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    Louis Claude de Saint Martine o Martinismo

    por

    Robert Amadou

    Introduo ao estudo da vida, da Ordem e da Doutrinado FILSOFO DESCONHECIDO

    Traduzido do original Francs:

    Louis Claude de Saint-Martin et le MartinismeParis - 1946Editado por Edies do Griffon dOr

    Ao Senhor Henri Charles Dupont, atual depositrio desta OrdemUniversal, da qual Saint-Martin revelou a amplido filosfica sem delacomunicar a completa Iniciao. Estas pginas lhe so dedicadas commui respeitosa homenagem.

    Sociedade das Cincias Antigas

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    Robert Amadou

    ADVERTNCIA

    Seguidamente confundem-se sob a denominao de Martinistas, os discpulos de Martinez dePasqually e os de Louis Claude de Saint-Martin. Se bem que as teorias sejam as mesmas, uma diferena

    profunda separa as duas escolas. A de Martinez, restringiu-se ao plano da Maonaria Superior, enquantoque a de Saint-Martin estendeu-se aos profanos; a segunda, ainda, recusou-se s prticas e s cerimniass quais a primeira dava uma importncia muito acentuada. exclusivamente no sentido da doutrina edos discpulos de Saint-Martin que, as palavras Martinismo e Martinistas, sero empregadas notranscorrer das pginas que se seguem. Assim se fala do Spinozismo de Spinoza, do Bergsonismo deBergson.

    Em particular, a expresso Ordem Martinista, que ser lida uma ou duas vezes, no implicanenhuma referncia Ordem dos Elus-Cohen, fundada por Martinez e que se perpetua at os nossosdias; ela se aplica ao Crculo ntimo dos Amigos de Saint-Martin. Chamar ateno do leitor o grandenmero de citaes de Saint-Martin apresentadas nesta obra. Talvez elas o surpreendam. Entretanto,

    acreditamos que no nos devemos desculpar por isso. Nosso nico desejo dar do Martinismo a idiamenos infiel possvel. Pareceu-nos que os textos se impunham, cada vez que uma parfrase tentava trairo pensamento do Filsofo Desconhecido.

    Algumas vezes, foi-nos necessrio interpretar, deduzir certas conseqncias dos princpiosestabelecidos. Disto no nos desculparemos mais, tentaremos justificar tal medida. A nossa idiadiretriz, aquela doutrina viva, responde ao pensamento do filsofo. Mas o trabalho de desenvolvimentoque se nos impe, ter sido sempre conduzido no sentido em que Saint-Martin o teria levado? Disto nopodemos nos vangloriar. Para alcanar semelhante objetivo, teria sido necessrio o prprio Ph\Desc\,ou, pelo menos algum iniciado adiantado, algum homem de desejo mais evoludo. E por esta traioinvoluntria, cuja multiplicao dos fragmentos de Saint-Martin nos pareceu limitar a importncia quens devemos, em definitivo, pedir perdo ao leitor.

    No curso do presente trabalho, as obras de Saint-Martin so citadas da seguinte maneira:

    Erreurs designa os Erros e a Verdade (Des Erreurs et de la Verit) refere-se edio deEdimbourg 1782, 2 volumes, indicando o tomo e a pgina.

    Le Tableau Naturel, citado segundo a reedio da Biblioteca da Ordem Martinista, Paris,Chamuel, 1900.

    Le Cimitire dAmboise e as Stances sur lorigine et la destination de lhomme, so citadassegundo a reedio da Petite collection dauteurs mystiques, Paris, Chacornar 1913.

    Para os outros escritos de Saint-Martin, utilizamos, salvo indicaes contrrias, o texto e apaginao da primeira edio.

    Enfim, lembramos uma vez por todas que, as indicaes complementares sobre as outras de quecitamos na Biblioteca de M. Chateaurhin ou no suplemento bibliogrfico, esto no final do presenteestudo, na pgina 67.

    O QUE O MARTINISMO

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    preciso que um homem esteja oculto, escreveu Dostoiewsky, para que se possa am-lo.

    Desde que mostre o seu rosto, o amor desaparece. ([1]

    )

    No certamente a Louis Claude de Saint-Martin, o Filsofo Desconhecido, que estas palavraspodem ser aplicadas. Ignorado, sem dvida, do grande pblico, Saint-Martin nunca enganou aqueles quese inclinaram sobre a sua to curiosa personalidade e se aprofundaram na sua doutrina espiritual. Mestre

    da vida espiritual, assim se apresenta aquele que as histrias da Filosofia rejeitam, s vezes, em notas derodap. porque sua obra se enderea aos homens de boa vontade, que em nossos dias como em todosos tempos procuram a verdade e a salvao, este modesto trabalho foi projetado. Poder-se-ia, se notivssemos temor de ver superestimada sua importncia, intitul-lo: Iniciao ao Martinismo. Tal foi,exatamente, a razo destas linhas. E, como nossa inteno era de apresentar uma introduo ao estudo e prtica de uma doutrina, tentamos explicar a tarefa que se nos apresenta. Assim compreenderemosmelhor e mais rapidamente, o que se pode entender porMartinismo.

    Tratou-se, em sntese, de apresentar um esboo do pensamento do Ph... Desc... . Porm, mais queaos amadores de reconstituies histricas, ou aos curiosos de debates metafsicos, era preciso dirigir-sequeles para os quais o Martinismo um fermento de vida espiritual, e, Saint-Martin, um Guia Fraternal,

    um Mestre e um Amigo. Fixar para os homens de desejo e de boa vontade, os prprios ensinamentosdos quais eles se alimentam ou faz-los conhecer aqueles que se saciaro dos mesmos; oferecer umquadro vivo de uma doutrina viva: tal deve ser e tal foi nossa constante preocupao ao redigir estetrabalho. No se encontrar aqui, propriamente falando, a exposio didtica da filosofia de Saint-Martin. O Tesofo de Amboise pode, certamente, reivindicar um honrado lugar entre os filsofos.

    Poder ser, sobre este particular, objeto de um trabalho detalhado.([2]

    ) Sua obra suporta a prova de umexame minucioso. Determinar precisamente as influncias que exerceram sobre Saint-Martin, seguindoos efeitos atravs de suas diferentes obras. Reconhecer em determinada pgina do Tableau Naturel, umareminiscncia platnica, ou, em tal pargrafo do Ecco Homo, a lembrana de uma conversao comMadame de Boecklin; situar enfim, aps haver dissecado, o sistema que elaborou no sculo XVIII, um pensador denominado Louis Claude de Saint-Martin, so tantas tarefas teis, apaixonantes mesmo

    prprias para dar um novo brilho figura do Mestre. Mas no queremos reconstituir um esqueleto, nemqueremos erguer uma esttua de pedra. As condies j enunciadas e nas quais este livro foi elaborado,nos justificaro, sem dvida, de ter abandonado todo aparato de erudio. Somente figuraro asindicaes necessrias para compreender a doutrina definitiva, porque existe um aspecto perfeito nopensamento Martinista. Est alm das palavras, aquele que o entrev; permite perceber a coerncia e ofundamento das aplicaes que deles se tiram. O que se chama Martinismo , ao mesmo tempo, umasociedade de homens continuando os estudos msticos do Mestre e, um sistema filosfico e metafsicoque alguns denominam uma teologia. Mas tambm um mtodo que permite reconhecer, luz deste

    rprio ensinamento, o que em todos os domnios especialmente tradicional e inicitico. ([3]

    ) Se uma especulao abstrata, o martinismo logo uma vivncia, um estado de esprito, um esprito. um

    conhecimento superficial, uma luz que d a sua cor aos objetos que envolve, e, que, misturando suanuana aqueles que lhes prprio, funde-os sem os confundir, numa doce harmonia. Pudessem estaspginas, escritas com simpatia e respeito, incitar aqueles que se uniram numa admirao comum porSaint-Martin, a partir da leitura, para encontrar o esprito. Talvez o maior dos filsofos da Unidadeperseguisse, sem cessar, um esforo de sntese. um excelente casamento para fazer, disse este, da

    nossa primeira escola com o nosso amigo Behme. para isso que eu trabalho. ([4]

    ) Nesta inspiraoconsiste o verdadeiro ensinamento do Tesofo. A encontra-se expressa a grande idia que norteou todaa sua vida. E no mostrar-se um fiel discpulo de Saint-Martin o buscar nos seus livros a idia que osditou? Os livros que fiz, ele mesmo declarou, s tiveram por meta convencer os leitores a abandonar

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    QUADRO CRONOLGICO DA VIDA E OS ESCRITOS DELOUIS CLAUDE DE SAINT-MARTIN

    (Com os principais sincronismos literrios, polticos e Martinistas)Ano vida de Saint-Martin sincronismos

    MartinistasSincronismos

    LiterriosSincronismos

    Polticos1730 Lyon. Nascimento de

    Willer-moz.

    1741 Guerra da Suce-sso na ustria.1743 18 de Janeiro. Nascimento

    de Saint-Martin, emAmboise.

    1748 Montesquieu: OEsprito dasLeis.

    1750 Rousseau: Dis-curso sobre asCincias e asArtes. Palissot:

    Os Filsofos.1754 Martinez de Pasquallyfunda em Montpellier osJuizes Es-coceses.Viagens na Frana.Formao e Iniciados.

    1758 Helvetius: DoEsprito.

    1760 Revs em Touluse. EmFoix, Pasqually iniciaGrainville e funda umTemplo.

    1761 M. de Pasqually emBorde-aux afilia-se LojaLa Fran-aise que ele

    procura reno-var.

    Rousseau: DoContrato So-cial.

    1762 Rousseau: LEmile.

    1764 La Franaise se associaa um Captulo Cohen LaFranaise Elu Ecossaise.

    Voltaire: Di-cionrio Filo-sfico.

    1765 Carta Patente de Oficialdo Regimento de Foix.

    1766 Suspenso do Captulo

    Co-hen. M. dePasqually em Paris.Instrui Bacon de laChevalerie, LusignanGra-inville, du Guers,Willer-moz. Iniciaode Willer-moz.

    1767 21 de Maro, Equincioda Primavera.Constituio de um

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    Pa-ris.1778 25 de Novembro,

    Conven-to de Gaulesem Lyon. J. de Maistre,Gran Professo porWillermoz.

    30 de Maio:morte de Vol-taire. 3 de Ju-lho: morte deRousseau.

    Guerra na A-mrica.

    1779 19 de Dezembro: morte

    de Gainet de Lesterre.S. de Las Casas, GranSoberano.

    1780 Novembro: Las Casasaconselha a dissoluodos Cohen e a guardados arquivos aosFilaletes.

    1782 Quadro Natural dasRela-es que existementre Deus, o Homem e o

    Uni-verso.

    16 de julho: Conventode Wilhemsbad.

    Rosseaux:Confisses.

    1783 Mmoire lAcadmiede Berlim.

    1784 Janeiro: Saint-Martinpres-ta juramento Sociedade de Mesmer.Recusa-se a participar noConvento dos Filaletes.

    20 de Outubro:Cagliostro em Lyon.

    1785 30 de junho. Partida paraLyon com sua Bblia He-braica.

    24 de Agosto:embastilha-mento deCagliostro (pro-cesso

    de Collier). Primave-ra:Manifestao do A-gente Inconnu emLyon.

    1786 12 de Janeiro: retorno aParis com Zimovief.

    1787 10 de Janeiro: Chegada aLondres com Galitgin. Re-encontro de Law e de Divone. Setembro: partindo para Itlia com Galitgin, se detm em Lyon.

    1788 Fevereiro: retorno da It-lia, permanece em Lyon.Abril: em Paris(Amboise, Montbliard).6 de Junho: Strasbourg.Reencontros: Turkheim,Madame de Boeklin eSalzmann lhe revelamBoheme.

    Swedenborg:Resumo emFrancs de suasobras.

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    1789 5 de Maio: Es-tados Gerais emVersalhes.

    1790 O Homem de Desejo. 4de Julho: manda riscarseu nome dos registrosma-nicos desde 1785.

    Goethe: Fausto -1 parte.

    1791 Julho: deixa Strasbourgpor Amboise. Em Parisre-encontra a duquesa deBourbon.

    Volney: LesRuines.

    20/22. Fuga doRei Varennes.1 de Outubro:Legislativo.

    1792 Ecco Homo. O NovoHomem, escrito emStras-bourg, 28 de maio:1 carta de Liebisdorf aSaint-Mar-tin.

    1793 Janeiro: morte do pai deSaint-Martin. Abril: cha-

    mado presena dasauto-ridadesrevolucionrias deAmboise. Agosto-Outubro: curta estadajunto duque-sa deBourbon em Petit- Bourg.Outubro: Amboise. LBehme e Law.

    Gleichen: En-saios Teosfi-

    cos.

    21 de Setem-bro: Proclama-

    o da Rep-blica.

    1794 Saint-Martin em Paris re-torna a Amboise. Fim doano: chamado EscolaNormal.

    20 de Julho:morte de Na-dr-Marie Che-nier.

    21 de Janeiro:morte de LuisXVI. 2 de Ju-nho: o Terror.16 de Outubro:morte de MariaAntonieta.

    1795 27 de Fevereiro: Contro-vrsia com Garat. Perma-nece em Paris, corrige l-Eclair e escreve asReve-laes Naturais.

    16 de Abril: umdecreto, probeaos no-bres dedeixar Paris. 27de Ju-lho:queda deRobespierre.

    Fim do Terror.1796 Memrias Academia

    so-bre os Signes de laPen-se. Lettre unami, ou ConsidrationsPhiloso-phiques etreligieuses sur laRvolution Franaise.Maio, em Amboise.

    27 de Outubro:O Diretrio.

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    captulo II

    LOUIS CLAUDE DE SAINT-MARTIN E seus Mestres

    Se eu no tivesse encontrado Deus,jamais meu esprito teria podido fixar-se

    em algo sobre a terra.

    (Portrait n 290, pg. 37)

    Se bem que o Martinismo possa definir-se como sendo a doutrina conforme o esprito e nosomente letra de Saint-Martin, a personalidade e a obra do Filsofo Desconhecido, permaneceu,entretanto, como base desse ensinamento. Depois de t-lo situado na sua poca e em seu pas, vejamosque tipo de homem foi Saint-Martin e como se modelou o seu esprito. Ele deixou-nos sobre sua vida e

    sobre suas afeies, pginas deliciosas e profundas. Melhor que quaisquer comentrios, elas saberodelinear seu rosto bondoso num sorriso enigmtico. O conhecimento por simpatia do Tesofo,permitir, talvez, perceber melhor sua profunda elasticidade que , exatamente, a mesma do Martinismo.

    Nas primeiras pginas de seu Portrait, entre esses esboos to delicadamente puros de estilo e depensamento, o prprio Saint-Martin nos diz que tinha pouco de astral, e acrescenta: A Divindade me

    recusou um mximo de astral porque queria ser meu mvel, meu elemento e meu termo universal ([8]

    ).

    Sua alma sensvel e meditativa, seu prprio corpo do qual recebeu somente um projeto, ([9]

    )

    Bonaparte im-perador

    1806 No Grande Conventodos Ritos do GrandeOriente, Bacon de LaChevalerie re-presentaos Elus Cohens.

    1807 Obras Pstumas - 40Questes sobre a Alma -Da Trplice Via do Ho-mem.

    1812 7 de Outubro:morte de Salz-mann.

    1821 Joseph de Ma-istre: Soires deSaint-Pe-tersbourg.

    1824 Lyon, 29 de Maio:morte de Willermoz.1843 Os Nmeros, Litografia

    de Chauvin.1862 Correspondncias

    inditas com o Baro deLiebisdorf.

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    serpentes me prejudicaram. ([17]

    )

    Certamente, Saint-Martin no compartilhava as idias de Helvetius e de Condillac; permanecerasempre adversrio irreconcilivel deles. Assim, ele apreendeu a conhecer seus inimigos, os Filsofos.Sua familiaridade, mesmo enquanto no foi mais que um livresco, transparecia em seu propsito. Oulgamento que fizeram deles traiu, talvez, uma certa indulgncia e, encerrou, em todo caso, uma justa

    compreenso de sua doutrina. Se fosse possvel dar-mos conta dos primeiros passos que esta filosofiatinha feito..., talvez fosse preciso agradecer inteligncia humana por ter adquirido as altas verdades

    das trevas onde os instituidores as haviam reunido. ([18]

    ) Saint-Martin, no condena, de modo algum, razo; ao contrrio, ele a exalta e o veremos atribuir-lhe a tarefa de conquistar a verdade. Mas ela deveadmitir os seus limites e reconhecer aquilo que a ultrapassa.

    Essa preocupao de um lugar certo para cada coisa, essa distino de planos, so constantes emSaint-Martin. Elas iluminaro sua vida e suas opinies. Veremos o Tesofo julgar Voltaire. Admitir-lheo talento, a virtude intelectual, como tambm as fraquezas. Talvez seja mais difcil no se admirarVoltaire do que estim-lo ou am-lo, porque a sutileza do esprito no pode substituir o sentido moral. E

    o cuidado desse senso moral, dominou em Saint-Martin, uma vez que ele tocou, pelo filsofo, a prpriaessncia do homem capaz de discernir o bem e o mal. Saint-Martin concluiu tambm de Voltaire:Talvez um homem sensato fizesse melhor em recusar totalmente seu esprito, se com isso, fosse

    obrigado, ao mesmo tempo, a aceitar sua moral. ([19]

    )

    No que diz respeito a Rousseau, Saint-Martin tinha com ele muitos pontos em comum, conformeele os assinala: leitura das Confisses de Jean-Jacques Rousseau, impressionei-me com asemelhana de meu pensamento com o dele, tanto pelas nossas maneiras tomadas s mulheres como

    elas nossas tendncias, ao mesmo tempo racionais e infantis, na facilidade com a qual nos julgaram

    estpidos no mundo, quando no tnhamos uma liberdade plena em nosso desenvolvimento. ([20]

    )

    Algumas divergncias separam, portanto, os dois autores, acentuadas alis, pelo prprio Saint-Martin.

    ([21]

    ).

    bem certo que jamais concordou com Rousseau quanto inocncia do homem ao nascer, poistinha sobre o pecado (original), um sentimento profundo. Quanto s idias polticas do Contrato Social,estas foram equilibradas no esprito do jovem jurista pelo descobrimento de Montesquieu e, sobretudo,no de Burlamaqui: Sbio Burlamaqui, exclamar o Tesofo errante na sua obra Le Cimitre dAmboise:

    Sbio Burlamaqui, no ests longe destes lugares Que tusantificaste na aurora de minha vida,

    Com fogo sagrado, saindo de tua profunda lida,Perturbando todo meu corpo com santos estremecimentos,

    Da justia assentou-se-me todos os fundamentos...([22]

    )

    Tais eram as disposies de Saint-Martin quando se deu um encontro que deveria marcar suavocao: o encontro com Martinez de Pasqually, seu primeiro mestre.

    Ele no conheceu de imediato Martinez, mas entrou, primeiramente, na sua irradiao. Esta semanifestou num grupo de discpulos constitudos em corporao, da qual, Martinez era o Grande

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    Soberano: A Ordem dos Cavaleiros Maons Elus Cohen do Universo. Depois de sorrir por muito

    tempo de tudo aquilo a que se referia a Ordem, ([23]

    ) Saint-Martin foi iniciado no rito Elu Cohen em1768.

    Os trs poderosos Mestres, Grainville e Balzac, tambm oficiais do regimento de Foix,rocederam sua recepo no seio da fraternidade. Durante algum tempo, ele foi um partidrio zeloso,

    ([24]

    ) e no seguinte, em Bordeaux, Saint-Martin apresentou-se a Martinez de Pasqually.

    O que poderamos dizer desta estranha personalidade do Taumaturgo do sculo XVIII? Ummeteco, judeu espanhol, supem-se que alterava o francs nas suas cartas ou no seu Tratado; decarter irritvel e inconstante, conservava, por seu encanto e suas promessas, os descendentes dealgumas das grandes famlias da Frana. O que dizer deste cabalista cujas elucubraes teosficasencantavam um grupo de jovens mundanos e cultos? O que poderemos dizer, enfim, deste profeta, cujoVerbo tem at o poder de subjugar um negociante Lyons? Saint-Martin tambm foi envolvido peloencanto emanante de Martinez. Sua afeio, nascida durante o dia de seu encontro, jamais deveriaterminar. Suas relaes com a Ordem dos Cohen refletiam uma evoluo interior que o afastava das

    operaes teurgicas. Mas Saint-Martin, jamais abandonaria os princpios da Reintegrao dos Seres. Nofim de sua vida, Saint-Martin prestou homenagem sua primeira escola: Martinez de Pasqually

    ossua a chave ativa... mas no acreditava que nos pudesse conduzir a essas altas verdades. ([25]

    )

    Quando discute a respeito da Virgem com Liebisdorf, faz uma nova aluso ao Mestre da suauventude: Quanto Sofia e ao rei do mundo, ele (Dom Martinez) nada nos revelou... No queremos

    dizer com isso que ele nada soubesse do assunto e, estou convencido que, se dispusssemos de mais

    tempo, poderamos ter falado sobre isso.([26]

    )

    Convertido ao Martinesismo, Saint-Martin integrou-se plenamente. No somente a doutrina que

    permanecer a sua, ao menos em linhas gerais, mas ainda, as realizaes mgicas e tergicas,receberiam a adeso total do filsofo. Prisse du luc, lembrar-se- deste perodo, quando escrever aWillermoz, aps a leitura do Homem de Desejo: Vi belas coisas, as mais obscuras e mstico - poticas

    (sic) que o autor, em outros tempos, detestava enormemente.([27]

    ) Entretanto, assim como Voltaire ouDiderot, no tinham tornado Saint-Martin incrdulo, a experimentao de Martinez no o fez perder devista o verdadeiro caminho, que o interior. Enquanto seu companheiro, o abade Fourni, oscilava entreSwedenborg e Madame Guyon, Saint-Martin soube manter-se no caminho do meio. De vez que osnomes Swedenborg e Madame Guyon acabam de nos aparecer, como os smbolos de dois excessos,releiamos a apreciao que Saint-Martin nos faz deles: Nunca vi Madame Guyon, declara ele em 1792e aps ter estudado suas obras: Apreciei esta leitura, como a fraca inspirao feminina em relao

    masculina. ([28]) Quanto a Swedenborg, convm afastar para o domnio das lendas a pretensaformao que ele teria dado a Saint-Martin. O papel do mstico sueco foi de pouca monta na carreira doFilsofo Desconhecido. Quando era teurgo - a verdadeira meta dos teurgistas menos a cincia da

    alma do que a dos espritos.([29]

    )

    preciso no esquecer que o livro dos Erros e da Verdade no era, originalmente, destinado aogrande pblico, mas, somente seita dos Martinistas. - V. Rijnberk, I pg. 163 (em 1775 no se trata doMartinismo de Saint-Martin). A obra, alis, foi projetada, amadurecida, discutida e escrita em Lyon

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    unto a Willermoz. (A. Joly: Un mystique Iyonnais, pg. 58) e, enfim, que exps, conferida pelabrilhante inteligncia de Saint-Martin, a doutrina de Martinez. Portanto, pouca coisa tem para mudar, eestas mudanas, referem-se a meros detalhes por ter a expresso perfeita do pensamento de Saint-Martin.

    Saint-Martin censurava Swedenborg de termais do que se chama a cincia das almas do que ados espritos. A frase cruel para o conquistador dos mundos anglicos, o confidente dos bons e dos

    maus gnios. Ela demonstra que ao menos, Saint-Martin no se deixava impressionar por toda aeloquncia, toda a imaginao e todo o esplendor Swedenborgiano: ele teria antes, subscrito oulgamento de V.E. Michelet: Swedenborg no era um filsofo, mas um engenheiro de grande mrito.

    ([30]

    ) Mesmo nesta cincia da alma, que iria, mais tarde, revestir-se de grande importncia, Saint-Martinapreciava pouco Swedenborg. Sobre este aspecto, escreveu ele, ainda que no seja digno de sercomparado a J. Boehme pelos verdadeiros conhecimentos, possvel que convenha a um grande

    nmero de pessoas. ([31]

    ) Isso no muito lisonjeiro. O Tesofo de Amboise percorreu, portanto,

    durante algum tempo, o caminho exterior e fecundo.([32]

    ) Ele o seguia com xito e, em poucos anos,

    colheu os elogios, pelos quais Willermoz esperou onze anos.Entretanto, Saint-Martin sentia renascer em si os impulsos da infncia, o desejo de expanso

    mstica. O cerimonial Cohen lhe pareceu intil, seus resultados falazes: Mestre, disse ele um dia aMartinez,por que so necessrios tantas coisas para orar a Deus?. Esta tendncia tornou-se cada vezmais forte e o entusiasmo. Foi ento que aconteceu a revelao que transformou a sua vida: Saint-Martindescobriu Jacob Behme. Ele mesmo nos relatou sua viagem a Strasbourg e as relaes que travou com

    Rodolphe de Salzmann. Este lhe confiar mais tarde, a chave de Behme ([33]

    ) que ele possua. Masfoi por intermdio de Madame Charlotte de Boecklin que conheceu a obra do iluminado sapateiroalemo, enquanto recebia dela o apoio de uma alma compreensiva. Eu tenho no mundo, escrever emseguida quando se separar, eu tenho no mundo uma amiga como ningum possui, s com ela minha

    alma podia expandir-se vontade e conversar sobre os grandes assuntos que me ocupavam, porque s

    ela consegue adaptar-se medida dos meus desejos, e ser-me extremamente til. ([34]

    )

    Podemos perceber a ajuda preciosa que proporcionou a Saint-Martin, o amorpuro como o deDeus de seu carssimo Behme. Quanto a Jacob Behme, impossvel descrever em frase melhor doque esta, a descoberta que ele representa para o Tesofo francs: No so minhas obras que me fazemlamentar sobre a negligncia daqueles que lem sem compreender, so aquelas de um homem do qualno sou digno de desatar o cordo do sapato, meu carssimo Behme. preciso que o homem tenha setransformado inteiramente em pedra ou demnio para no tirar proveito deste tesouro enviado ao

    mundo h 180 anos. (

    [35]

    )

    Estas entusisticas expresses so encontradas nas obras de Saint-Martin. Cada pgina dacorrespondncia com Kirchberger um grito de reconhecimento e de louvor glria de Jacob Behme.

    No hesitemos neste captulo onde deixamos falar Saint-Martin, em rever seu itinerriofilosfico, como ele mesmo resumiu: devido obra de Abbadie intitulada lArt de se connaitre quedevo meu afastamento das coisas mundanas... a Burlamaqui que devo minha inclinao pelas basesnaturais da razo e da justia dos homens. a Martinez de Pasqually que devo meu ingresso nasverdades superiores. a Jacob Behme que devo os passos mais importantes que dei nos caminhos da

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    verdade. ([36]

    )

    Da em diante, Saint-Martin encontrou o caminho interior. Entrada pela senda que entrevia, masda qual, apenas galgara o limiar. Agora, se dirigia para a Unidade por meio do Caminho do Esprito e doCorao. Descobriu o verdadeiro sentido das tradies Cohen. Conciliando, ao mesmo tempo seus donscongnitos, os ensinamentos de Martinez e Behme, to prximos de seu pensamento, Saint-Martin

    constitui o Martinismo. E essa doutrina filosfica e mstica, ele a viveu, no recolhido sobre si mesmo,mas no meio mundano. Seduziu a alta sociedade parisiense, escreveu um historiador moderno, atravs

    da doura de seus costumes, a austeridade de sua vida e a gravidade de suas palavras. ([37]

    )Permaneceu no mundo e prosseguiu sua grande aventura espiritual. O esprito mundano o aborrece,

    mas ele ama o mundo e a sociedade. ([38]

    ) Segundo as maravilhosas palavras de So Paulo Ele est

    no mundo, como se no estivesse.([39]

    )

    A divisa que um inspirado ancio lhe atribui, dirige sua conduta: Terrena reliquit.(

    [40]

    )

    Pela sabedoria que ensina e vive pela prpria existncia, Saint-Martin tende Suprema Unidadee s visa a Reintegrao Universal. A mscara de sua doura, de sua graa tmida e de sua benevolncia,no consegue dissimular o Mestre. O mais elegante dos tesofos modernos, tambm o Filsofo

    Desconhecido. ([41]

    )

    Em 1795, um correspondente do professor Krter, que se fizera amigo de Saint-Martin, odescreve assim: Ele possui uma iluminao e um conhecimento, de tal maneira superior, que noteriam causado admirao, se no houvessem sido plantados num corao cheio de humildade e

    amor. (

    [42]

    )

    No est a realizado em seu venerado Mestre, o Filsofo Desconhecido, todo o ideal doMartinismo?

    [1]- Les Frres Karamazov. Traduo Mongault (Edio Gallimard N.R.F.) Tomo II, pg. 250.

    [2]- GALHAUT: Cadernos da Fraternidade Polar, 9 de abril de 1933, pg. 22.

    [3]- Conforme o estudo de Franck, onde a teoria Martinista da linguagem e dos smbolos exposta como o seria a de

    Condillac ou de Darwin.[4]

    - Carta a Kirchberger, 11 de julho de 1796, Matter, pg. 272.

    [5]- Porter, n 45.

    [6]- Tableau Naturel, XIII, edio 1900, pag. 169 e 170.

    [7]- Por exemplo, a breve nota necrolgica do jornal dos Debates de 14 Brumaire, Ano XII; a notcia de Tourlet no Monitor,

    reproduzida nas Obras Pstumas de Saint-Martin, Paris, 1787, tomo I pg. XXIV, e impresso a parte, no mesmo ano, sob oseguinte ttulo: Notcia histrica sobre as principais obras do Filsofo Desconhecido e sobre seu autor, Louis Claude de

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    [36]- Portrait n 418, pg. 58 e 59.

    [37]- E. lavisse, Histoire de France depuis les Origines jusqu la Revolution, t. IX, pg. 299.

    [38]- Portrait n 776, pg. 101.

    [39]- Conf. Portrait n 19086 pg. 128. Comumente as autoridades escrevem seus livros como se fizessem somente isso, e

    eu me obrigo a fazer os meus como se no os fizesse.[40]- Em 1787, encontrei um velho chamado Best que tinha o poder de citar a cada um, sem que ele os tivesse jamais

    conhecido, muito a propsito, passagens da Escritura. Vendo-me comeou a dizer: Ele jogou o mundo atrs de si.(Portrait, n 59, pg. 8)[41]

    - J. de Maistre - Les Soires de Saint-Petersbourg (As noitadas de So Petersburgo, Ed. Brasileira - N.do T.).

    [42]- Carta de 20 de dezembro de 1794, Van Rijnbergk, I pg. 162, sobre a vida espiritual e mundana, totalmente sui-

    generis de Saint-Martin, apreciar-se- as pginas to delicadas e encantadoras de Rene de Brimont, na sua narrativa Belle-Rose (Paris, os Cahiers Libres, 1931). a imagem prpria de Saint-Martin que nos restitue maravilhosamente prxima esimptica, uma pura intuio feminina.

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    captulo III

    Existncia Histrica da Ordem Martinista

    As Iniciaes individuais de Saint-Martin,so, verdadeiramente, uma realidade.

    G. Van Rijnberk:Martinez de Pasqually, t. II, pg. 33.

    A existncia de uma Ordem Martinista fundada por Saint-Martin, negada por todos os

    autores srios. ([1]) Tal a concluso das pesquisas filosficas efetuadas pelo Sr. Van Rijnberk. No podemos taxar este autor de parcialidade, pois ele mesmo se declara inclinado a admitir o fatocontroverso. Mas, preciso reconhecer a ausncia de todo estudo aprofundado da questo, devidotalvez, falta de suficiente documentao. O Sr. Van Rijnberk, preencheu esta lacuna e encerrou adiscusso.

    Com efeito, num segundo estudo, o Sr. Van Rijnberk, resume-se assim: As iniciaesindividuais de Saint-Martin, consideradas por muitos como simples lendas, so uma realidade patente.

    ([2]

    )

    Enviaremos, para todas as discusses de documentos, as criticas de testemunhos, etc., osrelatrios do Sr. Van Rijnberk, conduzido segundo o mais sadio mtodo histrico. Indicaremos textosaos quais ele se refere para provar a existncia de uma ordem Martinista, de uma ordem de Saint-Martin.

    1) Entre os documentos que poderamos qualificar de exteriores, encontramos:

    1 - Um texto das Memrias do Conde de Gleichen, o qual relata que Saint-Martin tinha

    estabelecido uma pequena escola em Paris. ([3]

    )

    2 - Um artigo de Varnhagem von Ense, datado de 1821, onde se l: Ele (Saint-Martin)

    decidiu ... fundar uma sociedade (comunho), cuja meta seria a espiritualidade mais pura, e pela qual

    comeou a elaborar sua maneira, as doutrinas de seu mestre Martinez. ([4]

    )

    3 - Uma carta, cujo autor desconhecido e que foi endereada em 20 de dezembro de 1794 ao

    professor Kster. Nela se fala de Saint-Martin e dos membros de seu crculo ntimo. ([5]

    )

    Trata-se, em termos apropriados, de uma Sociedade de Saint-Martin e de uma filialStrasburgiana desta mesma sociedade.

    Sociedade das Cincias Antigas

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    deveria tomar a posio paterna. ([10]

    )

    De fato, a regularidade Martinista de Papus certa, porque ele no possua somente a hipotticafiliao de Delaage. Augustin Chaboseau, assinalou num artigo indito este ponto na histria doMartinismo contemporneo. Ele relata que Grard Encausse e ele, trocaram suas iniciaes, conferindo-

    se, reciprocamente, o que cada um deles havia recebido.(

    [11]

    ) Pode-se, pois, dizer que se Papus eravalidamente detentor da iniciao da Saint-Martin, ele o devia a Augustin Chaboseau.

    Certas tradies e outros fatos, ligam Saint-Martin e a Ordem Martinista Companhia dos

    Filsofos Desconhecidos.([12]

    ) Saint-Martin, estaria unido pelo canal de uma iniciao cerimonial aSalzmann, a Boehme, a Sethon e a Khunrath. O que se poder pensar desta genealogia? No nossatarefa fazer-lhe a crtica; trabalho para um historiador. De resto, a questo pouco nos importa. SeSaint-Martin criticou todas as peas da iniciao Martinistas, ningum poder discutir sobre seu direito eseu poder. Se a iniciao de Saint-Martin leva em si o influxo de Martinez ou do Cosmopolita, isto totalmente suprfluo. Porque a originalidade de Saint-Martin tal, e tal a fora de sua personalidade

    que ocultariam e removeriam as relaes anteriores. Saint-Martin pde ser visto de uma iniciao jpraticada com os seus discpulos, como denominamos aqueles Superiores Desconhecidos, sem lhes darnenhuma prerrogativa administrativa e honorfica, primitivamente ligadas a este ttulo. Mas a concepoque Saint-Martin tinha da iniciao e do Superior Desconhecido, eis o que o Tesofo transmitiu e o que essencial.

    Qualquer que seja o veculo, a iniciao Martinista est totalmente penetrada pelo esprito deSaint-Martin. necessrio e suficiente que ela se refira, efetivamente a ele.

    Tais so os fatos mais seguros no que diz respeito questo to longamente debatida da OrdemMartinista. Resta depois da prova de sua existncia, pesquisar sua natureza, sua organizao, seuesprito, em uma palavra, as ligaes do Martinismo, como ns o definimos, e da Ordem Martinista, que

    pretende ser sua continuadora.

    captulo IV

    O Esprito da Ordem Martinista

    Saint-Martin induzido a formar uma espcie de agrupamento,essencialmente espiritualista, desligado das cerimnias

    ritualsticas e das operaes mgicas.

    J. Bricaud: Notice historique sur le Martinisme.

    Nova Edio, 1934, pg. 7.

    Saint-Martin foi Franco-Maom, foi Elu-Cohen e aderiu ao Mesmerismo; prestou-se, de boamente, aos ritos e aos usos destas sociedades; conduziu-se como membro irrepreensvel de fraternidadesiniciticas. Mas este comportamento representa uma poca de sua vida. Vimos como o temperamento deSaint-Martin e toda a sua formao o afastavam do caminho exterior. Podemos entender, tanto asoperaes tergicas ou mgicas visando resultados sensveis, como as associaes manicas ouocultistas, nos seios das quais elas so praticadas. Quando Saint-Martin solicitou a sua excluso dosregistros da Franco-Maonaria, onde, somente figurava nominalmente, exprimiu seu desejo e sua

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    convico de conservar seus graus Cohen. Mas a idia que at ento fazia dos Elus-Cohen, parece bem prxima de sua concepo pessoal da Ordem inicitica. O verdadeiro elo entre os irmos, um elomoral e espiritual.

    Tambm vimos Saint-Martin repudiar a sociedade, desculpar-se de haver fundado uma: Minha

    seita a Providncia; meus proslitos, sou eu, meu oculto a Justia.([13]

    )

    Mas, o Tesofo, sabia tambm que os seus profundos conhecimentos lhe impunham uma misso.Sabia auxiliar os homens que o cercavam, proporcionar-lhes conselhos, tentar insuflar-lhes o Esprito.Por possuir o alimento espiritual, os aspirantes se lhe aproximavam.

    Assim o crculo ntimo de Saint-Martin se constituiu de discpulos escolhidos e de amigos fiis.

    Somente o valor intelectual e o zelo pela busca da Verdade, permitiam ingressar nessa sociedade. Nem a idade, nem a posio social eram levadas em considerao, as mulheres eram convidadas aparticipar. A alma feminina no sai da mesma fonte que aquela revestida de um corpo masculino? No

    tem ela a mesma tarefa a cumprir, o mesmo esprito a combater, os mesmos frutos a esperar? (

    [14]

    )Entretanto, recomendava Saint-Martin, insisto na opinio de as mulheres devem ser em pequeno

    nmero e, acima de tudo, escrupulosamente examinadas. ([15]

    ) Talvez seja necessrio procurar a, arazo deste aforismo de Portrait: A mulher me parece ser melhor que o homem, mas, o homem me

    arece mais verdadeiro do que a mulher. ([16]

    ) Finalmente, colhemos no que diz respeito s mulheres,uma delicada e graciosa observao de Saint-Martin. Ela ajudar tambm, a reconstituir a atmosfera doMartinismo, segundo a vontade de seu fundador. As grandes verdades s se ensinam bem no silncio,enquanto que toda a necessidade das mulheres que se fale, e que elas falem; ento tudo se

    desorganiza como j o provei vrias vezes. ([17]

    )

    A personalidade do Filsofo Desconhecido, tal como se manifesta nas suas obras e em seus atos,impede atribuir sua sociedade um aspecto rgido, solidamente organizado e hierarquizado. Ningumcr mais na autenticidade do rito manico, dito de Saint-Martin. E a nica ao importante do Tesofo,no seio da Maonaria, foi tentar quebrar a armadura das Lojas regulares, dispersar seus membros earrast-los, na sua corrida para o Absoluto, para fora, dos quadros e dos agrupamentos.

    Admitamos, pois, que os discpulos de Saint-Martin, formavam antes uma espcie de clube,do que uma verdadeira sociedade inicitica. Admitamos que o elo que ligava esses discpulos ao Mestree entre si, eram de natureza espiritual. Resta saber o que se fazia nessa escola e como se trabalhava nela;o que transmitia o Mestre e como se era admitido na cadeia. Estas duas ltimas frases nos parecem

    resumir a finalidade e o princpio da sociedade de Saint-Martin, nela instrua, mas tambm conferia umainiciao, no sentido exato do termo.

    Sobre a maneira de Saint-Martin instruir, possumos um testemunho de primeira mo, so asexplicaes dadas por Saint-Martin a um discpulo que o interpela. So as inestimveis cartas aKirchberger, baro de Liebisdorf. A primeira carta de Kirchberger, solicitava alguns esclarecimentossobre o autor e o fundamento Dos Erros e da Verdade. O Filsofo de Amboise lhe respondeucortesmente, e assim nasceu uma troca de idias que durou quatro anos. Encontramos ao longo das pginas, um aprecivel nmero de concesses doutrinrias. A que descobertas convida a belssima parbola do jardineiro! E quais revelaes, Saint-Martin no hesita comunicar! O Filsofo

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    Desconhecido, na sua primeira obra, esboara alegoricamente o estado do homem antes da queda. Ohomem original, nela se lia, tirava todo o seu poder da posse de uma lana maravilhosa, composta dequatro metais diferentes. Saint-Martin no oculta at que ponto importante descobrir a verdadeiranatureza dessa lana simblica. E responde, assim, a Kirchberger, que lhe reclama o segredo: A lanacomposta de quatro metais no outra coisa do que o grande nome de Deus, composto de quatro

    letras.([18]

    ) Pode-se exigir algo mais claro? Compreendemos a fecundidade das relaes do Mestre e

    dos discpulos, quando uma tal vontade de ensinar, anima aquele que sabe. A seqncia da revelaofeita a Kirchberger sobre a significao metafsica da lana, mostrar ainda, Saint-Martin orientandoaqueles que o solicitam. Liebisdorf, com efeito, tirou desse smbolo, concluses demasiado arbitrrias.

    Comparou, por exemplo, a liga dos quatro metais com os quatro evangelistas. ([19]

    ) Saint-Martin taxoutais concluses de convencionais e, escreveu a Kirchbergerque os quatro evangelistas so, talvez,

    cinqenta.([20]

    )

    Assim se exerce o primeiro ministrio do Filsofo Desconhecido entre os membros de suaOrdem; repara e enriquece sua inteligncia. Ele lhes expe sua verdadeira doutrina. Acrescentemos,

    tambm, a essas demonstraes, as tcnicas msticas, as chaves cabalsticas de meditao, de respiraesque Saint-Martin ensinava a seu grupo. O baro de Turkhein, acreditava que vrias passagens dos Erros

    e da Verdade, eram tiradas literalmente das Parthes, obra clssica dos Cabalistas. ([21]

    ) No existeuma parte da Cabala que pode ser intitulada a yoga do Ocidente? Tais eram alguns ensinamentostransmitidos por Saint-Martin aos membros de sua Sociedade. O que dissemos da concepo Martinistada Ordem inicitica, deixa bem entendido a possibilidade de ser Martinista, sem estar materialmente,socialmente, ligado a Saint-Martin. Certamente fcil se mostrar Martinista, como esses homenssuperficiais que Mercier descreve no seu Tableau de Paris e que fazem do Filsofo Desconhecido,uma moda. No h nenhuma necessidade de ligar-se Ordem Martinista. Pode-se ter aderido doutrina instaurada pelo Tesofo de Amboise, coloc-la em prtica, esforar-se em seguir o caminhoque ele indica, sem ter recebido a iniciao por meio de outro iniciado. Ou por outra, extrapolemos a

    noo da Ordem Martinista. A religio crist julga salvos todos que se incorporam a ela pelo batismodo desejo. Ser preciso ver o Martinismo recusar a iniciao do Homem Esprito a todo Homem deDesejo? Reconheamos, todavia, que a iniciao ritual o meio mais comum e o mais fcil deingressar na Ordem Martinista. Ela proporciona a todo aquele que a recebe, uma poderosa ajuda. Umauxlio mstico, em primeiro lugar, dos Irmos passados ou presentes na comunho dos quais, nospermite entrar, mais facilmente. Ajuda moral e tambm material dos membros contemporneos. Auxliointelectual pelo socorro que solicita no estudo da doutrina, seja por trabalhos em comum, seja pela vozdos adeptos mais adiantados, seja, principalmente, pelas tradies dos quais esses adeptos so o reflexoe que dormem no seio da Ordem, no esperando seno um Prncipe, cujo amor vir despert-los. Mas, ainiciao possui em si mesma um valor exato. Saint-Martin instrua os membros de sua sociedade, dessasociedade que a histria confirmou-nos a sobrevivncia atravs dos sculos. Mas, o Filsofo

    Desconhecido lhes dava tambm, um misterioso vitico, ([22]) uma chave mais estranha do que asclavculas: a iniciao. Extraordinrio encanto do influxo Divino que emana de suas mos, que faz osacerdote ou o adepto, que d o poder ou a facilidade das cincias. Virtude mgica ao limite extremo donatural e do sobrenatural. Prodigioso e impalpvel auxiliar que se d sem dividir-se, que se transmite dehomem a homem; guarda seu efeito prprio e infalvel, mas no desenvolve inteiramente seu poder,seno no esprito pronto a conserv-lo. Singular fascinao dessa corrente sutil, desse fludo vital queanima o membro do corpo mstico.

    Saint-Martin soube discernir o papel da iniciao e entendeu que seu mecanismo no

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    ultrapassava as leis da natureza corporal. Vs tendes razo, escrevia a Willermoz, de crer que anossa sorte depende de nossas disposies pessoais, tendes ainda razo de crer que o grau... d aoiniciado um carter, nada mais verdadeiro que a perfeita harmonia dessas duas coisas e no deve terum efeito real que, sem dvida, aumenta com o tempo, pelas instrues e pelos cuidados que cada um

    ode acrescentar-lhe.([23]

    )

    Louis Claude de Saint-Martin transmitiu a seus discpulos o depsito da iniciao, a fim de quegermine naquele que digno de receb-lo e que purifique aquele que ainda no o . Se o poder dainiciao no opera sensivelmente pela viso, opera, no obstante, infalivelmente, como preservativo e

    repara a forma daquele que se mantm puro, para receber instrues salutares quando o esprito o

    ulga conveniente. ([24]

    )

    Assim, sem aventais e sem fitas, sem vaidade e sem orgulho, a iniciao que Saint-Martinconfere sua Ordem, ser a primeira etapa da nica iniciao, da iniciao ltima, a santa aliana que

    s se pode contrair aps uma perfeita purificao. ([25]

    )

    captulo V

    A DOUTRINA MARTINISTA - MTODO E DIALTICA

    Os princpios naturais so os nicos que se devem,primeiramente, apresentar inteligncia humana e, astradies que se seguem, por mais sublimes eprofundas que sejam, jamais devem ser empregadas,seno como confirmaes, porque a existncia humanasurgiu antes dos livros.

    Portrait n. 319 (Obras Pstumasvol. I, pg. 40, 41).

    O Martinismo uma maneira de vier, mas seus princpios de ao esto subordinados a umadeterminada maneira de pensar. A soberania da inteligncia e do senso moral deve ser respeitada.Nenhum vulgar oportunismo e nenhum utilitarismo poderiam ser admitidos. As verdades essenciais eexatas que os livros s podem confirmar, regem nossa existncia e nossa atividade total. Qualquer queseja o plano sobre o qual o homem aja, sua conduta decorre de suas certezas profundas, intelectuais,digamos a palavra: filosficas. porque sabe de onde vem e para onde vai que o homem poder orientarsua ao poltica e dar-lhe um sentido. A resposta ao problema capital do destino humano, contm asoluo de todas as questes que se apresentam ao homem. Antes de possuir a lgica desta deduo,

    antes de expor as conseqncias morais ou polticas da doutrina Martinista, perguntemos, inicialmente,qual seu fundamento. Quais so, no esprito de Saint-Martin, as verdades primeiras e como asadquiriremos?

    um espetculo bem aflitivo, quando se quer contemplar o homem e v-lo, ao mesmo tempo,atormentado pelo desejo de conhecer, no percebendo as razes de nada e, entretanto, tendo a audcia

    de querer d-las a tudo.([26]

    )

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    Essas primeiras linhas da obra inicial de Saint-Martin, fornecem o ponto de partida e o plano detoda a doutrina Martinista.

    O homem a soma de todos os problemas. Ele prprio um problema, o enigma dos enigmas.questo que ele coloca, a que a sua prpria natureza encerra, nos obriga a solucion-la. Uma teoria

    que no visasse, em primeira instncia, o bem do homem, seria totalmente intil. ([27]

    )

    E esse bem s pode resultar da resposta interrogao humana. A existncia dessa interrogaoser a primeira certeza. Com efeito, uma constatao se impe: o estado do homem. Ora, este estado secaracteriza pela angustia, o sentimento de limitao e de imperfeio. O fato de que o homem possaignorar e assombrar-se por isso, um mistrio inicial que ocasiona, logicamente, a concluses sobre aorigem e o destino do homem. Mas somente pelo estudo do homem, pelo aprofundamento doproblema, pela reflexo sobre os termos do problema que encontraremos a soluo do mesmo. Tal omtodo de Saint-Martin. Precisamos explicarno o homem pelas coisas, mas as coisas pelo homem.

    ([28]

    )

    Aquele que possuir o conhecimento de si mesmo ter acesso cincia do mundo, dos outros seres. Mas o conhecimento de si, somente em si que convm buscar. no esprito do homem que

    devemos encontrar as leis que dirigiram a sua origem.([29]

    )

    O homem que o enigma, tambm a chave do enigma. Dir-se- que temos a uma tautologia?E que no se poderia provar o valor do esprito ou a eminente natureza do homem por um mtodo que os pressupe? Mas no se trata de utilizar um mtodo para demonstrar a superioridade da faculdadeintelectual. No se trata mesmo de uma idia diretriz apropriada para estabelecer as bases dessafaculdade. Diante de sua situao que tambm, seu enigma, o homem naturalmente levado aexaminar-se. Ele quer julgar os elementos do enigma. Seu reflexo normal (se assim podemos afirmar)ser olhar para si mesmo, pois a reside o problema. Tambm uma infelicidade para o homem ter

    necessidade de provas estranhas sua pessoa para conhecer-se e crer em sua prpria natureza,orque ela traz consigo, testemunhos bem mais evidentes que aqueles que podem concentrar nas

    observaes dos objetos sensveis e materiais. ([30]

    )

    , somente aps ter-se reconhecido por aquilo que ele , que o homem convencido de suaDivindade e de sua situao central, decide tomar-se por medida das coisas, ou, ao menos, por princpiode explicao. Afirmar que da verdadeira natureza do homem deve resultar o conhecimento das leis da

    natureza e dos outros seres ([31]

    ), no um postulado, uma certeza; a concluso de uma experincia.Se o Martinismo nos faz encontrar a explicao do Universo e a viso de Deus, porque ele tem sua

    fonte na arte de conhecer-se a si mesmo. Saint-Martin, mestre do Ocidente, reencontra-se aqui com aluz da sia. O Buda, premido pela urgncia de nosso estado, condenou energicamente as reflexes semproveito. Elas nos desviam de nosso verdadeiro interesse. Com efeito, que loucura seria procurar, emprimeiro lugar, saber se o princpio da vida se identifica com o corpo ou algo diferente!

    Seria como se um homem, tendo sido ferido por uma flecha envenenada e, cujos amigos oucompanheiros, chamassem um mdico para trat-lo, dissesse: no quero que retirem esta flecha antesque eu saiba qual foi o homem que me feriu, se foi nosso prncipe, cidado ou escravo, ou, qual o seunome e a famlia a que pertence, ou, se grande, pequeno ou mdio... Certo que esse homem

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    morreria antes de estar ciente de tudo isso. ([32]

    )

    Nossa situao exige uma resposta exata. Os outros problemas so acessrios. Mas, Saint-Martin, no os baniu, por isso, do campo da pesquisa humana. A investigao filosfica no foiproibida. Ele considera absurdo que nosso esprito, sendo havido de conhecimento, no possa satisfazer

    tal sede. (

    [33]

    ) Simplesmente estabelece esta curiosidade intelectual. Quando o homem reconheceu oCaminho que o leva Verdade, pode entregar-se meditao sobre os mistrios de Deus e do Universo.Mas no se podem combinar os jogos do esprito, ou mesmo os seus processos abstratos com a prioridade sobre a direo de nossa vida. Alis no existe defazagem entre essas duas ordens depesquisa, mas apenas, prioridade e dialtica entre uma e outra. digno de nota que, porconspiraouniversal, tudo esteja ligado, e que a soluo do primeiro enigma conduza, tambm, dos outros.Primeiramente necessrio tratar o ferimento e retirar a flecha. Mas, corresponde necessidadeimperiosa de nos salvar, descobrirmos a natureza do ferimento, a qualidade do dardo e, por assim dizer,sua marca de fbrica.

    A questo de sua origem e procedncia esclarecida de imediato, mas a cura ter que ser

    procurada e os remdios tero que ser receitados em primeiro lugar. OHumanismo de Saint-Martin([34]

    ) no coisa a priori, mas, procede da experincia mais exata e imediata que o homem possarealizar: a experincia prpria da conscincia de seu estado.

    Persistamos um pouco sobre o carter a priori que acabamos de negar no Martinismo. Convmno deixar alguma dvida. a natureza ntima de Saint-Martin que aqui est em causa. Pode-se dizerque sua filosofia , a priori, porque explica o inferior pelo superior, o baixo pelo alto, os fatos por seuprincpio. O materialismo seria, ento, a posteriori, porque explica a matria pela matria, explica o queparece transcender matria, reduzindo o homem prpria matria. Superando-a, encontraramos aqui afrmula de W. James: O empirismo um hbito de explicar as partes pelo todo. Todo espiritualismo, pois, a priori - e o Martinismo mais do que qualquer outro sistema. O livro Dos Erros e da

    Verdade, procura mostrar a fraqueza e a insuficincia de uma viso materialista do mundo. Essaoposio no , em nenhuma parte, mais sensvel do que na crtica do sensualismo perseguida por Saint-

    Martin durante toda sua vida. ([35]

    )

    Saint-Martin disse a um amigo que o qualificava de espiritualista: No o suficiente para mim ser espiritualista - e se ele me conhecesse, longe de restringir-se a isso, ele chamar-me-ia desta:

    orque o meu verdadeiro nome. ([36]

    ) O Martinismo espiritualista e seu objetivo principal ,

    portanto, um a priori gigantesco, segundo a palavra de Henri Martin. ([37]

    ) Mas que essa explicao,

    a priori, seja dada, a priori: que seja apresentada como um postulado, que se mostre inverificvel e quese possa julg-la o fruto de uma imaginao, eis a, o contrrio da essncia da filosofia de Saint-Martin.Porque essa filosofia est baseada totalmente numa sentena e numa dialtica que iremos examinar. Porno ser apoiada na matria ou no sensvel aos sentidos fsicos, ela no menos exata. Diramos quase aocontrrio. Saint-Martin no proclamou e no somos instados a experimentar junto a ele, a acharmos em

    ns provas mais convincentes, que no encontraramos na Natureza inteira? ([38]

    ) Essas brevesreflexes sobre o mtodo Martinista no tem a pretenso de determinar a sua essncia. Esta, depreende-se da prpria exposio da doutrina de Saint-Martin. Aps fornecer algumas explicaes da doutrina,destacaremos algumas caractersticas principais da mesma. Entretanto, convinha explicar, nitidamente, a

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    base da reflexo Martinista. Saint-Martin deseja crer, escreveu Matter, ([39]

    ) mas com inteligncia,apesar de ser um filsofo mstico. A teosofia de Saint-Martin no uma obra de imaginao, uma teiade afirmativas inverificveis, nem de devaneios msticos. Para atingir os pncaros da metafsica e daespiritualidade, o pensador de Amboise, no se estabelece no plano das especulaes abstratas,inacessvel ao vulgar. Ele nos alcana no nosso nvel - no nvel do homem. Da, nos reconduzir atDeus, do qual nos sentimos to cruelmente afastados.

    O itinerrio desse percurso, eis o que precisamos, agora, determinar com exatido, Poderemosconstatar assim, a coerncia do sistema Martinista. Em seguida, examinaremos, sucessivamente, asdiferentes partes, que sem este trabalho preliminar, correriam o risco de parecer desprovidas defundamento. Esbocemos, pois, o esquema de uma dialtica Martinista.

    O homem, inicialmente, toma conscincia de seu estado. Entendemos pelo que foi dito supra,que o homem se conhece tanto em esprito como em corpo, ou, mais explicitamente, constata nele e foradele, manifestaes variadas. Na medida em que estas manifestaes lhe pertencem ou lhe afetem - ecomo as conheceria sem ser por elas atingido - na proporo onde estas manifestaes o afetam, dealguma maneira, elas contribuem para constituir seu estado.

    Ora, queles que no tivessem sentido a sua verdadeira natureza, s lhes pediria que serecavessem contra os desprezos. Porque no que eles chamam homem, no que denominamos moral, no

    que chamam cincia, enfim, no que se poderia chamar o caos e campo de batalha de suas diversasdoutrinas, eles encontrariam tantas aes duplas e opostas, tantas foras que se degladiam e sedestroem, tantos agentes, nitidamente ativos e tantos outros, nitidamente passivos e isto sem buscar forade sua prpria individualizao, talvez, sem poder dizer, ainda, o que nos compe, concordariam que,seguramente, tudo em ns no semelhante e que no existimos seno numa perptua diferena, sejaconosco, seja com tudo que nos circunda e tudo o que possamos atingir ou considerar. Apenas serianecessrio, em seguida, auxiliar com alguma cincia essas diferenas, para perceber seu verdadeiro

    carter e para colocar o homem no seu devido lugar. ([40]

    )

    Saint-Martin convida, pois, o homem a considerar-se e a analisar, com cuidado, a realidade quehouvera atingido. Assim o homem descobrir o seu verdadeiro lugar e, perceber a harmonia do mundode acordo com o famoso adgio de Delfus: Conhece-te a ti mesmo e conhecers o Universo e osDeuses. A convite de Saint-Martin, procedamos pois, fazendo o exame que ele preconiza, o exame dohomem.

    O simples exame de sua presente situao lhe revela que esse estado assim se resume: acoexistncia de elementos aparentemente contraditrios, ambos, objeto de uma experincia, igualmenteexata.

    I - O homem descobre em si um princpio superior. Observa seu pensamento, sua vontade, todosestes atos de gnio e de inteligncia que o distinguem sempre por caractersticas impressionantes e

    indcios exclusivos. ([41]

    )

    Por que, pois, o homem pode afastar-se da lei dos sentidos? ([42]

    ) Por que o homem dirigidoor um maravilhoso senso de moral, infalvel em seu princpio? No seno porque essencialmente

    diferente devido ao seu Princpio intelectual ([43]

    ) e o nico favorecido aqui em baixo por essa

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    sublime vantagem... ([44]

    )

    A conscincia de si d ao homem uma certeza primordial. Quando sentimos uma s vez nossa

    alma, no podemos ter nenhuma dvida sobre suas possibilidades. ([45]

    ) Mas, o que lhe surge, antesde tudo, o sofrimento necessrio de sentir-se exilado, a nostalgia de uma morada ednica. O

    homem, na verdade, na qualidade de Ser intelectual, leva sempre sobre os Seres corporais, a vantagem

    de sentir uma necessidade que lhe desconhecida. ([46]

    ) O Filsofo reuniu ento essas mltiplasprovas, esses testemunhos irrecusveis e o espetculo de sua alma inspira a Saint-Martin esta revelao:

    Cidado imortal das regies celestes, meus dias so o vapor dos dias do Eterno. ([47]

    ) Noatribuamos, de momento, nenhuma importncia metafsica a este verso do Tesofo. Nele, no temosseno a afirmao de nossa grandeza, qual Saint-Martin, vai opor o espetculo de nossa misria.

    II - Ao mesmo tempo, que, reconhece a transcendncia do seu esprito, o homem percebe oconjunto dos males e das desgraas dos quais est cercado. A realidade do sofrimento de nos impe,

    com efeito, da maneira mais trgica. Intil pintar o quadro das fraquezas e das desgraas dos homens. Nenhum, entre eles, os ignora porque ningum pode viver sem tomar parte nelas. No existe umaessoa de boa f, disse Saint-Martin, que no considere a vida corporal do homem uma privao e um

    sofrimento contnuo. ([48]

    ) A aproximao entre essa evidncia e essa certeza anteriormente adquirida,se evidncia, ao mesmo tempo, inevitvel e surpreendente.

    Tanto verdade que o estudo do homem faz-nos descobrir, em ns, relaes com o primeiro detodos os princpios e os vestgios de uma origem gloriosa, quanto o mesmo estudo deixa-nos perceber

    uma horrvel degradao. ([49]

    ) Saint-Martin explicou na sua belssima anlise da misria espiritual,como a unio destas duas concluses caracteriza o nosso estado. Para explicar uma passagem do Ecce

    Homo, o Filsofo, pe em questo a ambivalncia do homem, a dualidade de sua natureza.

    A misria espiritual, diz ele , o sentimento vivo da nossa privao Divina aqui na terra,operao que se combina: 1 com o desejo sincero de reencontrar nossa ptria; 2 com os reflexosinteriores que o sol Divino nos irradia, algumas vezes, a graa de enviar-nos at o centro de nossaalma; 3 com a dor que experimentamos quando, aps ter sentido alguns desses Divinos reflexos to

    consoladores, recamos em nossa regio tenebrosa, para a, continuarmos nossa expiao. ([50]

    )Retomando outra formula de Saint-Martin: Existem seres que s so inteligentes; existem outros que

    s so sensveis; o homem ao mesmo tempo, um e outro, eis a a palavra do enigma. ([51]

    )

    A contradio brota desse aspecto, desse duplo aspecto da existncia humana, como surge entreo desejo de saber e o fracasso freqente das tentativas para chegar at a. O homem, um Deus!Verdade; no uma iluso? Como o homem, esse Deus, esse prodgio espantoso, definharia no

    oprbrio e na fraqueza! ([52]

    ) O problema est apresentado. Os dados esto expressos. O encontro dasduas experincias, sua simultaneidade, eis o ponto de partida da dialtica Martinista. A tristeza de nossodestino no forneceria material para alguma reflexo se no houvesse, justamente a, o esprito paratomar conhecimento.

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    O temor, disse Aristteles, o comeo da filosofia. Ele entendia que a ateno se dirigia assimpara os problemas que o vulgo ignora. Mas, o temor , tambm, objeto de meditao. Por sua prpriaexistncia o temor ou a angstia, se quisermos, assinala uma oposio entre aquele que se espanta eaquilo do qual ele se espanta. a mais irretorquvel rplica ao materialismo. Ele impede de considerar omundo material como nica realidade, autosatisfazendo-se, existindo s, porque existe sempre o mundoe aquele que o julga. O mundo no pode ser uma mquina noturna, porque encontrar o homem paraobserv-lo girar. Destarte, seu assombro, que indiscutvel e parece um n de contradies, faz parte da

    situao do homem. Misria humana, experincia de todo momento. Grandeza do homem que se sabeinfeliz. Grandeza e misria humana se interpenetrando. A primeira permitindo a segunda e a segundalevando o esprito a se elevar instruo da primeira.

    Que ambivalncia de nosso ser induz a dividir os seres e as coisas em duas classes que a crenaem um princpio mau e poderoso, embora submetido ao Princpio do Bem, tenha surgido da mesmareflexo. Isto certo e confirma a importncia desta considerao. Aqui s examinamos as arestas dadoutrina Martinista. Antes de tudo, destinada a instruir o homem sobre si prprio, poder, em seguida,ensinar-lhe a Cincia do Mundo e de Deus. Mas , primeiramente, o mtodo do seu prprio estudo. Ohomem, inicialmente, se interessa por ele mesmo. Se o auto conhecimento permite abordar as pesquisasdas leis que regem o Universo, se este conhecimento nos eleva at Deus, no tem menos por objeto a

    soluo do problema do homem. deste problema que necessrio, em primeira instncia, ocupar-se,porque ele , em essncia, o nico. Nunca o homem se aperceber demasiadamente disso.

    Admitamos, pois, como base da doutrina Martinista, esta contradio, esta dualidade da pessoahumana. Ser ai que reside a originalidade de Saint-Martin? Absolutamente no. Numerosos foram os pensadores que descobriram na condio humana um tema rico em ensinamentos. Aristteles apsPlato, sabia bem que a essncia do homem, sua alma, era algo de Divino. De So Paulo a Pascal, a lutadas duas leis a da carne e a da alma, constituram argumentos clssicos para a apologia crist. Sinto nosmeus membros, disse So Paulo, uma outra lei que se ope lei do Esprito e me aprisiona na lei do

    ecado que est nos meus membros.([53]

    )

    A grandeza do homem grande na medida em que ele se reconhece miservel, lemos nos

    Pensamentos. ([54]

    ) A descoberta pelo homem de sua queda e a conscincia de sua filiao Divina, paraexplicar seu atual estado, exposto em vrias etapas da histria da filosofia. E, alis Saint-Martin no procura inovar em toda sua doutrina. Ao contrrio, se felicita por reencontrar, sem cessar, osensinamentos tradicionais ou as descobertas dos filsofos. A tradio ocupa lugar muito importante paraele. E, se de bom grado, citamos Pascal, que sua doutrina se mescla, s vezes, ao pensamentoMartinista. O prprio Saint-Martin assinalou estes parentescos intelectuais: Lede, nos diz num textopouco conhecido, os Pensamentos de Pascal... Ele disse com termos prprios o que vos disse e o que

    ubliquei: saber que o dogma do pecado original resolve melhor nossas dificuldades que todos os

    reacionrios filosficos.(

    [55]

    ) Com efeito, chegamos, tanto com Saint-Martin como com Pascal, aresolver o enigma que o homem traz consigo. Aps ter pintado o homem e, subtilmente t-lo analisado,competiu ao Tesofo, deduzir de acordo com seu mtodo, as conseqncias dos fatos que acabou deconhecer. Vemos manifestar aqui o seu esforo de sntese. Saint-Martin vai conciliar os elementosopostos que formam o homem, mostrar que eles podem ser resolvidos numa explicao. O mtodo sersempre o aprofundamento destas contradies que constituem o homem.

    III - Pelo sentimento de nossa grandeza, conclumos que somos seno Pensamentos Deus, ao

    menos, Pensamentos de Deus. ([56]

    ) Pelo sentimento doloroso da horrvel situa o que a nossa,

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    odemos formar uma idia do estado feliz onde estivramos anteriormente.

    Quem se acha infeliz por no ser rei, diz Pascal , seno um rei destronado.([57]

    ) E Saint-

    Martin: Se o homem no tem nada porque tinha tudo. ([58]

    )

    De uma parte, a certeza de nossa origem sublime, quer que ns tenhamos a intuio da nossafaculdade essencial ou quer que a deduzamos da nossa misria atual; de outra parte, essa prpria misria.S a queda pode explicar essa posio, essa passagem. S uma doutrina da queda explicar o fato dohomem ter cado. Pois que, tanto o estado primordial de felicidade uma certeza que adquirimos e que amisria na qual nos debatemos uma realidade no menos evidente, preciso admitir uma transio deum estado para outro. Tal a queda.

    Sugerimos uma anlise mais sutil do sublime estado que tornava o homem to grande e to feliz.Compreendemos como Saint-Martin, que ele podia nascer do conhecimento ntimo e da presenacontnua do bom Princpio. Conseguiremos a terceira norma do que se pode chamar dialtica Martinista.Podemos ento resumir o desenvolvimento dessa dialtica utilizando as prprias palavras do Tesofo:

    1. O homem um Deus! Verdade.2. Como o homem esse Deus, esse prodgio espantoso, definharia no oprbrio e na

    fraqueza.3. Por que esse homem definharia, presentemente, na ignorncia, na fraqueza e na misria, se

    no porque est separado deste princpio que a nica luz e o nico apoio de todos os Seres?([59]

    )

    Tais so os princpios. Tal o caminho pelo qual o homem chega compreenso de seu estado.Pode-se construir sobre esse esquema a doutrina Martinista completa. Ele o fundamento psicolgicoindispensvel da mltiplas explicaes que inspirar o pensamento do Filsofo Desconhecido. No est

    esclarecido da em diante o destino do homem? Acorrentado sobre a terra como Prometeu, (

    [60]

    )exilado do seu verdadeiro reino, que meta poderia propor seno a de reconquistar e de reintegrar-se emsua ptria?

    E o meio de reencontrar o paraso perdido, no o possumos tambm? Sabemos como o homemfoi banido. Ora, a mera descrio desse den, mostrar-nos- que est disposto com tanta sabedoria que,retornando sobre seus passos, pelos mesmos caminhos, esse homem deve estar seguro de recuperar o

    onto central, no qual, apenas ele pode gozar de alguma fora e de algum repouso. ([61]

    ) E a teoriada Reintegrao deve, necessariamente, girar em torno da figura central do Reparador. todo oMartinismo, magnificamente coerente e slido, que se desenvolve no entendimento, a partir das

    intuies fundamentais.Vimos a dialtica de Saint-Martin e, descrito sob este termo, o percurso do homem na direo do

    conhecimento de sua origem e de seu destino. interessante notar que essa marcha do pensamento,reproduz a prpria marcha do ser. Comparemos, com efeito, a apreenso do homem por si mesmo comsuas conseqncias e a aventura humana que esta apreenso permite reconstituir.

    1 - O Homem goza, inicialmente, da felicidade ednica. O menor toma conscincia de suaimperfeio atual e da aspirao de seu esprito, em uma palavra, a idia da beatitude original. Ele serecorda disso em primeiro lugar.

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    2 - Depois medita sobre o sofrimento que seu quinho nesta vida. Descobre o estado aps a

    queda. Assim o Homem no seu priplo cai do Cu, para vir Terra.

    3 - Enfim, o Homem miservel compreende o mistrio da passagem, a distncia que separa osdois estados. Assim, o Homem decado transpor novamente a distncia infinita, refar o trajeto queconduz Felicidade e obter sua Reintegrao.

    Tese, anttese, sntese. Felicidade primordial, queda e reintegrao. O menorespiritual possui otraado de seu destino. Ele reconheceu, seguramente, atravs de um procedimento lgico baseado sobresua curva ontolgica. Cada homem reencontra em seu esprito a eterna epopia do Homem.

    Tenho por verdadeiro o que me dado por verdadeiro no fundo ntimo de minha alma. ([62]

    )Assim, Salzmann define a verdade. Sem dvida, Saint-Martin no teria negado essa profisso de f deum iluminado. Mas teria ele julgado suficiente para fundar uma doutrina, para presidir uma iniciao,isto , a um comeo? o que se pretendeu por vrias vezes. Alguns quiseram construir o conjunto dosistema Martinista sobre esse nico critrio subjetivo. E porque o quadro do qual tentamos traar as

    grandes linhas, parecer, talvez, muito intelectual, muito intelectualista. Censurar-nos-o, talvez, portermos insistido sobre o aspecto racional do Martinismo. Seria fcil responder que este aspecto o nicoque se pode expor ou discutir e que alm de tudo, a pura mstica no se descreve nem se prega, que aexortao, pelo prprio fato de ser formulada, sofre o impacto da razo e, reconhece implicitamente oseu poder.

    Dir-se- que Saint-Martin um mstico. A doutrina Martinista uma doutrina mstica.Certamente, mas seria trair a memria de Saint-Martin, apresent-lo como um puro discpulo deMadame Guyon.

    Balzac critica violentamente certos escritos msticos: So escritos sem mtodo, sem eloqnciae, sua fraseologia to bizarra que se pode ler mil p inas de Madame Guyon, de Swedenborg e,

    sobretudo de Jacob Behme sem nada depreender da. Vs ides saber porque, aos olhos destes crentes,tudo est demonstrado. (Prefcio do livre Mystique. Obras completas, Calmann Levy, XXII, 423). Seessas censuras podem, a rigor, aplicar-se a Jacob Behme, elas no atingem Saint-Martin. Os impulsosdo Homem de Desejo repousam sobre as consideraes filosficas Dos Erros e da Verdade, ou do

    Tableau Naturel. ([63]

    )

    preciso nos entendermos sobre a expresso mstica. A palavra mstica, como a hindu yoga,serve para designar duas idias diferentes: por um lado, unio com Deus, a vida que os cristos chamamunitiva, de outra parte, um caminho, um mtodo, uma tcnica (s vezes, muito prxima do plano fsicocomo na Hatha Yoga) que conduzem a essa unio. De um lado a meta, de outro os meios para atingi-la.

    ([64]) Para retomar a terminologia Martinista, diferenciamos: a Reintegrao e o Caminho Interior queconduz a ela. No esboo do caminho para Deus, podem figurar aspectos racionais que no tero maisvez na existncia do homem reintegrado. Quanto ascese, quanto a essa preparao moral vidaunitiva, ela ocupa lugar no quadro dos elementos racionais. Ainda melhor, apoia-se neles. Convm, pois,tratar dos mesmos em primeiro lugar.

    Encontraremos em Saint-Martin, a idia de Deussensvel ao corao. Mas, esta relao, apenasconstitui mais seguidamente, um ideal ou fruto do amor e seu coroamento. O conhecimento de Deus,corolrio do conhecimento do homem, pode tambm ser adquirido atravs do caminho intelectual. No

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    que se refere s duas portas, o Corao e o Esprito, creio , escreve o filsofo, que a primeira muitomais prefervel do que a outra, sobretudo, quando se tem a felicidade de participar dela. Mas ela nodeve ser, absolutamente exclusiva, principalmente quando necessrio falar a pessoas que s possuema porta do Esprito apenas entreaberta, e preciso ser muito escrupuloso sobre esse ensinamento, at

    que surja a luz. ([65]

    )

    O mtodo , em ambos os casos, de inspirao idntica. no homem que encontramos Deus.Mas enquanto a descoberta mstica se revela estritamente pessoal e s vezes infrutfera, o procedimentoracional reverte-se de um valor universal. O Tableau Naturel, por exemplo, mostrar que o exame do

    esprito, a formao das idias, em uma palavra, que a psicologia supe Deus. ([66]

    ) Descobrir-se-,assim, um novo elemento a integrar-se na dialtica Martinista e que justificar o emprstimo da sendainterior.

    Por mais inesperada que parea essa aproximao, o iluminismo de Saint-Martin se acha bemcaracterizado pelas observaes de um Maurice Blondel. O que mstica? Interroga esta autor, eresponde: A mstica no nos conduz para o que obscuridade e iluminismo, para o que subliminal

    ou supraliminal, para um jogo de perspectiva subjetiva, mas para um modo determinado positivamentee metodicamente determinvel da vida espiritual e da luz interior, isto quer dizer que ela implica noemprego prvio e concomitante de disposies intelectuais e inteligentes, um querer muito consciente e

    muito pessoal, uma ascese moral segundo graduaes observveis e regulveis. ([67]

    )

    Reprovamos, como Maurice Blondel, esse falso iluminismo. O prprio Saint-Martin, denunciou-o, vigorosamente em Ecce Homo. E ns o reprovamos porque ele est em contradio com o verdadeiroiluminismo, do qual, o Martinismo representa o tipo acabado. Uma palavra no deve lanar o descrditosobre uma doutrina que ela no designa seno por confuso. Em geral, olham-me como um iluminado,

    dizia Saint-Martin,sem que o mundo saiba, todavia, o que se deve entender por essa palavra. ([68]

    )

    J. de Maistre observar, tambm, nos seus Soires de Saint-Petersbourg, ([69]

    ) at que pontoesse nome foi desviado de seu verdadeiro significado.

    Chamam de iluminados a delinqentes que ousaram, hoje, conceber e mesmo organizar nalemanha a mais criminosa associao, medonho projeto de extinguir o Cristianismo e a Monarquia na

    Europa. ([70]

    ) D-se esse mesmo nome ao discpulo virtuoso de Saint-Martin, que no professasomente o Cristianismo, mas que trabalha para elevar-se s mais sublimes alturas dessa lei Divina.

    O iluminismo , em resumo, o sistema, a maneira de agir do esprito, que oferece a salvao nailuminao. Mas que o iluminismo pressupe essa iluminao, nada de menos seguro. Sem dvida, Deus poder manifestar-se, precocemente e sem preparao. A certeza ser manifestada, e mais do que acerteza de uma doutrina, a meta ser alcanada. Mas, Saint-Martin possui a mais fiel e a mais exataimagem do homem. Ns o vimos extrair dessa percepo aguda da essncia humana seus mais fortesargumentos. A busca de Deus, o caminho para a reintegrao; ele admite que ns possumos a sua chavepara uma revelao imediata. preciso procur-la, pedi-la, solicit-la. por meio dessa finalidade, pararesponder a essa necessidade racional que erguer-se- hostil seno a satisfizermos, que o Martinismo usauma dialtica. Saint-Martin declara que o maior erro do homem seria desinteressar-se pela verdade, etambm de julg-la inacessvel.

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    Tu no me buscars se tu j no tiveres me encontrado, disse Pascal. E Santo Agostinho,

    demonstrava que base do pedido de graa havia j uma graa que permitia formular a orao. Masqualquer que seja a gratuidade da salvao, da Reintegrao, no permanece menos, no incio, ummovimento voluntrio. O Martinismo no desconhece a vontade mesmo quando ela procura identificar-se com a vontade de Deus. Porque l que encontra sua plena expanso. No primeiro passo que conduzao Caminho, o Homem deve contribuir com o seu esforo. E como no age sem razo e sem motivao,

    cabe dialtica Martinista, lhe indicar a estrela que o conduzir at Deus, seu Princpio.

    Feliz daquele que ver a iluminao esclarecer a concluso racional com os raios da certeza.Estar prximo da meta. A dialtica ter conduzido mstica, pois ter revelado o homem a si mesmo.

    Nosso ser, sendo central, deve encontrar no centro onde esto todos os socorros necessrios

    sua existncia. ([71]

    ) Que ele a se encontre com o segredo de seu destino e da sua origem, com osmeios de realizar um, retornando outra. Tal o grande ensinamento do Martinismo.

    NOTA BIBLIOGRFICA

    O leitor desejoso de conhecer a produo literria relativa ao Martinismo, poder dirigir-se s

    notas crticas do Sr. Van Rijnberk, no seu estudo sobre Martinez de Pasqually ([72]

    ) e, sobretudo,

    bibliografia publicada pelo Sr. de Chateaurhin.([73]

    )

    Esta ltima obra fornece a lista das principais edies de Martinez e de Saint-Martin, assim comoos livros dedicados, total ou parcialmente ao Martinismo. Sem denunciar, aqui, algumas lacunasinevitveis, num trabalho desse teor, ns nos limitaremos a lembrar a existncia dos seguintes ttulos quetrazem uma contribuio interessante histria ou doutrina Martinista e que no figuram na relao doSr. Chateaurhin:

    AMNEKIN (R.). . . . . . . . . . . . . . .Le Martinisme, Paris, 1946.ANGELUS (J.) . . . . . . . . . . . . . . .Angelus, Silesius und Saint-Martin, Berlin, 1849.ARSON (Chevalier P.J.) . . . . . . . .Appel lhumanit, Paris, 1818.BERTAUT (Philippe) . . . . . . . . . .Balzac et la religion, Paris, 1942 - Um indito de Balzac: Trait

    de la prire, Paris, 1942.BARBEY DAUREVILLY. . . . . Les Oeuvres et les hommes, 1 parte, pg. 92, Pariss, 1860.BIDA (Constantin). . . . . . . . . . . . La croyance la magie au XVIII sicle, pg. 124, Paris,1925.BIGRAPHIE DIDOT. . . . . . . . . . Tomo 43, col. 62 e ss.BIOGRAPHIE UNIVERSELLE. . (Michaud, 1825), t. 50, pg. 19 (Reproduo resumida da

    informao de Gence).

    BRIEU (J.). . . . . . . . . . . . . . . . . . Artigos em Mercure de France entre 1890 e 1919.BUCHE (Joseph). . . . . . . . . . . . . Lcole mystique de Lyon, 1776, 1847. Paris, 1935.CANTU (Csar). . . . . . . . . . . . . . Les hrtiques dItalie. Paris, 1870 (tomo 5).CATALOGUE . . . . . . . . . . . . . . . Des livres rares ou prcieux du cabinet de feu M. de Saint-

    Martin, Paris, 1806 (B.N., D. 349380).CAZOTTE (J.). . . . . . . . . . . . . . . .Oeuvres badines et morales, historiques et philosophiques. Paris,

    1817. T. 1, pp. 14 a 20.CHARPENTIER (John). . . . . . . . .Le Mitre du Secret. Paris, s.d.CUSTINE (Marqus de). . . . . . . . Cartas inditas ao Marqus de la Grange, publicadas por Comte

    de luppe. Paris, 1925.

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    CZERNY (Sigmund). . . . . . . . . . .LEsthtique de L. C. de Saint-Martin. Leopol (Polnia),1920.DAMIRON (Ph.). . . . . . . . . . . . . .Histoire de La Philosophie en France au XIX sicle. Paris, (vol.

    1, pg. 342).DELEUZB. . . . . . . . . . . . . . . . . . Histoire critique du Magntisme animal (um captulo consagrado

    doutrina dos Tesofos).DERMENGHEM (Emile). . . . . . . Joseph de Maistre mystique. Paris, 1923.FAVRE (Franois). . . . . . . . . . . . .Documentos manicos. Paris, 1866 (apndice sobre Saint-

    Martin, p. 426).FERRAZ (M.). . . . . . . . . . . . . . . .Histoire de La Philosophie pendant la Rvolution. Paris, 1889,

    (conf. III parte, ch. 2, pg. 332 a 5).FRANCK (Ad.). . . . . . . . . . . . . . .Notice sur Martinez de Pasqually, pg. 1045. Notice sur Saint-

    Martin, p. 1809, no Dictionnaire des sciences philosophiques.Paris 1875. Artigos no Journal de Savants 1880, pg. 246/269.

    GRANDO. . . . . . . . . . . . . . . . . .Uma conversa com Saint-Martin sobre os espetculos (nosArchives Littraires de LEurope, 1804, t 1, pg. 337. O artigoest assinado J. M. D.. Segundo Gence. Informao, pg. 14, oautor no outro seno o filsofo Gerando).

    GOYAU (Georges). . . . . . . . . . . . La pense religieuse de J. de Maistre. Paris (conf. pg. 51 a 71).

    GRGOIRE (anc. v. Blois). . . . . Histoire des sectes religieuses. 2 vols. Paris 1810 (conf. Vol. 1,pg. 400, o captulo intitulado: Ilumins Martinistes).GRILLOT DE GIVRY. . . . . . . . . Anthologie de loccultisme. Paris, 1929. Extratos comentados de

    Saint-Martin, p. 369.GROSCLAUDE (Pierre). . . . . . . .La vie intelectuelle Lyon dans le deuxime moiti du XVIII

    sicle.GUTTINGUER (Uhirich). . . . . . . Philosophie religieuse ler. vol. Saint-Martin. Paris 1835 (Extratos

    favoravelmente comentados pelo autor que era catlico).JOUBERT (Joseph). . . . . . . . . . . .Penses (conf. n788 da V ed. Giraud.).LAVISSE (Ernest). . . . . . . . . . . . Histoire de France. Tomo IX, 1 parte, pg. 299.LE FRANC (Franois). . . . . . . . . .Conjuration contre la religion catholique et le souverain, Paris,

    1792 (annimo). Conf. captulo VIII: Des Martinistes, pg.

    329.LUCHET (M. de ). . . . . . . . . . . . .Essai sur la secte des Ilumins. Paris, 1789 (citado somente a

    ttulo de contra indicao.MAGASIN PITTORESQUE. . . . .Artigos sobre pensamentos de Saint-Martin em fascculos

    esparos de X a XVI.MARGERIE. . . . . . . . . . . . . . . . . Le Comte Joseph de Maistre (sobre Saint-Martin conf. pg. 429

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    FIM

    [1]- V. Rijnberk, I, pg. 112.

    [2]

    - Id. II, pg. 33.

    [3]- Souvenirs, Ed. Lechener, Filhos, Paris 1868, pg. 155.

    [4]- V. von Ense (K.A.) Saint-Martin, 1821.

    [5]- Die neuesten Religionsbegebenheiten fr das Jahr 1795. Jahrgang 18, Stuck 1, p. 39-62. Esta referncia e as duas

    precedentes, so de V.Rijnberk I, pg. 112,3,4,5.[6]

    - Journal des Dbats, 14 Brumrio, ano XII (6 nov. 1803).

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    [7]- Thry, Annales Magni O\ Galliorum; e tambm L. Blanc (Histoire de la Rvolution Franaise, Paris, 1869, t. I, pg.

    215). Enxertada na Franco-Maonaria, a doutrina nova (O Martinismo), constitui um rito composto de 10 graus em grausde instruo, pelos quais, deviam passar, sucessivamente, os adeptos.[8]

    - Foi Papus, segundo nosso conhecimento, que assinalou o interesse inicial desse texto. Conforme Saint-Martin, pg. 246,Martinisme, Martinisme e Willermozisme, pg. 42, nota I.[9]

    - Papus: Saint-Martin, pg. 248.

    [10]- preciso entender que falamos somente da iniciao Martinista, isto , aquela que deriva de Saint-Martin. A

    regularidade Cohen do Martinismo de Papus do Martinismo Lions, no est em questo.[11]

    - Como reconhecer Bl... por Gro-Mestre, eu que iniciei Papus em 1888?(Extrato de um manuscrito de A.Chaboseau. Coleo do autor).[12]

    - Uma ordem de Superiores Desconhecidos figura em 1646 numa lista de denncias endereadas ao Tenente de Polciapela Companhia de Saint-Sacrement.[13]

    - Portrait n 488, pg. 68.

    [14]- Carta a Willermoz, 1 de maio de 1773. Papus: Saint-Martin, pg. 116.

    [15]- Idem, 23 de maro de 1777. Papus: Saint-Martin, pg. 146/7. Esta instuo dis respeito Ordem dos Elus Cohen e visa

    a entrada de madame Provenal, irm de Willermoz. Mas encerra o pensamento constante de Saint-Martin. Podemos crer queexame escrupuloso se impe, ainda mais Martinismo, quando se desconhece a desconfiana do Tesofo pelos transportesmsticos femininos.[16]

    - Portrait n 206 pg. 30.

    [17]- Portrait n 145, pg. 21. Saint-Martin devia perceber melhor do que qualquer outro o estranho encanto que algumas

    mulheres emanam, do qual, Balzac, nos falou to bem: Ah, Nathalie, sim, algumas mulheres participam, na terra, dosrivilgios dos espritos anglicos e, iluminam, como eles, essa luz que Saint-Martin, o Filsofo Desconhecido, dizia ser

    inteligvel, melodiosa e totalmente congnita. (o Lrio do Vale). A teoria Martinista da Luz, qual se refere Balzac expostaseguidamente no Crocodile.[18]

    - Correspondncia, pg. 45.

    [19]- Correspondncia, pg. 48.

    [20]- Correspondncia, pg. 52.

    [21]- Carta a Willermoz, 4 de agosto de 1821, in Demerghen, Les Sommeils, pg. 144.

    [22]- Vitico: sacramento ministrado aos enfermos impossibilitados de sair de casa. Dic. Escolar da L.P. N.do T.

    [23]- Carta de Saint-Martin a Willermoz, 25 de maro de 1771. Papus: Saint-Martin, pg. 88. Este texto refere-se

    ordenao Cohen. Mas se aplica, com mais propriedade, autntica iniciao do Filsofo Desconhecido![24]

    - PAPUS: Saint-Martin, pg. 89 (Carta a Willermoz, 25 de maro de 1771).

    [25]- Le Nouvel Homme.

    [26]- Erreurs, 1782 I, pg. 3.

    [27]- Erreurs, prefcio, pg. V.

    [28]- Erreurs, 1782 I, pg. 9.

    [29]- Tableou Naturel, 1900, pg. 2.

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    prprio Saint-Martin nos convida a faz-lo. Mas, este procedimento que lhe comum, o mesmo do cristianismo. Conforme,por exemplo, Calvin: Institution Chretienne (Edio Lefranc, Paris, Champion, 1911, pg. 32) que J. de Saussure assimresume: A revelao de Deus divide, assim, a alma em duas convices opostas: a da sua dignidade quanto s suasrprias origens e seu fim supremo, e a da indignidade quanto ao seu estado atual. (Na lecole de Calvin, Paris. Je sers,

    1930, pg. 62.[56]

    - Ecce Homo, 2, pg. 19.

    [57]

    - Pense. Edio Brunschwieg, 409.

    [58]- Erreurs, 1782, pg. 30.

    [59]- Erreurs, 1782, pg. 31.

    [60]- Tableau Naturel, 1900, pg. 57.

    [61]- Erreurs, 1782, pg. 37, 38.

    [62]- Carta ao Sr. Herbot.

    [63]- Que Balzac, na poca, Martinista fevoroso, evita citar.

    [64]

    - O Yoga o conjunto de processos fsicos,mentais e espirituais que tem por finalidade, a transformao profunda doSer humano, o despertar nele do Homem Novo que, em estado normal transcendental e inacessvel. (J. Marqus-Rivire:Le Yoga Tantrique, pg. 16, Paris, 1937). Poderamos fornecer uma definio mais detalhada da mstica Martinista do que odespertar do Homem Novo?[65]

    - Carta a Willermoz, 3 de fev. de 1784. Papus, pg. 170.

    [66]- Tableau Naturel, pg. 8, 9, 10 e 11.

    [67]- Cahiers de la Nouvelle Journe O que a mstica (Bloud e Gay, editores), pg. 19.

    [68]- Portrait n 743, pg. 97.

    [69]- Soires, XI Palestra (II, 165).

    [70]- Esta organizao a dos Iluminados da Baviera, discpulos de Jean Weishaupt. (R.A.).

    [71]- Correspondncia, pg. 15.

    [72]- G. Rijnberk: Um thaumaturge au XVIIIe. sicle: Martinez de Pasqually, sa vie, sa oeuvre, son ordre. Tomos I e II.

    Lyon, Derain-Raclet, 1938.[73]

    - G. de Chateaurhin: Bibliografie du Martinisme, Lyon, Drain-Raclet, 1939.