Agua Do Mar Ou o Plasma de Rene Quinton

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A AGUA do MAR

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LCOPOLDINO de VASCONCELLOS

A AQUA do HAPTheorias e applicaes therapeuticas recentes

L'eau de mer est on admirable mdicament que Ton ne ddaigne qu' cause de son abondance. Si par impossible le bassin des mers se tarissait et qu'il ne restt a et l que quelques g/ifons de cette eau, les malades y com raient comme ils vont aux sources les plus en renom. >J . B . FNSAGRIVES.

Dissertao apresentada ESCOLA A\EDICO-CIRURGIOT do PORTO em Outubro de 1907

COMP. E IMP. NA TYP. DO PORTO MEDICO! DE MAGALHES & FIGUEIREDO, PRAA DA BATALHA, 12-a LIMITADA PORTO

J53/2

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ESGOM

JEDICOHCIRURGMDIRECTO R

DO PORTOCALDAS

ANTONIO JOAQUIM DE M O R A E SSECRETARIO

THIAGO AUGUSTO D'ALMEIDA Lentes Cathedraticos

1." CadeiraAnatomia descriptiva geral Luiz de Freitas Viegas. 2. CadeiraPhysiologia . . . . Antonio Placido da Costa. 3. CadeiraHistoria natural dos medicamentos e materia medioa Illidio Ayres Pereira do Valle. 4. Cadeira Pathologia externa e therapeutica externa. . . . Carlos Alberto de Lima. 5 Cadeira-Medicina operatria Antonio Joaquim de Souza Junior. 6." CadeiraPartos, doenas das mulheres de parto e dos recem-nascidos . . . . . . . Cndido Augusto Corra de Pinho. 7.* CadeiraPathologia interna e therapeutica i n t e r n a . . . . Jos Dias d'Almeida Junior. 8. CadeiraClinica medica. . Antonio d'Azevedo Maia. 9." Cadeira Clinica cirrgica. . Roberto Bellarmino do Rosrio Frias. 10. CadeiraAnatomia p a t h o l o Sloa Augusto Henrique d'Almeida Brando. 11. CadeiraMedicina legal. . . Maximiano Augusto d'Oliveira Lemos. 12. CadeiraPathologia geral, semeiologia e historia medica. Alberto Pereira Pinto d'Aguiar. 13. CadeiraHygiene Joo Lopes da Silva Martins Junior 14. CadeiraHistologia e physiologia geral Jos Alfredo Mendes de Magalhes. 15. CadeiraAnatomia topographica Joaquim Alberto Pires de Lima.Lentes jubilados

Seco medica

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Jos d'Andrade Gramaxo. Pedro Augusto Dias. Agostinho Antonio do Souto. Antonio Joaquim de Moraes Caldas.

Lentes substitutos

Seco medica Seco cirrgica Seco cirrgica

) a g Augusto d'Almeida. 1 Vaga. Vaga.Lente demonstrador

Vaga.

A Escola no responde pelas doutrinas expendidas na dissertao e enunciadas nas proposies. (Regulamento a Escola, de 23 d'abril de 1810, artigo 155.)

A MEUS PAES,e a mais recente e mais pormenorisada serie d'observaes, incidindo sobre os dois pontos principaes hemoptyse e febre. Por esse motivo e porque o estudo em presena, esclarece grandemente o assumpto, entendi que em separado o devia summariar. Consistiu o plano do dr. LALESQUE em considerar os tuberculosos que ha mais de dois annos submetteu ao methodo de Quinton, expor a cadeia dos factos observados, analysa-los e deduzir concluses fermes mais encore ralisables. Passa, pois, successivamente em revista

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a technica adoptada, os resultados, e emfim a dupla questo da hemoptyse e da febre, por alguns consideradas, como contra-indicaes formaes do emprego do plasma marinho.

TechnicaAs injeces d'agua de mar isotonica, preparada conforme as indicaes de M. QUINTON, foram praticadas em doses de 50 ce. para a primeira ou as duas primeiras. Seguidamente 100 c.c. para as restantes, repetidas cada trs ou quatro dias, durante um periodo que variava entre um a quatro mezes. O dr. LALESQUE no empregava systematicamente o methodo de Quinton. Submettia primeiro os seus doentes cura climtica. E s, 2.0 . . . 3.o . . . Formas diversas 7 14 22 1 ~44 Durante o tratamento. Dos doentes, 38 permaneceram indemnes de novas hemoptyses. Em 6, porm, reproduziram-se em condies que bom fixar para avaliao do papel do plasma marinho. Detalhando: *

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Uma doente atacada de tuberculose hemoptoica, que tivera cinco hemoptyses de 15 set. 1901 a 18 jan. 1906, e escarros hemoptoicos quotidianos. Aps a quinta injeco sobrevem uma hemoptyse, e um escarro ligeiramente corado em seguida decima. Depois mais nenhum, e este estado de cura apparente dura desde 10 d'abril, 1906. O plasma facilitou portanto o desapparecimento das hemoptyses. Outra doente tuberculose ramollie tinha hemoptyses nas epochas menstruaes. Em seguida primeira injeco produziu-se a hemoptyse periodica. Porm, no reappareceu nas menstruaes seguintes, tendo proseguido systematicamente o tratamento marinho. Doente tuberculose cavernosa tendo tido 8 hemoptyses abundantes, sem contar os perodos hemoptoicos. O tratamento comeou em plena crise hemoptisica. 13 a 24 dias depois as hemoptyses reappareceram. Devem-se attribuir ao plasma? No se prova, visto os antecedentes do doente, a persistncia das hemorrhagias muito depois da cessao das injeces, cujo numero s" foi de quatro. Doente tuberculose cavernosa do vrtice direito com ulcerao laryngea com frequentes hemoptyses no comeo da doena e expectoraes hemoptoicas quotidianas. Durante o tratamento, permaneceu na mesma sem alterao alguma. Curta durao do mesmo. Nos dois casos restantes tuberculose hemoptoica

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os escarros modificam-se com as primeiras injeces, depois desapparecem. Estes factos demonstrampelo menos & innocuidade da medicao nos escarros de sangue. O plasma parece actuar favoravelmente sobre este symptoma. Aps o tratamento. Destes 44 doentes, a 10 voltaram os escarros. D'aqui devemos deduzir 2, citados na parte anterior, que. tiveram escarros sanguneos, antes, durante e depois do tratamento. Restam 8 observaes; 5 confirmam a innocuidade do plasma marinho, porque as hemoptyses ou os escarros s reappareceram dois, trs, sete, e doze mezes a seguir paragem do tratamento. Os dois restantes, grandes cavitarios, succumbiram a uma hemoptyse fulminante, accidente natural, espontneo e frequente neste periodo da doena.

Segundo grupo No estudo delle encontramos a confirmao da innocuidade do plasma marinho em relao s hemoptyses. Se o plasma marinho perigoso, se susceptvel de provocar a hemoptyse, devemos notar o apparecimento do escarro num numero aprecivel de doentes, indemnes at ento. Esta cathegoria comprehende tuberculosos que nunca haviam tido hemoptyses. Subdividem-se :

86 Tuberculosos do l.o grau 2.0 3.0 . .

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Formas diversas,

1 ~25

Ora sobre estes 25 doentes, isentos de toda a hemoptyse ou expectorao sanguinolenta antes do emprego da plasma marinho, apenas se nos depara um caso d'escarros vermelhos durante o tratamento, e um outro depois. O primeiro casotuberculose ramollie-faz trs series d'injecoes. Raros escarros na primeira, nenhuns nas outras. Se quisessem attribuir o facto ao plasma, como explicar que a continuao intensiva delle suspendeu o accidente em vez de o provocar de novo ? No segundo, a hemoptyse que sobreveio dois mezes depois do tratamento, no pode ser imputada a este.

Terceiro grupoComparando com tudo o que precede, a terceira cathegoria de doentes, em numero de 22, surge pelo confronto, mais um argumento confirmativo da anterior opinio. Dlies, 17 eram hemoptisicos antes de qualquer cura climtica. Viveram os 22 nas mesmas condies de meio atmospherico, todos foram submettidos mesma

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technica hygieno-dietetica, todos foram observados no mesmo perodo de tempo que os 69 casos dos dois grupos antecedentes. Porm com esta diferena capital, que nenhum dos 22 foi injectado de plasma marinho. Ora o escarro de sangue reapparece em 15 sobre os 17 hemoptisicos, e sobreveio nos 5 que antes da chegada a Arcachon nunca tinham soffrido hemoptyses. Num dlies foi fulminante e mortal. No patente que, se estes 5 doentes houvessem sido injectados, no deixariam de attribuir as hemoptyses aco do plasma marinho ? Deste conjuncto de provas, o dr. LALESQUE julga-se auctorisado a concluir que a hemoptyse anterior, mesmo nos cavernosos, no contra-indica as injeces de plasma marinho, nas doses por elle empregadas.

Pebre Como a injeco salina ordinria, a da agua do mar isotonica provoca nos tuberculosos, na grande maioria dos casos, phenomenos de reaco. Dlies o mais perturbante, theoricamente, a elevao da temperatura. Os auctores so unanimes neste ponto. Mas dever-se-ha concluir, como querem alguns, que a medicao marinha sub-cutanea haja de ser formalmente prohibida nas tuberculoses febris? Seria restringir a um campo acanhadssimo as indi-

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caes do methodo Quinton, visto como as tuberculoses apyreticas so raras, mesmo rarssimas emquanto se no comeou a cura d'ar e repouso. Quotidianamente, ha 25 annos, que o dr. LALESQUE verifica isso. Recebe doentes que lhe negam qualquer febre, ou a quem o seu medico declarou apyreticos, e que so verdadeiros febris. Basta, para tal comprovar, que se lhes tome methodica e constantemente a temperatura s 8, 11, 3, 6 e 9 horas. Ento, nos doentes considerados apyreticos, um momento sobrevem, sempre o mesmo, em que o thermometro attinge ou excede 38.o. De novo lembra que os doentes de que aqui se trata, foram injectados, porque a cura hygienica no resultara. Todos eram sub-febris ou, na sua grande maioria, nitidamente febricitantes, quando no hyperthermicos. Que observou o dr. LALESQUE? Eil-o : Ordinariamente nas duas ou quatro primeiras horas que seguem injeco, sobrevem uma reaco com arripios, mal estar, cephalea, sede e elevao de temperatura, variando em media 0,o5 a lo, e l,o5. Dura a reaco 4 a 6 horas. Ao dia seguinte a temperatura desce, volta ao typo primitivo, as mais das vezes algumas decimas abaixo. As injeces seguintes so acompanhadas de reaes mais ou menos vivas, se bem que as ultimas j no produzem nenhum dos phenomenos indicados. Em volta deste typo commum agrupam-se variedades, como aquelles que nada sentem s primei-

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ras injeces, e cerca da duodcima ou da vigessima que experimentam a reaco. O grau da doena influe sobre esta reaco thermica? De modo algum. Os casos do primeiro perodo reagiam to vivamente como os do segundo e terceiro. A reaco destroe uma apyrexia anterior? De maneira alguma. Conserva a febre dos tuberculosos ? Mantem-na elevada? Obsta ao seu decrescimento? Nos febricitantes do primeiro e segundo graus a injeco da plasma, attnua, as mais das vezes, a febre, e frequentemente a jugula. Em certos casos do terceiro grau, nos grandes cavernosos, o tratamento abaixa a temperatura, e dos hyperthermicos faz sub-febris, por vezes apyreticos. Assim a reaco thermica momentnea devida injeco, no deve assustar nem fazer cessar, ipso facto, o tratamento. O dr. LALESQUE accrescenta que se houvera recuado ante algumas reaces violentas do primeiro e segundo grau, no teria a registar os seus mais bellos successos. A reaco thermica nos dois primeiros estados um indice dos benefcios provveis da medicao, e de benefcios certos quando coincide com o despertar do appetite.

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ConclusesDos tratamentos conhecidos at hoje, ainda o melhor o hygienico, secundado pela climatotherapia, na montanha, na plancie ou no mar. E' o tratamento fundamental de todos os adjuvantes. Destes, o mais poderoso e mais fiel, consiste nas injeces sub-cutaneas d'agua do mar isotonicas segundo o methodo de M. QUINTON, sempre que predominar a decadncia nutritiva; e, seja qual fr o grau da leso pulmonar, impe-se esse tratamento. At nos grandes cavernosos pode dar benefcios reaes. No contra-indicado pela hemoptyse, que elle no provoca nem desperta, e da qual talvez facilita o desapparecimento. No contra-indicado pela reaco thermica que provoca, pois os doentes dos primeiros perodos que a apresentam, so aquelles que mais parecem beneficiar do tratamento. No contra-indicado nas formas apyreticas de que no destroe a apyrexia. No contra-indicado nos febricitantes do primeiro e segundo graus, nos quaas attnua e, por vezes, jugula a febre. No contra-indicado, duma maneira formal, nos cavernosos febris, aos quaes pode ainda minorar a hyperthemia.

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0 dr. LALESQUE remata, que as suas deduces no as d como intangveis. Tirou-as das suas observaes, sem qualquer ideia preconcebida e sem se importar com as theorias physiologicas ou pathogenicas, sem se inspirar do que foi dito pr e contra o methodo. ,

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112Durante o tratamento : 15 de maro 18 6 12 28 5 19 d'abril . . de maio

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70,700 70,700 71,350 72,000 72,600 73,900 76,600

kgr.

Augmentou em 65 dias 8,600 kgr.

*Alguns pontos interessantes ha a notar nesta observao. O estudo dos pesos mostra a restaurao completa e rpida do estado geral, a partir das primeiras injeces. A euphoria realmente notvel, bem como as melhoras quasi completas do pulmo direito affectado. Mas o ponto capital c referente s hemoptyses. O doente teve cinco hemoptyses de 15 de setembro de 1905 a 18 de janeiro de 1906; e nos perodos intervallares, escarros hemoptoicos dirios, que continuam at fins de fevereiro. No dia 3 de maro comea o tratamento pelo plasma marinho, levando 21 injeces, das quaes 20 de 100 ce. e 1 de 50. E o que succde? Apenas alguns escarros hemoptoicos ou simplesmente iriados de sangue, de tempos a tempos, e uma pequena hemoptyse na tarde da quinta injeco, no dia 20 de maro. Depois disso, nem durante o tratamento nem aps elle, mais coisa alguma. Pode dizer-se que o tratamento pelas injeces d'agua de mar isotonicas no s no favoreceu a volta das hemoptyses, mas mostrou ser o meio mais efficaz de resoluo do foco pulmonar, que era a origem das hemoptyses. Este foco tinha resistido a quatro mezes de cura climtica, e a todos os tratamentos anteriores.

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Finalmente, a reaco thermica provocada pelas primeiras injeces foi diminuindo, at que as ultimas no produziram reaco alguma. Como se pode vr do graphico, o doente chegou apyrexia completa. IV Tuberculose pulmunar recente, hemoptoica, sub-febril, aberta. Melhoras profundas e durveis. Homem, 25 annos. Antecedentes hereditrios Me robusta, forte, sadia. Um irmo, sadio e robusto, teve uma bacillose pulmonar ha 7 annos, de que se curou pela cura climtica prolongada em Arcachon. Antecedentes pessoaes Nunca esteve doente. Era forte e robusto. Historia da doena Em abril de 1905 comeou a tossir. Em 18 de junho, no regresso duma longa excurso d'automove!, ao deitar-se, pela meia noite, teve uma hemoptyse. A tosse continua; cana facilmente e emmagrece rapidamente. No emtanto continua na sua profisso penosa e anti-hygienica vida d'escriptorio, com longas sesses na bolsa. 8 de julho. Segunda hemoptyse, tarde, to abundante como a primeira, reproduzindo-se nos dias 9 e 10, de manh. Apparece a febre. Cura hygio-therapeutica. 14 de julho. Terceira hemoptyse, mais violenta que as anteriores. Em 14 d'agosto vae para a aldeia onde colhe melhoras sensveis. Em 15 de setembro vae para Arcachon. Exame do doente Faz febre. Appetite regular. Tosse frequente, secca, quintosa. Expectorao pequena. Pulmo esquerdo. Indurao de todo o lobo superior, adiante e atraz; estalidos finos, hmidos, no sulco deltide e na fossa supraespinhosa junto columna vetebral.8

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A cura hygienica traz leves melhoras : tosse um pouco menos, a temperatura baixa um pouco; de 18 de setembro a 9 d'outubro au gmenta de peso 2 kgr. 100, tendo voltado o appetite. 9 d'outubroPerde quasi de repente o appetite, lingua saburrosa, febre accentuada. E mbarao gastriao com pousses congestivas da face, muito fortes, dando duas pequenas hentoptyses em 13 e 14, se guidas, durante 8 dias, de escarros muito vermelhos. Tosse frequente, 38, e nos dias seguintes : 386, 382, 384. 18 d'ontubro Pulmo esquerdo, adiante: nos dois primeiros es paos intercostaes e no sulco deltide, estalidos hmidos na inspira o normal, tornandose mais perceptveis depois de tossir; sarridos subcrepitantes finos, muito superficiaes, no tero superior at ao n vel do mamillo, estendendose para o cavado e linha axillares. Atraz: na fossa supraespinhosa, sarridos subcrepitantes finos de mistura com signaes bronchicos sibilos e roncos. Pulmo direito. Adeante e atraz, na parte superior, schema I do prof. Orancher. 20 d'outubroMelhoras estethoscopicas. Na regio infraclavicu lar esquerda, os sarridos so menos hmidos, menos abundantes, me nos extensos. Atraz, desappareceram os roncos e os sibilos. Pelo emprego dos sinapismos nas pernas12 por dia, no voltou a congesto da face, que apparecia de preferencia aps as re feies. 26 d'outubroSeis escarros vermelhos de manh. 27 d'outubroTrez escarros vermelhos; 379.TRATAMENTO

/ Injeco 28 d'outubroTrs escarros raiados de sangue, de manh. A anorexia dura desde ha 20 dias. E mmagrecimento grande, notvel perda de foras. 100 c.c. s 10 h. da manh. A's 2 h. teve arripio; s 4 h. lj% novo arripio.

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Temperatura rectal : meio dia 2 h. Va 4 h. Va 6 h. Va 8 h. Va 3706 38o 39i 38o8 385

.

Dr de cabea, com predomnio na nuca at meia noite. Do meio dia s 7 h. da tarde no tossiu nem expecturou. Sentiu-se afogueado pelas 5 h., passando com a applicao de sinapismos nos membros inferiores. Urinas turvas e abundantes. Suou um pouco pela meia noite. Somno no muito bom. 29 d'outubroA temperatura desceu37,2. No teve tosse; uma s expectorao nas 24 h., de bom aspecto. No voltou a sentir-se afogueado. Ao jantar tinha fome; comeu, sabendo-lhe muito bem : um caldo, ovos estrellados, miolos, creme e biscoitos. Ha 20 dias que a anorexia era completa. Dormiu bem. 30 d'outubroTemperatura37,9, 37,2. Na fossa supra-espinhosa esquerda no se ouvem j os sarridos sub-crepitantes finos, apenas na parte superior algumas leves crepitaes finas e hmidas; depois de tossir. A' frente, eguaes melhoras mas menos accentuadas. Nas inspiraes foradas percebe-se ainda o caracter hmido dos sarridos, com a mesma abundncia, e nas mesmas regies que em 18 d'outubro. 11 injeco 3i d'outubro. 100 c. c. ao meio dia. No teve arripio. Temperatura : meio dia 2h 4h 6h 8h 369 37o5 377 38! 374

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Do meio dia s 9 h. do dia seguinte no tossiu. A's 3 h. da noite, raspou da garganta uma pequena mucosidade estriada de sangue. No teve a congesto da face habitual, no carecendo pela primeira vez, desde ha semanas, da applicao de sinapismos. No teve cephalea nem suores. Dormiu bem. Urinas claras, abundantes. A primeira vez, depois d'algumas semanas, que no precisou de clyster para obrar. O appetite mantem-se pequeno. 1 a 2 de novembroTemperatura: 367 a 372. III injeco 3 de novembro. J no se ouvem, atraz, nas inspiraes foradas, sarrido algum, mesmo secco. A frente, os sarridos ouvem-se em menor extenso e so mais seccos. Em resumo: parece terem desapparecido os signaes de congesto. No tem tido a face congestionada. Ha trs dias que no tosse; apenas duas expectoraes, levemente coradas. 100 c.c. s 9 h. Ligeira reaco thermica, Temperatura : 8h. . . . . meio dia 2h 4h 6h. . 367 37 1 37o2 37o6 374

Leve congesto facial entre as 3 e 4 h. Um escarro sanguineo s 7 h. No tossiu de noite. Dormiu muito bem. Muito bom appetite. 5 e 6 de novembro. Temperatura: 36 a 369. IV injeco 7 de novembro. 100 c.c. Pequena reaco thermica. Dormiu bem. Bom appetite. No tossiu; uma s expectorao mucosa nas 24 h. 8, 9, 10, 11 e 12 de novembro. Temperatura: 3605 a 372. V injeco i3 de novembro. Atraz, esquerda, continua bem, sem ruidos anormaes, apenas signaes de condensao. /rente, alguns

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sarridos seccos, circumscritos ao sulco deltide. 100 c. c. as 10 h. Muito pequena reaco thermica. Muito bom appetite. As congestes faciaes menos intensas e mais raras ; j no carece de sinapismos. O doente attribue o facto suppresso do vinho. VI injeco 16 de novembro. 100 c. c. Reaco nulla. Dormiu bem. O doente levantou-se pela primeira vez, e est 3 h. na chaiselongue. VII injeco. 21 de novembro. A' frente, esquerda, respirao rugosa, sarridos muito seccos circumscriptos na parte superior do sulco deltide. Atraz nada. 100 c.c. s 11 h. O doente levanta-se todo o dia. VIII injeco 25 de novembro. Sente-se bem, come bem. Tosse e expectorao quasi nullas. 28 de novembroAtraz nenhum ruido anormal; persistem apenas os signaes de condensao. A frente, as inspiraes foradas do apenas alguns sarridos muito seccos, discretos, superficiaes, na linha axillar. IX injeco 2 de dezembro. Magnifico appetite. Depois de alguns dias sem expectorao, teve hontem dois escarros pontuados de sangue. Atraz, nenhum ruido anormal. A' frente, apenas leves crepitaes finas, seccas, superficiaes, na linha axillar. Manteem-se as melhoras dos signaes estethoscopicos. 100 c.c. ao meio dia. X injeco 5 de dezembro. 100 c.c. XI injeco 10 de dezembro. O doente sente-se bem, sente-se forte. Come como nunca comeu. Digere bem. 100 c.c. s 10 h. da manh. Passeio de carro das 2 s 4 h. XII injeco14 de dezembro. Continua apyretico. Appetite devorador. Estado geral muito bom. 100 c.c. s 9 h. da manh. 19 de dezembroA auscultao d o mesmo que no dia 2. 26 de dezembroOs mesmos signaes estethoscopicos, menos na parte superior do sulco deltide, onde se ouvem algumas crepitaes finas, discretas, mas hmidas. Estado geral magnifico. 30 de janeiro de 1906 Sente-se forte. Magnifico appetite; faz

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bem as digestes. No tosse nem expectora ha um mez. Hoje teve de manh um pequeno escarro levemente raiado de sangue. A auscultao, atraz, d bacidez, respirao mais ampla, voz e vibraes thoracicas menos resoantes. Nem um s ruido anormal. A' frente, respirao rugosa, inspirao rude e baixa.

Pesagens: Altura, 1,