Cris e Ted 3

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 Cris & Ted Nos Anos da Faculdade - 3 Eu Prometo Robin Jones Gunn Título original: I Promisse Tradução de Cláudia Moraes de Faria Ziller Editora Betânia, 2005 Digitalizado por deisemat Revisado por deisemat

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Cris & Ted

Nos Anos da Faculdade - 3

Eu Prometo

Robin Jones Gunn

Título original: I PromisseTradução de Cláudia Moraes de Faria Ziller 

Editora Betânia, 2005Digitalizado por deisemat

Revisado por deisemat

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Cris abriu os olhos e os fixou na cama vazia que ficava do outro lado do quarto escuro

do alojamento da faculdade. O visor digital do despertador mostrava 5:05h da manhã.

 Katie passou a noite fora. Onde será que ela ‘tá?

Levantou-se, acendeu a lâmpada da cabeceira da cama e deu uma olhada para ver se a

colega tinha aparecido e deixado álbum bilhete enquanto ela estava dormindo. Nada.

De repente, Cris se deteve. Seu cérebro, ainda entorpecido àquela hora da manhã,

despertou. Lembrou-se de onde havia estado na noite anterior e de tudo que tinha acontecido.

 A cafeteria Ninho da Pomba. Estava todo mundo lá. A turma toda.

Um sorriso tomou conta dos lábios dela enquanto os fatos Lhe voltavam à mente.

 Não foi sonho. Ontem à noite Ted me pediu em casamento. E eu aceitei.

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Abriu a cortina e fitou a paisagem. Os postes que cercavam o campus da Universidade

Rancho Corona cobriam com luz cinza-azulada o mundo por fora da janela. As palmeiras

 perfiladas permaneciam em silêncio respeitoso, aguardando que o sopro familiar do vento que

vinha do deserto próximo as despertasse. Toda vez que o vento chegava, as palmeiras

dançavam, e alguma coisa dentro de Cris a impelia a acompanhá-las.

Mas hoje o coração dela não precisava ouvir o convite sussurrado pelas palmeiras para

entrar na pista de dança. Por dentro, Cris já estava girando e rodopiando.

 Eu e Ted vamos nos casar!

O telefone tocou e Cris pulou para atender.

- Oi, tudo bem? disse uma voz profunda no outro lado da linha. Era a mesma que tinha

ressoado nos doces sonhos dela durante a noite toda.

- Oi, respondeu Cris baixinho, estava mesmo pensando em você.

- Conseguiu dormir?

- Um pouco. Acordei há uns dez minutos. Ted, a noite passada aconteceu mesmo? Você

me pediu em casamento?

- Pedi. E você aceitou, respondeu ele.

- É. Aceitei.

- É. Aceitou.

Cris fechou os olhos. O calor da voz dele a cobriu inteira.

- Passei a noite toda tocando violão, disse Ted. Estou compondo uma música.

- O que seu colega de quarto achou disso? Ou você passou a noite no hall de entrada do

alojamento?

- Só fiquei eu em minha ala. Todo mundo foi passar o Natal em casa.

Cris se lembrou da amiga desaparecida e perguntou:

- Você ouviu Katie comentar alguma coisa ontem sobre ir pra casa?

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- Não.

- Achei que ela passaria o fim de semana aqui comigo, mas não apareceu até agora.

- Talvez tenha dormido no quarto da Selena. Ela já fez isso antes, não foi? lembrou Ted.

- É. Pode ser que ela tenha ido pra lá. Sei que não deveria me preocupar; ela é bem

grandinha e pode tomar conta dela mesma. Mas, quando se trata de Katie, nunca sei o que vai

acontecer daqui a um minuto.

- E o que você vai fazer agora? indagou ele. Que tal se encontrar comigo na capela pra

vermos o Sol nascer?

Cris riu ao sentir o brilho da espontaneidade na voz dele.

- Claro, estarei lá daqui a dez minutos.

Vestiu várias camadas de roupa, prevendo que lá fora estaria tão frio quanto parecia.

Parou apenas um instante na frente do espelho. O longo cabelo louro estava preso com um

grampo atrás da cabeça. Soltou-o e balançou a cabeça antes de dar uma rápida escovada nele.

Ted gostava do cabelo comprido. Ela sorriu. Dormira apenas quatro horas e meia, mas os

olhos azul-esverdeados brilhavam cheios de esperança radiante. As bochechas apresentavam

um brilho rosado e, quanto mais contemplava a si mesma, maior se tornava seu sorriso.

 Então é esta a aparência de uma mulher apaixonada. Apaixonada e comprometida.

 Noiva.

Após uma rápida passada pelo banheiro para lavar o rosto e escovar os dentes, Cris

cruzou o campus da Rancho Corona rumo à capela na beira da escarpa. Nos dias mais claros,

dava para avistar o Oceano Pacífico da trilha que corria no limite do terreno da universidade.

 Naquela manhã, uma tênue neblina de inverno repousava sobre o solo enquanto Cris

atravessava a campina. Estaria enevoado demais para avistar a costa na hora em que o Sol

nascesse. Não fazia a menor diferença para ela. O que motivava sua pressa não era a vista do

vale. Ia se encontrar com seu amado, e não conseguia parar de sorrir.

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A porta da capela estava aberta, e Cris entrou no calor gostoso da construção pequena e

silenciosa. Logo viu Ted ajoelhado no altar, de olhos fechados e a cabeça curvada.

Com o coração ainda disparado, foi na ponta dos pés até o altar. Ajoelhou-se ao lado do

Ted. O cabelo dele, curto e louro, estava molhado e exalava o perfume suave do sabonete. Ele

levantou a cabeça, e seus olhos azuis penetrantes se voltaram para ela. Cris percebeu

imediatamente que ela não tinha sido a única pessoa a passar a noite sorrindo. Parecia que a

covinha na bochecha direita dele havia se tornado um sinal permanente.

 Nenhum dos dois falou. Os olhos se encarregaram da mensagem. Ajoelhados naquele

lugar, não havia necessidade de palavras nem de toques. Permaneciam em silêncio diante de

Deus e um do outro, falando com Deus, conversando um com o outro. De coração para

coração. De alma para alma.

Ted falou primeiro, uma oração de agradecimento. Pediu que Deus dirigisse os passos

que ele e Cris dariam e que os orientasse durante os preparativos para o casamento. Ele

terminou, e Cris se uniu a ele, dizendo: “Como quiseres”. Para os dois isso significava

“Amém”, ou “Que seja de acordo com a tua vontade”.

Ted se levantou e estendeu a mão para Cris:

- O que você acha de irmos tomar o café da manhã?

Cris sorriu. Ted passava com a maior rapidez do estado de espiritualidade intensa para o

de fome profunda.

- Claro, tenho o dia todo livre.

- Eu também.

De mãos dadas, saíram para a manhã fria. A luz do Sol atravessava a neblina, como

serpentinas estreitas cobertas de purpurina. A campina diante deles havia se tornado um

mundo encantado, iluminado por minúsculas gotas luminosas.

- É lindo demais, sussurrou Cris.

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- Vamos nos casar aqui, disse Ted, avançando para a campina encantada.

Cris riu:

- O.k. Vai ser agora?

- Estou falando sério, disse Ted. Vamos fazer a cerimônia aqui.

Ele soltou a mão dela e, com gestos amplos, descreveu a cena que imaginava.

- Podemos colocar aqui um arco. É assim que chama aquele negócio que colocam para

os noivos? É redondo em cima e coberto com flores.

Cris assentiu.

- É, acho que você ‘tá falando de um arco, ou treliça, disse ela.

- Isso, vamos nos casar aqui, embaixo de um arco.

Ted parecia estar analisando o terreno.

- O que você acha? Dá pra colocar muitas cadeiras. Você pode esperar a hora da

cerimônia lá na capela. Quando começar a música, você vem pelo centro até aqui.

Ted pulou para um lugar que ficava bem em frente da capela e continuou:

- Colocamos o arco aqui. Você vem andando pelo centro, com um vestido branco e

algumas flores no cabelo, e eu fico esperando neste lugar.

O coração de Cris parecia flutuar.

- Lindo!

Ela presumira que se casaria em uma igreja, mas a campina era terreno santo,

exatamente como qualquer igreja, pensou. Em especial naquela manhã, naquele momento,

quando os olhos de Ted brilhavam e a névoa tremeluzente de luz celestial salpicava a

campina.

- É um lugar bonito pra uma cerimônia noturna, disse Cris. As pessoas sentiriam calor 

demais aqui numa tarde de verão.

Ted parou e voltou-se para Cris.

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- Verão?

- Você não acha que todo mundo sentiria calor à tarde, sem um toldo? Acho que as

noites de agosto são muito belas.

- Agosto? repetiu Ted. Você ‘tá pensando em nos casarmos no próximo verão?

- Claro. Até lá nós dois teremos nos formado, teremos tempo pra planejar tudo e...

- Quero me casar antes disso, disse Ted.

- Antes? Quanto antes?

- Não sei. O Natal é na semana que vem. Depois, temos a viagem missionária para o

México com o grupo de jovens. O que você acha do segundo final de semana de Janeiro?

Cris riu, mas Ted, não.

- Ted, não dá pra nos casarmos daqui a três semanas!

- Por que não?

- Temos de preparar tudo! Ainda não temos lugar pra morar, não compramos alianças

nem mandamos fazer os convites. Preciso encontrar um vestido que me agrade, e...

- Você é uma excelente planejadora, Cris. É o que você faz de melhor. Temos os

feriados do Natal pra adiantar os preparativos.

- Não temos, não. Esqueceu que vamos para o México depois do Natal? E não

acabamos de preparar nem a viagem ainda.

- Certo. Então o que você acha da terceira semana de Janeiro? Ou a última, logo depois

da minha formatura.

Cris sentiu o pânico crescer dentro dela.

- Ted, não há a menor possibilidade de conseguirmos organizar uma cerimônia de

casamento em um mês. Todo mundo vai pensar que temos de nos casar.

A voz veio calma e tranquilizadora quando ele estendeu a mão para pegar a dela.

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- Eu, você e todo mundo sabemos que isso não é verdade. É esse o problema? O que as

outras pessoas vão pensar?

Cris apertou mais a mão de Ted e se esforçou para acalmar as emoções tumultuadas.

- Não, não estou preocupada com o que os outros vão pensar. É que eu gostaria que

nosso casamento fosse muito especial, preparado com cuidado. Quero ter tempo pra planejar 

tudo com você e não gostaria de me sentir empurrada às pressas até o altar. Faz sentido?

Ted se inclinou e colocou um beijo carinhoso no rosto dela.

- Sim. Faz sentido. Você ‘tá tentando me dizer que Janeiro é cedo demais.

- Isso. Cedo demais.

Cris envolveu-o com os braços e descansou a cabeça no ombro dele. Sua respiração foi

voltando ao normal. Gostou da idéia de se casarem naquela campina. Imaginava os dois no

mesmo lugar em que estavam agora, em uma noite fresca de agosto do ano seguinte. Ted se

afastou para olhar no rosto dela.

- Então, se Janeiro não dá, em que mês você ‘tá pensando? Fevereiro?

- Não. Continuo achando que o melhor é agosto.

- Agosto! Ted riu. Não precisamos de oito meses pra preparar um casamento!

- Precisamos, sim.

- Março. Ted esticou o braço e a segurou longe dele. Na Páscoa. Clima perfeito. Você

estará quase se formando.

- A Páscoa é em abril.

- Tudo bem. Que seja abril. Mas não agosto. Abril. Quero me casar com você, Cris.

Quero estar com você, desejo começar nossa vida juntos. Esperamos muito tempo por isso.

- Nós dois esperamos, Ted. Pensamos e oramos durante quase seis anos. Oito meses

 passam voando. Podemos esperar até agosto.

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Ted percorreu a campina com o olhar. O Sol já nascera e agora lançava a luz filtrada

 pela neblina, refletindo nas gotículas de orvalho que cobriam o capim, transformando-as em

minúsculos diamantes. Parecia que as estrelas haviam caído do céu e espalhado aos pés deles

 por toda a campina, criando constelações em miniatura.

Cris observou que Ted levava o queixo para frente e parecia processar tudo com

determinação. Ele era o verdadeiro Sr. Tanto Faz, “cuca fresca” em quase tudo. Meses antes,

dissera a ela que não tinha experiência com festas de aniversário e comemorações familiares.

Estava evidente que sabia ainda menos sobre preparativos para o casamento.

- Acredite em mim, Ted, disse Cris, baixinho, abril é cedo demais.

- É? Bem, e eu digo que agosto é tarde demais. Dá pra encaixar um casamento antes do

verão. Sei que conseguimos.

- Por que encaixar? Por que não esperamos até eu me formar e nos casamos em junho?

 perguntou Cris. A campina estará linda em junho.

Ted balançou a cabeça.

- Em junho não dá. Parece que em junho vou ter de começar a trabalhar em tempo

integral na igreja. Não será possível me afastar uma semana, para a lua-de-mel.

- Mas, se você conversasse com eles desde já e explicasse tudo...

Ted se voltou para ela, perplexo.

- Sabe de uma coisa? Não quero conversar sobre isso agora. Vamos comer alguma

coisa.

Pegou a mão dela e se dirigiu para o estacionamento.

Cris reparou que o Sol havia atravessado as nuvens matutinas que antes se espalhavam

sobre a campina. O campo reluzente de diamantes evaporara, deixando uma longa superfície

de capim ressecado pelo inverno. O mundo que os cercava deixara de ser encantado.

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 É isso que acontece quando um encontro feito no céu tenta andar na Terra? Como a

magia reluzente desapareceu tão depressa?

Ted permaneceu imerso em seus pensamentos enquanto os dois se dirigiam para a

cidade na perua Volvo. Cris dizia a ela mesma que deveria ter sido mais espontânea quando

os dois estavam sonhando em voz alta sobre a data do casamento.

Poderia ter concordado com Janeiro ou com qualquer outro mês. Assim que ele se

defrontasse com os detalhes, iria mudar de idéia e aceitar uma data mais realista. Agora é o

momento de ser sonhadora, e não prática.

- Parece que aquele restaurante ‘tá aberto, disse Cris.

Ela apontou para um café no caminho em que eles seguiam. Queria entrar e conversar 

sobre os planos do casamento enquanto comiam com tranquilidade. Dessa vez, sonharia mais

e seria menos prática.

- Estava pensando em comer burritos, disse Ted. Você se importa se formos até o

Roland, no drive-thru?

- Acho que não tem nenhum Roland por aqui.

- Conheço um que fica perto da casa do Douglas e da Trícia, na praia.

- É longe. Tem certeza de que quer ir até lá antes de comer?

- Não me importo, disse Ted. Você acha ruim?

 Pare de ser prática em todas as situações! Limite-se a concordar pelo menos uma vez.

- Certo, pra mim Roland vai bem.

 Embora eu ache muito esquisito andar tanto só pra comer um certo tipo de fast-food.

- O que você acha de prepararmos a viagem para o México? perguntou Ted.

- Como assim?

- Podemos começar a planejar enquanto vamos para Carlsbad.

- Você não quer mais conversar sobre a data do casamento?

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- Agora, não. Acho que tem um bloco de anotações no banco de trás. E deve ter uma

caneta no porta-luvas. Seria muito bom se organizássemos um pouco a viagem para o México.

Você pode fazer uma lista, como fizemos para o acampamento no deserto?

Cris encontrou o bloco e a caneta. Escreveu México em letras grandes, no topo da

 primeira página.

- Precisamos de barracas, disse Ted. Anote aí, por favor. E também é bom levar lonas

impermeáveis para o caso de chover.

Ele prosseguiu falando os itens necessários, que ela foi anotando. Escrevia com força, as

letras pareciam estar com raiva.

Gostaria de saber por que você consegue ser prático quando se trata da viagem ao

 México, Ted, e não consegue ser realista pra marcarmos a data do nosso casamento.

Quanto mais conversavam, mais longa se tornava a lista. Ted demonstrava surpresa toda

vez que Cris lembrava de mais um elemento necessário, como atestados médicos e

autorização dos pais para os adolescentes cruzarem a fronteira.

Ela queria dizer:

“’Tá vendo? Todo evento requer planejamento detalhado. Ainda mais um fato

importante como um casamento.”

Mas não falou nada. Só expressou sua frustração através da força com que escreveu as

 palavras que preencheram duas páginas do bloco.

Assim que deixaram a estrada e entraram em Carlsbad, que ficava à beira-mar, Ted

abriu a janela do carro. Aparentemente, sentia necessidade de encher os pulmões de ar 

salgado vindo do oceano. Cris também apreciou o ar fresco. As emoções dela estavam

descontroladas, como um avião que cai em parafuso rumo ao solo.

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Onde foi parar a paixão que senti pelo Ted hoje de manhã? Por que não conseguimos

 passar o dia todo sonhando com nosso futuro? Será que estraguei tudo por não ser 

espontânea quando ele estava falando sobre os sonhos dele?

- Ei, como vai, tudo bem? perguntou Ted ao alto-falante à entrada do drive-thru. Quero

quatro burritos e dois sucos de laranja grandes.

Ele se voltou para Cris e perguntou:

- O que você vai querer?

Ela tentou enxergar o menu ao lado da janela de Ted, mas o braço dele a atrapalhava.

- Eles tem torradas?

- Torradas? perguntou ele, como se nunca tivesse ouvido alguém falar desse alimento

antes.

- Deixa pra lá. Vou querer um sanduíche de queijo e ovo e um copo de leite.

Ted repetiu o pedido dela para o alto-falante e fechou a janela do carro.

- ‘Tá tudo bem com você? perguntou Ted.

Ela colocou o cabelo atrás das orelhas e olhou para o belo rosto dele. Como posso

explicar a você os sentimentos intensos que estão brigando dentro de mim há uma hora?

 Estou com medo porque, se disser alguma coisa, depois posso me arrepender e ficar 

arrasada por fazer um cavalo de batalha à toa.

- Estou bem, disse Cris, baixinho.

Ted pagou ao funcionário na cabine e entregou o lanche para Cris. Ela ia perguntar se

ele queria estacionar o carro para lancharem, mas ele virou à esquerda na rua principal. Ela

sabia bem aonde iam. Havia, na natureza, um chamado ao qual Ted jamais conseguia resistir:

o do mar. Estavam a menos de dois quilômetros do local onde as águas azuis do Oceano

Pacífico alcançavam a costa da Califórnia. Cris sabia que deveria ter adivinhado ser esse o

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motivo que os levara tão longe para comer burritos no café da manhã. Ted queria fazer a

 primeira refeição deles como casal comprometido na praia.

Só que ele não se dirigiu para a praia. Voltou para a estrada.

- Vamos voltar pra universidade? perguntou Cris.

- Não. Só pensei que podíamos dividir nosso café da manhã.

 Dividir? O que ele quer dizer com isso?

Ted parou o carro à beira da pista, sob o viaduto na estrada, e pegou um dos sucos de

laranja.

- Você pega pra mim dois burritos? perguntou a Cris.

Então, deixando o motor ligado, saltou do carro e levou o lanche para um mendigo que

estava encolhido sob uma caixa de papelão desmontada. Ela nem havia reparado no homem

na hora em que deixaram a estrada, mas Ted, obviamente, o tinha visto.

Cris observou Ted sorrir e entregar o lanche ao homem surpreso. O coração dela bateu

um pouco mais depressa. Um pensamento inquietante pousou sobre ela, como uma sombra

agourenta. Vou passar o resto da vida com um homem impulsivo, com atitudes inesperadas.

 Nunca vou saber aonde estamos indo nem o que vamos fazer nem com quem vamos

compartilhar as refeições. Nada em nossa vida será previsível, em ordem, firme nem certo.

Engoliu em seco. Ted correu de volta para o carro, ostentando um largo sorriso de

contentamento. Ela se esforçou para colocar no rosto um sorriso de boas-vindas, mas, no

coração, só conseguia pensar: Não sei se estou pronta pra isso.

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Ted fez a volta com o carro e se dirigiu para a praia, onde estacionou. Pegaram o lanche

e foram até uma pedra grande e lisa. Cris comeu devagar, com os olhos fixos no oceano

infinito que se estendia diante deles. Sentia que Ted a observava, mas, como haviam se

assentado juntos muitas vezes contemplando o mar sem trocar palavras, o silêncio era familiar 

e exerceu sobre ela um efeito tranquilizador. Guardando metade do sanduíche, que não quis

comer, respirou profundamente.

- Você se assustou? perguntou Ted, estendendo o braço e passando os dedos pelo rosto

dela.

- Com o quê?

- Casamento. Pra ser mais específico, casamento comigo.

Irritada com a facilidade com que ele lia os pensamentos dela, Cris disfarçou:

- Por que você pensa que estou com medo?

Ted passou o dedo pelo contorno da orelha dela e não respondeu. Cris sabia que ele

estava esperando que ela falasse.

- Pensamos de forma diferente, disse ela de repente.

- Não pensamos, não.

Cris apoiou o rosto frio na mão quente dele. Resolveu avançar e lançar alguns

sentimentos duvidosos na rede que ele segurava com paciência nas águas profundas do

coração dela.

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- Ted, estou com medo de ser muito difícil nos casarmos.

- Ãhã.

- Nós dois teremos de fazer ajustes imensos. Somos opostos em muitos aspectos.

- Ãhã.

- Sua postura diante da vida é diferente da minha. Você enxerga as coisas por outro

ângulo. Não penso do mesmo jeito que você.

- Isso é bom. Ted segurou o cabelo dela. Não considero essas diferenças um problema.

- Claro que não! É isso que estou dizendo. O que é importante pra mim é desprezível

 pra você.

- Creio que seja bom sermos diferentes, disse Ted. Vamos dar equilíbrio um ao outro.

- Eu acho que isso vai trazer muitas dificuldades pra nós.

Ted pegou uma grande mecha do cabelo dela e esfregou a ponta nos lábios.

- Ted, não sei se nos conhecemos tão bem quanto pensamos que conhecemos. Temos à

nossa frente uma porção de acertos a fazer.

- E a vida toda pra trabalhar nisso.

Ted a puxou para si, até que a cabeça dela encostou no ombro dele. Prosseguiu com voz

calma:

- Descobrir coisas sobre o outro e fazer os acertos necessários fazem parte do que torna

um relacionamento vivo e sempre crescente. Espero ansioso por essa porção do nosso futuro.

- Eu não. Cris ouviu ela mesma dizer. Acho que cada um de nós vai tirar o outro do

sério. Sou determinada demais a organizar tudo e você é tão espontâneo, tão, tão...

imprevisível.

- É, acho que sou mesmo. Do que foi que a Katie me chamou um tempo atrás, naquele

nosso acampamento?

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- Você ‘tá falando daquela vez em que você levou cabides de plástico e não de metal,

 porque não percebeu que eu queria usá-los pra assar marshmallows?

Ted fez sinal afirmativo com a cabeça.

- Katie disse que você sofria de “deficiência de detalhes”.

Ted riu.

- Foi isso mesmo. E Mark disse que era errado discriminar os deficientes.

Ele puxou a cabeça de Cris até encostá-la no ombro dele.

- Sabe o que eu penso? perguntou Ted. Que todos sofremos de deficiências, temos áreas

em que somos limitados. Você me ajuda onde sou fraco e eu a ajudo onde você precisa. É isso

que nos torna fortes quando estamos juntos.

Cris passou o braço pela cintura de Ted e se aconchegou nele. Com um suspiro, disse:

- Não sei, Ted. Espero que você tenha razão. Katie diz que sofro de “mania de

arrumação”, que tenho de ter tudo no lugar o tempo todo pra ser feliz.

Ted riu novamente.

- Você acha que ela ‘tá certa?

Cris afastou-se um pouco e olhou direto nos olhos de Ted.

- O que eu acho, Kilikina, é que Deus nos uniu pra eu aprender com você a ter disciplina

na vida espiritual e você aprender comigo a alegria de andar pela fé. Fomos feitos um para o

outro.

Cris pegou a mão de Ted, levou-a aos lábios e beijou-a três vezes, uma para cada

cicatriz que ficou depois do grave acidente de carro em que ele quase morrera no outono

anterior.

- Espero que você tenha razão, disse ela.

- Tenho.

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Ted riu. Levantou a mão esquerda da Cris e passou seus dedos calejados pela ponta dos

longos dedos dela.

- Você queria que eu tivesse te dado um anel ontem à noite, na hora em que pedi pra

você casar comigo?

- Não.

- Tem certeza? Perguntei ao meu pai se tinha de comprar um anel pra você antes de

fazer o pedido. Ele disse que provavelmente você iria preferir escolher de acordo com seu

gosto. Douglas me disse ontem que aqui em Carlsbad tem uma joalheria muito boa, onde ele

comprou o anel da Trícia. Fica aqui perto. Pensei que a gente podia dar uma passada lá agora

de manhã, pra olhar o que eles têm.

Cris se afastou e examinou a expressão no rosto do Ted.

- Foi por isso que viemos até Carlsbad pra comer burritos no café da manhã? Você

estava querendo comprar um anel pra mim?

- Foi, respondeu Ted, sorrindo.

Ela fechou os olhos e balançou a cabeça.

- O que foi?

- Ted, você sabe que pode me informar essas coisas com antecedência, não sabe? É que

teria sido muito bom pra mim saber o motivo que nos trouxe até aqui.

- Tudo bem, na próxima vez eu falo antes. Viu? Já estamos aprendendo a nos ajustar um

ao outro.

Ted ajudou-a a se levantar, e os dois se dirigiram de mãos dadas para o estacionamento.

Cris sentiu seu coração se aquecer enquanto eles iam para uma parte mais antiga de Carlsbad.

Tinha lembranças muito agradáveis de uma joalheria que ela e Ted havia visitado no último

verão, em Veneza, na Itália. O proprietário era tio de um amigo deles, e a loja era, sob todos

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os aspectos, a mais elegante em que Cris já havia entrado, inclusive com guarda uniformizado

na porta e lustres de ouro.

A joalheria de Carlsbad ficava entre uma confeitaria e uma livraria e não era, nem de

longe, opulenta como a de Veneza. Mas o aconchego do ambiente compensava o que faltava

em lustres dourados e guardas uniformizados. Ted segurou a porta para Cris e o aroma do pão

recém-assado na confeitaria ao lado entrou com eles na loja.

Imagens românticas de trocas de olhares acompanhadas de suspiros, enquanto ela

experimentava anéis de noivado, dançavam na mente de Cris.

- Bom dia! Ted saudou o homem que estava no fundo da loja. Podemos dar uma

olhada?

- Claro. Se eu puder ajudar, basta me chamar. Meu nome é Frank.

Cris se sentiu como uma princesa quando Ted a conduziu até uma cadeira acolchoada

diante da primeira vitrine. Ele ficou em pé atrás dela e, inclinando-se, mostrou o maior anel,

que estava bem no meio da vitrine. Tinha um diamante grande no centro e três rubis de cada

lado.

- Olha aquele ali, disse Ted.

- É lindo. Mas acho grande demais, você não acha? Gosto de anéis menores e mais

simples. Como aquele lá. Cris apontou um anel de ouro liso, com um único diamante. Mas

não quero tão simples assim. Quero que meu anel seja único, sabe?

- Posso mostrar alguma coisa para vocês? perguntou o Sr. Frank, aproximando-se com

uma chave na mão.

- Estou em dúvida, respondeu Cris rapidamente.

- Vamos, experimente, disse Ted. Assim você descobre se gosta ou não.

O Sr. Frank esticou o braço dentro da vitrine e pegou o solitário de brilhante na caixa de

veludo acolchoada. Cris colocou o anel no dedo da mão esquerda. Ficou perfeito. O diamante

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suspenso por quatro garras tinha um corte ousado. Sentiu que começava a suar nas mãos. Vira

o preço na etiqueta. Concluiu logo que o diamante deveria ser de qualidade excepcional e

sabia que nunca se sentiria à vontade com um anel tão caro.

- O que você acha? perguntou Ted.

O telefone tocou e o Sr. Frank, com um aceno educado, pediu licença e os deixou

sozinhos por alguns minutos. Ted se curvou e plantou um beijo nos lábios de Cris, que não

esperava por aquilo.

Levantando o queixo, ele voltou a perguntar:

- E aí, o que você acha?

Implicando com ele, ela imitou o gesto de levantar o queixo, marca registrada dele há

vários anos, e cochichou:

- Acho que você beija muito bem.

Ted segurou uma gargalhada. Colocou um dedo nos lábios e falou baixinho:

- Estou falando sério. O que você acha?

Cris piscou, com ar de inocência, e disse:

- Também falei sério. Acho que você beija muito bem.

Ted estendeu o braço e fez cócegas nela. Cris, para não explodir em gargalhadas,

apertou tanto os lábios que a boca começou a doer.

O Sr. Frank desligou o telefone. Enquanto voltava para onde eles estavam, Cris se virou

 para Ted e sussurrou:

- Este anel é caro demais.

Ted segurou a mão dela e virou-a, para ver o preço na etiqueta.

- Tudo bem. Se você quiser este, a gente pode comprar. Não pense no preço.

- Não é só o prego, é o anel. O estilo. Nunca fui muito de usar anéis, mas sei que

gostaria que o meu fosse menor. Sem tantos enfeites. Diferente.

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- Diferente? perguntou Ted.

O Sr. Frank ficou na frente deles e passou a apresentar mais detalhes sobre a clareza e o

tamanho do diamante.

- Todos estes anéis são modelos originais, feitos aqui mesmo por mim e pelo meu filho.

Cris tirou o anel do dedo e se esforçou para não rir ao sentir a mão de Ted em seu

ombro. Se ele escorregasse os dedos por baixo do cabelo e começasse a fazer cócegas em seu

 pescoço, ela sabia que iria estourar em uma gargalhada.

- O senhor tem alguma coisa diferente? perguntou Ted, em voz controlada. Sem tantos

enfeites? E o que foi mais que você disse, Cris? Menor?

- Ah! O Sr. Frank aparentemente gostou do desafio colocado diante dele. Você não quer 

o diamante tradicional. Talvez uma safira, ou um topázio azul, para combinar com seus lindos

olhos azuis. Temos tanzanitas muito belas.

Durante os quinze minutos seguintes, Ted se conteve para não fazer cócegas em Cris

enquanto ela experimentava vários anéis com outras pedras e ouvia amplas explicações do Sr.

Frank sobre cada uma. A cada novo anel, Cris imaginava outras opções. A mente dela

transbordou de idéia quando experimentou um anel de cores vivas, com uma opala azul

australiana. A pedra de um azul profundo, com lampejos de verde e violeta, lhe trouxe à

mente uma onda do mar. E isso a fez pensar em Ted e na primeira vez em que se viram, na

 praia de Newport. Entretanto o anel era muito grande e tinha enfeites muito trabalhados, que

não a agradaram.

- O senhor tem algum outro, com esse tipo de pedra, mas menor? perguntou Cris. Ou até

completamente liso, como aqueles que só tem pedacinhos de diamantes?

- Acho que não. Mas, como disse, podemos fazer qualquer anel que você desenhar.

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Cris estava pronta para desenhar seu anel imediatamente, mas deu uma olhada em Ted

antes de pedir papel e lápis. Ele fitava o nada, parecia ter chegado ao limite de sua resistência

 para anéis e história da gemologia.

- O senhor já nos ajudou muito, disse Cris, sorrindo para o Sr. Frank. Muito obrigada

 por sua atenção.

- Leve meu cartão. Se eu puder ajudar mais, não deixe de me telefonar.

- Muito obrigada, disse Cris.

- Tem certeza de que não quer experimentar mais nenhum anel? perguntou Ted; mas seu

tom foi um tanto educado demais.

Cris não conseguiu mais conter a gargalhada. Deu um risinho que ficou flutuando no ar,

como uma porção de bolhas de sabão.

- Gostaria muito, Ted, mas acho que já experimentei todos os anéis da loja.

Saíram, Ted com o braço na cintura dela, tentando fazer cócegas de novo.

- Coitado daquele homem! exclamou Cris. Ficou olhando pra nós como se fôssemos

muito novinhos e não soubéssemos o que estávamos fazendo.

- Pensei que ele estava olhando a gente daquele jeito porque sabia que nosso dinheiro só

dá pra comprar as balas de hortelã que estão naquele pratinho do lado da registradora.

- Elas são de graça, comentou Cris.

- De graça? Então vamos voltar e pegar umas.

Ted se virou, mas Cris agarrou o braço dele com as duas mãos e o puxou até o carro. O

comentário dele sobre não terem dinheiro a fez pensar.

- Como vamos pagar o anel e todo o resto? perguntou, assim que entraram no carro.

- Tenho um pouco de dinheiro guardado, falou Ted. Ele não ligou o carro, e olhou para

ela com atenção. Não é muito, mas meu alvo era guardar, antes de pedir você em casamento,

uma quantia que desse pra pagar o anel, o aluguel do smoking e os três primeiros meses de

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aluguel. Consegui. Se não fosse isso, eu já teria pedido você pra se casar comigo há muito

tempo.

- Verdade?

Ted fez um sinal afirmativo e continuou.

- Eu queria que nos casássemos antes de você ir pra Suíça, mas eu sabia que aquele ano

era importante pra você, e não quis atrapalhar.

Cris pensou um pouco.

- Acho que não estava pronta naquela época. Aliás, nem sei se estou pronta agora.

- É por isso que você quer um noivado mais longo? perguntou Ted. Precisa de mais

tempo pra ter certeza?

- Ah, não! Tenho certeza de que quero me casar com você! Cris pegou a mão dele e

segurou entre as dela. Não foi isso que quis dizer. Não há a menor dúvida em meu coração de

que quero me casar com você. Só com você. O que eu quis dizer é que não sei se estou pronta

 pra todos os ajustes, planos e decisões, como aconteceu com o anel. Isto é, você pode pensar 

que eu já tenho alguma idéia do que quero, mas nunca pensei muito nessas coisas. Eu só sei

que quero um anel único, que signifique alguma coisa pra nós dois, pra que toda vez que eu o

olhar pense em nós. Faz sentido pra você?

- Claro, disse Ted. Você ouviu o que o joalheiro falou. Eles fazem qualquer anel que

você desenhe. Tenho certeza de que podemos pedir pra ele colocar uma pedra, como aquela

azul de que você gostou, em uma armação diferente.

- Deve demorar pra fazer isso, comentou Cris.

Ted deu um sorriso travesso.

- Tudo bem. Não é provável que vamos conseguir ter um anel até Janeiro.

Cris deu um cutucão implicante no braço dele.

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- Ted, fala sério. Você acha que é possível organizar uma cerimônia de casamento em

menos de um mês?

Ele encolheu os ombros.

- Ei, só precisamos de alianças e de um pastor, certo? E, antes que você faça mais

comentários sobre isso, que tal darmos uma passada na casa do Douglas e da Trícia?

- Ótimo.

- Gostei dessa resposta, disse ele, ligando o motor. Rápida, simples, decidida.

Cris encostou-se ao banco do carro, perguntou a si mesma se fazia sentido esperar até

agosto para se casar, imaginou o formato de sou anel e calculou quanto dinheiro precisavam

 para pagar aluguel. Pensou em quantas decisões teriam de tomar e em como Ted apreciava

uma resposta rápida, simples, decidida”.

Enquanto Ted se aproximava da área residencial, onde chalés em estilo litorâneo se

alinhavam na rua, Cris chegou a uma conclusão.

- Sabe de uma coisa? Este vai ser meu alvo nos próximos meses: vou me esforçar pra

tomar decisões rápidas e simples.

- Você tem bons instintos, Cris. Deveria confiar mais em si mesma e seguir mais seus

impulsos.

Ela estudou o perfil dele enquanto ele estacionava na frente da casa de Douglas e Trícia.

O homem dos seus sonhos estava a seu lado e havia se tornado forte, apaixonado por Deus e,

ainda por cima, estava profundamente apaixonado por ela também. Cris sentiu seu coração

saltar. Parecia que ia disparar e sair pela boca.

- O que foi? perguntou Ted, olhando para ela enquanto dava ré no carro para entrar em

uma vaga ao longo da calçada.

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Cris pressionou os lábios, pretendendo manter os sentimentos fortes em seu íntimo. Mas

então Ted parou o carro, abraçou o volante e se virou para ela, espiando com seus olhos azuis

os segredos mais profundos do coração dela. De repente, agosto ficou muito longe.

- Tudo bem, disse ela, seguindo seus impulsos, mas, mesmo assim, falando bem

 baixinho. Você venceu. Será em Janeiro.

Ted chegou mais perto.

- O que você disse? Não ouvi.

O coração de Cris disparou. O rosto ficou corado. Nunca havia sentido de forma tão

arrebatadora a intensidade de seu amor por Ted. Será que tinha coragem para repetir as

 palavras que havia sussurrado, que haviam escapado de seu coração?

- Eu disse que...

Uma imagem chegou a ela como um raio. Com os pneus cantando, os dois zuniam no

carro que haviam acabado de estacionar. Percorriam em uma hora os 120km até Las Vegas e

entravam na primeira capela que encontrassem aberta para fazer casamentos na hora.

Piscou. Não, este não é um dos momentos em que devo confiar em meu instinto pra uma

decisão rápida e simples. Se fizesse isso, acabaria disparando na sua frente, na frente de

 Deus e de todas as outras pessoas.

- Eu disse que amo você, cochichou. Foi só isso.

- ‘Tá. Foi só isso? implicou Ted, pressionando as costas da mão contra o rosto quente

dela. Então por que você ‘tá corada?

- Foi o Sol? arriscou ela, levantando as sobrancelhas e se esforçando para demonstrar o

máximo de inocência.

- No inverno? Acho difícil.

Ted sorriu. Parecia estudar os detalhes do rosto dela. A mão dele foi até o topo da

cabeça. Com carinho, tocou no longo cabelo dela.

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- Ah, Kilikina, se você soubesse, disse, passando com carinho o dedo sobre os lábios

dela. Você nem imagina o que seu amor trouxe à minha vida. Você é a outra metade do meu

coração. Sem você, minha vida não passaria de uma sombra.

Aqui ele fez uma pausa e depois continuou:

- Amo você, Kilikina, você nunca vai saber o quanto. Muito mais do que você venha a

 pedir. Nada vai mudar meu amor, nunca.

- Ah, Ted, disse Cris, inclinando a cabeça na direção dele, e lhe ofereceu os lábios.

Ted aceitou a oferta e a beijou devagar. Exatamente nessa hora uma buzina alta soou

 bem na frente deles, destruindo aquele momento inesquecível.

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Ted e Cris se afastaram com relutância e olharam para a frente do carro. Viram

Douglas acenando animadamente para eles enquanto entrava com sua caminhonete amarela

 pela passagem estreita que levava à garagem da casa. Estacionou, desceu e foi até a janela de

Ted, que estava aberta, e comentou:

- É, parece que acabei de pegar vocês dois se agarrando na frente da minha casa.

- Não estávamos nos agarrando, disse Cris, sentindo o rosto voltar a ficar vermelho.

Douglas riu. O rosto dele se iluminou com a expressão marota que se tornara conhecida

de Cris com o passar dos anos. Era mais alto que Ted, mas, por causa do cabelo louro e do

sorriso travesso, poderia passar por um aluno do primeiro ano do ensino médio.

- Suponho que você vai me dizer que Ted estava apenas cheirando seu cabelo pra ver se

tem cheiro de maçã verde.

- Essa desculpa é sua, Douglas.

Ted deu uma olhada para Cris com um sorriso brincalhão tão charmoso quanto o do

amigo e prosseguiu, com naturalidade.

- Estávamos nos beijando.

Passou as costas da mão pelo rosto de Cris e falou:

- Essa é minha corada noiva. Vamos nos casar. Sabia disso, Douglas?

Douglas deu um soco no braço de Ted:

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- O mundo inteiro ficou sabendo ontem à noite. Vocês dois precisam voltar à Terra,

entrar e encontrar o pessoal. Trícia vai ficar empolgada quando vir vocês. A festa continuou

aqui em casa ontem, teve gente que passou a noite aqui. Rick vai fazer omeletes.

- Rick?

- É, ele ‘tá aqui. Foi tremendo ouvir o que Deus tem feito na vida dele. Ele e Katie nos

fizeram rir a noite toda.

- Katie?

- É, ela também ‘tá aqui. Selena, Paul, Vicki e Amy também estavam.

Douglas abriu a porta do lado de Ted. Vocês me ajudam a carregar as compras? Tive de

ir ao supermercado.

- Isso explica o paradeiro de minha amiga na noite passada, disse Cris.

Ted e Cris seguiram Douglas até a porta da casa, cada um carregando duas sacolas de

compras. O chalé aconchegante de Douglas e Trícia ficava a quatro quarteirões da praia e era

a única casa amarela com venezianas brancas em toda a rua. Tinha um quarto e um banheiro.

A sala de visitas se ligava à cozinha e havia um pequeno quintal, onde Trícia vinha se

esforçando para cultivar um canteiro de flores.

Assim que os três entraram, Katie pulou do sofá e deu um grande abraço em Cris.

- Você recebeu meu recado? Por que vocês não vieram pra cá ontem? Nós nos

divertimos muito comemorando o noivado. Vocês tinham de ter participado. Telefonei ontem,

mas só dava ocupado.

Katie parecia ainda mais cheia de energia do que o normal.

- Eu estava falando com meus pais, explicou Cris.

Pegando uma das sacolas da mão da amiga, Katie perguntou:

- Eles ficaram surpresos com a notícia do noivado?

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- Não. Ted falou com meu pai antes e pediu que ele e manha mãe nos dessem sua

 bênção.

- A conversa foi mais um pedido de permissão, falou Ted.

- Permissão ou bênção, meu pai deu os dois. Eles estavam esperando meu telefonema.

Ficaram emocionados. Minha mãe até chorou. Depois telefonei para os meus tios.

- Eles sabiam que Ted ia fazer o pedido ontem?

- Não, mas não foi surpresa. Também estão muito felizes por nós.

Cris chegou à cozinha da compacta casa de Douglas e Trícia e foi recebida por um

sorriso caloroso de Rick.

- Todos estamos muito felizes por vocês, disse Rick, passando o braço pela frente de

Katie e estendendo a mão para apertar a de Ted. Um futuro brilhante espera por vocês.

Cris reparou que, embora continuasse alto, moreno e bonito, Rick abandonara a

arrogância do tempo do colégio, quando parecia considerar a si mesmo um príncipe. Ao lado

de Katie, na cozinha acolhedora de Douglas e Trícia, ele era uma pessoa comum. Katie

cortara o cabelo, que estava curto, macio, leve, em um estilo bem pessoal. Isso e o brilho em

seus olhos verdes prenderam a atenção de Cris.

- Onde estão os outros? perguntou Douglas, tirando as muitas compras das sacolas.

- Trícia foi tomar banho. Paul teve de ir trabalhar. Selena, Amy e Vicki voltaram para a

universidade porque vão para o Oregon, pra passar o Natal em casa, respondeu Katie.

A expressão de Katie se iluminou um pouco mais quando ela se voltou para Cris.

- Puxa, vocês tinham de ter vindo pra cá ontem. Conversamos a noite toda. Foi

tremendo.

- Ah! disse Rick, cutucando o braço dela. Você andou conversando demais com o

Douglas. ‘Tá começando a dizer “tremendo”.

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- Posso ajudar? ofereceu Cris.

- Com certeza, respondeu Rick. Veja se encontra uma bacia maior do que esta aqui.

- Acho que a Trícia guarda as tigelas aqui.

Cris abriu um armário enquanto a gargalhada espontânea de Katie enchia o ambiente.

 Ninguém conseguia manter a seriedade quando ela dava sua risada espontânea. O riso dela

continha o som da alegria em seu estado mais puro, feliz e leve, de modo que contagiava a

todos que o ouviam.

Cris se voltou e viu que Katie segurava dois aventais que encontrara em uma gaveta.

- Este é o seu, disse ela a Rick. E este aqui é o meu.

Rick vestiu um avental amarelo de babados, com a cintura enfeitada por flores em tons

 pastel. Quase não conseguiu amarrar. Katie voltou a rir. Fazendo eco à gargalhada fina dela,

vieram as notas baixas de um concerto de alegria de Rick. Cris nunca havia visto o rapaz rir 

de forma tão plena e genuína.

O avental de Katie era de sarja, com listras. No peitilho estava escrito: Deposite Todas

as Reclamações Aqui. Uma seta indicava um bolso minúsculo que comportava um número

mínimo de reclamações.

- Proponho uma troca, disse Rick.

- De jeito nenhum!

Cris colocou a tigela grande em cima do balcão e perguntou:

- Que mais eu faço?

- Precisamos de pratos falou Rick. Será que você encontra seis?

O armário estava vazio, então Cris tirou os pratos limpos da lava-louças enquanto Rick 

e Katie punham mãos à obra. Em poucos instantes, deixaram a cozinha parecendo com as dos

 programas de culinária da televisão. Puseram cogumelos para cozinhar em uma frigideira

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 pequena e linguiça, em uma outra maior. Espalharam tigelas e vários instrumentos de

culinária por toda parte.

- Vamos fazer uma linha de montagem e assim cada um pode escolher como quer sua

omelete, explicou Rick. Cris, se você quiser, pode ralar o queijo.

Cris pegou seu serviço e levou para a mesa da cozinha, para não atrapalhar os

cozinheiros. Observava espantada Rick e Katie trabalhando juntos, como se viessem

ensaiando essa dança culinária há vários anos.

Ted, assentado no sofá da sala, dedilhava o violão de Douglas. Cris não reconheceu a

melodia e ficou imaginando se seria a música em que o amigo trabalhara durante a noite.

Então, como se sentisse o olhar dela sobre ele, Ted olhou para ela. Um sorriso foi

surgindo nos lábios dele, que continuou tocando e depois movimentou os lábios, como se

falasse uma palavra, mas ela não entendeu.

Cris mostrou com o olhar que não havia entendido.

Ele voltou a mover os lábios: “Janeiro”.

Cris abriu um sorriso brilhante como o Sol. Você ouviu lá no carro, não foi, Ted? Ouviu

quando cochichei “Janeiro” pra você. Bom, sei que é impossível organizar uma cerimônia de

casamento até Janeiro, mas talvez a gente consiga pra fevereiro. Podemos nos casar logo

depois da sua formatura. Eu só teria mais um semestre na universidade e...

Douglas voltou para a sala e impediu que ela continuasse vendo Ted.

Que maluquice é essa? Fevereiro ‘tá perto demais. Podemos esperar até julho, não

 podemos?

Douglas começou a tocar sua nova música. Cris trouxe o pensamento para o presente.

Um calor gostoso e confortador tomou conta dela quando a voz familiar de Douglas encheu a

casa aconchegante onde aqueles bons amigos se reuniam.

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“Quando o Senhor nos uniu

 Ficamos como aqueles que sonham

 Nossa boca se encheu de riso

 Nossa língua de cânticos de alegria,

 Então alguém disse:

O Senhor tem jeito grandes coisas para eles.

Sim, o Senhor tem jeito grandes coisas para nós,

 E estamos cheios de alegria.”

- Que música linda! comentou Katie.

- Em que versículos você se inspirou? quis saber Ted.

- Salmo 126, informou Douglas. E aqui ‘tá o problema, bem nesta linha. Não sei como

fazer uma transição suave de “Quando o Senhor nos uniu” para “Ficamos como aqueles que

sonham”. A passagem ‘tá abrupta.

Cris parou de ralar o queijo.  Puxa, isso é verdade, Douglas. Você não sabe, mas esse

 problema ‘tá me incomodando desde cedo. Como dois sonhadores conseguem fazer uma

transição suave quando o Senhor os une?

Desejou que ele tocasse a música inteira de novo. Queria ouvir a parte que falava de

Deus fazendo grandes coisas e as pessoas ficando repletas de alegria.

 Nesse exato instante a porta do banheiro abriu e a pequena Trícia surgiu, trazendo no

rosto em formato de coração um sorriso imenso.

- Oi! saudou ela Ted e Cris.

- Oi, tudo bem? cumprimentou-a Ted, movendo o queixo para cima.

Cris se levantou e foi abraçar a amiga. Assim que colocou os braços em torno dela,

Trícia cochichou em seu ouvido:

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- Sabe de uma coisa? Estou grávida!

- O que?! gritou Cris, enquanto se afastava e observava o rosto de Trícia para ter certeza

de que ouvira bem.

- Trícia, disse Douglas, censurando-a, você contou?

- Contou o quê? perguntou Katie lá da cozinha.

Todos os olhares se voltaram para Trícia.

- Nós íamos esperar todo mundo assentar pra comer.

Douglas entregou o violão para o Ted e se aproximou da esposa, que estava ao lado de

Cris, mordendo o lábio inferior.

- Desculpe, amor! Eu não pretendia falar nada, mas escapou, confessou Trícia.

Douglas passou o braço pela cintura dela e a contemplou com devoção inabalável.

- Então continue, amor. Conte pra todo mundo.

- Você conta, disse ela.

- Ah, agora você ficou tímida. Douglas riu e abraçou-a. É que parece que o Senhor 

resolveu nos abençoar com um bebê.

Um grito de alegria veio do grupo. Todos se aproximaram para abraçar o casal e dar os

 parabéns.

Ted atravessou a sala em quatro passos e passou o braço em torno de Cris. Deu um beijo

na têmpora dela, acima da orelha direita. Ela sabia que ele estava pensando o mesmo que ela:

um dia, querendo Deus, seriam eles a contar novidade semelhante à dos amigos.

- Estou sentindo o cheiro de alguma coisa queimando, Trícia informou.

- É o azeite na panela, disse Rick, retornando rápido para o fogão. Vou desligar.

- Você abre a janela na frente da pia? pediu Trícia.

- Enjôo, explicou Douglas. Ela só volta a se sentir bem lá pelas duas da tarde. ‘Tá muito

sensível a odores fortes.

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Cris reparou em como Trícia sempre desviava a conversa, quando ela própria era o foco

da atenção. Trícia não gostava de ser o centro, ficava mais à vontade ouvindo os amigos ou

dando a eles seus conselhos carinhosos. Cris queria pedir a ela muitas informações sobre

detalhes do noivado e do casamento, mas achou melhor esperar até poderem conversar 

sozinhas.

- Cozinhar é um dos meus talentos ocultos, disse Rick respondendo a pergunta da

Trícia.

- Não me lembro de ouvir ninguém dizer que você cozinhava quando você, Douglas e

Ted moravam juntos naquele apartamento em San Diego, comentou Trícia.

Rick achou graça.

- Não cozinhava porque nunca tinha comida em nossa casa!

- Tem toda razão, concordou Ted.

- Amém! confirmou Douglas.

- Aprendi um pouco no restaurante em que trabalhei.

- O Pára-Quedas Azul, contou Katie.

Rick se surpreendeu:

- Isso mesmo. Como você sabia disso?

- Fomos lá uma noite, depois do estudo bíblico no apartamento de vocês, lembra? Eu e a

Cris fomos até San Diego, você estava no hospital quando chegamos, tinha torcido o punho.

- É, foi mesmo, disse Rick, que, aparentemente, tinha dificuldade para se lembrar 

daquela noite. Vocês foram até lá, e nós passeamos no zoológico.

Cris recordava bem da ocasião porque na noite do estudo bíblico ela vira Rick beijar 

Katie e no dia seguinte, no zoológico, ele a tratara de maneira terrível. Agira como se não

tivesse acontecido nada entre eles na noite anterior.

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Cris reparou na resposta da amiga. Ela havia dito “nos”, indicando ela e Rick. Os dois

 pretendiam ir juntos, e a feira só aconteceria em fevereiro.

- Você ‘tá pronta? perguntou Rick a Cris.

 Não. Não estou pronta pra aceitar você e Katie fazendo planos juntos com tanta

naturalidade, Rick Doyle. Ela pode ter perdoado o jeito como você a tratou naquela época,

mas você vai ter de provar pra mim que merece retomar um relacionamento íntimo assim

com minha melhor amiga.

Rick apontou para a frigideira e repetiu a pergunta:

- ‘Tá pronta pra pedir sua omelete? Diga que recheio você quer.

- Ah! Só queijo.

- Só?

Cris fez sinal afirmativo com a cabeça.

- Não se preocupe, falou Katie. Minha omelete vai lhe dar oportunidade de demonstrar 

toda a sua habilidade culinária.

- Assim que eu gosto! disse Rick.

Ele lançou um grande sorriso para Katie. Mas o tom de sua voz não era manipulador 

como o que ele usava no colégio. As palavras, a entonação e a expressão do rosto, tudo

demonstrava sinceridade e carinho.

E isso fez subir um arrepio pela espinha de Cris.  Katie, minha amiga, nós daas

 precisamos ter uma conversinha.

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- Ah, e tenho de falar uma coisa. Rick quer ir com a gente para o México na semana que

vem, então precisamos contar uma pessoa a mais na hora de fazer as compras para as

refeições. Ele disse que vai nos ajudar com a comida. Sugeriu que a gente fizesse macarrão.

- Katie...

- Eu falei que você provavelmente já tinha feito a lista. Se você quiser, posso pedir a ele

 pra ir fazer as compras conosco. Tenho certeza de que ele...

- Katie!

- O que foi?

Katie voltou-se e encarou Cris, e quando encontrou o olhar da amiga, todo seu

semblante mudou.

- Ah, não. Você não vai fazer isso. Conheço esse olhar.

Katie fechou a boca com firmeza e abaixou a cabeça.

- Que olhar?

- Sei exatamente o que você vai me dizer.

Cris soltou uma risadinha nervosa. Não sabia que era tão transparente. Claro que sua

 preocupação com Katie estava evidente em seu rosto.

Katie colocou a bolsa de ginástica no chão e cruzou o quarto em três passos.

- Você vai me perguntar se pensei bem e se acho que é uma boa idéia passar tanto

tempo com o Rick.

- Bom...

Cris hesitou. Katie estava totalmente certa, mas Cris não queria admitir.

- E sabe de uma coisa? disse Katie, colocando as mãos nos quadris. Não vou deixar 

você me perguntar nada disso agora, porque não fiz nada pra tudo isso acontecer. Você sabe

que não fiz. Simplesmente aconteceu. Rick estava lá, no Ninho da Pomba, e o pessoal fez uma

 brincadeira comigo: a turma falou para o Rick me convidar pra sair com ele. Mas a piada é

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que... os olhos de Katie brilharam com lágrimas e a voz dela falhou... não é piada. É a coisa

mais maravilhosa e surpreendente que já aconteceu comigo, Cristina Miller, e você não vai

analisar e atrapalhar tudo!

Cris engoliu todas as palavras de cautela que estavam na ponta da sua língua. Manteve

os lábios fechados, sem ousar emitir um único som.

- Obrigada, disse Katie e se virou, com a cabeça levantada. Muito obrigada, minha

melhor amiga. Esse é o melhor presente que você poderia me dar agora.

Em seguida, agarrou a bolsa e fez um sinal com a cabeça, mostrando a Cris que deveria

segui-la.

- Venha, o Rick quer falar com você, lembra?

Cris seguiu a amiga em silêncio, perguntando a si mesma se havia agido certo ao se

calar sobre suas apreensões.

Estavam na metade do corredor do alojamento quando Katie falou:

- Se for coisa de Deus, vai durar. Se não, vai acabar. Sei disso porque nunca estive tão

aberta à direção divina na minha vida quanto agora. Acho que isso também ‘tá acontecendo

com o Rick. Nenhum de nós dois forçou pra tudo isso acontecer. Simplesmente ‘tá

acontecendo e será o que tiver de ser.

Cris assentiu e uma calma surpreendente tomou conta dela. Por alguma razão, lembrou-

se de como Tia Marta sempre havia tentado controlar sua vida social e como a interferência

era desagradável. Se tivesse dado ouvidos à tia, Cris jamais teria cultivado a amizade com

Katie, mas Marta não era dona da verdade.

 A última coisa que desejo é adotar a mesma atitude controladora da minha tia

- Eu amo você, Katie, disse Cris na hora em que as duas estavam chegando ao hall de

entrada do alojamento.

Katie deu um grande sorriso:

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- Também amo você.

- Ei, Cris! saudou-a Rick quando as duas foram na direção dele. Tenho uma coisa que

quero entregar pra você. Eu ia mandar pelo correio. Tirou um envelope do bolso traseiro da

calça. Mas tinha esperança de conseguir entregar pessoalmente. Acho que a oportunidade que

eu estava esperando chegou.

- Quer que eu deixe vocês sozinhos? perguntou Katie.

- Não. Não me importa que você ouça o que tenho a dizer, Katie. Isto é, se Cris também

não se importar.

- Não. Ta tudo bem.

- Creio que vocês duas sabem que tenho me esforçado pra acertar meu relacionamento

com as pessoas que magoei no passado e...

Aparentemente, Rick ficou sem palavras. Estendeu o envelope amassado para Cris. Esta

se sentiu nervosa, como ele também parecia estar.

- Rick, você não precisa me pedir perdão por nada. Acertamos tudo há muito tempo. Eu

não... principiou Cris.

- Não posso dizer que acertamos tudo, disse Rick. Eu, bem, fui muito tolo e cruel

quando... é... sabe...

Ele respirou fundo e continuou:

- Quando namoramos, Cris, eu roubei sua pulseira de ouro, ou melhor, a pulseira do

Ted. Quer dizer, a pulseira que ele deu pra você.

Cris mordeu o lábio inferior. Ela havia perdoado Rick muito tempo antes, mas vê-lo tão

atormentado enquanto fazia sua confissão trouxe de volta emoções para ela também.

- Eu me arrependo muito, Cris. Agi errado. Sei que você me perdoou, mas também sei

que você e Douglas pagaram pr recuperar a pulseira na joalheria em que a vendi.

Cris reparou que a testa dele brilhava com suor enquanto ele continuava:

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- Já acertei tudo com o Douglas e agora gostaria de acerta com você. Por favor, Cris,

aceite isso com meu pedido de perdão.

Os profundos olhos castanhos dele imploravam perdão.

- Muito obrigada, Rick. Eu já o perdoei, como você mesmo disse.

- Mas quero que você fique com o que ‘tá dentro do envelope, declarou Rick. Prometa

que vai guardar o que ‘tá aí.

- ‘Tá bom, eu prometo. Muito obrigada.

Rick fez sinal afirmativo com a cabeça. Parecia aliviado.

- Eu, hã...

Cris voltou a se sentir embaraçada. Não queria abrir o envelope na frente dos dois e

também não desejava prolongar a conversa.

- Acho melhor não fazer vocês demorarem mais. Ainda vão percorrer um longo

caminho hoje, disse ela.

- É, acho melhor a gente ir, disse Rick, pegando a bolsa de ginástica e a mochila da

Katie. É só isso?

- É, informou Katie. Agora eu sempre levo pouca bagagem, graças à influência da

minha melhor amiga. Cris me mostrou as vantagens de viajar com pouco peso quando

estávamos na Europa.

- Quero saber mais sobre essa viagem, disse Rick. Vocês foram à Itália, não foram?

- Fomos.

- E à ilha de Capri?

- Também.

Katie adivinhou a pergunta que ele faria a seguir.

- E sim, fomos à Gruta Azul da qual você fala tanto.

- Foram? perguntou, e a expressão dele se iluminou.

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- Fomos, disse Katie, com um sorriso para Cris. Cris e Ted amaram, mas eu achei escura

e fria. Achei que elogiam mais do que o lugar merece. Quer dizer, se pensar bem, não passa

de uma caverna escura, com água e um bando de homens de chapéu cantando alto em italiano.

Rick ficou de boca aberta.

Cris deu uma gargalhada.

 Rick, diria que você acabou de tomar uma grande dose da verdadeira Katie.

Recuperando a compostura, Rick falou:

- Você tem razão, Katie. Não passa de uma caverna escura com água e cantores

italianos que alugam barcos. Acho que o que torna a caverna romântica é a pessoa que ‘tá

com você.

- Ah, se você quiser falar em romantismo, disse Katie, dirigindo-se para a porta, então

vamos falar de Veneza. Amei Veneza. Você fez o passeio de gôndola quando esteve lá?

Aquilo que é um passeio de barco em alto estilo.

- Vocês fizeram o passeio de gôndola?

Rick seguiu Katie rumo à porta.

Ela foi contando os detalhes da aventura, e Rick se virou e sorriu para Cris:

- A gente se vê depois.

- Eu telefono pra você amanhã, disse Katie, acenando sobre o ombro. Vamos pra casa

depois da igreja; você também?

Cris assentiu.

- Eu telefono, falou Katie.

Cris acenou.

- Tchau. Tomem cuidado na estrada.

Ao se dirigir para seu quarto, Cris repreendeu a si mesma.

Tomem cuidado? Por que estou falando como se fosse mãe deles?

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De volta ao sossego de seu quarto, pegou o telefone e ligou para o Ted. Pela voz dele

dava para saber que ela o havia acordado, mas mesmo assim fez a pergunta óbvia:

- Você estava dormindo?

- Tudo bem. O que aconteceu? Você ‘tá bem?

Cris resumiu a conversa com Katie e Rick. Mas, antes que mencionasse o envelope, Ted

comentou:

- É isso que acontece quando Deus age na vida da gente. Sempre temos de deixar 

espaço para o inesperado.

Cris pensou que na vida do Ted sempre havia muito espaço para o inesperado. Parecia

até que ele procurava surpresas, como quando levou o lanche para o mendigo, naquela manhã.

- Não sou muito boa nisso. Não deixo tempo em minha agenda nem em meus

compromissos de todos os dias pra Deus fazer suas surpresas.

- Não há problema, disse Ted, acho que Deus vai encontrar formas de surpreender você

mesmo sem você ajudar.

- Ele fez exatamente isso hoje, disse ela, e contou sobre o envelope que Rick havia lhe

dado.

- Você ainda não abriu?

- Não, nem sei se quero abrir. De certa forma, gostaria de jogar fora e dar o assunto por 

encerrado.

- Mas Rick não fez você prometer que iria guardar?

- É, eu prometi.

- Você não tem de abrir agora, raciocinou Ted. E também não precisa me contar o que

tem lá dentro, mas tem de cumprir a promessa que fez ao Rick.

- Tem razão, disse ela, baixinho. Vou cumprir. Acho que o melhor, agora, é me deitar e

dormir um pouco.

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- Sou eu, David. Posso entrar?

Abriu a porta e deixou seu irmão de treze anos entrar e seu domínio particular.

- Oi. Tudo bem?

Deu-lhe um abraço rápido, pois ele nunca fora muito amigo de agarramentos.

- Mamãe falou que você vai se casar, disse ele.

David já estava quase com a mesma estatura da Cris, 1,70m, mas estava ficando mais

encorpado nos ombros. O cabelo dele sempre tivera o tom avermelhado como o do pai deles,

mas agora estava mais louro, e Cris ficou abismada ao notar como ele parecia mais velho.

- Cadê seus óculos? perguntou.

- Mamãe não contou? Quebrei os óculos duas vezes no skate este ano. Aí falei pra ela e

o papai que só queria um presente de Natal: lentes de contato. Peguei ontem e mamãe disse

que eu podia começar a usar porque quero me acostumar com elas durante os feriados.

- Puxa, David, você cresceu tanto! ‘Tá tão bonitinho! Não, bonitinho, não, um gato,

disse Cris, dando um grande sorriso para o irmão. David, você ‘tá lindo demais!

Ele deu um sorrisinho desajeitado e falou:

- Fico feliz por você não ser daquelas pessoas que julgam os outros apenas pela

aparência.

Cris riu.

- E ainda por cima tem senso de humor! David, quando foi que você ficou tão legal?

- Sempre fui legal, Cris.

Ela deu outra gargalhada e o abraçou de novo, embora ele não parecesse estar à vontade

com tantos elogios e abraços.

- Mamãe contou que estou participando de um grupo de skatistas evangélicos?

- Não, respondeu Cris se jogando na cama. Onde são as reuniões?

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- Do jeito que você fala parece que temos um clubinho ou alguma coisa assim, disse

David, encostando-se na porta fechada. A gente se encontra na pista de skate. Tem um cara da

igreja que vai lá toda quinta-feira às quatro e meia e a gente assenta com ele em algum lugar e

ele faz um estudo bíblico. Estou aprendendo muito.

- Você tem uma boa Bíblia? perguntou ela.

Cris estava com David quando ele entregou a vida a Deus, enquanto Ted estava no

hospital, mas agora via que não tinha se esforçado para acompanhar o crescimento espiritual

dele. Sabia que ele ia à igreja com os pais e agora estava alegre de saber desse estudo bíblico

com os amigos do skate. Mas, como ainda não comprara o presente de Natal dele, parecia

uma boa idéia dar-lhe uma Bíblia.

- Não.

- Quer uma? perguntou Cris.

- Acho que sim. Quer dizer, tenho uma daquelas para crianças. Ganhei quando tinha

oito anos, mas ela tem figuras e não vou levá-la à pista de skate.

Cris recordou o dia em que ganhou sua primeira Bíblia “de verdade”, presente de Ted e

Trícia, em seu aniversário de quinze anos. Na hora, não tinha achado muito bom. Decidiu que

compraria para David uma versão atualizada como presente de Natal, mas que lhe daria mais

um presente.

- Então vocês vão se casar mesmo? perguntou David de novo.

- Vamos.

O sorriso de Cris ficou mais largo. Tirou os sapatos e dobrou as pernas debaixo do

corpo, ajeitando-se confortavelmente em sua antiga cama.

- Quando?

- Ainda não decidimos.

- Mamãe disse que, provavelmente, vai ser daqui a um ano.

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- Não sei o que a gente fala quando alguém fica noivo, mas... bem, estou feliz por vocês.

Estou alegre por vocês se casarem.

 Num impulso, Cris avançou e deu um beijo no rosto de seu irmão, e disse-lhe:

- Muito obrigada, David. Eu amo você.

Ele recuou e ficou corado.

- É, eu também.

Com o coração leve, Cris abriu a porta do quarto e partiu para enfrentar sua temível tia.

O irmão, envergonhado, arrastou-se pelo corredor atrás dela.

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5

- Finalmente apareceu! exclamou Marta quando Cris e Davi entraram na sala.

Ted estava enfiado no meio do sofá entre Marta e a mãe de Cris, com uma pilha de

revistas de noivas no colo. Não fosse pela expressão chocada dele, Cris teria dado a maior 

gargalhada. Naquele momento e naquele lugar ele entenderia quantos detalhes estão

envolvidos no planejamento de uma cerimônia de casamento.

- Acabei de contar ao Ted que enviamos para a coluna social do jornal daqui e também

da cidade de vocês copias daquelas fotos que Bob tirou de vocês dois no Dia de Ação de

Graças, disse Marta. O anúncio do noivado vai sair este fim de semana. Ah, tomei a liberdade

de escrever uma nota sobre a história de vocês.

- Foi rápido, comentou Cris.

- Era a hora perfeita, na verdade, com o Natal nesta semana. Não quis perder a

oportunidade de pôr a notícia a tempo.

Cris concordou e lançou um sorriso de encorajamento a Ted.

- Vou beber água. Alguém quer alguma coisa?

- Eu quero, respondeu Ted com a voz espremida.

Cris não conseguiu evitar outro sorriso. Coitado do meu Ted. Acho que ele não ‘tá

 preparado pra isso, mas sei que o contato com e a realidade vai fazer bem a ele.

Dirigiu-se para a cozinha e ouviu seu pai e Tio Bob conversando.

- Cristina, não nos abandone! gritou Marta. Mal comecei a falar sobre os preparativos!

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- Volto logo.

- Tenho só uma pergunta, disse o pai de Cris enquanto ela pegava dois copos no

armário. Você e Ted já pensaram na data do casamento?

- Quanto antes, melhor, falou Tio Bob, levantando a garrafa de água mineral como se

fosse propor um brinde.

- Você andou conversando com Ted? perguntou Cris ao tio e foi colocar gelo nos copos.

- Não, ainda não, mas vou dizer a ele a mesma coisa que vou falar pra você agora e que

acabei de dizer ao seu pai. Não se preocupem com dinheiro. Eu e Marta teremos a maior 

alegria em ajudar.

- Sua mãe acha que seria melhor vocês esperarem até o Natal do ano que vem, informou

o pai de Cris.

- Fiquei sabendo disso. E você, pai, o que acha?

Ele era um homem grande e tranquilo que preferia pensar muito antes de fazer 

comentários. A expressão dele revelou que se sentia honrado por ela perguntar a opinião dele.

- Bom, você sabe o que penso sobre o privilégio de concluir um curso superior. Nem eu

nem sua mãe tivemos essa oportunidade.

- Eu sei, disse Cris. E concordo. Já disse ao Ted que é melhor a gente só se casar depois

que eu me formar.

- Falta muito pouco pra você concluir seu curso, lembrou Bob. Não vejo motivo pra

você não fazer o último semestre depois do casamento. Poderia até mesmo ficar sem estudar 

no próximo semestre, casar depois da formatura do Ted, em janeiro, e voltar pra concluir o

curso no outro semestre.

- Ei, vocês aí! chamou Marta, lá da sala. Estamos esperando aqui. Vocês estão falando

sobre o casamento sem mim?

- Estamos, exclamou Cris, num ímpeto.

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O tio sorriu e fingiu fazer outro brinde.

- Corre lá, linda!

Cris fez um aceno com a cabeça para que o pai e o tio a seguissem, levou os dois copos

de água para a sala e entregou um a Ted.

- Venham, vocês dois precisam participar também.

- Assente-se aqui, disse Marta, estendendo uma revista grossa para Cris e apontando a

fotografia de um vestido de noiva com uma saia ampla. Estava folheando esta revista no

caminho para cá e imaginei se você já pensou nesse tipo de véu. Presumi que você vai prender 

o cabelo para mostrar bem o rosto.

Cris colocou a revista no chão e sorriu para o Ted.

- Vou colocar flores no cabelo.

Ted devolveu o sorriso e a expressão de pânico congelada no rosto dele começou a se

desfazer.

- Não vejo problema em acrescentar algumas flores na parte da frente desse véu, falou

Marta retomando a revista e analisando a fotografia.

- Tia Marta, na verdade ainda não estamos prontos pra conversar sobre isso.

A tia olhou para Cris.

- Tem razão. Vamos em ordem de importância. Ted me disse que vocês começaram a

 procurar alianças, mas que ainda na chegaram a nenhuma decisão. Tenho certeza de que você

sabe que vai ser difícil conseguir que ajustem as alianças antes do Natal, mas imagino que é

 possível, se escolherem hoje ou amanhã de manhã, o mais tardar. Presumo que você vai

ganhar anel de noivado no Natal.

- Marta, disse Tio Bob com firmeza, deixe que eles façam tudo no ritmo deles. No

caminho você me disse que ia ouvir o que eles têm a dizer e se oferecer pra ajudar no que eles

 precisarem. Acho que o melhor é deixarmos que eles falem.

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Como se tivesse sido combinado antes, soaram passos na varanda, seguidos pelas vozes

de um casal de cantores natalinos entoando a plenos pulmões:

- Feliz Natal a todos, feliz Natal!

- As pessoas ainda costumam fazer isso? estranhou Marta.

Cris foi abrir a porta. Lá estavam Rick e Katie, sorrindo e cantando com alegria.

- Ho, ho, ho! Você não notou? A coroa despencou! recitou Katie, segurando uma

guirlanda.

Cris convidou os dois a entrarem.

- Ela não caiu, ainda não a penduramos, informou Cris. Eu e Ted a compramos no

caminho. Deixei na varanda para as folhinhas do pinheiro não sujarem o carpete.

- Ih! Katie voltou e recolocou a guirlanda no chão da varanda. Desculpe.

- Rick? perguntou Marta, lá do sofá. Rick Doyle? Puxa, não vejo você há anos!

- Eu fiquei me perguntando se seria mesmo o carro de Bob e Marta parado aí na frente,

cochichou Katie baixinho.

Cris assentiu e sussurrou:

- Vocês não poderiam ter escolhido hora melhor pra chegar!

Rick entrou na sala de visitas, onde Tia Marta o recebeu com uma longa sequência de

 perguntas.

Ela olhou por trás de Cris para ver quem tinha chegado com Rick.

- Ah, oi, Katie. Suponho que você já saiba das novidade sobre Ted e Cris.

- Não, disse Katie bem séria. O que aconteceu com eles? Ganharam na loteria?

- Ela sabe, falou Cris, dando um beliscão escondido no braço da amiga.

- Ai!

- Ela e Rick estavam lá quando fiz o pedido, contou Ted.

- Rick, você estava lá?

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Cris olhou para Ted, que se levantou para ajudar a mãe dela a limpar a mesa da

cozinha. Achou que deixar o terreno das decisões do casamento seria bom, e poderiam se

divertir cantando pelas ruas.

- Você decide, disse Ted, se inclinando para Cris quando passou perto dela. Daqui à

casa de seus tios é uma hora e meia. Acho que eles gostariam de conversar mais um pouco

conosco antes de irem embora.

Cris pediu licença, levantou-se e seguiu Ted até a pia, que ficava a menos de três metros

de onde o grupo todo estava. Em voz baixa, perguntou:

- Você ‘tá sugerindo que a gente decida a data do casamento agora, só pra agradar 

minha tia?

- Não é isso.

- Acho que precisamos conversar um pouco mais, prosseguiu Cris. A decisão tem de ser 

nossa. Minha e sua.

- Concordo, disse Ted.

- Então o que vamos dizer a eles?

- Depende. Quer ir cantar com Rick e Katie?

- Claro. E você?

Ted encolheu os ombros e respondeu:

- Tanto faz.

Exatamente nessa hora a mãe de Cris se aproximou da pia com mais pratos.

- Vocês vão sair pra cantar?

- Acho que sim, respondeu Cris, sem convicção.

- Não somos obrigados a ir, disse Ted, baixinho.

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- Acho que seria bom, falou Cris, dando mais um passo em direção a seu alvo de ser 

mais decidida. Afinal, ‘tá chegando o Natal. Devemos celebrar o nascimento de Cristo, e não

tentar resolver todos os detalhes do nosso casamento em uma tarde.

Cris pensou que essa declaração fazia todo sentido. Entretanto, mais tarde, quando ela e

Ted estavam lado a lado cantando “Noite de Paz”, entendeu que a decisão havia provocado

uma noite pacífica demais na casa de seus pais. Bob e Marta partiram; ela, controlando a

raiva. Bob disse:

- Quando vocês estiverem preparados, basta dizer como querem que ajudemos.

David reapareceu e anunciou que pretendia ir ao cinema com Ted. Percebendo que todo

mundo ia sair, a mãe de Cris guardou de volta no armário uma pilha de jogos que havia

 preparado. E, quando estavam na metade do percurso dos cânticos, Ted começou a tossir.

Ficou em silêncio nas duas últimas paradas e disse que a garganta dele doía, não dava para

cantar.

Quem mais se divertiu foram Rick e Katie. Pareciam íntimos demais enquanto partiam

de uma casa para outra, rindo o tempo todo:

- Ho, ho, ho.

 Isso foi um grande erro. Deveríamos ter ficado em casa, quentinhos, mesmo tendo de

enfrentar minha tia por mais algumas horas. Claro que ela ficou contrariada por ir embora

 sem respostas.

Cris lembrou-se do comentário da tia sobre o tempo necessário para ajustar um anel. Iria

demorar ainda mais para fazer um sob medida.

 Não podíamos estar aqui. A gente devia ter ido ao shopping, ver anéis nas joalherias.

Talvez alguém já tenha fabricado um anel como o que ‘tá em minha mente. Eu só preciso

encontrá-lo.

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examinou um pequeno trenó pendurado em um dos ramos. Ao lado dele havia uma maçã

 presa com uma fita xadrez em vermelho e branco.

Cris ia retornar para a cozinha quando reparou em um envelope preso com uma fita

listrada de vermelho, pendurado em um dos ramos mais baixos da árvore. Trazia o nome de

David, mas, por algum motivo, fez com que ela se lembrasse do envelope que Rick lhe dera.

 Não abri o envelope. Nem sei onde o coloquei.

- Cristina! chamou Marta, lá da cozinha. O café esta pronto.

Cris respirou fundo e se dirigiu para a cozinha. Ted, seus pais e Marta já estavam

assentados, esperando por ela.

Assim que Cris levou a cadeira para perto da de Ted, Marta partiu para a ação.

- Devo começar dizendo que tomei a liberdade de telefonar para o meu clube essa

semana e descobri que, por milagre, houve um cancelamento para o último fim de semana de

 junho. Claro que fiz a reserva. Tive de fazer um deposito considerável, mas, como vocês

 podem imaginar, só havia outra vaga no final de novembro e...

- Espere um pouco, interrompeu Cris. Vaga pra quê? Do que você ‘tá falando?

Marta apontou o primeiro item da agenda impressa que estava sobre a pilha de papéis

em frente de cada cadeira.

- Reserva para a recepção do casamento de vocês. Não conheço lugar mais agradável

 para a recepção do que o Country Clube de Newport. Vocês conhecem?

Cris lançou um olhar atônito para sua mãe, assentada na cadeira à sua frente.

A mãe falou:

- Eu e seu pai achávamos que vocês iriam se casar em nossa igreja, em Escondido. A

recepção poderia ser no ginásio. Lá na igreja tem muitas mesas redondas e as toalhas seriam...

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Você sabe disso. Faria qualquer coisa por você, lhe daria qualquer coisa. Mas você nunca

demonstrou a menor consideração nas coisas que são mais importantes para mim. Essa foi a

última vez que ouvi você espiritualizar uma situação.

Levantou-se e apoiou-se na mesa. Os nós de seus dedos ficaram brancos com a força

que fez. Então continuou:

- Não estamos tratando aqui de sua visão celestial sobre todos os assuntos. Trata-se do

casamento da minha única sobrinha. Estou oferecendo meu tempo e meus recursos para

ajudar criar um dia inesquecível para vocês. E o que recebo em troca? Desrespeito, falta de

consideração e de educação. Bem, isso é o que penso?

Ted ficou em pé.

- Você tem razão, a voz dele falhou e se transformou um cochicho mais alto. Não dei

valor ao seu grande esforço. Sinto muito. Gostaria de pedir perdão pela insensibilidade e

desconsideração diante de tudo que você faz por mim e pela Cris.

Marta não sabia como reagir. Permaneceu rígida e fitou como se tentasse descobrir se

ele estava sendo sincero ou se mais uma tática espiritual para acabar com as defesas dela.

Ted esperou. A expressão em seu rosto demonstrava sinceridade e expectativa.

Marta continuou a olhá-lo fixamente, com a mandíbula cerrada.

- Ho! Ho Ho! ouviu-se uma voz alegre e a porta da garagem foi aberta. Papai Noel e seu

ajudante chegaram! Trouxemos um jantar de qualidade pra vocês! E esperem até ver a

sobremesa...

Bob parou imediatamente e analisou o impasse em torno da mesa da cozinha.

- O que aconteceu? perguntou David, que veio logo atrás de Bob, carregando uma

grande caixa branca com o bolo.

Marta inclinou um pouco a cabeça e, em voz baixa, disse:

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Aparentemente, Marta se acalmara. David foi assistir à televisão, Bob trouxe o chá para

Cris e Ted e depois passou a trabalhar em silêncio na cozinha enquanto Marta percorria o

restante da lista. A apresentação dela durou quinze minutos, sem interrupção. Ninguém mais

disse nenhuma palavra. Ninguém concordou, nem discordou, nem a contrariou em nenhum

dos outros sete itens. De volta aos primeiros dois pontos, apresentou suas opiniões com

entusiasmo.

- Como já mencionei, me adiantei e reservei o clube para junho. O ponto número dois é

a organizadora de casamentos que me ajudou a reunir todas essas informações. O nome dela é

Elisa e marquei para nos encontrarmos com ela sábado às duas horas. Agora vamos à

discussão dos assuntos. Alguém tem perguntas?

 Não houve movimento nem som.

Cris abrigava tantos sentimentos conflitantes que não ousou dizer nada. Mais uma vez

foi Ted o corajoso. Mesmo com tão pouca voz, ele se assegurou de ser ouvido.

- Muito obrigado, Marta. Você se esforçou muito pra fazer tudo isso. Agradeço muito.

Isso vai ajudar a gente a decidir e organizar tudo.

Cris pensou que ele escolhera muito bem as palavras. “Organizar tudo” poderia

significar que eles aceitariam todas, algumas ou nenhuma das idéias de Marta. E a parte que

ela ouviu foi o “muito obrigado”. Isso parecia ser o mais importante.

- Fiz tudo com prazer. Vocês sabem, é apenas o começo. Temos muito mais coisas a

 planejar. É nisso que Elisa vai ajudar, no sábado.

Cris decidiu, naquele exato instante, que ela e Ted encontrariam tempo no dia seguinte

ou na metade do outro para conversarem sobre os planos para o casamento. Tomariam

decisões sozinhos sobre onde, quando e como se casariam. Mesmo que fosse necessário

 passar as duas noites seguintes acordados, fariam seus próprios planos. Se precisassem sair 

 para conversar, só voltariam depois que analisassem todos os itens da lista deles. Mesmo se

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Katie parou de empurrar o carrinho e parecia que só voltaria a se mover depois que Cris

explicasse tudo.

- Aquela campina da universidade. Perto da capela. É lá que queremos fazer a cerimônia

e a recepção.

- Você ‘tá brincando!

- Não estou. É lá que queremos nos casar.

Katie inclinou a cabeça de lado e examinou o rosto de Cris.

- O que seus pais pensam sobre isso? Eu achei que eles gostariam que a cerimônia fosse

na igreja deles, em Escondido.

- Eles querem.

- Mas vocês, não.

- Queremos nos casar na campina.

Cris empurrou o carrinho até a prateleira dos pães e jogou dentro cinco dos mais

 baratos.

- Você se importa de trocar um dos pães integrais por branco? perguntou Katie. Rick 

gosta de pão branco. A mãe dele fez uns sanduíches deliciosos com sobra de peru e pão

 branco no dia seguinte ao Natal. Você já provou sanduíche de peru, com molho feito com o

recheio do peru e framboesa?

Agora quem inclinou a cabeça e examinou a amiga foi Cris.

- Não, mas deve ser muito gostoso.

- É meu novo favorito. Mas só dá certo em pão branco. O recheio faz ficar tudo junto,

disse Katie, e empurrou o carrinho até a prateleira de manteiga de amendoim e geléia. Você

não colocou manteiga de amendoim na lista? Acho que a geléia mais barata é esta de uva.

Cris pediu a Katie para pegar três vidros de manteiga de amendoim e falou:

- Agora conte como foi seu Natal. Como correu tudo com o Rick?

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Ela prosseguiu:

 Enquanto escrevo, você está no México e eu, de cama por causa da gripe. Tive tempo

 para pensar muito nos últimos dias e quero dizer a você duas coisas. Duas não, três. A

 primeira é que estou muito feliz por que vamos nos casar. Mal posso esperar para me tornar 

 sua esposa. Sei que precisaremos fazer muitos acertos em nosso relacionamento, mas

também sei que vamos nos esforçar juntos e aprenderemos a nos comunicar melhor.

 Isso me leva ao segundo ponto. Sempre que fico doente, eu preciso de atenção. Não

 gosto de ficar sozinha esperando suar até a doença ir embora. Vou querer que você veja se já

melhorei e me traga chá e torradas. Sei que somos diferentes nisso e achei que você deveria

 saber que isso é muito importante para mim.

 Lembro-me de uma vez, quando estávamos no colégio, que eu fiquei doente. Você foi

até minha casa e ficou do lado da minha cama estudando até eu acordar. Talvez você tenha

 pensado que eu ia acordar e pular da cama pronta para fazer algum programa. Mas você

estava lá, comigo. Eu nunca disse que considero essa uma das lembranças mais românticas e

carinhosas dos nossos primeiros anos juntos. Estou ansiosa para nos casarmos, porque

depois, toda manhã, a primeira coisa que vou ver quando acordar é seu belo rosto. E vai ser 

logo.

 Agora, a última coisa que quero dizer, antes de me entregar aos sonhos com nossa vida

em comum, é que quero que todos os nossos filhos tenham nomes compostos, certo?

Com todo meu amor, para sempre,

Sua Cristina Juliet Miller 

(Que em breve será Spencer)!

 P.S.: Eu amo você.

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Cris concordou. Estava otimista, achava que o vestido ficaria exatamente do jeito que

ela queria. Depois pensou se as palavras de sua mãe não indicavam que ela estava tentando

voltar atrás sem magoar a filha.

- Mãe, se você acha que o desafio é grande demais, podemos para. Eu detestaria ver 

você destruir seu vestido de noiva pra depois, não usá-lo.

- Só saberemos se tentarmos, afirmou a mãe, em seu jeito prático. Acho que vamos dar 

conta.

Cris deu um grande abraço em sua mãe e sussurrou no ouvido dela:

- Muito obrigada por sacrificar seu vestido de noiva por mim.

- Não é sacrifício nenhum, querida. É o que tenho pra dar. Desde que você era pequena,

sempre tive vontade de dar a você muitas coisas, mas nunca pudemos. Na sua adolescência,

Marta apareceu e lhe deu tantas coisas que achei que você acabaria ficando ressentida comigo.

- Não, mamãe, de jeito nenhum.

- Sei que minha irmã tem boas intenções, mas ela telefonou de novo ontem pra

 perguntar se você já tinha sarado e podia ir até lá pra cuidar do planejamento da cerimônia.

Repetiu que ela e Bob querem pagar todas as despesas que eu e seu pai não pudermos cobrir.

O coração de Cris se comoveu por sua mãe, que assumira expressão melancólica.

- Por favor, não deduza que eu e seu pai não queremos que eles ajudem. Não nos

importamos com a participação deles. Sei que ficarão felizes com isso e também que assim

seu casamento será mais bonito do que eu e seu pai podemos pagar. Mas eu queria ter alguma

coisa pra dar pra você. Alguma coisa que fosse minha.

- E ‘tá me dando seu vestido de noiva, sussurrou Cris, emocionada.

- Exatamente.

Cris sorriu e disse:

- Já sei que meu vestido será uma de minhas partes favoritas do casamento.

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Cris largou a caneta e olhou séria para Ted. Seu coração dançava. Ele estava pensando

em nomes compostos para os filhos, exatamente como ela, quando lhe escrevera a carta na

semana anterior. Talvez não pensassem de forma tão diferente assim.

Forçando uma expressão de seriedade, Cris perguntou:

- Você quer falar de negócios ou de romance? Decida-se.

Ted riu.

- ‘Tá bom, ‘tá bom, disse ele. Romance depois. Negócios agora.

Um sorriso escapou quando Cris abaixou a voz.

- E quando falarmos de romance depois, você pode falar por quanto tempo quiser, o

máximo que desejar. Eu amo quando você sonha em voz alta.

- Sonhar em voz alta, repetiu Ted. É isso que ‘tá acontecendo, né? Gosto disso, Kilikina.

Durante tantos anos eu e você não sabíamos o que o futuro reservava pra nós, então tivemos

de guardar nossos sonhos pra nós mesmos. Que bom que fizemos isso. Teria sido injusto pra

nós dois se tivéssemos começado a sonhar em voz alta antes de ficarmos noivos.

- Concordo, Ted. Você nem imagina como guardo os sonhos no fundo do meu coração,

e como me apego a eles.

- Acontece o mesmo comigo, falou Ted. Tenho de dizer que fizemos algumas coisas

certas. Como o “cofrinho imaginário”. Foi uma idéia muito boa.

Cris sabia que Ted estava se referindo a uma coisa que eles haviam combinado meses

antes. Os dois achavam difícil se controlar quando desejavam expressar fisicamente o afeto,

então inventaram a imagem de cada um deles ter um “cofrinho imaginário”. Quando sentiam

vontade de se beijar, podiam parar um pouco e avaliar se queriam mesmo gastar o beijo

naquela hora ou poupá-lo no cofre. Ambos sabiam que, se guardassem a maior parte dos

contatos físicos e gastassem apenas uma pequena porção, chegariam ao casamento ricos de

carinhos poupados.

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Ted pareceu surpreso e encantado com as palavras dela. Lágrimas brilharam no canto

dos olhos dele, que envolveu Cris com os dois braços e a puxou para perto dele. Enterrando o

rosto no pescoço dela, sussurrou, no meio do longo cabelo dela:

- E eu vou fazer de você a mulher mais feliz do mundo, minha Kilikina. Eu prometo.

Quando se afastaram, o coração de Cris pulava tanto que parecia bater na garganta e nos

ouvidos.

- Sabe de uma coisa? É melhor não sonharmos mais em voz alta sobre essa parte do

nosso futuro, disse Ted, em voz rouca.

Cris concordou com a cabeça.

- Bom, pelo menos até ficarmos embaixo de nossa treliça na campina, daqui a 135 dias,

falou ele com firmeza.

Ted afastou-se e olhou para o café da manhã ainda não consumido como se nunca

tivesse visto ovos mexidos antes.

Cris voltou a cadeira para seu lado na mesa e tomou um gole de suco de laranja.

Desenhou uma treliça coberta de flores bem no topo da lista. O arco estava se tornando

símbolo da passagem de uma etapa da vida para outra, tanto para ela quanto para Ted.

Os dois apreciavam o simbolismo de uma ponte no Havaí que havia representado para

eles uma passagem na vida. Ela pensou se o arco do casamento poderia ser coberto com

trepadeiras de flores tropicais, como a ponte de Kipahulu. Ted gostaria disso.

- Ei, crianças! Interrompo alguma coisa? perguntou Katie, puxando uma cadeira para

 perto da mesa deles. Se vocês quiserem ficar sozinhos, eu sento em outro lugar.

- É, queremos ficar sozinhos, muito mais do que você imagina, falou Ted. Mas vamos

esperar mais 135 dias.

- Tudo bem, disse Katie, olhando para Cris. Acho que não quero saber do que vocês

estavam falando, mas dá pra imaginar.

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- Acho que não vai encaixar com meus horários. A gente conversa quando eu chegar, à

noite.

Ted voltou, com ovos para Katie e outro pão para ele. Contaram como tinha sido boa a

viagem ao México e falaram das pessoas que haviam conhecido no orfanato. Cris desejou ter 

 participado, mas sentiu-se satisfeita pelo tempo que passara com a mãe e por tudo que

 planejara.

- Tenho de partir, disse Katie. Vejo vocês depois.

Ao se levantar, esbarrou no caderno do casamento de Cris e derrubou-o no chão.

 Eu e Ted não avançamos nada em nossa lista, pensou Cris.

Exatamente dez horas depois, estavam de volta à mesma mesa ao lado da janela na

lanchonete. Ted estava prestes a atacar uma de suas saladas prediletas, que eram feitas lá

mesmo. Parecia um vulcão verde com uma erupção de ervilhas correndo pela encosta em um

rio de molho branco.

- Bem, telefonei pra minha mãe, anunciou Cris depois que oraram.

Ted levantou a sobrancelha e perguntou:

- E o que foi que ela disse?

- Ela achou que 22 de maio é um bom dia e disse que papai por certo vai concordar.

Mas, quando contei que queremos fazer a cerimônia e a recepção na campina, ela ficou muito

calada.

- Meu pai achou a idéia ótima, disse Ted.

- Já telefonou pra ele?

Ted assentiu.

- Não consegui esperar. Telefonei pra minha mãe também. Tive de deixar uma

mensagem no celular.

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- Bem, comentou Cris, parece que alguém teve um primeiro dia de serviço muito

 proveitoso.

- Meu chefe me deu as flores.

- Muito simpático o presente de boas-vindas.

- Rick não dá flores pra todo mundo que começa a trabalhar lá, disse Katie, que

continuava em pé ao lado da porta fechada, como se estivesse presa em um sonho, incapaz de

se mover.

- É, não acredito que ele receba todos assim.

- Não sei o que vou fazer com elas.

- Acho que precisam de água, sugeriu Cris.

Katie engoliu em seco e deu um sorriso tímido.

- O que foi? perguntou Cris.

Katie levou as flores ao rosto corado e aspirou o perfume. Piscando os olhos verdes que

 brilhavam, disse bem baixinho:

- Eu gosto muito dele. De verdade.

- É mesmo? perguntou Cris.

- É.

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Um ditado voltou à mente dela: Quando o inimigo bate em uma porta que você já

 fechou, basta dizer: “Jesus, tem alguém chamando o Senhor!”

Cris sorriu. Puxou a coberta até o pescoço e deixou Jesus atender a porta enquanto

voava rumo à terra dos sonhos.

Três semanas depois, voltou a se lembrar do ditado. Dessa vez quem ouviu o inimigo

 bater foi Ted. Ele pensava que havia fechado a porta muito tempo antes.

Foi na noite da formatura dele. Os pais, o irmão e os tios de Cris foram à universidade

 para, junto com o pai do Ted, comemorar a data importante com aplausos no momento em

que ele recebesse o diploma. Cris gastou um filme inteiro fotografando o Ted de beca e

chapéu. Depois, entregou a máquina ao David e pediu que ele tirasse várias fotos dela com o

noivo. Katie, Rick, Selena e outros amigos também foram à formatura. Cris não deixou

escapar a oportunidade e reuniu todos para uma foto com seu formando predileto.

Mais tarde, um grupo formado por onze parentes e amigos foi até uma churrascaria. O

 pai do Ted reservou uma sala só para o grupo e ofereceu um jantar delicioso. O dia correu

repleto de alegria, risadas e aplausos. Cris pensou que não poderia ser mais perfeito.

Ainda assim, quando Ted levou Cris para o alojamento, ela precebeu, ao ver os ombros

dele caídos, que ele estava aborrecido ou triste com alguma coisa. Estendeu a mão e apertou o

 braço dele três vezes. Um leve sorriso de agradecimento surgiu no rosto dele, que olhou para

ela.

- Sabe, disse ele, voltando os olhos para a estrada, achei que ela não poderia me magoar 

mais. Pensei que tinha superado, mas, quando minha mãe telefonou ontem e disse que não

viria, comecei a me lembrar de todos os eventos importantes da minha vida que ela perdeu.

Ela nunca esteve ao meu lado, nunca.

Cris sentiu seu coração ligar-se ao dele.

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- Pintor de parede.

Dessa vez, Cris nem tentou esconder a expressão de choque.

- Que emprego é esse de pintor?

- Não contei?

- Não.

- Um homem lá da igreja perguntou se eu gostaria de um emprego em tempo parcial

como pintor, já que só vou trabalhar na igreja em tempo integral a partir de junho. Eu disse

que poderia começar logo depois da formatura. São só trinta horas por semana.

- Ted, é muito.

- Ele paga bem. Precisamos do dinheiro, Cris. O horário é flexível, dá pra conciliar com

minhas obrigações na igreja. Não vai interferir com o aconselhamento nas terças-feiras e

tenho os finais de semana livres. Tem certeza de que não falei nada disso pra você?

- Acho que eu me lembraria caso tivesse me contado, disse Cris, ajeitando-se no banco

do carro. É exatamente disso que eu estava falando semana passada no aconselhamento,

quando o Pastor Ross perguntou se eu achava que havia alguma área do nosso relacionamento

que precisava ser resolvida agora. Você não me conta as coisas, Ted.

- Eu achei que tinha falado com você sobre o emprego.

- Não me lembro de ter ouvido falar nisso antes deste exato minuto. A voz dela foi

ficando mais alta. Também foi a primeira vez que você comentou sobre seu pai ser seu

 padrinho.

- Não achei que seria um problema, retorquiu Ted. Temos muito tempo antes do

casamento pra planejar tudo isso.

- Não temos, não. Você vai trabalhar sessenta horas por semana!

- Não são sessenta horas. São trinta pintando e vinte na igreja.

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 A reação dos alunos foi surpreendente. Ted falou que os casamentos na Terra são

reflexos da grande festa do casamento do Cordeiro, que acontecerá quando ele vier para

levar sua noiva, a Igreja, para viver com ele.

 Percebi, com mais profundidade, que mistério isso é. Senti-me diferente, muito mais

apaixonada pelo Ted depois que ele colocou o anel em meu dedo. E, cada vez que enxergo

esses paralelos em minha vida, meu amor por Cristo fica mais profundo. Ele me quer, e

espera o dia em que estarei para sempre com ele. Até que esse dia chegue, o Espírito Santo é

o sinal em minha vida, para que os outros vejam, que estou prometida a ele e espero por ele.

 E entendi muito melhor aquele versículo em Efésios 4.30: “E não entristeçais o

 Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção”. Ted comparou entristecer 

o Espírito com uma situação em que eu escondesse meu anel com fita adesiva para ninguém

 saber que estou noiva. Ele disse que, sendo meu noivo, ficaria de coração partido se eu

 fizesse isso. E nós fazemos a mesma coisa quando não deixamos o Espírito Santo agir em

nossa vida.

Ted desafiou a turma a ser ousada e fazer o mundo inteiro saber que somos

comprometidos, que pertencemos a Cristo. Então ele falou: “Mas, se vocês estiverem

apaixonados mesmo pelo Noivo, as pessoas vão saber só de olhar no rosto de vocês. Olhem

 para a Cris”.

Todos se viraram para me encarar, mas não me importei. Meu rosto e meu coração

estavam tão iluminados pelo fogo do meu amor por Deus e por Ted que não fiquei com

vergonha. Foi como se eu estivesse flutuando nas nuvens.

Cris parou de escrever por um momento e pensou na importância das nuvens no futuro

de todos os cristãos.

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- Hmm, respondeu Cris.

 Não queria que Katie acendesse a luz e passasse a noite toda conversando. Mesmo

assim, se ela tinha alguma grande notícia, não queria perder.

- Vou amanhã cedo pra Feira de Alimentos Naturais em San Diego. Rick vem me pegar 

às 6:00h. É só pra você saber.

- Mmm-hmm, resmungou Cris.

- Tudo bem?

- Mmm-hmm.

- Ótimo. Tudo ‘tá maravilhoso com o Rick. Vejo você amanhã à noite.

- Mmm-hmm.

Cris adormeceu com o som alegre de Katie cantarolando enquanto vestia o pijama.

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Cris seguiu Selena até A Arca, a livraria contígua. Um sofá e duas poltronas

aconchegantes cercavam, pelo lado da livraria, a lareira, que se comunicava com os dois

ambientes. Estavam servindo no sofá.

- Perfeito! exclamou Cris. Quer guardar nosso lugar enquanto faço o pedido?

A banda acabara uma música e dava para ouvir os aplausos vindos do outro lado. Cris

achou bom não assentarem na parte mais barulhenta. De onde estavam, ouviam a banda, mas

ao mesmo tempo podiam conversar.

- Vamos nos revezar pra guardar o lugar, sugeriu Selena. Eu ainda não sei o que quero

comer.

- Concordo.

Cris foi fazer o pedido primeiro, pensando que era muito bom ouvir outra pessoa dizer 

que não sabia o que queria. Essa sempre tinha sido a maior dificuldade dela nos restaurantes.

Mas já tinha melhorado muito.

 Nessa noite, sabia que iria pedir a sugestão do chef, qualquer que fosse ela. Katie havia

se derramado em elogios ao fabuloso chef que tinham contratado havia pouco tempo. A

sugestão do Miguel era pizza de alcachofra com tomate seco. Parecia meio estranho, mas Cris

decidiu experimentar. Dirigiu-se ao balcão, e só então Katie a viu.

- Cris, quando você chegou?

- Faz pouco tempo. Trouxe Selena. Parece que vocês estão muito ocupados hoje.

- A maioria do pessoal ‘tá pedindo apenas café e sobremesa, então a cozinha não ‘tá

sobrecarregada. Experimente a pizza de alcachofra. É muito boa.

- É exatamente o que eu vou pedir. O que mais você recomenda?

- Acho que uma pequena salada iria bem, disse Katie. Quer experimentar meu chocolate

 predileto?

- Claro. Estamos lá no sofá da livraria.

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13

Selena colocou a caneca de chá na mesa baixa perto da lareira e começou sua história.

- Vocês sabem que eu e o Paul somos meio parentes, agora que minha irmã se casou

com o irmão dele. Nossas famílias passaram o Natal juntas e de repente ficou bem claro pra

mim, enquanto estávamos assentados no chão assistindo a um filme, que não há nada de

romântico entre nós. Durante muito tempo, pensei que havia. Quis que houvesse. Sonhei com

o que aconteceria se namorássemos. E acho que nós dois nos esforçamos muito pra tudo dar 

certo depois que ele voltou da Escócia. Mas não há “eletricidade”.

- Eletricidade? indagou Katie.

- Você sabe do que estou falando. Sei que você sabe.

Katie fez que sim com a cabeça e trocou olhares com Cris.

- Qualquer coisa que seja que faz um rapaz e uma garota descobrirem que existe alguma

coisa mais profunda e duradoura entre eles. Bem, cheguei à conclusão de que eu e o Paul não

temos... essa coisa. Somos amigos, pra sempre. Ele não me acha fascinante, e eu acho que ele

é quieto e introspectivo demais.

- Vocês conversaram? perguntou Cris. Isto é, ele sente a mesma coisa?

- Sim. Fizemos um longo passeio no parque no dia seguinte ao Natal e conversamos

muito. No início, parecia que ele ia pedir desculpas por não estar apaixonado por mim. Antes

que ele falasse tudo, eu o interrompi e disse o que sentia. Na falta de termo mais adequado,

contei que estava inquieta. Comentei que ele é contemplativo, o que é maravilhoso, mas não

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Em um movimento bem desajeitado, Selena estendeu braços e abraçou o pescoço de

Cris. Depois, foi a vez de Katie.

- Vocês duas são maravilhosas.

Com o canto do olho, Cris percebeu um movimento que fez prender a respiração. Rick 

estava a poucos metros de distância, com os olhos fixos em Katie. Parecia encantado.

Uma sensação de tranquilidade e alegria tomou conta do coração de Cris. Vamos lá,

 Rick Doyle, admire mesmo a Katie. Ela é maravilhosa, não é? E você também. Sei, sem a

menor sombra de dúvida, que o Senhor cumprirá o propósito dele para vocês dois.

Logo cedo, na manhã seguinte, Cris comprou um copo de café no campus para tomar no

caminho para a casa da Tia Marta. Parou para pegar a correspondência e encontrou um cartão

de sua avó. Leu enquanto voltava para o carro, mas releu as últimas linhas duas vezes, pois

não entendeu imediatamente. A avó agradeceu por ela e Ted terem ido ao sepultamento.

Depois, escreveu:

“Cristina, fiquei surpresa por ver como você esta parecendo com a Marta, sempre

controlando as situações. Não esqueça de deixar espaço para a paz em sua vida. Tenho certeza

de que o Ted a ajudará nisso.”

Cris pensou que sua avó havia se confundido ao dizer que ela se parecia com Tia Marta.

 Não me pareço com ela de jeito nenhum. Por certo vovó queria dizer Margaret, minha mãe,

mas escreveu “Marta”. Espero que ela não esteja sofrendo lapsos de memória como a Vó

 May da Selena.

Levou uma hora e quarenta e cinco minutos até Newport. Quando chegou, Margaret e

Marta, as duas irmãs, estavam na cozinha, olhando um livro e rindo muito. Reparou que

Marta imprimira uma lista, que esperava por elas no balcão.

- Do que vocês estão rindo tanto? perguntou Cris.

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Um sorriso nasceu no canto secreto do coração de Cris e foi abrindo caminho até o

rosto, onde se espalhou, com todas as suas implicações radiantes e cheias de paz.

- Mais do que bem, disse. Acho que nunca estive melhor. Não sou um balão, como a

Selena, mas agora sei como posso voar - ser livre. Aqui, disse, batendo no peito. Acho que

finalmente descobri quem eu sou.

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- Como não fiquei sabendo nada disso? indagou Marta. Eu achava que você ainda não

tinha decidido nada sobre o vestido.

- Não, o vestido ‘tá todo encaminhado.

Cris tirou o corpete da sacola e o segurou para a mãe e a tia verem. Decidira deixar as

mangas sem bordado e agora estava feliz com a escolha, porque as flores delicadas no corpete

ficaram em evidência.

- Foi você que bordou?

Marta examinou os pontos precisos na sequência delicada de miosótis.

- Puxa, Cristina, ficou excelente! disse afinal.

- Obrigada.

- Era o seu vestido, Margaret?

- Era. Ficou muito bom, Cris. Eu trouxe a saia, e posso alinhavar no corpete na hora que

você quiser experimentar.

- Quero agora, disse Cris. Ah, você lembrou de trazer os endereços para os convites,

mamãe?

- Lembrei.

- Ótimo, porque eu os peguei esta semana. A gráfica só levou duas semanas pra

imprimir, menos do que disseram que levariam quando eu e o Ted encomendamos.

- Maravilha, disse Marta. Vou levar tudo para Fiona na semana que vem, e ela pode

começar a endereçar logo.

- Precisamos resolver mais alguma coisa? indagou Cris.

Marta voltou a observar a lista de tarefas. Tinham horário marcado com o fotógrafo dali

a uma hora e depois, se quisessem, poderiam ir à confeitaria degustar outros bolos, para o

caso de Cris mudar de idéia quanto ao bolo de limão com recheio de framboesa.

- Não. Tenho certeza de que prefiro a framboesa.

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Ela sabia que a tia achava melhor o de amêndoas.

- Ted gosta muito de frutas, Tia Marta. Eu não gosto de amêndoas, então o de

framboesa é o melhor pra nós.

- Está certo.

Cris sentiu-se em paz. Estava tudo correndo bem.

- O último item que precisamos decidir é sobre o bufê para a recepção, disse Marta, que

reunira muitas informações sobre esse assunto e sugeriu que deixassem para mais tarde.

- Certo, concordou Cris.

- Acho que agora é uma boa hora pra eu trazer a saia do vestido, disse a mãe.

Ela deixou Cris e Marta sozinhas na cozinha.

Cris aproveitou a oportunidade e abraçou e beijou sua tia.

- Por que está fazendo isso?

- Porque você ‘tá aqui, respondeu Cris.

- Bem, é claro que estou aqui.

Marta menosprezou o comentário , como se entendesse o significado profundo do que

Cris dissera mas preferisse não pensar nisso.

Cris decidiu pressionar.

- Você poderia estar agora em Santa Fé, fazendo cerâmica naquela colônia. Há algum

tempo, você me disse que pretendia fazer isso. Estou muito feliz porque ficou, porque

cumpriu a promessa que fez ao Tio Bob.

Marta demonstrou indignação.

- Que promessa?

- Amar, respeitar e cuidar dele na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza

e na pobreza, até que a morte os separe.

- Parece que você andou ensaiando os votos do casamento. Já decorou muito bem.

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- Não. Cheguei um pouco mais cedo pra esperar você.

- Vou pegar alguma coisa pra você, ofereceu ele. O que você quer?

- Qualquer coisa. Nem estou com fome. Quero mesmo é conversar.

- Acho que temos muitos assuntos a tratar, né? Já volto.

Cris observou-o enquanto ele avançava pela fila, cumprimentando os amigos e pegando

a comida. Voltou a pensar na semelhança entre o relacionamento com Deus e o amor dos

apaixonados. Agora que estava atenta, via paralelos por toda parte.

Como seria meu relacionamento com Deus se eu reservar uma hora pra me encontrar 

com ele todos os dias? Será que eu chegaria mais cedo, por causa da ansiedade pra

conversar com ele?

Ted voltou e Cris falou que queria orar antes de comerem. De todo o coração, agradeceu

a Deus por Ted e pela oportunidade de se encontrarem durante a semana tão atarefada. Disse a

Jesus que queria amá-lo cada vez mais, para que houvesse um fogo ardendo na alma dela

todos os dias e que desejava se encontrar com ele de coração aberto.

- Amém! disse Ted.

- Como quiseres, declarou ela, encerrando a oração.

Levantou os olhos e sorriu para o Ted. Ele retribuiu o sorriso.

- Gostaria de ter entendido antes o que é o amor, falou Cris. Gostaria de saber como é

estar apaixonada assim quando eu era mais nova. Se soubesse, acho que meu relacionamento

com Deus seria muito mais profundo do que é hoje. Eu não entendia.

Ted concordou.

- Ei, conversei com seu tio hoje. Ele falou que a Marta ‘tá mesmo abrindo o coração

 para o Senhor. Ele disse que ela contou que vocês conversaram.

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Cris não vira nas páginas anteriores nada que tivesse chamado sua atenção em especial e

lembrou a si mesma que, no fim das contas, quem iria vestir o smoking era o Ted. Então,

quem deveria decidir o que queria era ele.

- Senhor! chamou Ted pelo homem que estava do outro lado. Poderia reservar cinco

destes aqui para a festa Spencer-Miller?

Cris cobriu a boca com a mão. Participara de várias reuniões formais com a mãe e a tia

durante o fim de semana e percebeu que Ted estava fazendo tudo errado. Parecia que estava

 pedindo cinco sanduíches para viagem.

- São cinco, certo? repetiu ele.

Cris tirou a mão da boca.

- São seis. Meu pai finalmente decidiu usar um smoking também. Não sei se o Tio Bob

vai querer o mesmo modelo.

- Senhor! chamou Ted novamente pelo atendente. Da pra reservar sete?

- Ted, acho melhor irmos até lá pra falar com ele, sugeriu Cris.

Preencheram os pedidos, Ted pagou o sinal e então o funcionário pediu que ele ficasse

na frente do espelho para tirar as medidas. Ted abriu os braços e, felizmente, limitou-se a

fazer alguns poucos comentários.

Dez minutos depois tudo estava acabado, e eles iniciaram a volta à universidade. Cris

 perguntava a si mesma se algum dia, depois do casamento, aprenderia um pouco da postura

despreocupada do Ted diante da vida.

Até isso acontecer, tinha alguns assuntos nada despreocupantes para tratar com o noivo,

a começar pela recepção do casamento. Pararam em uma sorveteria antes de chegar ao

campus e tomaram o sorvete em uma mesa que ficava no canto.

Ted parecia não ver problema em terem quatro padrinhos e duas madrinhas.

- Acho que não tem a menor importância essa diferença de número.

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- Eu me importo, disse Cris. Preciso convidar mais duas amigas pra ficarem quatro

casais.

Ela pensou em quem poderia convidar. Era muito mais simples quando eram apenas

Katie e Trícia. Nem ela nem Ted tinham irmãs ou primas que pudessem incluir.

- Eu poderia pedir ao Douglas e ao Rick para ficarem na porta recebendo os convidados.

Eles não precisam ficar lá na frente, falou Ted.

- Não acho que a solução seja voltar atrás no convite feito aos homens. Seria melhor se

eu escolhesse mais duas mulheres. O problema é que não tenho outras amigas chegadas o

suficiente pra convidar pra participarem do nosso casamento. Selena é a única de quem me

lembro, e não me sentiria bem se a convidasse agora. Ela perceberia que foi um convite

improvisado.

Cris sempre fora o tipo de garota que tem apenas uma grande amiga. Paula fora essa

amiga durante todo o ensino fundamental. As duas sempre diziam que seriam madrinhas uma

das outra, mas haviam se separado quando Cris se mudara para a Califórnia. Paula se casara

um ano antes, Cris recebeu o convite mas não pôde ir à cerimônia.

Então, percebeu que o ano passado na Suíça havia interrompido seus relacionamentos.

Tinha amigos na Europa, mas não era provável que eles viessem ao casamento. Durante seus

 primeiros anos na universidade, morara com seus pais e frequentara uma faculdade perto de

casa. Não desenvolvera nenhuma amizade duradoura lá. De repente, sua lista de amigas ficou

muito reduzida.

- Por que não misturamos os homens e as mulheres dos dois lados? sugeriu Ted.

Estamos falando do nosso casamento, certo? Podemos fazer do jeito que quisermos. Meu pai,

Douglas e Trícia poderiam ficar do meu lado, e Katie, Rick e David, do seu.

Cris pensou um pouco na sugestão dele. Mais uma vez, a visão única que ele tinha das

situações abria um mundo de possibilidades para ela.

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- É muito natural você não lembrar muita coisa daquela noite. Você e o Ted estavam

 bem ocupados ficando noivos.

Cris sorriu.

- Foi uma noite especial. Que bom que você estava lá!

Mark hesitou e olhou envergonhado sobre o ombro antes de dizer:

- Ainda estamos juntos.

- Estão? Você e a Jenna?

Mark assentiu.

- Que bom! Ela parece ser muito legal.

- E é, confirmou Mark. Queria contar pra você porque, é... acho que só queria que você

soubesse e ficasse feliz por mim. Você é a pessoa mais próxima da minha família que tenho

aqui.

- Gostei muito de você ter me contado. Espero que você a leve ao meu casamento.

Ainda não mandamos os convites, mas vai ser no dia 22 de maio.

- Estarei lá, disse Mark. E vou levar a Jenna.

- Ótimo!

Cris desejou que seu sorriso mostrasse a Mark que estava muito alegre por vê-lo feliz.

- Ah, nós vamos jogar boliche hoje à noite. Você e o Ted não querem ir conosco?

- Boliche, é?

Cris pensou que era maravilhoso Mark ter encontrado uma garota que apreciava

esportes.

- Obrigada, mas acho que não vai dar. Assim que sair do serviço, tenho de ir à casa dos

meus pais. Os vestidos das madrinhas chegaram e preciso entregar o da Trícia. Talvez ela

tenha de ajustar.

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 Ah, que homem maravilhoso! Espero que você se lembre de dizer essas coisas lindas

 pra mim no dia em que minha barriga estiver maior do que uma bola de basquete!

- Não ouvi vocês chegarem, disse Marta, entrando apressadamente na sala. Trícia,

querida, não é melhor você se assentar?

- Estou bem, falou Trícia, lançando a Cris um olhar que dizia: “Espere só até você ficar 

grávida!”

- Ted, querido, Bob quer que você vá até a garagem.

- Por quê? o tom da pergunta do Ted tinha um traço de rispidez.

Marta fez ar de ofendida.

- Ele precisa de ajuda para carregar uma mesa. Eu vou com você, Ted. Vamos.

Ted olhou para Cris como se dissesse: “Adeus pra sempre”, e avançou devagar até a

garagem.

Cris cochichou para Trícia:

- Ele ‘tá achando que os rapazes vão sequestrá-lo hoje e fazer alguma maluquice, como

quando prenderam o Douglas na balsa.

- Você acha que meu maravilhoso marido faria uma coisa assim?

- Não é com ele que estou preocupada, disse Cris. Um homem sozinho não representa

ameaça nenhuma, mas quando todos se unem pra pensar, fico alarmada. Especialmente com

Rick de volta à cena.

Ted e Douglas avançaram pela sala, carregando uma mesa dobrável.

- Marta quer que a gente ponha os presentes nesta mesa, informou Douglas. Falou pra

gente colocar na frente da janela. Cris, você pode tirar a cadeira de balanço de lá?

Os três se dedicaram a arrumar a sala do jeito que Tia Marta queria. Não parecia que

Douglas estava armando nada escondido. Entretanto, quando se tratava do Douglas, ninguém

nunca podia ter certeza. Um sorriso travesso vivia permanentemente no rosto dele.

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acontecera com o Ted, com quase os mesmos participantes. Só que dessa vez Cris espirrava o

tempo todo.

Marta sugeriu que talvez fosse alergia, já que a Cris nunca havia morado onde morava

agora. Ali havia um tipo de pólen diferente dos de Escondido, lugar ao qual Cris estava

acostumada, comentou a tia.

A mãe reparou que Cris tinha olheiras fundas e perguntou se ela não queria ir para casa

naquela noite mesmo.

- Acho que vou fazer como tinha planejado, disse Cris. Vou hoje para o alojamento,

tentar dormir. Amanhã levo minhas coisas para o apartamento do Ted.

- Nosso apartamento, corrigiu Ted.

Eles haviam alugado um apartamento de um quarto no mesmo condomínio em que Rick 

morava. Ted já levara as coisas dele uns dias antes, mas os poucos bens terrenos da Cris

continuavam em seu quarto na universidade.

O último mês fora uma confusão de trabalhos, provas, acertos finais na cerimônia do

casamento, entrevistas para um novo emprego e nada de encontros com o Ted. Ela sabia que a

culpa das olheiras não era da alergia. Mas agora tinha acabado. Conseguira. Tinha se

formado. A sensação era muito boa. Talvez tenha passado rápido demais e não fosse tão

memorável como ela gostaria, mas um outro evento importante se aproximava. Faltavam

apenas nove dias.

- Bom, veja o que você acha do meu plano, falou ela à sua mãe, quando saíam do

restaurante. Vou tomar um antialérgico, dormir bastante no meu quarto na universidade.

Amanhã de manhã levo minha mudança para o apartamento e vou pra casa. Aí você pode me

mimar o quanto quiser.

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- Então encontro você aqui às 10:00h, combinou Katie.

- Obrigada, Katie. Vou tomar um banho quente e mais antialérgico.

Selena apareceu às 9:45h.

- Oi. ‘Tá melhor? perguntou ela a Cris, estendendo-lhe uma garrafa de suco de laranja.

Encontrei a Katie, e ela contou que você não ‘tá conseguindo falar muito bem.

- Obrigada pelo suco. Acho que é alergia, disse Cris. Por favor, não conte pra minha tia.

Ela fica feliz demais quando tem razão. Já estou me sentindo bem melhor.

- Você precisa de ajuda com a mudança? indagou Selena.

- Seria ótimo. Mark deve chegar logo. Já encaixotei tudo. Quando ele chegar, você pode

nos ajudar a levar para o caminhão.

Cris abriu o suco e tomou um gole.

- ‘Tá animada com a viagem para o Brasil?

- Acho que sim, disse Selena. Ainda vou fazer as provas finais. É... mas você nem sabe

mais o que é isso.

- Ah, ainda tenho uma vaga lembrança.

- ‘Tá tudo pronto para o casamento? indagou Selena.

- É um espanto, mas acho que sim. Graças à minha mãe e à minha tia, todos os itens da

minha lista foram resolvidos. Eu e Ted concluímos o aconselhamento pré-nupcial, que foi

muito bom. Alugamos o apartamento que queríamos e tudo vai correr certinho daqui a uma

semana. Ainda temos alguns assuntos sobre nosso futuro pra resolver, mas vamos fazer isso

depois da lua-de-mel.

Exatamente nessa hora o telefone tocou. Era Donna, chefe da Cris na livraria.

- Que bom que encontrei você, disse ela. Liguei pra dizer que estou com seu último

 pagamento. Se você quiser pegar hoje, pode dar uma passada aqui.

- Ótimo. Obrigada, Donna.

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18

Mark, rapaz forte, criado em fazenda, partiu para a ação e limpou o quarto da Cris. As

três moças carregaram as caixas até a calçada, enquanto ele lutava para colocar o sofá de surfe

na carroceria do caminhão. Katie foi à frente no Buguinho, mostrando o caminho e, pela

 primeira vez, Cris destrancou a porta com sua chave.

Ao olhar para dentro, não sabia se ria ou chorava. Ted deveria estar lá, para carregá-la

no colo, ou alguma coisa assim. Em lugar da cena romântica, ela estava com seus amigos,

contemplando um apartamento vazio. Cris descobriu que criara uma fantasia sobre a primeira

casa que dividiria com o Ted. Nos sonhos, era um chalé, com lareira e flores alinhadas ao

longo da calçada.

- Onde quer que eu ponha isto? perguntou Katie.

- Em qualquer lugar, respondeu Cris. Há muito espaço.

Precisaram fazer duas viagens para esvaziar o caminhão. Mark arrumou o sofá de surfe

no meio da sala e informou que precisava voltar para a universidade para terminar um

trabalho.

- Muito obrigada mesmo, disse Cris.

- Vejo você no sábado, falou ele.

- Eu vou com ele, disse Selena, abraçando Cris. Vou mandar e-mails pra você lá do

Brasil.

- Pode mandar que eu respondo, prometeu Cris.

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Mark e Selena partiram, e Katie colocou a mão na cintura enquanto examinava o

apartamento.

- É meio desanimador, né?

- Vai ficar mais alegre quando eu colocar uns quadros nas paredes, disse Cris.

- Ou talvez acrescentar um ou dois móveis.

Uma lágrima correu pelo rosto da Cris.

- Puxa, eu não quis magoar você, falou Katie. Vocês vão arrumar tudo. Vão receber 

uma porção de presentes no casamento e você vai conseguir um sofá de verdade e uma mesa

 pra cozinha. Vai ficar lindo. Você ‘tá apenas começando.

Cris respirou fundo.

- Preciso de flores, Katie.

- Flores?

- É, um vaso de flores ao lado da porta. E, quem sabe, tapete na porta. É disso que

 preciso.

- Não diga mais nada. Eu queria comprar um presente para sua casa nova, e não sabia o

que. Agora já sei. Vamos lá, vamos comprar flores e um tapete.

Uma hora depois, voltaram ao apartamento, cheias de sorrisos, com um vaso de

margaridas vivas e alegres e um tapete para colocar na porta. Além disso, trouxeram uma

caixa de lenços de papel, seis bolinhos artesanais de chocolate comprados na confeitaria, uma

embalagem de detergente e uma de creme para as mãos, que colocaram na pia da cozinha.

- Agora virou um lar, comemorou Cris, arrumando seus tesouros.

- Você é mesmo fácil de se contentar, comentou Katie.

- O minimalista é Ted. Não sou de grandes exigências, mas minhas poucas necessidades

são importantíssimas.

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- Olhe aqui, a avó aproximou-se da Cris e ficou ao lado dela. Eu estava esperando a

hora certa pra te dar isto. É o lenço que segurei em meu casamento. A mãe do seu avô bordou

 pra mim. Quero dar a você.

Agora Cris tinha certeza de que ia chorar. Piscou rapidamente, levantou o véu um

 pouquinho e deu um beijo no rosto da avó.

- Muito obrigada, vovó. Eu amo a senhora.

- Eu sei. E também amo você.

- Katie, chamou Marta, traga o batom da Cris aqui, rápido. Mamãe, você ‘tá com uma

marca de batom bem na bochecha. Ah, acho que ouvi alguém bater na porta. Deve ser o

fotógrafo. Ninguém saia do lugar. Vou abrir.

Marta saiu apressada para abrir a porta, e Cris contemplou suas amigas, em seus

vestidos de madrinhas.

- Vocês estão muito bonitas. Amei os vestidos de vocês. Esse arranjo de flores na

cabeça ficou lindo. Vocês gostaram? Não vai incomodar?

- Não vai incomodar nada, disse Trícia.

- Gostei, falou Katie, entregando o batom para Cris. ‘Tá aqui. Ou será que eu sou

obrigada a passar o batom em você, já que sou sua madrinha?

- Eu dou conta de passar. Mas seria bom você levar e me lembrar de passar de novo

antes de tirar as fotografias depois da cerimônia.

- Por quê? indagou Katie, com um sorriso. Você pretende fazer alguma coisa lá no altar 

que vai tirar seu batom?

- No meu casamento eu fiz, disse Trícia, e sorriu para Katie e Cris.

- Pronto, meninas, disse Marta. Afastem-se todas para que o fotógrafo possa fazer seu

trabalho. Você prefere que ela fique aqui perto do espelho ou lá na sala?

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flores naturais. Parecia que a armação havia crescido em uma caverna escondida em uma ilha

tropical, fora recolhida naquela manhã e transplantada para a campina, especialmente para o

casamento. Cris sabia que Ted ficaria empolgado.

- É maravilhoso! exclamou Cris para Katie, depois de contemplar os preparativos para a

grande celebração.

Ao longo da beirada da campina, dezenas de palmeiras altas e delicadas dançavam ao

sabor da brisa, como uma fila de dançarinas de hula enviando com alegria seu Aloha para o

evento.

- Ficou mais lindo do que eu imaginei, continuou Cris.

- Do que você ‘tá falando? indagou Katie, afastando os olhos do objeto que

contemplava e fitando Cris. Eu falei que o Rick é um belo exemplar da criação de Deus. Ele

‘tá bem ali, conversando com o pai do Ted do lado da poncheira. Ah, não, onde estou com a

cabeça? Você não pode ficar aqui! Cuidado, smoking à direita!

Katie empurrou a porta da capela e praticamente jogou Cris dentro do santuário frio e

silencioso.

- Katie, não era o Ted. Era o Douglas.

- Não importa. Se o padrinho ‘tá por perto, o noivo não há de estar muito longe. Relaxe.

Assente-se. Quer passar batom?

- Estou ficando empolgada, disse Cris, sorrindo.

- Nervosa?

- Nem um pouco. Estou ansiosa. Explodindo de tanta expectativa. É isso, garota, eu e o

Ted vamos nos casar hoje.

- É, ouvi dizer, retorquiu Katie, com calma. Agora, fique quieta. Tenho de arrumar seu

cabelo.

Alguém bateu na porta da capela.

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- Eu, Cris, recebo você, Ted, como meu marido. Prometo amá-lo, respeitá-lo e cuidar de

você na alegria e na tristeza, na riqueza ou na pobreza, na saúde ou na doença, até que a morte

nos separe.

A seguir foi a vez do Ted:

- Eu, Ted, recebo você, Cris, como minha esposa. Prometo, iniciou ele, e aí apertou

mais forte as mãos dela, amá-la, respeitá-la e cuidar de você na alegria e na tristeza, na

riqueza ou na pobreza, na saúde ou na doença, até que a morte nos separe.

- Vamos orar, disse o pastor.

Ted ajudou Cris a se ajoelhar no apoio estofado que estava sob a treliça. Os dois

curvaram a cabeça, e o pastor orou, pedindo a bênção de Deus sobre eles e sobre os filhos que

o Senhor viesse a lhes conceder.

- Como quiseres, sussurraram Cris e Ted ao final da oração.

Ted segurou com firmeza o cotovelo dela enquanto se levantavam.

- O que você dará a Cris como sinal do seu amor por ela?

- Uma aliança, respondeu Ted.

O pai dele aproximou-se e entregou ao filho a aliança.

- Repita comigo, disse o pastor. Como evidência da promessa que fazemos agora diante

de Deus e destas testemunhas, com esta aliança, eu me caso com você.

Ted repetiu as palavras e colocou a aliança no dedo da Cris. Fazendo outra surpresa,

levou a mão dela aos lábios e selou a promessa com um beijo na aliança.

- Cris, falou o pastor, o que você dará ao Ted como sinal do seu amor por ele?

- Uma aliança, respondeu Cris.

Virou-se um pouquinho só e já viu a mão firme da Katie estendida, segurando a aliança

do Ted. Pegou-a e repetiu:

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