular do Douro.

    Projecto duma Ponte para a Cidade do Porto sobre o Rio Douro 1802 - Carlos Lus Ferreira da Cruz Amarante

    Vue de Ia Ville et du Port de Porto. H. LEvque. d. London P.ed 1817

    Inicia-se ainda uma preocupao com as infra-estruturas como o abastecimento de gua, com aconstruo de fontes e fontanrios.Constroem-se e recuperam-se os cais, pavimentos e caladas,introduzindo nos arruamentos os primeiros passeios para utilizao exclusiva de pees. Efectuam-seos primeiros ensaios de iluminao pblica, na rua dos Ingleses em 1771.

    Todas estas intervenes integradas num verdadeiro plano no desenhado para a totalidade dacidade, mas num somatrio de planos de pormenor para cada uma das intervenes.

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    D a s M a r g e n s d o R i o

    Guilhermina Suggia

  • As intervenes na planta Redonda de 1813.

    As realizaes do final do sculo XVII e incio do sculo XIX. fonte SRU Porto Vivo.

    Com a revoluo Liberal, em 1820, inicia-se um novo ciclo de interveno urbana, mas cujaconcretizao s se faz sentir com a extino da Junta de Obras Pblicas (1833) e a partir dosmeados do sculo XIX com a Regenerao e a poltica de Fontes Pereira de Melo.

    2. Jos Francisco de Paiva urbanista?

    Jos Francisco de Paiva (1744-1824) nasceu na freguesia de S.ta Maria de Campanh, em 9 deMaio de 1744.

    Dos seus irmos, importa salientar o secundognito, Francisco Jos de Paiva tambm ensamblador,que por ter vindo trabalhar para Lisboa no anode 1796, se inscreveu na Casa dos Vinte e Quatro, declarando ser oficial-marceneiro, e teraprendido na cidade do Porto com seu irmo Me (mestre) do ditoOffcio; e o penltimo da irmandade, Antnio Francisco de Paiva, mencio nado no testamento donosso ensamblador, como testamenteiro e tutor deseu nico filho, um pobre demente.

    Ao ser chamado para Deus quase com 80 anos (Fev. de 1824), na sua casa da Rua dos Quartis daTorre da Marca (hoje Rua D. Manuel II), defronte do Quartel do Regimento Numaro Sexto , J. F. dePaiva deixou viva Ana Maria Pinta, legando-lhe, alm daquele onde habitavam, mais dois prdiossituados na mesma rua. Um deles, de gaveto, deve ser o mencionado na vistoria camarria de 1780,demolido no sc. XIX para dar lugar ao que actualmente ali existe.

    A planta do terreno e os documentos da vistoria camarria para a construo deste prdio,constituem as primeiras notcias encontradas nos arquivos portuenses e relacionados com a vidaprofissional de J. F. de Paiva.

    No mesmo ano de 1780 J. F. de Paiva, por encomenda de uma irmandade, ou do fabriqueiro dealguma igreja recm-construda, desenhou uma bela estante de coro, com obra de talha e decoraoem metal recortado e vasado, para ser executada, com toda a probabilidade, na sua oficina demestre marce neiro. E at final do sc. XVIII, alternar-se-o obras de arquitectura, de marcenaria e de

  • decorao de interiores, num ritmo constante.

    Em 1788 ou 90 desenha a fachada do novo hospital da Ordem Terceira do Carmo que se constri apartir de 1791.

    Em 1793 encarregado pela Cmara da construo da praa de touros no Campo de Santo Ovdioquando dos festejos do nascimento da filha do Prncipe Regente, futuro D. Joo VI.

    Em 1797 nomeado Architecto do Real Quartel de Santo Ovdio.

    (in PINTO, Maria Helena Mendes Jos Francisco de Paiva. Ensamblador e arquitecto do Porto [1744-1824], Lisboa: Museu

    Nacional de Arte Antiga, 1973)

    No final do sculo XVII, como arquitecto, desenha a igreja da Confraria de Nossa Senhora deCampanh, o Novo Matadouro, e o arranjo do Largo das Fontanhas.

    Entre 1818/19 (data da instalao da Cmara na casa Monteiro Moreira (j referida na legenda daplanta) e 1824 (data da sua morte) Jos Francisco de Paiva elabora uma Planta da Cidade do Porto,de que se conhece um exemplar muito deteriorado.

    Esta planta, nem nos seus limites nem na cidade edificada, no difere muito da planta de 1813.

    No entanto o que lhe confere o carcter de plano o facto de ser uma planta realizada comobjectivos civis e no militares, no se conformando a cartografar a cidade existente, mas projectar(a tracejado) um conjunto de ruas e de edifcios (projectados ou em construo). Para acentuar estecarcter de instrumento de planeamento a indicao dos (L)ampioens (que) (v)o apontados compontinh(os) prtos.

    PLANO DA CIDADE DO PORTO(entre 1818 e 1824) por ]os Francisco de Paiva Dim. 100x66 (96x62) cm Arquivo Histrico

    Municipal do Porto

    A Planta orientada para o norte magntico, est dividida em 54 quadrados (6x9) de ladocorrespondente escala grfica.

    Tem uma cartela no canto superior direito onde se pode ler:

  • PLANO DA CIDADEDO PORTO para este ser(vi)r aos novos alinhamentos projectados ( e) Praaspreci( s)as na exteno do mesmo (P)lano; para a(c )autelar a construo dos E(difi)cios parao(fu)turo; e igualmente servir (?) governo iluminao da Cidade: Os (L)ampioens (v)o apontadoscom pontinh(os) prtos e (??) alinhamentos e Praas (??) o-se no (??) escrita com numaro (??)algaris(mos) (??) crio dos ditos Lampi(oens) (??) para (??) nte e por esta (??) antidade se faz (?)ramento e calculo do (??) sua despeza.

    Na parte inferior uma escala grfica em palmos.

    No canto inferior direito uma legenda em que se apontam os Edificios pblicos, Conventos,Colgios, Igrejas. Nesta Legenda est assinalado com III a Casa da Camara.

    Os limites da planta

    A poente

  • A nascente

    A norte

  • A sul

    Gaia

    Correspondendo a este carcter de plano est projectada a rua da Bandeirinha (Restaurao) queser aberta em 1825 e a rua do Pombal (rua Casais Monteiro).O hospital de Santo Antniodesenhado na sua parte construda, j mais adiantado do que na planta de 1813, e est indicado oprojecto na sua totalidade. Tambm os quartis da rua dos Quartis (D. Manuel II) aparecemprojectados na sua totalidade.

    No Campo de Santo Ovdio (praa da Repblica) esto projectadas as diversas vias que partiam dosquatro cantos da praa.

    O prolongamento da rua da Boavista para poente;

    Uma via no lado sul da praa que no ser realizada;

    Do lado nascente urbanizando a Quinta de Santo Antnio do Bonjardim (pertencente a GonaloCristvo) um conjunto de ruas:

    No sentido O/E e at rua do Bonjardim: a rua Gonalo Cristvo e a futura rua Nova do Duque doPorto (hoje rua Joo das Regras).

    No sentido N/S at praa do Laranjal (da Trindade) uma nova rua (Cames) e da praa doLaranjal para norte uma rua at rua e ao largo do Bonjardim (largo Tito Fontes).

    Estas ruas sero abertas a partir de 1839.

    No cruzamento da rua da Torrinha com a rua de Cedofeita seria projectada uma praa. Desta partiauma ligao a norte rua de Santo Ovdio (Mrtires da Liberdade) e uma outra rua a sul queformaria uma outra praa no encontro com a rua de Santo Ovdio um pouco a norte do largo doMirante (largo Coronel Pacheco).

  • O traado mais interessante , contudo, o arruamento que partia desta praa partia at ao limite NEda planta formando uma nova praa quadrada no encontro com uma via projectada que partia nadireco norte com incio no cruzamento da rua Direita com a rua Formosa (a futura rua SantosPosada).

    A norte da praa Nova, onde a Cmara Municipal se instalou desde 1819 no palacete MonteiroMoreira, est apontada uma rua que ser a futura rua de D. Pedro.

    A Praa Nova

    1 Casa da Cmara 2 Casa Morais Alo 3 Convento dos Congregados 4 Convento de Santo Eloy 5 Convento de Av Maria de S.

    Bento 6 Fonte da Natividade 7 Tanque da Praa Nova

  • Joaquim Villanova Casa da Cmara 1833Palcio Monteiro Pereira 1725/27.

    Planta da Fonte da Natividade publicada na Borboleta Constitucional 1822

    A fonte da Arca (da Natividade), construda em 1682

    Sobre este segundo corpo se levantava no meio da semicircular frontaria hum grande nicho, ouoratrio todo de pedra lavrada, aonde estava colocada a imagem de Nossa Senhora da Natividade,donde provem o nome, porque era conhecido este estabelecimento.

    Este oratrio estava adornado pela parte exterior com duas colunas de granito, as quais assentavamaos lados de uma varanda de ferro, que tinha nos extremos duas grandes lanternas com luzesconstantemente alimentadas pela devoo dos fieis; o cimo deste oratrio era rematado por terceiracornija que de to alta posio vinha em forma curva, como deslisando, finalizar nas extremidadesdo frontispcio, que posto no ser e quase sempre estar a alvenaria toda caiada a branco commistura das duas cores preta e vermelha, das quais tanto uso fazem os nossos trolhas, no deixariade ser interessante, por indicar o gosto singular de nossos antepassados, que tendo talvez alembrana de formar hum bazar, destinaram a principal parte dele para oratrio e colocao deimagens, pois no era s a da

    Padroeira que ali estava, porem muitas outras de barro mal trabalhadas, pousadas c e l em toda aexteno da cornija final, e mesmo da segunda, e de tal forma dispostas que mostravo ser o maugosto o presidente das decoraes ou ornatos desta obra.

    As lojas eram dispostas nas costas desta frontaria ficando divididas em duas alas: uma encostada aela, e por conseguinte parte do sul, e a outra parede exterior do edifcio recebendo toda a luz porfrestas praticadas no fundo ou costas das mesmas lojas, e por clarabias que igualmente a davamao corredor, que separava pelo meio estas duas alas, e para o qual se entrava por duas portasabertas nos dois extremos desta galeria e quase a par das duas cancelas de ferro acima lembradas:eram adornadas estas portas com pirmides de pedra, iguais s que guarneciam a parte superior detodo este bazar; das portas havia chaves dobradas, ficando huma para a serventia e uso dos lojistas,e outra para o senado da camara. (BPMP, Ms. 1295 citado em Silva, Rafael Santos - Praa da Liberdade: 1700-1932 ,Uma histria de Arquitectura e Urbanismo no Porto Dissertao de Mestrado. FLUP)

    O tanque da Praa Nova

    A Junta das Obras Pblicas decide erguer na Praa Nova uma nova fonte desenhada porChampaulimaud de Nussane em 1794 e cuja construo decorreu entre 1794 e 1797.

  • Planta baixa e elevao de huma ligeira e Formosa Fonte projectada por Ordem do Ill. Sr. Manoel Francisco da Silva Veiga Ex.

    Chanceler Presidente das Obras Publicas, para a Praa Nova () D.Joze Champaulimaud de Nussane 13 de Maro de 1794

    Na Zona intramuros est projectada uma rua prolongando a rua de Belmonte at S, e uma outrarua que partindo do largo de S. Domingos (reordenado) iria at praa de S. Roque, e que constituium troo da futura rua de Mouzinho da Silveira.

    Est projectada a rua de S. Lzaro (rua do Herosmo) bem como a rua de Barros Lima (hoje AntnioCarneiro) entre a rua de So Lzaro (Herosmo) e a rua do Sr. do Bom Fim.

    Est ainda projectada a rua de S. Victor de S. Lzaro at ao Seminrio, este desenhado numprojecto de planta quadrada com uma capela no centro (como o Hospital de Santo Antnio). Aindaest projectado um arruamento entre a rua de S. Lzaro e o Passeio das Fontanhas onde selocaliza o Matadouro projectado pelo prprio J. F. de Paiva.

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    Publicada por rf (s) 11:23 Etiquetas: Porto

    3. 1820 - 1839

    Segue-se um perodo conturbado de Guerra Civil, e a cartografia da cidade volta a ser dominada porpreocupaes militares, como o caso das plantas do Cerco do Porto: a Litografia da Academia dasCincias Planta do Porto e suas Vizinhanas /A.Mip Alvis deli, 1829 London: Dean J. MurrayLithographers, a Planta do Porto [e arredores] lit. A. C. de Lemos., a Carte Topographique desLignes dOporto do Coronel Moreira e a planta The Environs of Oporto. View of OPORTO fromTorre da Marca de W. B.Clarke de 1833.

    Estas plantas com objectivos militares tem como mrito cartografar um territrio mais vasto do que acidade edificada, em particular a foz do Rio Douro.

    Mas, s em 1839 se retoma a cartografia civil com a planta de Joaquim da Costa Lima Jnior, ondede novo, so projectados novos traados urbanos e novos edifcios. (ver neste blogue A PlantaTopographica da Cidade do Porto 1839 publicada em 28 de Julho de 2010).

    (CONTINUA)

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    1 comentrio:

    Annimo 7 de maro de 2011 s 15:12

    boa tarde. peo desculpa por incomodar mas sera que me podia dar a fonte (link?) da planta"As realizaes do final do sculo XVII e incio do sculo XIX. fonte SRU Porto Vivo.".procurei no site e no encontrei.muito obrigada.

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