A Astrologia - Suzel Fuzeau

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    A ASTROLOGIA

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    Suzel Fuzeau-Braesch

    ASTROLOGIA

    Traduo:Lucy Magalhes

    Reviso Tcnica:Stella van Weerelt

    Astrloga e psicloga clnica

    Jorge Zahar EditorRio de Janeiro

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    Ttulo original:L'Astrologie

    Traduo autorizada da primeira edio francesapublicada em 1989 por Pressas Universitaires de Franca,de Paris, Frana, na coleo "Que sais-je?"

    Copyright Pressas Universitaires de Franca, 1989Copyright 1990 da edio em lngua portuguesa:

    Jorge Zahar Editor Ltda.rua Mxico 31 sobreloja20031 Rio de Janeiro, RJ

    Todos os direitos reservados.A reproduo no-autorizada desta publicao, no todo ouem parte, constitui violao do copyright. (Lei 5.988)

    [Edio para o Brasil]

    Impresso: Tavares e Tristo Ltda.

    ISBN: 2-13-042610-7 (ed. orig.)ISBN: 85-7110-141-8 (JZE, RJ)

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    SUMRIO

    Capa - Orelha - Contracapa

    Introduo 7

    captulo 1Componentes gerais da tcnica astrolgicaocidental 9

    I. O zodaco, 9;II. O Sol, a Lua e os planetas, 14; III. O cureal , 20;IV. Interpretao psicolgica, 25; V. Previses, 27

    captulo IIOrigem dos diferentes elementos da tcnicaastrolgica e sua evoluo 32

    I. Primeiros conhecimentos astrolgicos da Antigidade, 32;II. Aastrologia helenstica, 39

    captulo IIIDa expanso antiga revoluo

    copernicana 47I. Roma, 47;Il. O incio do cristianismo, 50;III. A astrologia rabe,51;IV. A Idade Mdia, 53;V. A imprensa e o heliocentrismo: dosculo XV ao XVII, 57

    captulo IVDo Sculo das Luzes poca moderna:declnio e renovao 61

    I. O Sculo das Luzes, 61;II. Evoluo particular da astrologia naGr-Bretanha, 64;III. Esquecimento e reapario da astrologia naFrana, 69;IV. A Alemanha e o Terceiro Reich, 73;V. Balano etendncias da astrologia atual, 76

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    captulo VA astrologia diante da cincia 84

    I. As estatsticas, 86;II. A psicologia, 96;III. A biologia, 104;IV. A

    astronomia, 108; V. O racionalismo militante contra a astrologia,113

    Concluses 117Bibliografia 120

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    INTRODUO

    A astrologia antes de tudo um dado da civilizao ligado tomada de conscincia, pelo Homem, do tempo que se escoa edos ritmos da natureza.

    Sua histria se estende ao longo de um perodo de mais de5.000 anos, e sua evoluo prossegue, simultaneamente, mas demodo descontnuo, nos planos temporal e geogrfico.

    A observao do cu, o conhecimento dos movimentos doSol ou da Lua, dos planetas e das estrelas, a sucesso dos dias edas noites e tambm das estaes logo impressionaram o espritodo Homem. E por isso que diversos sistemas espaos-temporaisde natureza astrolgica apareceram durante o desenvolvimentode numerosas civilizaes como a egpcia, a hindu, a helenstica,a chinesa ou a maia.

    Nascida das tradies egpcia, mesopotmica e grega, aastrologia ocidental a nica que estudamos neste livro. Estapequena obra deseja, situando-a historicamente em basesdescritivas, reunir os elementos objetivos de que dispomos.

    Entretanto no nos pareceu possvel oferecer um panoramasrio da astrologia sem, previamente, conhecer suas linhas es-senciais e sua substncia principal . Expomos assim, no primeirocaptulo, os componentes da tcnica astrolgica geralmenteaceitos na atualidade. Isso nos pareceu indispensvel em razo

    da extenso do uso da palavra 'astrologia' e de sua grandeimpreciso, quase paradoxal, no esprito popular.

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    Assim, poderemos melhor compreender a origem e melhoracompanhar os desenvolvimentos e formas de seus elementos,desde a Babilnia at nossos dias, ao longo de trs captuloshistricos.

    Depois de bem definida e situada historicamente, torna-seento possvel, no quinto captulo, confrontar a astrologia e acincia moderna problema dos mais difceis e espinhosos.Indicaremos, o mais objetivamente possvel, os fatos maismarcantes da questo, antes de tentar uma concluso provisria,que o prprio leitor poder retomar.

    NOTA

    No texto, os algarismos entre colchetes se referem bibliografia final. Estacompreende as obras diretamente utilizadas.

    Os algarismos superiores referem-se s notas de rodap, entre as quaisencontrar-se-o todas as referncias provenientes de publicaes peridicas. Elasso numeradas de 1 a n, em cada captulo.

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    captulo ICOMPONENTES GERAIS

    DA TCNICA ASTROLGICA OCIDENTAL

    O conhecimento preliminar da tcnica astrolgica ocidental, comoesta geralmente aceita na atualidade, indispensvel boacompreenso de sua histria e de suas relaes com as cincias,o que ser objeto dos captulos seguintes. Adotamos aqui ovocabulrio reunido no Dictionnaire Larousse de I'Astrologie [1].

    O estabelecimento de um mapa astral de um indivduo, ou

    carta natal, ou horscopo, nativity ou birth chart em ingls, abase de toda a astrologia: seus mtodos sero expostos,seguidos de um resumo das tcnicas e formas de interpretao[2, 3, 4, 5, 6, 7].

    1. O ZODACO

    Definio. O zodaco uma zona de nossa abbada celeste,situada de lado a lado da eclptica, de uma largura aproximada de18, na qual se pode ver evoluir o Sol e os planetas. A eclpticano outra coisa seno a trajetria aparente do Sol, descritadurante o ano, em torno da Terra, tal como se apresenta a umhabitante de nosso globo. E pois um dado do sistemageocntrico.

    O plano da eclptica est atualmente inclinado de 23aproximadamente em relao ao equador celeste e o corta emdois

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    pontos, que so os equincios: equincio da primavera ou ponto"vernal" e equincio do outono.

    Ao longo de sua revoluo anual sobre a eclptica, o Sol

    percorre os doze signos do zodaco, avanando aproximadamente1 por dia (= 360 por ano). De fato, sabe-se que odeslocamento real da Terra em torno do Sol que produz omovimento aparente do Sol pelos doze signos zodiacais (quadro1 efig. 1).

    Q U A D R O I

    Os doze signos zodiacais, suas longitudes

    e suas datas aproximadasSigno Longitude Dataries 0-30 21 de maro - 20 de abrilTouro 30-60 21 de abril - 20 de maioGmeos 60-90 21 de maio - 21 de junhoCncer 90-120 22 de junho - 22 de julhoLeo 120-150 23 de julho - 22 de agostoVirgem 150-180 23 de agosto - 22 de setembroLibra 180-210 23 de setembro - 22 de outubroEscorpio 210-240 23 de outubro - 21 de novembroSagitrio 240-270 22 de novembro - 20 de dezembroCapricrnio 270-300 21 de dezembro - 19 de janeiroAqurio 300-330 20 de janeiro - 18 de fevereiroPeixes 330-360 19 de fevereiro - 20 de maro

    Os doze signos zodiacais correspondem s dozeconstelaes de estrelas fixas, como foram vistas e definidas naAntigidade, das quais conservaram os mesmos nomes: ries,Touro, Gmeos, Cncer, Leo, Virgem, Libra, Escorpio,Sagitrio, Capricrnio, Aqurio, Peixes,1 convencionalmente,definidos por suas longitudes, a partir do ponto vernal = 0 ries,at 360 Peixes.

    Na realidade, o ponto vernal se desloca de modo contnuo,

    1 Em latim: ries, Taurus, Gemini, Cancer, Lio, Virgo, Libra, Scorpius, Arceteneus,Caper, Anphora [tambm chamada de Aquarius (N.R.T.)] Pisces nomes reservadoss vezes s constelaes de estrelas reais para distingui-las dos signos do zodaco.

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    em conseqncia do movimento lento do eixo de rotao da Terra,acarretando o fenmeno de "precesso dos equincios". assim

    que o ponto vernal recua no zodaco aproximadamente 1 em 72anos: a coincidncia dos signos zodiacais e das constelaes sereproduz a cada 26.000 anos2 e h uma defasagem de um signoentre o zodaco e as constelaes a cada 2.160 anos.3

    FIGURA 1Representao do zodaco astrolgico mais comumente utilizada naFrana (graduada de cinco em cinco graus). Circunferncias projetadassobre o plano da eclptica. Doze signos com seus smbolos numeradossegundo o Quadro l.

    O signo zodiacal astrolgico , pois, a representao da posiosazonal do Sol em nossa situao terrestre; e ele leva o nome daconstelao que lhe correspondia quando o zodaco foi instaurado.Lembremos enfim que cada signo costuma ser dividido em trs"decanatos" de dez dias.

    2 Aproximadamente. (N.R.T.)3 Assim, para um nativo de ries, por exemplo, o Sol se encontra no signo zodiacal deries, mas na realidade atravessa atualmente a constelao de Aqurio (1].

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    Significados dos signos. A cada um dos doze signos atribudo umcerto nmero de caractersticas definidas. Estas podem ser resumidas poralgumas palavras-chave simples, que sintetizam sumariamente as

    acepes mais geralmente aceitas, mas que apenas possibilitam apercepo do "clima" prprio a cada signo.

    1. ries: impulso - energia - vontade - entusiasmo - ardor - ao.2. Touro: pacincia - perseverana - estabilidade - materialidade -

    fertilidade - teimosia.3. Gmeos: adaptabilidade - dualidade - mobilidade - flexibilidade -

    mudanas - comunicao.

    4. Cncer - imaginao - sentimento - abismo - famlia - lar -passado.5. Leo: criao - potncia - glria - dominao - magnanimidade -

    ideal - irradiao.6. Virgem: mtodo - anlise - trabalho - devotamento - cincia -

    engenho - pudor.7. Libra: justia - julgamento - harmonia - conciliao - indeciso - paz -

    associao.8. Escorpio: poderes ocultos - segredos - agressividade - mistrio

    - sexualidade - desejo.9. Sagitrio: abertura - viagens - filosofia - religio - ideal.10. Capricrnio: seriedade - austeridade - realizao - trabalho - ambio -

    pacincia - exatido - lentido.11. Aqurio: futuro - relaes sociais - amizades - invenes - altrusmo -

    originalidade - independncia.12. Peixes: irracionalismo - vulnerabilidade - sacrifcio - impres-

    sionabilidade.

    (Exposies detalhadas dessas caractersticas sero encontradasem todas as obras citadas[1 a 7].)

    Diferentes classificaes dos signos do zodaco. Sendo diretamenteligada s estaes do hemisfrio norte, onde nasceu a astrologia, umaclassificao notoriamente conhecida vem logo mente, a dos signos"cardinais, fixos e mutveis".

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    Os signos cardinais ou mveis correspondem ao incio de estaes, ou

    seja: ries depois do equincio da primavera.Cncer depois do solstcio do vero.Libra depois do equincio do outono.Capricrnio depois do solstcio do inverno.

    Os signos fixos se situam no meio de estaes:Touro na primavera.Leo no vero.

    Escorpio no outono.Aqurio no inverno.

    Os signos mutveis no fim de estaes: Gmeos fim da primavera.Virgem fim do vero.Sagitrio fim do outono.Peixes fim do inverno.4

    As classificaes dos signos, que, como veremos, tm origemmuito longnqua, compreendem tambm a que se baseia sobre adistino entre os quatro elementos fundamentais, que corresponde diviso do ciclo anual em trs vezes quatro quartos. Sucedem-se entoos quatro elementos: Fogo, Terra, Ar e gua, atribuindo-se ao signo de

    ries o elemento Fogo; Touro Terra; Gmeos Ar;

    Cncer gua

    para o quarto inicial do ano, e assim por diante.

    Pode-se reunir num quadro sinttico a dupla classificao dosdoze signos [6] mais utilizada (quadro II).

    4 Note-se que, como escreve o autor, essas indicaes se referem aohemisfrio norte. (N.T.)

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    QUADRO IIAs duas classificaes mais utilizadas dos signos do zodaco:

    suas correspondnciasFogo Terra - Ar gua

    CARDINAL ries Capricrnio Libra CncerFIXO Leo Touro Aqurio EscorpioMUTVEL Sagitrio Virgem Gmeos Peixes

    Deve-se acrescentar tambm uma terceira classificao: ados signos ditos femininos e masculinos. Os signos do Fogo e doAr so masculinos, o da Terra e da gua so femininos. Enfim,assinalemos que a expresso "par" e "mpar" s vezesconsiderada, principalmente por astrlogos anglo-saxes, emfuno do nmero atribudo a partir de ries = n 1.

    II. O SOL, A LUA E OS PLANETAS

    Os elementos de um mapa astral . O Sol uma estrela, aopasso que os planetas so definidos pelos astrnomos comocorpos celestes no-luminosos por si mesmos, que giram emtorno do Sol. Os planetas considerados pela astrologia so emnmero de oito: Mercrio, Vnus, Marte, Jpiter, Saturno, Urano,Netuno e Pluto,5 por ordem crescente de suas respectivasdistncias em relao ao Sol (a Terra situa-se entre Vnus e Marte;

    Mercrio e Vnus so chamados de 'planetas inferiores"). A Lua,enfim, apenas nosso satlite. Para a astrologia, Sol e Lua soqualificados de luminares" e posicionados nas Efemrides geo-cntricas como os planetas.

    Uma carta natal tambm deve comportar a posio nozodaco de dez elementos figurados, aos quais podeacrescentar-se

    5 S os cinco primeiros eram conhecidos na Antigidade, por serem visveis aolho nu. Urano foi descoberto em 1781 por Herschel, Netuno em 1846 emconseqncia dos clculos de Le Verrier, Pluto em 1930 por P. Lowell e C.Tombaugh.

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    a posio de "nodos", geralmente lunares, dados nas tbuas.

    Esses "nodos" (norte e sul) so os pontos de interseo da rbitade um planeta com o plano da eclptica. Os nodos dos planetasse deslocam muito pouco e no so utilizados. Em contrapartida,os nodos da Lua so calculados em astrologia, geralmente

    julgados como desprovidos de influncia prpria, masconsiderados em sua relao com os outros elementos do mapaastral.

    Dois tipos de coordenadas permitiro posicionar oselementos de uma carta natal: as coordenadas equatoriais

    ascenso direta e declinao; as coordenadas eclpticas latitude e longitude. As Efemrides [8] do a longitude, nguloformado pela distncia do ponto vernal ao ponto ocupado peloelemento celeste. Conta-se de 0 (ponto vernal) at 360 nosentido direto do percurso solar, ou seja, nafigura 1,no sentidoinverso ao dos ponteiros do relgio. As Efemrides fornecemtambm a declinao ou altura angular do elemento acima ouabaixo do equador celeste, dada em graus (0 a 90 em direonorte ou sul.

    Nesse ajuste geocntrico, o Sol percorre o zodaco em umano, e os planetas o fazem segundo as duraes que lhes soprprias, registradas no Quadro III, onde tambm est indicado osmbolo que os representa.6

    Convm observar que o "signo zodiacal" muitas vezesconhecido por uma pessoa apenas. um elemento de seu mapaastral: a posio do Sol no dia natalcio. Afigura 2d um exemplode posicionamento para um nativo de 1989.

    Certos astrlogos posicionam, enfim, outros pontos fictciosalm dos nodos lunares, como a "Lua Negra": o segundo focoda rbita da Lua.

    6 Os asterides [Os asterides so usados por um nmero reduzido de astrlogos,principalmente nos EUA, como um ramo parte dos que estudam a astrologiatradicional.(N.R.T)] pequenos planetas que circulam entre as rbitas de Marte e deJpiter, incalculveis para um mapa, no so levados em considerao pelaastrologia. Assim tambm no se consideram eventuais planetas transplutonianos,s vezes levados em conta pelos astrlogos e pelos astrnomos.

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    QUADRO IIIOs planetas da astrologia:

    Seus tempos de revoluo Tempo de RevoluoSol 1 anoLua 27 diasMercrio 87 diasVnus 224 diasMarte 687 diasJpiter 11,86 anosSaturno 29,44 anosUrano 83,80 anosNetuno 163,83 anosPluto 245,49 anos

    Figura 2Zodaco e posio dos dez elementos astrolgicos do cu de umnascimento a 10 de maio de 1989. Cada planeta est representadopor seu smbolo (Sol, Lua e mais oito planetas), com o graucorrespondente no signo. Ver significado dos smbolos no QuadroIII.

    Ao contrrio da realidade heliocntrica do sistema solar, noqual, cada um segundo sua velocidade e rbita, os planetas sedeslocam sempre no mesmo sentido, as Efemrides do em

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    certos casos valores tais que o planeta recua em relao aoconjunto definido acima. E o fenmeno da "retrogradao"

    aparente, fcil de compreender quando lembramos que aastrologia trabalha em sistema geocntrico. Assim, por exemplo,no ano de 1989, Saturno, visto da Terra, retrogradou de 2 de maioa 13 de setembro, de 135' a 71' de Capricrnio, para retomarsua marcha para a frente e reencontrar sua posio zodiacalanterior no ms de dezembro do mesmo ano.

    Significados dos planetas. A cada planeta se atribui um

    significado prprio. Este mais fcil de formular para os planetasconhecidos h mais tempo, e menos para os trs recentementedescobertos (Urano, Netuno e Pluto), sobre os quais osastrlogos tm opinies bem menos homogneas.

    Apesar disso, e de modo to sumrio quanto para os signosdo zodaco, eis as caractersticas importantes dos planetas, sobforma de palavras-chave mais utilizadas .

    Sol: faculdades individuais, fora vital, vontade,

    masculinidade. Lua: emoes, sensibilidade, vida quotidiana,feminilidade.

    Mercrio: sistema mental, funes de relao. Vnus: sentimentos, amor, harmonia, beleza, artes. Marte: luta, guerra, rivalidade, energia, agressividade. Jpiter: maturidade, autoridade, sociedade, sucesso,

    riqueza, expanso, desenvolvimento. Saturno: tempo, experincia, reflexo, solido,

    retrao, lentido. Urano: mudana, diretividade, originalidade,

    invenes, progresso. Netuno: inspirao, intuio, receptividade,

    maleabilidade, sonho. Pluto: subconsciente, coisas ocultas, marginalidade.

    Como se pode supor, os trs planetas transaturninos so

    objeto de pesquisas e reformulaes por parte de um certonmero de astrlogos[12, 13].

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    Foras e fraquezas dos planetas. Cada planeta tem seussignificados parcialmente modificados pelo signo zodiacal no qualele se encontra.

    A astrologia define de modo muito geral as localizaesescolhidas que valorizam ou desvalorizam, reforam ouenfraquecem o significado de cada planeta. So as 'dignidades"ou "domnios": domiclios e exaltaes, e as "debilidades": exlioou queda.

    Domiclio: h perfeita identidade de ao entre o planeta e osigno; suas foras cooperam harmoniosamente. Por exemplo:Marte em ries ou Sol em Leo. Geralmente, um planeta em

    domiclio no capaz de ser prejudicial.Exaltao: as caractersticas do signo e do planeta se refor-am mutuamente; por exemplo, Mercrio exaltado no signo deVirgem: as faculdades mentais so ento exacerbadas, conformeo carter analtico e metdico do signo.

    Exlio: o planeta ocupa o signo oposto ao seu domiclio nocrculo zodiacal. Sua fora no interrompida, mas age aocontrrio do sentido a que o signo a impulsiona. Por exemplo,com Marte em Libra (signo oposto a ries), a energia tender a

    pr-se a servio da harmonia do signo, que pode sofrer de umexcesso de agressividade.Queda: o planeta ocupa o signo oposto sua exaltao;

    torna-se nocivo s caractersticas de que portador, que por suavez ficaro empobrecidas. Por exemplo, Vnus, em exaltao nosigno de Peixes, fica muito alterado em Virgem, pois seu princpiode amor acha-se contrariado pela predominncia racional dessesigno.

    O Quadro IV d a distribuio dos dez planetas astrolgicosnessas quatro situaes. Notaremos que alguns deles tm duas"dignidades" e que, embora recentemente descobertos, Urano,Netuno e Pluto foram includos nesse sistema, em funo dascaractersticas j reconhecidas pelos astrlogos.

    Aspectos interplanetrios. Chama-se "aspecto" um nguloobservado existente entre as longitudes dos planetas. A tradioastrolgica distingue:

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    QUADRO IV"Dignidades" e "debilidades" dos planetas (segundo[4]).

    Planeta Domiclio Exaltao Exlio QuedaSol Leo ries Aqurio LibraLua Cncer Touro Capricrnio EscorpioMercrio Gmeos Virgem Sagitrio Peixes

    Virgem PeixesVnus Touro Peixes Escorpio Virgem

    Libra riesMarte Escorpio Capricrnio Libra Cncer

    ries Escorpio Touro

    Jpiter Sagitrio Cncer Gmeos CapricrnioPeixes Virgem

    Saturno Capricrnio Libra Cncer riesAqurio Leo

    Urano Aqurio Escorpio Leo TouroNetuno Peixes Leo Virgem AqurioPluto Escorpio ries Touro Libra

    os aspectos harmnicos: "conjunes", os astros tm a mesmalongitude, "trgonos" = 120 e "sextis" = 60 (aos quaisacrescentam-se s vezes o Semisextil = 30 e o quincncio =150).

    os aspectos discordantes: "oposies" = 180 e "quadraturas"= 90 (aos quais podem acrescentar-se a semiquadratura = 45 ea sesquiquadratura = 135).

    Num mapa, o aspecto tanto mais caracterstico quanto maisexata for a medida de seus graus. Na prtica, admite-se que eleexista em uma zona estreita situada de lado a lado do aspectoexato: a orbe. O valor da orbe varivel segundo os autores, namaioria das vezes de 10 para a conjuno e para a oposio, 8para a quadratura e para o trgono, 5 para o sextil.7

    7 Este valores variam de Escola para Escola, embora pouco, e levam em contatambm os aspectos entre os quatro elementos: fogo, terra, ar e gua. (N.R.T.)

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    III. O CU REAL

    Apenas uma semi-esfera celeste pode ser vista de um ponto denosso globo, estando a outra sob o horizonte. Todos os planetasastrolgicos (os planetas, o Sol e a Lua), nascem a leste e sepem a oeste, percorrendo, pois, o cu visvel em razo darotao da Terra em torno de si mesma

    Horizonte e meridiano. Uma operao importante do astrlogo

    definir a linha do horizonte real no zodaco sobre o qual ele situouos dez elementos e tambm obter o traado da linha meridianacorrespondente ao znite onde o Sol culmina ao meio-diaEvidentemente, nessa operao, o lugar e a hora exatos sofundamentais.

    O lugar definido geograficamente por sua longitude e sualatitude[9].As posies dos quatro pontos ou "ngulos": horizonteLeste (= ascendente = AS), horizonte Oeste (= descendente =DS), meridiano (meio do cu = MC) e seu oposto (= fundo do cu= FC) so dados nas Tbuas apropriadas[10]em funo da horasideral do nascimento.

    Essa hora sideral calculada a partir do valor dado pelasEfemrides [8] para meio-dia [ou para a meia-noite (N.R.T.)] dodia do nascimento, retificada em funo da hora local dessenascimento, transcrita em horas GMT segundo o regime horriodo lugar[11], por um lado; e por outro, em funo da longitude eda latitude correspondentes.

    Na Frana, os astrlogos tm atualmente o hbito deorientar o zodaco, representando a linha do horizonte real AS-DSna horizontal, estando o AS esquerda (fig.3).

    Domificao. A linha MC-FC mais ou menos inclinada emrelao vertical do esquema ( esquerda ou direita). De fato, omeridiano corresponde interseo da eclptica com o crculo daesfera celeste que passa pelos plos e a vertical do lugar donascimento. Mas na representao que feita, ele define com ohorizonte quatro partes, cada uma delas dividida em trs "casas"(ou setores), zonas do zodaco que o Sol percorre a cada duashoras no sistema geocntrico da astrologia; da a

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    FIGURA 3Dois exemplos de orientao do zodaco para um nascimento do mesmodia que a figura 2, a) s 9 horas e b) s 11 horas. As posies dosplanetas so as mesmas. S mudam os "ngulos": AS = ascendente eDS = descendente (= linha do horizonte), MC = meio do cu, e FC =fundo do cu (linha meridiana). Para os astrlogos, o indivduo nascido s9 horas possui entre seus grandes regentes os planetas Marte e Urano =energia, diretividade e dinamismo, enquanto que o nascido s 11 horas forte-mente lunar = passividade, receptividade e sensibilidade. Doistem era-mentos extremamente diferentes.

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    variao do percurso e a inclinao em questo. Efetivamente,sendo o plano da eclptica oblquo em relao ao equadorterrestre, o Sol, em certos momentos, fica mais tempo em certossignos que em outros, pelo seu movimento aparente cotidiano emtorno da Terra. Essa representao permite respeitar as posiesreais dos planetas vistos da Terra.

    As doze casas assim definidas seis acima e seis abaixo dohorizonte so situadas no mapa por sua ponta ou "cspide",cujas longitudes em graus de eclptica sobre o zodaco8 sofornecidas pelas Tbuas de casas [10].

    O zodaco fica assim dividido em doze signos iguais e doze

    casas desiguais9

    numeradas no sentido inverso ao dos ponteirosdo relgio (fig.3).10

    O sistema de domificao mais utilizado que evocamos aquiprovm dos trabalhos de Placidus; outros mtodos vizinhos exis-tem, e citaremos seus autores na parte histrica.

    Pode-se notar que, quando a latitude cresce, aproximando-sedo plo, a extenso das casas diminui, mas a linha do horizonteAS-DS continua definvel, mesmo alm do crculo polar. Um mapaastral de um nativo de Narvik no inverno, por exemplo, no tem

    casas Placidus utilizveis, mas esse mapa ser caracterizado pelaposio relativa dos planetas abaixo do horizonte em sua quasetotalidade - Jpiter estando acima nesses anos. (Precisamos essefato, pois ele se encontra no centro de uma das polmicasantiastrolgicas.)

    O princpio da domificao para as latitudes do hemisfrio suldifere de modo simples da que foi descrita acima: ao temposideral do dia do nascimento dado para o norte nas Tbuas,

    acrescentam-se ou diminuem-se 12 horas e l-se na Tbua dascasas o signo oposto para cada uma delas. Exemplo: casa 1 a 17de Capricrnio torna-se 17 de Cncer.

    Um ponto delicado de todas as domificaes: elas no

    8 As doze casas so representadas em certos pases, particularmente entre osanglo-saxes, por doze tringulos no interior de um retngulo.

    9 Em certas pocas, o grafismo inverso utilizado: doze casas iguais e dozesignos zodiacais desiguais.10 Existe um sistema de casas iguais, de 30, a partir do clculo do Ascendente. pouco usado por no levar em conta a declinao do Sol durante o ano, quandoele varia consideravelmente. (N.R.T.)

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    levam em conta as latitudes dos planetas. Isso no to

    importante quando estes so fracos. Mas a de um planeta comoPluto pode ir at 17. Por exemplo, um Pluto acima doascendente segundo a Efemride pode estar na realidade abaixo,o que pode ser importante para as interpretaes. O astrlogo Y.Lenoble prope, pois, que se realize separadamente um mapa de"domitude", atravs de clculos precisos para cada planeta,levando em conta as suas posies reais em latitude.11

    Significados e classificaes. Como o grau do ascendente

    marca o incio do ciclo do dia, da mesma forma que o 0 de riesmarca o incio do ciclo anual, ambos divididos em doze partes(casas e signos), estabeleceram-se correspondncias entre cadacasa e cada signo: a casa 1 com ries, a 2 com Touro... at a casa12 com Peixes. Esse princpio geralmente aceito. E assim quesignificados precisos so atribudos pelos astrlogos a cada casa.Resumiremos aqui a sua essncia, com as palavras-chave maiscomuns. De modo geral, considera-se que as casas localizam na

    Terra e na vida cotidiana as influncias dos signos e dos planetasanteriormente descritas. Assim a casa:

    1 personalidade visvel;2 aquisies, posses;3 relaes, inteligncia, comunicao;4 lar, famlia;5 criatividade, prazeres;6 trabalho, sade, vida domstica;7 associaes, rupturas;8 crises, perdas, sexualidade;9 longnquo, espiritualidade;

    10 mundo social, carreira, honras;11 afinidades, amigos, projetos;12 provas, segredos, subconsciente.

    Evidentemente, esse novo cdigo que se superpe ao

    11 Y. Lenoble, 'Le thme de domitude', in Cahiers Conditionnalistes, n 4, Paris,COMAC, 1981.

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    zodaco inspirou a reflexo de muitos astrlogos. Assimnumerosas classificaes foram tentadas, muitas delas com

    lgicas intrnsecas interessantes, das quais daremos algunsexemplos. Sua finalidade comum , naturalmente, a de facilitar asinterpretaes.

    Classificao das casas segundo Barbault [3]. As casas seorganizam segundo eixos: assim como o eixo Gmeos-Sagitrio o da mobilidade e das viagens, o eixo das casas 3-9 o dosdeslocamentos pequenos e grandes. Assim tambm o eixo 5-11 o dos intercmbios sentimentais e amistosos, etc.

    Segundo Hades[4]. As casas so: angulares: 1, 10, 7, 4; sucedentes: 2, 5, 8,, 11; cadentes: 3, 6, 9, 12,

    com importncias diferentes.

    Segundo Nicola[6].Na circunferncia do zodaco, pode-se ligaras casas trs a trs, por tringulos eqilteros, segundo osagrupa-mentos realizados pelo astrlogo ingls Bailey. Obtm-se

    assim: tringulo do indivduo: 1, 5 e 9 = o sujeito em pessoa,suas emoes, viagens e crenas;

    tringulo do objeto: 10, 2 e 6 = objeto do destino social,objetos materiais e cotidianos;

    tringulo da relao: 7, 11 e 3 = relaes principais,amistosas e mltiplas;

    tringulo da integrao: 4, 8 e 12 = filiao a uma famlia,a um conjunto, separao das filiaes recebidas no nascimento.

    Esse sistema designado por suas iniciais: SORI.Estando assim a carta natal completamente construda, os

    astrlogos procuram descobrir o indivduo12 a que ela se refere(interpretao psicolgica) e realizar previses sobre seu futuro.Esses dois campos utilizam tcnicas to diferentes que julgamosmelhor trat-los separadamente.

    12 Ou o pas, a empresa, etc., pois todas as entidades que tm uma "data denascimento" precisa podem, segundo alguns astrlogos, ter seu mapa astralestudado, do mesmo modo. Particularmente o que se refere aos pases constitu oque se chama "astrologia mundial".

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    IV. INTERPRETAO PSICOLGICA

    A leitura da carta natal de um indivduo uma operao complexa.Com efeito, tudo o que foi descrito acima, referente tipologiaprpria dos signos, planetas, seus aspectos e casas, deve serlevado em conta, reunindo muitos elementos. S uma mente bemtreinada e suficientemente experiente levar a termo essaoperao de traduo, indo alm da simples adio esttica doselementos sucessivamente descobertos. E por isso que se podefalar de uma 'arte da interpretao", no mesmo nvel que a arte do

    diagnstico de um mdico. O esprito de sntese se impe,evidentemente, para uma viso global de um ser. Alis, coerentedescobrir que raramente existem dois mapas semelhantes, assimcomo, em biologia, dois gentipos idnticos (salvo, por um lado, osgmeos csmicos e, por outro, os gmeos verdadeiros).

    Todavia, a maioria dos astrlogos aplicam regras gerais, quetentaremos resumir aqui.

    Convm procurar primeiro a dominante ou dominantes de um

    mapa (s referncias acima utilizadas, acrescentam-se asseguintes:[14 a 19]).Essas dominantes so, em absoluto primeiro lugar, os

    planetas angulares (fig.3):13 situados em conjunes com o AS e oMC, principalmente; e de influncia um pouco menos forte, ossituados no DS e FC. Como certos mapas no tm planetas

    13 Graas a esse mtodo, pode-se, em alguns mapas, verificar a exatido da horado nascimento ou ach-la: a tcnica da 'retificao'. Por exemplo, a Sra. C.,mulher encantadora, amvel, doce, intuitiva, sensvel, solicitada por causa de suasboas relaes, e ao mesmo tempo dotada de esprito de organizao, supunha ternascido s 4 horas (hora dada pela famlia). isso conferia a seu mapa ngulosvazios, Capricrnio regendo, uma AS-MS Escorpio-Virgem: sinal de secura, dure-za e introverso - caractersticas incompatveis com sua natureza evidente. Aocontrrio, um nascimento mais cedo s 2 horas, pe em ngulo, e logo emregncia: a Lua no AS= sensibilidade, receptividade; Jpiter no MC = presena,sociabilidade; e Vnus no FC = encanto, doura. Mercrio e Urano (comunicao

    e organizao, diretividade) ficam em conjuno com o Sol, e so apenaselementos secundrios. o retrato fiel da Sra. C. A verificao da certido denascimento confirmou a hora assim encontrada (observao pessoal). V-se poisa grande importncia da hora.

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    angulares, a dominante resultar do signo mais carregado deelementos astrais, ou ainda dos planetas em conjuno com osluminares. A partir da dominante, ou das dominantes, que seroprecisadas em funo dos signos, da "regncia" destes e dascasas, a anlise se organizar tendendo a uma sntese daimagem de um indivduo nico e especfico.

    Geralmente, cada planeta representa uma qualidadefundamental, que se expressam signo no qual ele se encontra, noseio do campo vivido que indicado pela casa referente. Porexemplo, esquematizando um pouco: Vnus = encanto, beleza,amor; em Touro = sentimentos estveis e fiis (posio forte,

    estando Vnus em "domiclio" em Touro), na casa 10 = o encantoser posto a servio da carreira, ou a carreira se relacionar comas artes.

    Os aspectos so elementos que entram na snteseprocurada: seu nmero varivel e pode ser importante. Osplanetas em aspecto so tratados em funo de suas ligaes;"rpidos" e "lentos", eles interagem diferentemente. No caso detendncias psicologicamente contraditrias ou "contrastadas",como por exemplo Vnus e Saturno interligados, h uma

    problemtica: duas possibilidades a observar, segundo a evoluoda vida.

    Enfim, quando um planeta recebe muitos aspectos, podetornar-se uma dominante.

    Os aspectos harmnicos foram tradicionalmenteconsiderados como benficos e os discordantes como malficos.Mas para muitos astrlogos atuais, os aspectos tendem a servistos de maneira menos maniquesta, no sendo mais

    sistematicamente qualificados como malficos os aspectosdiscordantes, mas indicando uma problemtica solvel em funoda fora psquica expressa pelos outros elementos do mapa doindivduo. Acontece o mesmo com os planetas outrora semprequalificados de malficos (Marte, Saturno), que so hojegeralmente traduzidos em termos de caractersticas psicolgicasobjetivas.

    Os signos prprios dos ngulos (AS e MC principalmente)tm um significado prprio para a psicologia do indivduo.

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    V. PREVISES

    Numerosas tcnicas tradicionais so utilizadas pelos astrlogospara emitir previses a partir de uma carta natal. Alguns delesso especialistas em uma dessas tcnicas; outros utilizamapenas uma, outros ainda vrias delas. Em suma, os gostos sovariados, mas devemos conhecer o essencial desses sistemasde previso. Resumiremos os cinco principais.

    As direes. Esse sistema se baseia na analogia que se podever entre a rotao da Terra em torno de si mesma (uma volta emum dia) e o movimento do sol no zodaco (uma volta por ano).

    "Direciona-se" um elemento do cu de nascimento (ngulo,planeta) para um outro, considerado como fixo, conservando suaposio natal. H, pois, um arco a calcular, para saber quando,em que idade, o elemento, o ngulo, por exemplo, ficar emconjuno com um planeta importante, como o Sol. Assim, otempo gasto por um grau para passar sobre o meridiano, quatrominutos de tempo sideral, corresponde a um ano de vida.

    Esse mtodo, chamado das "direes primrias", exige,como se v, uma grande preciso dos dados horrios donascimento. Talvez por isso, ele pouco utilizado.

    As "direes simblicas" se baseiam no mesmo princpio,mas adotam a equivalncia um grau = um ano de vida.

    Enfim, as "Direes secundrias" ou "progresses"consideram o deslocamento dos planetas razo de um dia por

    ano. Assim, para prever o futuro de um indivduo de trinta anos,deve-se considerar sua carta natal em seu trigsimo dia aps onascimento e proceder anlise em funo do mapa de origem.A propsito, Barbault [3] afirma que o encontro direcional Sol-Mercrio corresponde freqentemente ao ano em que a pessoatoma conscincia de sua personalidade e assume umaorientao profissional (o que leva a supor que uma conjunoSol-Mercrio natal anuncia uma vocao precoce).

    A revoluo solar. Ao contrrio das tcnicas precedentes,

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    esta repousa sobre um fato astronmico: a volta do Sol ao lugarexato que ele ocupava no zodaco no momento do nascimento.Evidentemente, um novo mapa astral obtido com um novo AS e

    MC, evocando um 'renascimento". Durante cinqenta anos, A.Volguine estudou profundamente essa tcnica [20] enfatizando,entretanto, que um bom "previdente" deve integrar esta tcnica sprecedentes. Ele insiste em que a carta natal da revoluo solarseja estabelecida para o lugar em que se encontra a pessoa nodia de seu aniversrio. Isso permite considerar a utilizao deuma viagem (que desloca os ngulos do cu real) para evitaraspectos julgados nefastos ou indesejveis, que podem ser

    previstos antecipadamente. Uma anlise muito detalhada dessemapa de "revoluo solar realizada levando-se em conta oselementos novos em relao aos do nascimento.

    Os trnsitos. Ainda outra tcnica, esta mais simples, baseada naevoluo astronmica dos planetas[21].

    Os trnsitos correspondem ao deslocamento dos planetasdo cu real sobre os pontos sensveis do mapa astral ou em

    aspectos com eles. Muitas vezes os astrlogos concordam emconsiderar os deslocamentos de planetas lentos, como Saturno,Urano ou Netuno. Pode-se, por exemplo, calcular previamente adata exata da passagem de Urano sobre uma posio forte deVnus do mapa astral: haver ento recrudescncia deacontecimentos de tipo venusiano, afetando ntima e afetivamentea pessoa. Alis, os trnsitos de Urano so considerados poralguns como os mais confiveis, notando-se que a rbita14desseplaneta tem uma durao semelhante da vida humana (84anos).15

    Esse tipo de tcnica utilizado por muitos jornais na seo

    14 De revoluo. (N.R.T.)15 Tambm aqui se pode utilizar o mtodo ao contrrio e pesquisar a hora exatado nascimento, estudando, por exemplo, uma passagem de Urano sobre umaposio-chave, como a do AS, provocando, nas palavras dos astrlogos, umacontecimento importante no definvel. O Sr. N. sofreu um acidente sbito, derepercusses amplas, em fins de setembro de 1984: Urano estava a 10 deSagitrio. A pessoa devia ter ali o seu AS. Com efeito havia nascido s 5 horas, oque dava AS = 10 de Sagitrio (observao pessoal). Ver nota de rodap 13.

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    de horscopos. Cada signo tem a descrio de seu clima, 'amor,sade, vida social, etc.", para a semana da publicao. Em geral,a anlise tem como base os simples aspectos entre cada signo e

    o signo dos planetas do cu real. Por exemplo, num semanriofeminino de 30 de maio de 1988, os nativos de ries lem : 'Amor:o Sol, Vnus e Mercrio16 continuaro a ser favorveis." Comefeito, os trs elementos formam um sextil, reputado aspectobenfico, com o signo considerado em sua totalidade deries. Os nativos de Virgem, ao contrrio recebem esta informa-o: 'Amor: incompreenso, nervosismo, mal-entendidos', poisVnus e Mercrio esto em quadratura com o signo de Virgem,tambm considerado globalmente, estando Marte, alm disso, emoposio17 = dois aspectos reputados como malficos. Nessasprevises jornalsticas, nem a hora, nem o lugar, nem o dia donascimento so, evidentemente, considerados: a previso muitoaproximativa em comparao com as precedentes.

    Os pontos rabes. Muitos astrlogos usam um clculo, primeiravista bastante estranho, denominado "roda da fortuna". Veremosna parte histrica que se trata do vestgio de uma antiga tcnica,

    mais largamente utilizada[22] em certas pocas.Os pontos requerem a escolha de dois elementos fixos que

    podem ser os luminares (Sol e Lua), cuja distncia se calcula emlongitude zodiacal no sentido dos signos, e depois, de umelemento "mvel" significante, como uma posio de casa, que seacrescenta ao ngulo calculado: obtm-se, assim, uma posio nointerior de um signo. A roda da fortuna apenas um dosnumerosos pontos calculveis: ela toma como elemento mvel o

    ascendente e consiste em reportar o ngulo Sol-Lua a partir doascendente.18Nota-se que quando uma pessoa nasceu em dia deLua Nova (conjuno Sol-Lua), sua roda da fortuna est noascendente. Esta pois, em resumo, uma expresso do estadolunar do nascimento. A interpretao desse ponto fictcio passvel de desconfiana, pois os astrlogos se dividem: uns o

    16 Todos em Gmeos. (N.R.T.)]17 Marte em Peixes, portanto oposto a Virgem. (N.R.T.)]18 A frmula Ascendente + Lua-Sol. (N.R.T.)]

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    interpretam em funo do signo, outros em funo da casa emque ele se encontra.

    Os ciclos. Para terminar a exposio desse mtodos, devemosevocar a utilizao dos ciclos planetrios astronmicos. Muitosastrlogos procuram definir perodos regulares no curso da vida,capazes de perceber um clima, uma forma de vida, uma atitudegeral reprodutveis.

    Um deles, bastante comum, baseado no ciclo de seteanos (o 12do ciclo Completo de Urano) segundo o qual a vida dividida em perodos dessa durao: do nascimento aos sete

    anos = reaes bsicas instintivas, relacionadas com o primeirosigno, ries; depois, de sete a 14 anos (Touro) = crises queafetam a natureza sexual e emocional; 14 a 21 anos, etc.

    Nesse campo dos ciclos vitais uma recente "Teoria dasIdades' considera, ao contrrio, as duraes orbitais de cadaplaneta, desde o mais prximo do sol at o mais afastado, queseriam sucessivamente 'integrados' pela criana, pelo jovem epelo adulto, segundo este esquema [23, 24]:

    1ms: Lua;2- 3meses: Mercrio;4- 8meses: Vnus;9 meses - 1 ano: Sol;1 a 2 anos: Marte;2 a 12 anos: Jpiter;12 a 30 anos: Saturno;30 a 84: Urano;

    perodos que correspondem muito bem natureza astrolgicaatribuda a cada planeta.

    O estudo dos ciclos de retorno das conjunes denascimento tambm s vezes utilizado para a previso degrandes etapas da vida. Efetivamente, fcil calcul-los segundoa frmula:

    LxR/L - R

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    em que L = durao da revoluo do planeta mais lento e R =durao do mais rpido.

    Assim, as conjunes de Saturno (30 anos) com Jpiter (12anos) se repetem a cada 20 anos e possuem um significadoprevisvel segundo o lugar zodiacal em que elas se reproduzem nomapa estudado.

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    captulo I IORIGEM DOS DIFERENTES ELEMENTOS

    DA TCNICA ASTROLGICA E SUA EVOLUO

    Os diferentes elementos expostos anteriormente tiveram suaorigem na necessidade de medir o tempo cotidiano e anual emregies de baixas latitudes, como a Mesopotmia e o Egito. Ascivilizaes mediterrneas testemunharam posteriormente aexpanso dessas tcnicas.

    Excetuadas as miraculosas colees de milhares de tabui-nhas de argila da Babilnia, descobertas recentemente, no resta

    praticamente nada das antigas colees de livros do mundomediterrneo. Os soldados de Csar queimaram a biblioteca deAlexandria, e os cruzados incendiaram a de Constantinopla. Omundo ocidental atual recorre, pois, s cpias da Idade Mdia,que percorreram um longo caminho que no abordaremos aqui.Possumos delas boas tradues em francs, com suas anlises[1, 5, 25 a 31].1

    I. PRIMEIROS CONHECIMENTOS ASTROLGICOSDA ANTIGIDADE

    O incio. O homem primitivo, vivendo em contato estreito com anatureza, observou, muito antes da inveno da escrita, as fases

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    da Lua e o movimento diurno do Sol e dos elementos luminososda abbada celeste noturna.2 Como agricultor, logo reconheceu aimportncia dos solstcios e dos equincios. Quatro estaes naMesopotmia, trs no vale do Nilo, ritmadas pelas cheias, levaram criao de calendrios, a fim de prever a sucesso dasatividades anuais.

    Com a volta das mesmas posies do Sol, o ano foi acompa-nhado atravs de suas doze lunaes, o que constitua umareferncia fundamental.

    No Egito, a primeira cronologia dividia o ano em 360 dias (+5), por volta de 3.000 anos antes de Cristo. Os meses de trinta

    dias eram divididos em trs semanas de dez dias (os "decanatos",que sero mais tarde introduzidos na astrologia grega). O dia eradividido em 24 horas desiguais, duas vezes doze horas, diurnas enoturnas, ligadas a doze animais sagrados: gato, co, serpente,escaravelho, asno, leo, bode, touro, gavio, macaco, bis,crocodilo... Poucas observaes diretas do cu: os calendrioseram ligados prpria vida do Nilo. Com efeito, o Egito faranicoera, antes de tudo, caracterizado por seu apego a essesconhecimentos milenares, que permitiram o domnio do rio.

    Matemticos, astrnomos, engenheiros a elite intelectual emestreito contato com a casta sacerdotal transmitiam essascincias ensinadas nos templos. O Sol era objeto da veneraodesse povo, numa regio onde s chovia raramente,principalmente no Alto Egito, e o culto solar remontava mais altaantigidade.

    Babilnia. Na Mesopotmia, tudo comeou entre o Tigre e o

    Eufrates, sob uma latitude propcia agricultura, smanifestaes das estaes (aproximadamente 30 de latitudenorte), e observao do cu.

    Entre o VI e o I milnios antes de nossa era, a regio estavadividida entre a Sumria ao sul e a Acdia ao norte. Inicialmentesimples lembretes prticos e concretos, as inscries em argilacom juncos talhados, abundantes nessa regio fluvial, tornaram-

    2 Vestgios de observaes da Lua teriam sido encontrados em objetos doPaleoltico e do Mesoltico europeu. Ver Marshok, 'Lunar notation on upperpaleolithic remains', Science, 1964, 146, 743-745.

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    se uma verdadeira escrita, dita "cuneiforme", de base fontica.Inveno fundamental dos sumrios, retomada pelos acdios,que depois dominaram a Sumria, essa escrita iria tornar-se a do

    reino de Babilnia, a partir do II milnio a.C. Conservada edesenvolvida por uma elite aristocrtica, ela lhe conferia grandepoder e privilgio, o que tambm acontecera no Egito.

    Mas o importante, para o que nos interessa, que essesaristocratas letrados desenvolveram uma extraordinria tradiode observao e de conservao dos documentos mais diversose dos fatos de todo tipo, 3 inclusive os que se relacionavam com ocu. A primeira tabuinha astronmica encontrada data do sculoVIII antes de nossa era. Uma outra tabuinha descreve todos os

    eclipses lunares que ocorreram na Babilnia entre o reinado deNabonasser e o ano de 317 a.C., ou seja, durante quatrocentosanos. Algumas destas tabuinhas so provenientes deobservaes dirias e se constituem, assim, em Efemridesastronmicas. Elas se tornaram numerosas a partir do sculo IV;e mostram grande objetividade em observaes como: "nublado,no pude observar', em lugar de uma cifra. Ao mesmo tempo emque se registravam essas observaes metdicas, desenvolveu-se uma astronomia matemtica muito complexa. Sabe-se tambmque os "zigurates", grandes edifcios encimados por uma torre,permitiam o trabalho dos astrnomos (Babilnia, sculos VII-VIa.C.).

    Depois do movimento diurno e das fases da Lua, osastrnomos determinaram os pontos cardeais e seguiram aevoluo do Sol entre as constelaes. Identificaram os cincoplanetas (= astros errantes) visveis a olho nu Mercrio, Vnus,Marte, Jpiter e Saturno , depois de terem, a princpio,

    considerado duas vezes os dois primeiros, em razo de suasposies, ora matinal, ora vesperal.

    3 Nenhum dado nos diz por que os babilnios consagraram tanta energia eesforos redao dessas tabuinhas: registravam ms a ms, ano a ano, sculo

    a sculo tudo o que observavam e sabiam, sem que sua motivao profunda nosseja verdadeiramente conhecida. Por exemplo, nas runas de Nnive, emKouyoundjik, mais de 25.000 tabuinhas foram encontradas a partir de 1847, e50.000 no templo de Nipur, perto de Babilnia.

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    Deuses foram atribudos a cada astro. O deus lunar Sinreinava sobre a vegetao, os meses, os anos, os dias e o

    destino dos homens. O deus solar Shamash era o senhor davida; o senhor da justia, lshtar, deus do amor, correspondia aVnus. Os outros astros, fixos ou errantes, eram os "bibus", oucarneiros, uns domsticos (estrelas fixas), outros errantes ouselvagens (planetas). Entre estes ltimos, a "estrela branca"(Jpiter) era o criador Marduk, deus protetor da Babilnia. Seufilho e companheiro Nabu foi identificado como Mercrio: odeus que segura o estilete das tabuinhas do destino, o deus dascincias. Marte era Nergal, deus dos infernos e das armas, arauto

    de infelicidade, com seu inquietante brilho vermelho. Saturno,cuja evoluo lenta foi notada, era assimilado a um velho Solfatigador; Ninib, o estvel, astro da justia e da ordem.

    Assim, nessa religio politesta da Babilnia, aparecemnitidamente as simblicas astrolgicas descritas no captulo I.

    Os pressgios eram estudados (4.000 tabuinhas depressgios na coleo do rei Assurbanipal, 669-626 a.C.), semque se possa verdadeiramente compreender os mtodosutilizados. Os perigos podiam ser afastados, alis, com sacrifciosou ritos: na Babilnia no se acreditava de modo algum em umdestino inelutvel. Os "orculos" celestes eram a Lua, o Sol, oseclipses, os meteoros, o trovo e a chuva. Uma coleo muitoimportante de orculos foi encontrada, abrangendo os temasmais variados: fantasmas, demnios, construo de casas,barulhos, inundaes, animais, poos etc. Algumas predies sereferiam a acontecimentos pblicos: morte de um rei, invaso deum territrio, qualidade das colheitas, fome, epidemias, chuvas

    (por ser habitual, o tempo bom nunca era mencionado...).Os primeiros calendrios mesopotmicos foramestabelecidos, conciliando-se os dias, as lunaes e os anos.Comportavam doze meses, comeando pela primavera.4

    O dia foi dividido em doze partes iguais de uma hora dupla,dividida em sessenta minutos duplos, segundo o clculosexagesimal

    4 Nisan (maro-abril), aiar, siwan, tammuz, ab, ebul, teshrit, arashsamma, kesiIimmu, tebet, shebat,adar.

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    adotado pela primeira vez aqui, e que se imporia por toda a parte.O crculo graduado dividia-se em doze partes iguais e o

    primeiro zodaco descoberto data de 419 a.C. O ponto de partida

    dos signos do zodaco era uma estrela fixa brilhante, e no o pontovernal de nossos dias (= zodaco tropical); tratava-se de umzodaco sideral (ver captulo 1 a passagem de um para o outro, emrazo da precesso dos equincios).

    As origens dos signos do zodaco. Damos a seguir o resumo doque se pde reconstituir dos doze signos do zodaco dessa poca:

    ries: os antigos povos pastores, criadores de gado depequeno porte, observaram uma correspondncia entre a volta da

    primavera, a transformao da Terra e a proliferao dosrebanhos.

    Touro: este signo seria proveniente dos criadores de gado degrande porte da sia Menor. Certamente muito antigo, estarialigado ao culto solar introduzido pelos sumrios vindos do leste.Encontraram-se, em selos, representaes de touros e escorpies:3.000 anos antes, o Sol se levantava na constelao do mesmonome a 21 de maro e se punha no outono em Escorpio.5

    Gmeos: este nome se encontra em antigos textoscuneiformes. Um drago bicfalo, para os semitas do norte,transformava-se em dois homens, no se sabe sob que influncia.

    Cncer: inicialmente eram as cabeas aproximadas de umdrago macho com cabea de abutre e de uma fmea com cabeade leo; tornou-se posteriormente a imagem de um lagostim ou deum caranguejo.

    Leo: em antigos relevos da Babilnia, o Leo assumiafreqentemente a forma de demnio. Tornou-se Leo na qualidade

    de animal real, smbolo dos soberanos reinantes na Mesopotmia,havendo assimilado, talvez, a potncia real, como a do Sol, noznite de sua fora.

    5 Ou seja, a 22 de setembro. (N.R.T.)

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    Virgem: v-se nesse signo um vestgio do conceito

    matriarcal que por muito tempo dominou o mundo mediterrneopr-indo-europeu, da Espanha ao Eufrates. A deusa dafecundidade era expressa numa Virgem, que as mulheres daBabilnia cultuavam sob o nome de lshtar.

    Libra: seria um signo recente, pois a epopia de Gilgamesh,escrita pelos antigos sumrios, da qual se acharam numerososfragmentos, no o menciona. Corresponderia ao "guardio daBalana", representando o mercador das primeiras grandescidades da Mesopotmia.

    Escorpio: o animal foi muito temido na Babilnia, pois osanais citam mortes de reis provocadas por sua mordida. Nos valesde Acdia era Girtab = aquele que morde.

    Sagitrio: os babilnios o representavam como um signohbrido, possuindo uma certa majestade. Os gregos fariam deleum centauro.

    Capricrnio: na Mesopotmia, tratava-se de um ser duplo,espcie de temvel peixe-cabra. Mais tarde os gregos veriam nele

    uma simples cabra, de certa mansuetude, correspondente ssolides pedregosas da regio.Aqurio: na Babilnia, era representado sob a forma de um

    homem ajoelhado, vertendo a chuva de uma urna. Mais tarde,ser o portador de nfora que trazia as inundaes.

    Peixes: relacionava-se com os pescadores do Eufrates e doTigre, que teriam observado correspondncias entre essaconstelao no cu e a poca da desova nos rios.

    Esse zodaco j podia ser visto na tabuinha de Cambises

    (sculo VI a.C.).

    Aparecimento da astrologia individual. H vrios sculosconstituda em disciplina consagrada aos acontecimentos gerais epblicos, a astrologia iniciava um desenvolvimento em direo aoindivduo: falava-se ento de "astrologia genetlaca", palavra deorigem grega. A passagem no parece ntida, mas certamente sesituou na Mesopotmia. H um "horscopo" babilnio datado de

    410 a.C. A Babilnia era ento parte integrante do imprioaquemnida (539 a.C.: conquista de Ciro) e no deixou mais deser dominada por estrangeiros: Prsia, Grcia, Prtia e Roma se

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    sucederam. Parece que sob o domnio dos persas a religio daBabilnia se modificou e, menos baseada na repetio de ciclos

    naturais impessoais, tendeu a enfatizar o carter nico daexistncia de cada um e a influncia preponderante daconfigurao do cu na hora do nascimento. Uma srie dehorscopos natais foi descoberta sobre tabuinhas de argila,precedendo, sob forma de textos, os primeiros horscopos gregosem papiro encontrados no Egito (10 a.C.).

    Nesses textos, so descritas as posies planetrias nozodaco, e o horizonte j parecia desempenhar um grande papel,

    pois o astro que nasce posto em relevo. As predies soprecisas.6 So tambm os primeiros esboos de uma tipologiapsicolgica, mesclada s predies fundamentais: Osacontecimentos lhe sero favorveis, ele ser forte..."

    Assim, os babilnios estabeleceram mtodos astrolgicos deanlise dos horscopos natais individuais antes dos gregos. Osmapas da astrologia ocidental efetivamente aparecem, certamentesob forma rudimentar, mas reconhecvel.

    Ao declnio da Babilnia (ltima tabuinha datada de 70 a.C.)correspondeu a difuso da astrologia no mundo mediterrneo e oincio de sua longnqua aventura, que continua at hoje.

    Um exemplo de migrao astrolgica precoce. Uma influnciada Babilnia se desenvolveu precocemente fora da Mesopotmia,entre as populaes que chegaram aos planaltos da Anatlia no IIImilnio a.C. para constituir o imprio hitita no II milnio. Relaescomerciais se estabeleceram com a Babilnia, e os elementosculturais penetraram simultaneamente; da a escrita cuneiforme.Entre as prticas divinatrias desse povo, encontram-se, assim,tradues de textos astrolgicos da Babilnia, mas a verso hititaparece ligar-se a concepes mais primitivas

    6 Por exemplo, no horscopo de 235 a.C. proveniente de Uruk, l-se: 'A posio deJpiter significa que sua vida ser regular e sem sobressaltos, ele ser rico,envelhecer e viver at idade muito avanada. Vnus estava a 4 de Touro; aposio de Vnus significa que, em todos os lugares a que ele for, as coisas lhesairo bem, ter filhos e filhas. A posio do Sol e de Mercrio significa que eleser corajoso...'

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    dos fenmenos celestes. Encontraram-se vestgios arqueolgicos

    interessantes, como em Boghhaz-Ky.Mas foi a Grcia antiga que esteve verdadeiramente nocentro da evoluo da astrologia, na bacia do Mediterrneo e noOcidente: para ela que devemos voltar nossa ateno maisdetidamente.

    II. A ASTROLOGIA HELENSTICA

    No h nenhum vestgio de astrologia na Grcia arcaica, nem naGrcia de Pricles. A astrologia parece surgir apenas no perodohelenstico, juntamente s conquistas de Alexandre o Grande.

    Entre a chegada Grcia do primeiro astrlogo "caldeu"(termo doravante usado para designar a Babilnia e sua regio),Berose, em 330 a.C., e a redao do Tetrabiblos por Ptolomeu

    em Alexandria, em 140 d.C., passaram-se quase cinco sculos,durante os quais conservaram-se as tradies, aprimoraram-se astcnicas, sem que possamos conhecer com preciso as etapasdessa trajetria. Um terreno propcio formara-se, certamente, ali,em funo das contribuies egpcias, orientais e gregas. Aastrologia se tornou, segundo Knappich [26], "o resultado tpicode um cruzamento entre a cincia astral oriental, a sabedoria dostemplos egpcios, a astronomia da Babilnia, a matemtica e afilosofia naturalista gregas".

    A contribuio egpcia. No Egito faranico existia uma crenano destino inelutvel. Contava-se que, ao lado de Mat e de sis,haveria sete sacerdotisas, as Hathor, que se inclinavam sobre obero do recm-nascido para anunciar-lhe seu destino, napresena de um deus-escriba. As sete Hathor prefiguram aastrologia genetlaca grega com seus planetas e seus deuses.Uma obra muito antiga dessa astrologia greco-egpcia era citada

    sob o nome de 'salmeskoiniake'. A astrologia egpcia eraensinada apenas nos templos, e a pesquisa do destino na horado nascimento s se fazia para os privilegiados, reis ousacerdotes. Os

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    sacerdotes especialistas eram chamados horoscopo (= os queobservam a hora), inicialmente encarregados de medir o tempo,

    depois astrlogos do Estado.

    A contribuio da Grcia antiga. O desenvolvimento dascincias na Grcia antiga bem conhecido. Basta evocarmosalguns astrnomos matemticos e filsofos, precursores do gran-de desenvolvimento posterior da astrologia, que foi modeladasobre suas concepes.

    Uma tradio de astrnomos eruditos remontava escola deMileto, de Tales (640 a 548 a.C.) at Anaxmenes, para quem "ohomem semelhante ao mundo como a parte ao todo".Pitgoras (sculo VI a.C) e seus discpulos anunciaram oselementos racionais do estudo geomtrico do cu do nascimento,segundo o adgio muitas vezes citado: "O que h de mais sbio?

    O nmero. O que h de mais belo? A harmonia." Essasconcepes permitiram a elaborao dos aspectos "malficos" e"benficos" entre os planetas. Empdocles de Agrigento (490 a420 a.C.)7 introduziu a concepo dos quatro elementos

    fundamentais do mundo: fogo, terra, ar e gua, que mais tardeforam facilmente associados aos doze signos do zodaco.Aristteles, preceptor de Alexandre o Grande, fixou a naturezadesses quatro elementos de Empdocles: o fogo "quente eseco", a terra "fria e seca", o ar "mido e quente" e a gua "midae fria" natureza que alguns integraram aos signos do zodaco.Com Empdocles elaborou-se tambm uma concepo inteligvelda influncia dos astros, pois, segundo ele, a luz "uma emissode eflvios que nos chegam depois de destacados do corpo

    luminoso". Hipcrates (460 a 377 a.C.) se interessou pelos ciclossazonais das doenas e descreveu quatro temperamentos: bilioso,nervoso, sangneo e linftico, correspondendo aos quatroelementos de Empdocles raiz da primeira tipologia humana.Enfim, o grande filsofo Plato tambm marcou sua influnciasobre o futuro desenvolvimento da astrologia, j que toda anatureza, para ele, pensamento e inteligncia.

    7 Alguns registram: 490 a 430 a.C. (N.R.T.)

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    Em suma, todo o 'gnio grego" cientfico e racional

    proporcionou um novo nascimento tradio secular da astrologiacaldaico-babilnica.

    Balano da astrologia helenstica. Com a vitria de Arbela (331a.C.), Alexandre o Grande, tendo ultrapassado o Tigre e oEufrates, conquistou a Mesopotmia. A Babilnia apresentou-lheseus conhecimentos, suas riquezas e sua civilizao. Berose, umsacerdote caldeu, astrlogo e historiador, foi enviado para aGrcia; fundou uma escola de astrologia em Cs. Aps a sua

    grandiosa epopia, que o levou a mais de 8.000 km fora daGrcia, Alexandre morreu em 323 a.C. Seus generais dividiram oimprio entre si e propagaram o helenismo, que evoluiu emcontato com todas as civilizaes encontradas (reino daMacednia, Egito dos Ptolomeus, reino da Sria com osselucidas). Nasceu uma civilizao greco-oriental "helenstica",cujos grandes centros intelectuais foram Antioquia, Prgamo eprincipalmente Alexandria com sua biblioteca de 700.000 volumes,seu "museu"-universidade e seu observatrio astronmico.

    Foi ali que se fundamentou o horscopo em basesmatemticas cincia to bem representada por sbios comoEuclides (306 a 283 a.C.), que ali redigiu o seu clebre tratado degeometria.

    Para determinar a posio das estrelas fixas foi criado umsistema de coordenadas que os babilnios no conheciam. Assim,a partir do sculo 1 a.C., os astrlogos no precisariam maisobservar o cu; possuam efemrides e tbuas de ascenso que

    lhes permitiam conhecer as posies dos planetas em lugar ehora dados.Desde o sculo II a.C., Hiparco, ensinando em Alexandria,

    fazia comparaes de dados provenientes dos antigos astrno-mos gregos. Constatou ele que o ponto de partida do ano, aolongo de 150 anos, retrogradou aproximadamente dois graus. adescoberta da "precesso dos equincios". 0 zodaco sideral, quetomava como ponto de partida uma estrela fixa, foi entosubstitudo pelo zodaco tropical, comeando pelo ponto vernal.

    Veremos depois a "teoria das eras astrolgicas", modernoresultado desse fenmeno.

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    Na mesma poca, o gemetra Hipsicles estabeleceu a teoriada ascenso dos signos do zodaco sob as diferentes latitudes, eHiparco aperfeioou esse sistema, utilizando os clculostrigonomtricos progresso muito importante para a tcnica deelaborao dos mapas astrolgicos.

    Assim, o horscopo grego dessa poca foi constitudo dozodaco (do grego zodion = figura), dos planetas, das doze casase dos aspectos geomtricos.

    Um discpulo de Plato, Filipe de Oponte, j atribura osnomes dos deuses aos planetas, precisando que estes"pertenciam" s divindades. Saturno era a estrela de Cronos,Jpiter a estrela de Zeus, Marte a estrela de Ares, Vnus a estrelade Afrodite, Mercrio a de Hermes. Foi sob a influncia dosesticos, persuadidos alis pela rigidez do destino, que os

    prprios planetas se tornaram divindades. Segundo a mitologiagrega, distinguiam-se os planetas masculinos (Marte, Jpiter,Saturno) e femininos (Vnus, Lua). Os deuses gregos de cadaplaneta estavam na origem dos sinais convencionais quecontinuam sendo utilizados pelos astrlogos para represent-losnos mapas:

    Saturno = Cronos = kappa = K

    Jpiter = Zeus = dzeta = Z

    Marte = Ares = alpha = A

    Vnus = Fsforo = phi =

    Mercrio = Hermes = eta = H

    O Sol e a Lua so representados pelos ideogramas doshierglifos ( e ).

    A classificao dos dias se relaciona com a astrologia. Nemos egpcios nem os gregos antigos conheciam a semana de setedias adotada pelos judeus e pelos povos semticos. Uma semanaplanetria de sete dias, caracterstica da cultura hbridahelenstica, j estava em uso no sculo II a.C. Nela, cada dia regido por um deus planetrio, segundo a classificao: Lua -

    Marte - Mercrio - Jpiter - Vnus - Saturno, de cujos nomeslatinos se derivam os nomes de nossos dias (com transposiesde deuses equivalentes em lngua germnica, provenientes dosculo I d.C.). Nessa poca foram classificados os signos dozodaco em

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    cardinais, fixos e mutveis. As 'regncias' (oecodespotie) foram

    bem definidas. Instauraram-se as casas pela diviso domovimento diurno do Sol em doze etapas imagem do movimentoanual, seguindo os doze signos do zodaco.

    Os ritmos naturais estavam ligados prtica astrolgica.8 Asquatro casas angulares (kentra) foram identificadas como'nascente' (horoscope), "meridiano superior" (mesuranema),poente (dysis) e "meridiano inferior" (hypogaion). O "tema" ougnese", isto , a representao do cu astrolgico foi figurado devrias maneiras. Dividiu-se um crculo por uma cruz que

    representava os quatro ngulos; podia haver tambm uma grandecruz sem crculo, com os dados escritos segundo os raios dascasas.9

    Enfim, racionalizaram-se mtodos de interpretao, quecomportavam trs partes, correspondendo astrologia dita"horria", utilizada para tomar uma deciso, astrologiagenetlaca ou natal e astrologia mdica, cuja tradio vamosencontrar mais tarde, na Idade Mdia.

    O "Tetrabiblos" de Ptolomeu. Tudo estava pronto para que umnico esprito pudesse sintetizar o conjunto dos conhecimentosastrolgicos gregos. Foi esse o trabalho do astrnomo CludioPtolomeu, clebre autor do Almagesto, que se constituiu emreferncia astronmica at a Idade Mdia, e tambm de umaGeografia muito prestigiada. Em 140 d.C., Ptolomeu reuniu osconhecimentos astrolgicos em seu Tetrabiblos (= obra em quatrolivros), que se tornou a "Bblia" dos astrlogos [25].

    Em seu primeiro livro, distingue astronomia e astrologia,precisando que a ltima "no atinge a mesma certeza" que aprimeira. Ele a considera como menos "certa" e menos "perfeita".Entretanto, segundo ele, "difunde-se uma certa virtude do cu

    8 Esquecemos muitas vezes que as festas religiosas ocidentais foram fixadas

    astronomicamente: a Pscoa , a cada ano, datada pelo primeiro domingoseguinte primeira Lua Cheia, aps o equincio da primavera (no hemisfrionorte) [Este equincio significa que o Sol passa pelo ponto vernal zodiacal.(N.R.T.)]9 Ver O. Neugebauer, e H. B. Van Hoesen, Greek Horoscopes, Amer. Philos.soc., Filadlfia, 1959, citado em[26].

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    sobre todas as coisas que cercam a Terra". Descreve a influnciado Sol, da Lua, dos planetas, e afirma que se pode "julgar os

    humores e temperamentos dos homens por meio da qualidade docu", reconhecendo tambm a parte da "qualidade da semente" ea influncia dos "alimentos e dos costumes". Eis pois o tombastante evoludo de um sbio esclarecido, que tomou umadistncia crtica da prtica secular que deseja estudar.

    A previso astrolgica justificvel, pois "fortalece o esprito,de modo que a espera das coisas futuras se passa como se estas

    j estivessem presentes, preparao que nos permite receb-lascom serenidade", acrescentando: "No se deve pensar que todasas coisas acontecem aos homens por uma causa celeste."

    O livro expe toda a prtica conhecida: papel dos planetas,suas caractersticas benficas ou malficas, distino entreplaneta "oriental", que precede, pois, o curso do Sol, ou"ocidental", que o segue; signos do zodaco, 'regncias" e aanlise detalhada do ciclo diurno-noturno e dos ngulos.

    As estaes as dos pases conhecidos de latitude norte so descritas na viso do ciclo anual. Em suma, a "Doutrina",

    diz o autor, "resumida como um quadro".No segundo livro, Ptolomeu comps uma geografiaastrolgica completa para sua poca. Evidentemente, nossosconhecimentos modernos tornaram esse livro ultrapassado... edivertido. Para o autor, a Terra habitada forma uma vastasuperfcie geomtrica dividida em quatro tringulos retngulos ou"quadrantes", recebendo cada um deles o nome de um pontocardeal. Com subdivises, Ptolomeu obteve zonas astrolgicasem relao com os signos do zodaco e os planetas dominantes,

    de onde deduziu as caractersticas "raciais" dos povos. Nopodemos deixar de citar alguns fragmentos do texto, que evoca oesforo de globalizao do autor: "Os pases que, no primeiroquadrante da Europa, esto situados no poente solsticial tm anatureza da Triplicidade ries-Leo-Sagitrio e so governadospor Jpiter e Marte ocidentais. Esses pases so a Bretanha, aBlgica, a Germnia, a Itlia, a Glia, a Espanha..." "Os habitantesso impacientes para servir, amantes de liberdade, amigos dasarmas e da guerra, pacientes no trabalho...", "a Bretanha, aBlgica e a Germnia tm mais afinidades com a natureza deries e de

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    Marte; por isso que nesses pases os homens sofreqentemente cruis e sanguinrios", "a Itlia, a Siclia... tm

    mais relao com o Leo e o Sol; assim os homens soambiciosos pela grandeza, benfazejos e magnnimos". A Grciaest bem situada na obra: 'Os outros lugares que restam dessequadrante tendem para o meio de toda a Terra: a Trcia, aMacednia, a Ilria, a Grcia, Creta..." "Eles tomam a Triplicidadeque domina no nascer do sol de inverno: Touro-Virgem-Capricrnio, com os regentes Vnus, Saturno e Mercrio. Porisso, os homens so mais iguais e mais moderados, desejosos decomandar, generosos, independentes, amantes de msica e

    cincias, apaixonados pela liberdade, legislando para simesmos..." "No segundo quadrante, que olha para sudeste,encontramos a Grande sia, a ndia, a Mdia, a Prsia, aBabilnia, a Mesopotmia, a Assria... sob a Triplicidade Touro-Virgem-Capricrnio, regidos por Saturno e Vnus em posiooriental... Essas naes so quentes de temperamento e sujeitasao amor e lascvia, devotadas dana, amantes dosornamentos... Virgem e Mercrio governam a Babilnia, aMesopotmia e a Assria: seus homens distinguem-se peloconhecimento das matemticas e pela observao do movimentodos cus... mas a ndia... est sujeita a Capricrnio e a Saturno; por isso que seus habitantes so feios, sujos e brutais..." Noltimo quadrante est a Lbia "...sob a Triplicidade do Caranguejo(Cncer), do Escorpio e de Peixes... o que faz com que nessasregies... so homens muito quentes, que fazem abundanteconsumo de mulheres..." e assim por diante. Desprovido deinteresse astrolgico moderno (o segundo livro foi esquecido

    pelos astrlogos), o texto permite, de qualquer forma, apreciar asopinies de um sbio grego sobre os seus contemporneos.O terceiro livro trata das "causas particulares' ao indivduo e

    das predies genetlacas realizveis. A importncia da posiodo horizonte de nascimento nitidamente reafirmada, com areserva prudente de que "s o astrolbio pode informar o minutodo nascimento", sendo os outros instrumentos considerados"muitas vezes enganadores'. Ptolomeu levantou a questo daao dos cus sobre a concepo, e props uma idia muita

    audaciosa, que chegou at nossa poca para ser parcialmente

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    retomada (ver os trabalhos de Gauquelin captulo 5): "Depois queo fruto (o embrio) est perfeito", escreveu ele, "a natureza omove, para que saia do ventre (da me) em tal posio do cu

    que corresponda a essa constituio primeira em que ele estavano tempo da concepo." J era, magistralmente percebido, .oproblema da hereditariedade e do determinismo astral.

    Esse livro tambm menciona a utilizao da "roda dafortuna" ou "nmero de graus que existem do Sol at a Lua, apartir do ascendente', das "direes primrias e secundrias",assim como das revolues solares como mtodos de previso(ver captulo 1). As concepes gregas clssicas a partir deEmpdocles, Aristteles e Hipcrates foram reunidas para uma

    anlise do "temperamento e da constituio fsica". As doenastambm so tratadas de um ponto de vista astrolgico: elasacontecem quando os "malficos... so ocidentais em relao aoSol e orientais em relao Lua". Quanto ao carter, 'qualidadesda alma", Ptolomeu consagrou-lhe uma parte importante de seutexto, prefigurando as anlises psicolgicas modernas.

    O quarto livro, enfim, trata de diferentes pontoscomplementares, como riqueza, profisso, casamento, filhos,

    viagens, etc. Deve-se mencionar, entre estes, a primeira teoriadas idades. Segundo o autor, "em todos os homens, h umanatural conjuntura universal, que comea pela primeira idade epela rbita que nos mais prxima (a saber, a da Lua), e acabana ltima idade e na mais alta rbita, isto , a de Saturno."

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    captulo I I I

    DA EXPANSO ANTIGA REVOLUOCOPERNICANA

    Ao mesmo tempo em que Ptolomeu em Alexandria, com seuTetrabiblos, dava um carter quase universal astrologia tcnica que j datava de uns oito sculos o imprio romano, omundo rabe e o ocidente europeu absorviam esseconhecimento.

    At a revoluo copernicana, que assinalou uma etapadecisiva, revisando o geocentrismo unnime, vale a penaexaminar a aventura ocidental da astrologia durante esses quinzesculos to ricos em acontecimentos histricos [1,26, 32 a 35].

    I. ROMA

    Parece que os romanos, de natureza tolerante, geralmente seopuseram pouco penetrao de numerosas religies e doutrinasastrais orientais. Muitas crenas foram aceitas. No seio dessepovo, originariamente constitudo de camponeses e soldados,mais interessados em poltica que em cincias, a astrologia,entretanto, se enraizou, ao mesmo tempo que penetraram ascivilizaes orientais, sem que seus fundamentos sejam modifi-

    cados. Nesse terreno, a astrologia encontrou vicissitudes, adver-srios e defensores, muitas vezes em relao com a intensa vidapoltica do imprio e tambm com o cristianismo nascente.Depois,

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    ligado ao do paganismo grego-romano, um declnio se iniciouantes da queda do imprio.

    Ccero (106-43 a.C.) abordou a astrologia em vrios de seus

    escritos (Da natureza dos deuses, Da adivinhao, Do destino).Um de seus amigos ntimos foi o astrlogo Nigidius Figulus, queconhecia bem os tratados de astrologia greco-egpcios. Um outrosbio astrlogo, Fonteius Capito, escreveu na mesma pocatratados de astrometeorologia. A astrologia estava em uma faseascendente. Pareceu triunfar entre 30 e 100 d.C., desempe-nhando um papel poltico. A nobreza de Roma cria na onipotnciados astros. A poltica dos Csares era influenciada pelos conse-lhos dos astrlogos. Augusto mandou cunhar uma moeda com aefgie de Capricrnio, provavelmente o signo de seu Sol natal.Sua crena na influncia dos astros fora reforada pela entradana corte imperial do clebre astrlogo Trasilo, que depois tambmficou ligado a Tibrio. Em toda a sociedade romana a astrologiaesteve na moda, como o provam numerosas jias e a decoraomural, que evocava os signos astrais individuais. Muitos episdiosforam narrados nos escritos do historiador Suetnio. Virglio,Ovdio e Horcio estavam familiarizados com os astros. Em bis,

    Ovdio descreveu com preciso o horscopo de inimigo. Duranteo reinado de Augusto, Manlio comps as Astronmicas, longopoema astrolgico dedicado ao imperador, onde retomou o es-sencial das tcnicas helensticas.1 Sua atmosfera a de umfatalismo ilustrado pelo verso de essncia estica: "Fata reguntorbem, cesta stant omnia lege."2

    Com o reinado de Tibrio, comeou em Roma uma longahistria de expulses e regressos (ou de permanncias) dos"caldeus" assim eram chamados os astrlogos, entre os quais

    existia na poca um nmero certamente grande de charlates.Calgula puniu um astrlogo que divulgara uma prediodesfavorvel a seu respeito, mas consultava seu horscoposempre que o afetava alguma ameaa. Pode-se citar, sob seureinado, um dos mais clebres astrlogos de Roma: Doroteu deSidon,

    1 Ver J.-H.Abry, "L'astrologie Rome: les 'Astronomiques' de Manilius', in Revued'Etudes Antiques de Toulouse, 1983, 30, 49-61.2 "O destino governa o mundo, o universo regido por uma lei inflexvel."

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    autor de um tratado conhecido, mas que se perdeu. O imperador

    seguinte, Cludio, conservou a seu servio o filho de Trasilo,Balbilo, tambm astrlogo, mas retomou a expulso de todos os'caldeus' da Itlia. Balbilo tornou-se depois preceptor de Nero,

    juntamente com Sneca. Parece que Balbilo foi um precursor dePtolomeu na tcnica das predies pelas direes primrias.

    O fatalismo astral estava na moda. Entretanto, osadversrios existiam e se manifestavam no turbilho poltico esocial da poca. Plnio o Velho, por exemplo, rejeitava a crenana influncia dos astros sobre o indivduo, mas estava convencido

    de sua ao geral sobre as coisas fsicas. Era a posio de umpensador esclarecido. Outros se mostravam mais obstinados,como o imperador Domiciano, que detestava os 'caldeus' e osperseguia, porque um deles lhe predissera, em sua juventude,uma morte prematura e violenta.

    Ao lado de uma astrologia popular, na qual pululavam osindivduos vidos que utilizavam a credulidade geral, existia umaastrologia erudita, principalmente entre os reinados de Nero (54

    d.C.) e de Diocleciano (284-305). Sob o reinado dos imperadoresAdriano,3 Antonino e Marco Aurlio (117-180), a vida intelectualde Roma se desenvolveu e foi muito influenciada pelo helenismo.Redigiram-se em grego numerosos tratados de astrologia. Ofilsofo Plotino (205-270) rejeitou a astrologia popular e o fatalis-mo astral. Escreveu: 'Os astros tm influncia?', e admitiu queestes eram entidades divinas, mas no podiam fazer nem o bemnem o mal.

    A astrologia em Roma assumiu assim mltiplas faces, mas interessante notar que ela se integrou, de algum modo, 'vidamoderna', pois encontrou seus primeiros adversrios declarados,abriu-se pela primeira vez s mulheres (a poetisa-astrloga JliaBalbila, sobrinha de Balbilo, fez parte dos crculos de eruditosamigos de Adriano), e se `institucionalizou" (certos imperadorestinham seus astrlogos, como se repetiu mais tarde com algunsreis de Frana). Mas, praticamente por toda a parte, a

    3 Adriano conhecia bem a astrologia. Quando seu favorito Antinoo se afogou noNilo, ele julgou reconhec-lo numa estrela, e Ptolomeu, posteriormente, deu seunome a uma constelao.

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    astrologia tornou-se sinnimo de predio: houve totalesquecimento do tema da influncia dos astros sobre as

    caractersticas dos indivduos, no obstante as descries dePtolomeu a esse respeito.

    II. O INCIO DO CRISTIANISMO

    Ao mesmo tempo em que se opunha ao culto dos imperadores deRoma, o povo judeu resistia fortemente astrologia. evidenteque o fatalismo astral de essncia estica estava em contradiocom os dogmas de redeno e onipotncia divina. Assim, aastrologia foi combatida pelo apstolo Paulo e pelos Padres daIgreja. Isso no quer dizer que a astrologia antiga no tenha tidoinfluncia no incio da histria crist: os essnios foram um exem-plo claro disso.

    A descoberta de vestgios astrolgicos nos manuscritos do

    mar Morto foi muito curiosa. Embora observando a Lei e osProfetas, parece realmente que os essnios haviam adotadotcnicas astrolgicas para determinar a essncia espiritual decada indivduo, a 'quantidade de luz e de trevas" e certamentepara testar a qualidade dos postulantes ao ingresso na seita. H ocaso de um manuscrito claramente astrolgico, que mostra acrena na determinao do destino de um homem pelos astros dodia do seu nascimento.4

    Certos autores relacionavam a estrela dos Magos, o nmero

    12 dos apstolos, os sete pecados capitais e a ascenso ao cu,entre outros temas, s tradies astrolgicas.

    Para os Padres da Igreja, os deuses planetrios Marte,Jpiter, Saturno eram demnios ou diabos, e atribuam astrologia essncia pag.

    Todavia, para Orgenes (185-254), um importante Padre da

    4 M.R. Lehmann, 'New light on astrology in Qumran and the Talmud', in Revue deQumran, FRA, 1975, 8,4, 599-602. Trata-se do manuscrito 4Q 186.

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    Igreja, os astros no podiam nada produzir por si mesmos, maspodiam indicar aquilo que, para Deus, estava antecipado. O

    provrbio, tantas vezes mencionado, 'astro inclinant, nonnecessitant' (os astros inclinam, no obrigam), data dos primeirostempos do cristianismo. Existia pois oposio ou tentativa deconciliao. Veremos com que intensidade essa dualidade sepropagou.

    O mais clebre dos Padres da Igreja, Santo Agostinho (354-430), reconheceu em suas Confisses ter-se consagrado na

    juventude astrologia, mas 'com a ajuda da graa divina', ele

    'reconheceu e rejeitou as predies mentirosas e as tolices mpiasdos astrlogos'. Manteve a mesma atitude em A Cidade de Deus,sua grande obra filosfica. Mas, paradoxalmente, fez-se defensorda doutrina da predestinao (o homem predestinado felicidadeou danao eterna, quaisquer que sejam os seus mritos). Pelaprimeira vez, em 381, o Conclio de Laodicia proibiu aoseclesisticos interessar-se pela astrologia interdio reiteradaem dois conclios posteriores, o que prova com bastante certeza

    que foi difcil extirpar a astrologia dos costumes dos cristos.Muitos textos, alis, foram perdidos por ocasio dos autos-de-forganizados freqentemente pelas autoridades religiosas.

    Depois da diviso do imprio romano em oriental e ocidental(395), medidas mais ou menos duras foram tomadas contra osastrlogos, que, perseguidos, refugiaram-se na Prsia, ondecentros culturais novos conservavam o esprito grego e estavam naorigem de um contato com outros povos e outras civilizaes, entreos quais os rabes.

    III. A ASTROLOGIA RABE

    A astrologia se difundiu largamente entre os persas, srios, rabese turcos, e acompanhou a conquista muulmana. O perodo mais

    importante de sua histria cobriu oito sculos, a partir do sculoVIII d.C., correspondente ao perodo islmico. Tomou o nome de Elhakam el noud'joun ou 'julgamento das estrelas'.

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    Embora a vocao de Maom tivesse sido a de eliminar daf as supersties astrais e o pensamento judaico-cristo, o Coro

    no contm interdio expressa da astrologia. Os astros eramconsiderados pelo maometano como sinais da vontade de Deus,mas as predies no deviam ter carter fatdico. Assim, muitoscalifas mantinham um astrlogo sob seu servio.

    Conhece-se o desenvolvimento da astronomia rabe; elafavoreceu alguns progressos da astrologia. Os principaiselementos tcnicos do horscopo natal rabe so de naturezahelenstica, mas o sistema dos 'pontos', descrito segundo umanica frmula por Ptolomeu (roda da fortuna) foi especialmentedesenvolvido entre os rabes, principalmente por Albumasar (AbuMas'har al Balkhi), que estabeleceu muitos outros 'pontos'. Poucoa pouco eles caram no esquecimento, apesar dos esforos dealguns para redescobri-los[22].

    No campo da matemtica, os sbios rabes deram contri-buies importantes tcnica horoscpica. Primeiramente, adeterminao algbrica exata das casas intermedirias (enquantoPtolomeu definira bem os quatro ngulos). Alm disso, cons-

    truram novos astrolbios, que permitiam a leitura direta dascspides das casas. Em segundo lugar, efetuaram o clculo dadata dos acontecimentos celestes, graas ao arco equatorialpercorrido segundo o movimento diurno aparente de um planeta(rotao do globo terrestre).

    Os rabes praticaram tambm com preciso a astrologiagenetlaca e a astrologia horria de estudo dos aspectosmomentneos de um cu. Mas introduziram uma tcnica nova,

    cujos ecos ressoaram no Ocidente: a "astrologia mgica". Seuprincpio consistia em combinar a influncia de um planeta commetais ou com os signos correspondentes, de que resultava,segundo eles, uma `fora sideral' aumentada. Da a prtica dosamuletos e outros talisms (do grego tlesma), cuja descrio, aoque se diz, encontrava-se no Picatrix, obra de magia rabe queinfluenciou nossa Idade Mdia.

    As relaes entre os mundos islmico, ocidental e judeu

    eram to complexos que no podem ser expostas aqui. J.Halbronn consagrou uma importante tese ao estudo do 'mundojudeu e a astrologia', [34], na qual se pode acompanhar um

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    fenmeno de hebraizao da astrologia pelos fi lsofos judeusespanhis, por volta do sculo XII (lbn-Azra = Abu Ezra,Avenarius em latim, autor de uma enciclopdia astrolgica escritaem Beziers na primeira metade daquele sculo).

    Em todo esse perodo, a astrologia teve, evidentemente, osseus adversrios. Entre estes, o clebre mdico alquimista efilsofo Avicena (Ab Ali AI-Hosein Ibn Sn) foi um dos maisseveros; evocava o Coro, 's Deus conhece o futuro", paracondenar a astrologia. lbn Khaldoun, no sculo XIV, reuniu seusconhecimentos na obra Do horscopo,e afirmou que a astrologia

    falsa.Com o declnio da grande expanso islmica, a astrologia

    deixou de ser sustentada pelos sbios, para tornar-se em toda aparte uma adivinhao popular, mais ou menos impregnada demagia.

    IV. A IDADE MDIA

    Depois da queda definitiva do imprio romano do Ocidente (455),decorreu um perodo de cinco sculos, designado como 'alta IdadeMdia'. A tradio astrolgica se manteve nas entrelinhas. Depois,precedendo o perodo de renovao, marcado pelos grandessbios Galileu, Coprnico e Kepler, comeou na Idade Mdia umntido florescimento astrolgico.

    A alta Idade Mdia. Durante esse perodo intermedirio, oOcidente no ignorou as obras dos antigos. Bocio traduziu para olatim numerosas obras, inclusive as de Ptolomeu. Isidoro deSevilha (560-636) redigiu uma volumosa enciclopdia, asEtimolgicas, na qual classifica a astrologia entre as superstiespags, considerando, entretanto, que ela pode ser praticada.Carlos Magno se interessou muito pela astronomia e pela

    cronologia As escolas monsticas floresceram. Em certos'compostos' manuais de dados variados comuns foramincludas crnicas astrolgicas (por exemplo, o composto doabade de Saint-Gall).

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    Assim, no se pode dizer que a astrologia tenha ficadocompletamente oculta nessa poca. De fato, antes do futurogrande contato com a cultura greco-rabe, o Ocidente cristoconservou uma tradio astrolgica, dita 'latina' por Thorndike,5fundada sobre tradues de textos gregos de astrologia popular.

    Renascimento da astrologia na Idade Mdia. O sculo XII foimarcado por uma nova sede de saber. As grandes obras daAntigidade s eram conhecidas esporadicamente, ou estavamat perdidas, durante as grandes invases e os temposmerovngios. Desejava-se conhecer essas obras; eram

    encontradas nas bibliotecas das grandes cidades muulmanas deento, e grupos de tradutores trabalharam principalmente emPalermo (Siclia) e Toledo (Espanha). (Conquista de Toledo pelosrabes: 711-713, reconquista pelo Ocidente em 1085; os rabesficam presentes na Europa at a queda de Granada em 1492.)

    Aristteles, Euclides, Ptolomeu, Hipcrates, Galeno emuitos outros, assim como sbios muulmanos, foramdescobertos ou redescobertos. O livro se tornou um instrumentode trabalho, de formato reduzido, no ilustrado, e a pena de

    ganso substituiu o junco.Em Toledo, trabalharam Joo de Espanha, Geraldo de

    Cremona, Plato de Tvoli, Roberto de Chester, Hermann oDlmata, que, sob a bno de um arcebispo apenas a Igrejaera instruda traduziram numerosas obras de astrologia.

    Santo Alberto Magno, na Alemanha (1193-1280, dominicanode Colnia) considerava que os acontecimentos terrestres soprovocados pelo movimento dos corpos celestes, mas no odestino individual do homem, capaz de livre-arbtrio. Assim com-preendida, a astrologia era, para ele, compatvel com o cristianis-mo. Alm disso, a astrologia conduz os pensamentos do homempara Deus, e os astros so apenas os instrumentos fsicos davontade divina. A Igreja adotou essa concepo por muito tempo.Ela j estava presente em Pedro Abelardo (1079-1142), para

    5 L. Thorndike,A History of Magic and Experimental Science during the First 13Centuries of our Era, N. York, 1923, citado por Knappich[26].

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    quem a astrologia pode predizer as naturalia relativas aosfenmenos naturais, referentes tanto agricultura quanto

    medicina.Em sua obra Suma teolgica, o italiano Santo Toms de

    Aquino, aluno de Santo Alberto Magno, tambm dominicano(1225-1274), estudou tambm a questo do livre-arbtrio problema fundamental da astrologia diante do cristianismo. Suasposies foram objeto de um estudo detalhado de P. Choisnard[33].

    A doutrina tomista afirma que "o primeiro motor na ordemdas coisas corporais o corpo celeste", "os astros so a causa detudo o que se passa nos corpos inferiores", "as influncias dosastros so diversamente recebidas nos corpos inferiores, segundoas diversas disposies da matria', "os astros... s exercem umainfluncia indireta e acidental sobre as potncias da alma", "osastros no poderiam ser, imediatamente, por si mesmos, a causado livre-arbtrio', "o homem pode sempre agir, sob o imprio darazo, contra a inclinao produzida pelos corpos celestes'. Emcontrapartida, "procurar prever com certeza os futuros fortuitos e

    os futuros livres uma adivinhao supersticiosa e proibida".O franciscano ingls Roger Bacon (1214-1294),contrariamente aos precedentes, conhecia o hebraico, o grego e orabe, e lia os antigos no texto original. O Opus Majus sua obraprincipal. Para esse doctor mirabilis (doutor admirvel), conside-rado um dos grandes sbios naturalistas de seu tempo, a alqui-mia, a astrologia e a magia so os trs elementos de base dascincias "naturais". Para ele, nenhuma astrologia erudita podeprofessar o fatalismo, reservado aos ignorantes e aos amadores.

    O indivduo pode, com a fora de sua vontade, resistir influnciareal dos astros.

    De 1450 a 1650, desenvolveu-se uma grande astrologiaerudita.6Cada soberano, cada nobre possua em sua corte um ouvrios astrlogos, todos mdicos, que s vezes tambm serviamcomo embaixadores e conselheiros. A arte de fazer clculos lhes

    6 O fim da